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domingo, 11 de maio de 2014

Xinjiang: a região estratégica para segurança, energia e exportação

Tropas chinesas em Xinjiang
A região autônoma de Xinjiang, na China, de maioria étnica muçulmana uigur, é fundamental para o futuro econômico do país porque representa a porta de entrada do gás e do petróleo da Ásia Central e a saída de bilhões de dólares em exportações por meio de uma extensa rede de estradas e ferrovias. O governo de Pequim concentrou mais que nunca sua atenção nas antigas repúblicas soviéticas centro-asiáticas depois da Primavera Árabe. As revoltas no norte da África e no Oriente Médio deixaram clara a grande dependência chinesa do fornecimento energético dos países árabes por via marítima.

Mais tarde, os conflitos pela soberania de ilhas e águas no Sudeste Asiático aumentaram a pressão sobre a China para buscar alternativas às rotas marítimas de seu comércio que passam pelo estreito de Malaca, uma área muito vigiada pelos EUA e seus aliados na Ásia. Atualmente, entre 80% e 85% das importações energéticas e das exportações de produtos chineses se realizam por mar. O grosso desse tráfego atravessa o gargalo que fica entre a Malásia e Cingapura para entrar no mar do Sul da China.

As mudanças geopolíticas e a necessidade de Pequim de garantir e aumentar seu abastecimento de energia para sustentar o crescimento econômico fizeram disparar nos últimos anos o interesse do Executivo chinês por ganhar peso em uma zona historicamente sob domínio russo. E enquanto o Kremlin estava ocupado em deter o avanço da aliança atlântica em sua fronteira ocidental Pequim ganhava influência no leste.

O comércio entre a China e a Ásia Central cresceu nos últimos cinco anos a níveis semelhantes ao da Rússia. É inclusive maior nos países com os quais o gigante asiático compartilha fronteiras, como Cazaquistão, Quirguizistão e Tajiquistão. Além do apetite pela energia e os minérios, o governo de Pequim assumiu fortes compromissos para a segurança na região.

Na medida em que as transações comerciais aumentaram, a China reforçou a Organização de Cooperação de Xangai (OCS), criada em 2001, da qual também fazem parte a Rússia e os países da Ásia Central (exceto o Turcomenistão). Do ponto de vista chinês, o principal objetivo da OCS é o combate ao terrorismo islâmico e aos movimentos separatistas na região de Xinjiang. Para tanto, em 2004 a OCS criou a RATS (Estrutura Regional Antiterrorismo, na sigla em inglês), com sede na capital usbeque, Tashkent.

Na última década a China se empenhou em dotar a OCS de um caráter muito mais comercial e criar laços econômicos mais fortes com os países centro-asiáticos que haviam olhado para os EUA e a Europa como possíveis aliados depois do colapso da União Soviética, mas que depois de se consolidarem como regimes autoritários com fachada democrática voltaram a se aproximar de Moscou e Pequim, menos exigentes com as questões de direitos humanos e liberdades civis.

O fecho de ouro dessa estratégia foi colocado pelo presidente Xi Jinping seis meses depois de assumir o cargo. Alguns dias antes da cúpula do G-20 em São Petersburgo, em setembro de 2013, Xi visitou o Usbequistão, o Turcomenistão, o Cazaquistão e o Quirguizistão (os dois últimos compartilham a fronteira de 3.700 quilômetros de Xinjiang com a Ásia Central) e assinou acordos no valor de bilhões de dólares para construir mais oleodutos, gasodutos e infraestruturas para o transporte de mercadorias. Por Xinjiang passam as tubulações que transportam gás e petróleo cru da Ásia Central para o coração industrial chinês, assim como a ferrovia que liga a China à Alemanha. O giro de Xi foi a prova da crescente rivalidade sino-russa pela influência na região.

Há apenas um mês Pequim conseguiu um ponto chave nessa disputa. O presidente cazaque, Nursultan Nazarbayev, nomeou como primeiro-ministro Karim Massimov, um destacado funcionário do regime que já tinha ocupado o cargo anteriormente. Massimov estudou na China e fala com fluidez chinês, árabe e inglês. Sempre despertou o receio de boa parte da classe política e empresarial cazaque porque é considerado partidário de uma maior aproximação da Ásia Central de Pequim, em vez do Ocidente. Depois de recuperar um lugar de destaque no círculo de Nazarbayev - que está prestes a completar 74 anos e parece ter desistido de forjar uma dinastia familiar no Cazaquistão -, Massimov volta a ocupar posição importante nas apostas para suceder o líder cazaque, no poder desde 1991.

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