Navio chinês joga canhão de água em navio da Guarda Marítima do Vietnã no mar do Sul da China |
Uma semana após a instalação de uma plataforma petrolífera chinesa na região, navios de patrulha vietnamitas que enfrentam a presença chinesa nessas águas reivindicadas pelos dois países foram atacados com canhão de água por embarcações chinesas. Estas não hesitaram em golpear o casco de seus adversários, produzindo feridos entre os vietnamitas e causando danos materiais.
Ngo Ngnoc Thu, comandante adjunto da polícia marítima vietnamita, declarou na quarta-feira que a situação era "muito tensa" e que "seis marinheiros vietnamitas haviam se ferido". Ele explicou que sinais haviam sido enviados aos chineses para que eles deixassem a zona, dizendo ainda que o Vietnã não poderia continuar se mostrando "paciente" se os chineses "continuassem suas ações agressivas". Nesse caso, ele avisou, "precisaremos tomar medidas de autodefesa."
"Ações perturbadoras"
Do lado chinês, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying, declarou que a plataforma petrolífera se encontrava em águas chinesas: "As atividades de perfuração são completamente legais (...). Estamos pedindo aos vietnamitas que encerrem suas atividades perturbadoras." Esse território disputado é o arquipélago de Paracel, reivindicado pelo Vietnã, mas sob controle chinês desde 1974: na época, houve uma breve disputa entre chineses e vietnamitas do sul, um ano antes de Saigon cair nas mãos dos comunistas de Hanói.
A mídia vietnamita mostrou em seus sites vídeos impressionantes do incidente, com sequências que mostram a agressividade das manobras chinesas. A instalação da plataforma petrolífera, que na semana passada foi considerada pelos Estados Unidos como "provocação", havia sido feita pouco tempo depois da recente visita do presidente Barack Obama à região.
Alguns analistas veem isso como uma resposta da China depois que os Estados Unidos e as Filipinas assinaram um novo tratado de defesa, uma vez que Manila também estava em conflito com Pequim em torno de atóis. A assinatura desse tratado havia sido fortemente criticada pela China, que reivindica todo o Mar do Sul da China.
Um incidente entre navios vietnamitas e chineses já havia acontecido no dia 4 de maio, gerando uma discussão exaltada entre o conselheiro do Estado chinês encarregado das relações exteriores, Yang Jiechi, e o vice-premiê vietnamita, Tran Duy Hai. Este último havia declarado a Yang que o Vietnã tomaria "todas as medidas necessárias" para proteger seus direitos.
O Vietnã e a China, antigos aliados durante a guerra da Indochina e depois do Vietnã, mas que se confrontaram brevemente durante um conflito fronteiriço em 1979, estão frequentemente em enfrentamento aberto a respeito de suas reivindicações mútuas, não somente pelo arquipélago de Paracel, como também pelo de Spratleys, que é disputado igualmente entre a Malásia, as Filipinas, o sultanato de Brunei e Taiwan.
Em Washington, uma porta-voz do departamento de Estado, Jen Psaki, se manifestou na quarta-feira contra "condutas perigosas e de intimidação" no Mar do Sul da China. "Levando em conta o histórico de tensões, a decisão chinesa de instalar sua plataforma de perfuração nessas águas disputadas constitui uma provocação e se revela contraproducente", ela disse. Em seu website, o "Vietnam News", jornal anglófono vietnamita oficial, insistia na quinta-feira sobre a reação americana à "provocação" chinesa, acentuando a proximidade de visões entre Hanói e Washington.
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