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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Rússia modernizará 30 bombardeiros estratégicos de longo alcance Tu-22M3 até 2020


Dois Tu-22M3 da Força Aérea Russa 


Cerca de 30 bombardeiros estratégicos Tu-22M3 da frota da Aviação de Longo Alcance da Rússia serão modernizados até 2020, disse nesta terça-feira o coronel Vladimir Drik, porta-voz da Força Aérea Russa.

"Pretendemos atualizar cerca de 30 bombardeiros estratégicos para o padrão M3M", disse Drik.

O Tu-22M3 (Backfire-C na designação OTAN) é um bombardeiro estratégico supersônico, de longo alcance, de geometria variável, aeronave essa que a Rússia usa principalmente para patrulhar os céus sobre as suas fronteiras do sul, Ásia Central e na região do Mar Negro.

O Tu-22M3 tem uma autonomia de vôo de 6.800 km (4.300 milhas) e pode transportar  cerca de 24,000 kg (£ 52.910) de carga útil, incluindo bombas nucleares e mísseis de cruzeiro equipados com ogivas nucleares ou convencionais. Aeronaves do padrão M3M pode ser equipado com uma ampla gama de armas.

Até 2010, a Rússia tinha pelo menos 151 bombardeiros Tu-22M3 em serviço.

O major-general Anatoly Zhikharev, comandante da Aviação de Longo Alcance, disse anteriormente que a frota da aviação estratégica da Rússia passará por uma modernização extensa, enquanto bombardeiros estratégicos da russos da próxima geração (PAK-DA), estão sendo desenvolvido pela Gabinete de Projetos da Tupolev.

Ele disse que o avião modernizado será equipado com novos equipamentos, sistemas de comunicação, cockpits e aviônicos.

Polícia americana compra espingardas calibre .12 russas

Saiga-12

A Izhmash, fabricante do lendário fuzil de assalto Kalashnikov AK-47, irá fornecer espingardas semi-automáticas do tipo Saiga-12 em calibre .12 a um determinado número de forças policiais americanas EUA.

 Os contratos foram assinados na feira de armas “Shot Show”, que aconteceu em LasVegas entre os dias 17-20 janeiro.

"As primeiras Saiga-12 foram entregues aos policias americanas ainda em janeiro de 2012”, disse Maxim Kuzyuk, diretor-geral da Izhmash.

 Na Shot Show-2012, a Izhmash também assinou um acordo sobre “importações exclusivo ao mercado dos EUA com a “Russian Weapon “e um acordo com o Fime Group , parceira da Izhmash na fabricação de modelos clássicos da empresa russa.

A Shot Show-2012 também proporcionou uma oportunidade para compradores de países da América Central para assinarem contratos de pronta entrega de armas de caça e armas esportivas. Anteriormente, os caçadores, os atiradores esportivos e os colecionadores só podiam comprar armas da Izhmash através de intermediários nos EUA.

"Os resultados da exposição são inspiradores. O mercado americano de armas não-militares está crescendo. Projetamos um aumento de 20%  nas entregas este ano", disse Kuzyuk.

Rússia está prestes a vender 60 veículos de combate de infantaria à Indonésia


A Rússia esta prestes a vender até 60 veículos de combate de infantaria à Indonésia em um acordo avaliado em mais de US$ 100 milhões, noticia hoje o jornal russo Izvestia que por sua vez cita uma fonte russa militar. Ademais, o jornal não cita o nome dessa fonte.

O acordo será finalizado em 10 de fevereiro, disse a fonte, acrescentando que 20 BMP-3 veículos serão entregues antes do final do ano.

O Exército Russo parou de compra esses veículos em 2010, uma vez que chegou ao mercado novas versões do veículo.
A estatal russa responsável pelas exportações de armas do país, a Rosoboronexport, não quis comentar a notícia.

A fábrica de armas Kurganmashzavod disse anteriormente que iria produzir veículos modificados para a Indonésia.

Rússia testa novos mísseis para seu caça de quinta geração

Sukhoi PAK-FA T-50

A Rússia vai completar o desenvolvimento de avançados mísseis táticos para o caça de quinta geração russo Sukhoi T-50 nos próximos dois anos, disse o chefe da Tactical Missiles Corporation (KTRV), Boris Obnosov.

“O desenvolvimento das classes de mísseis Kh-35UE (AS-20 Kayak), Kh-38ME, Kh-58UShKE (AS-11 Kilter) e RVV-MD (AA-11 Archer) se completará em 2012-2013”, disse Obnosov, acrescentando que os mísseis já estavam sendo testados.

Até o momento que o caça de superioridade aérea Sukhoi T-50 entrar em serviço na Força Aérea Russa, isso em 2014, os novos mísseis já estarão completamente operacionais, disse Obnosov.

Alguns dos mísseis destinados aos Sukhoi T-50 - como o Kh-31PD (AS-17 Mod 2) - já foram testados a partir do caça de ataque ao solo de quarta geração Sukhoi Su-34 Fullback. Esse míssil em especifico já está pronto para sua produção em série.

De acordo com a KTRV, o míssil tático anti-navio Kh-35UE tem um alcance máximo de 260 km; O míssil supersônico anti-radiação Kh-31PD, com uso destinado contra sistema de defesa anti-aérea, tem alcance de 250 km; o míssil Kh-58UShKE, concebidos para destruir os radares pulso, pode atingir alvos a uma distância de 245 km, e o míssil ar-ar de curto alcance RVV-MD tem alcance máximo de 40 km.

Vazam as fotos do WZ-10, helicóptero de ataque chinês, dotado de mísseis anti-tanque


 WZ-10 (Z-10) 


O blog de notícias militares referentes a China "Chinese Military Review" publicou imagens do novo helicóptero de ataque chinês WZ-10 (Z-10) equipados com mísseis anti-tanque guiados do tipo HJ-10.

A julgar pelas imagens, além de mísseis anti-tanque, o helicóptero está dotado com um canhão, bem como mísseis ar-ar do tipo TY-90.

De momento as características técnicas dos mísseis HJ-10 são mantidas em segredo, mas os analistas militares concordam que são semelhantes aos mísseis Hellfire AGM-114, arma principal dos helicópteros americanos Boeing AH-64 Apache. Pipocam pela internet informações que que os mísseis HJ-10 chineses podem ser equipado com diferentes tipos ogivas auto-guiadas, de funcionamento de sensores infravermelhos, guiadas a laser ou por radar que opera em ondas milimétricas.

China começou a desenvolver o helicóptero de ataque WZ-10 em meados dos anos 90. Seu primeiro vôo ocorreu em 2003, enquanto as primeiras entregas desses aviões foram registrados em 2009-2010.

O WZ-10 tem uma fuselahem estreita e é um aparato biposto. O piloto da aeronave ocupa a parte traseira da cabine e na parte dianteira fica o operador de armas.

O helicóptero é equipado com dois motores Pratt & Whitney turbofan PT6C-67C, de 1531 cavalos de potência cada. Além disso, é equipado com um sistema de controle por cabo, um sistema de projeção de dados no pára-brisa HUD, sensores infravermelhos, um lançador de foguetes automático e gerador de perturbação automático infravermelho.

De acordo com analistas, o aparelho chinês pertence à mesma classe do helicóptero sul-africano Denel AH-2 Rooivalk ou a anglo-italiano Mangusta A-129, fabricado pela AgustaWestland. Eles também concordam que o WZ-10 inferior ao Boeing AH-64 Apache.

O jogo de poder sírio da Rússia


Na foto, Sergey Lavrov, ministro das Relações Exteriores da Rússia e opositor ferrenho de uma intervenção militar na Síria 


A Rússia tem se mantido resoluta em seu apoio diplomático ao sitiado regime do presidente da Síria, Bashar al Assad, mesmo enquanto Assad fica cada vez mais isolado dentro da Liga Árabe e da comunidade internacional.

O Kremlin enviou uma forte mensagem no início deste mês, quando seu porta-aviões, o Almirante Kuznetsov, ancorou nas proximidades do porto sírio de Tartus. Então, na semana passada, Moscou disse que uma minuta de resolução apresentada pela Liga Árabe ao Conselho de Segurança da ONU, pedindo a renúncia de Assad, “cruzou nossas linhas vermelhas”.

O apoio da Rússia à Síria data dos tempos da União Soviética. A continuidade da parceria pode ser atribuída a vários fatores  – laços históricos, interesses econômicos e geopolíticos.

As recentes vendas de armas russas para a Síria foram no valor de US$ 4 bilhões, incluindo caças e mísseis avançados. Os investimentos de empresas russas na Síria, em infraestrutura, energia e turismo, chegam a quase US$ 20 bilhões. Uma usina de processamento de gás natural, a cerca de 200 quilômetros a leste de Homs, está sendo construída por uma empresa de engenharia russa, a Stroytransgaz.

Mas o investimento financeiro tem um peso limitado diante das críticas internacionais. Os Estados Unidos, por exemplo, tinham bilhões investidos no regime de Mubarak no Egito, mas suspenderam seu apoio diante do aumento dos protestos.

A Rússia se recusa a seguir o exemplo na Síria, demonstrando uma disposição de absorver as críticas. Para o Kremlin, parece mais importante demonstrar uma política externa confiante e soberana que desafie o Ocidente.

A Rússia possui grandes interesses geopolíticos e estratégicos que ditam o apoio a Damasco. Como maior produtora de petróleo do mundo e segunda maior exportadora, a Rússia não precisa da oferta de petróleo do mundo árabe. Moscou também colhe os benefícios de controlar os mercados regionais de energia. Portanto, a Rússia não precisa apaziguar o bloco árabe predominantemente sunita, que atualmente age em conjunto com o Ocidente na oposição ao regime de Assad.

Além disso, a Rússia tem seus próprios problemas com radicais islâmicos no Cáucaso e na Ásia Central, e teme rebeliões semelhantes às da Síria estourando em áreas como Daguestão, Abkházia, Inguchétia ou Tchetchênia. Ao apoiar seu aliado na Síria, o Kremlin está enviando uma forte mensagem aos grupos dissidentes que possam querer combater governos impopulares dentro da federação russa. O regime sírio também fornece para a Rússia um ativo estratégico chave: um porto em águas quentes profundas em Tartus. A falta de um porto como esse atormenta as ambições russas há séculos e teria sido o motivo por trás de sua invasão ao Afeganistão. A importância do porto pode não ser tão grande quanto era nos tempos soviéticos, mas acesso livre ao alto-mar permanece uma força motivadora por trás do pensamento estratégico russo, já que os principais portos ficam bloqueados pelo gelo durante grande parte do ano ou isolados por estreitos controlados por outras potências.

Tartus, que conta com guarnições da crescente frota mediterrânea de Moscou, vale a pena ser defendido pelo Kremlin. O recente envio de armas ao porto ressaltou o compromisso da Rússia com seu acordo de armas multibilionário, ignorando o embargo de armas pela União Europeia. O porto está sendo reformado para acomodar navios maiores, já que Assad declarou que o porto futuramente receberá alguns dos navios de guerra de Moscou, dotados de armas nucleares.

No final, as declarações e ações ousadas da Rússia em apoio ao regime de Assad são cálculos frios, que visam reviver sua posição como superpotência global. Apesar de a Rússia ter motivos estratégicos e econômicos consideráveis para manutenção do apoio, acima de tudo a Síria oferece ao Kremlin a chance de se opor à influência do Ocidente no Oriente Médio. O apoio ao regime de Assad não se baseia em convicções ideológicas ou morais, mas a um puro jogo de poder.

Na Irlanda do Norte, católicos e protestantes ainda não dividem os bancos escolares


Última aula antes do fim de semana na pequena escola primária católica para meninas “Star of the Sea”, situada no bairro de Falls Road, ao norte de Belfast. Na classe de Monique Lambertz, alunas de 8 a 9 anos estudam em silêncio seu manual para entender as sutilezas dos sacramentos cristãos, “um fundamento de nossa preciosa religião”, enfatiza a professora. Quando toca o sinal, as 286 meninas correm para a saída da escola, tristemente cercada por rolos de arame farpado.

Nesse bastião católico da cidade de Derry, não há nenhum registro de aluno protestante. Na Irlanda do Norte, a maioria das escolas perpetua uma separação histórica que tantas mortes produziu no passado. Uma “separação desde a mais tenra idade que torna impossível qualquer reconciliação profunda entre as comunidades protestante e católica”, para Adrian Gulke, cientista político da Queen’s University of Belfast.

“Que versão da história?”
“Dadas nossas divisões históricas, penso que será difícil construir um país unido se continuarmos a educar nossas jovens crianças separadamente”, declarou em abril de 2011 o primeiro-ministro, Peter Robinson. No entanto, segundo estudos, 94% das crianças protestantes ainda frequentam escolas de suas comunidades, contra 92% no caso dos jovens católicos.

Para Vonnie Hunter, a loquaz diretora da escola primária “Star of the Sea”, os pais ainda dão preferência às escolas associadas a suas comunidades, “por tradição, mas também porque ainda existe na mentalidade norte-irlandesa a ideia de que sua religião traz os melhores valores para educar as crianças”. Em sua escola, bem como em todas as da Irlanda do Norte, os professores tiveram de obter um “certificado de educação religiosa” para ter o direito de lecionar. “Uma prova de seriedade para muitos pais, uma vez que eles não conhecem as referências dos professores nas escolas mistas”.

Anna Murlock, 43, sempre morou no bairro protestante de Shankill. Para essa mãe de três jovens meninas, seria “inconcebível” educar suas filhas em uma escola que misture as duas comunidades. “Nosso país tem antecedentes particularmente pesados. Como eu saberia que versão da história da Irlanda do norte é ensinada a meus filhos?”

“Amigos católicos”, uma forma “de aprender”

As escolas mistas, no entanto, não devem nada em termos de resultados escolares. Paul, 14, frequenta a brilhante “Royal Belfast Academic Institution”, uma “grammar school” para jovens rapazes de 11 a 17 anos. Uma escolha feita por seus pais, “menos por preocupação de comunidade do que pela reputação da escola”, explica. Mas o rapaz, que antes frequentava uma escola primária protestante, reconhece que “certas coisas mudaram em como vejo as comunidades, aprendi muitas coisas desde que fiz verdadeiros amigos católicos”.

Segundo a socióloga Bernadette Hayes, que estudou a influência das escolas mistas sobre as orientações políticas, “65% dos protestantes que passaram por uma escola mista se dizem a favor de uma união com a Grã-Bretanha, contra 80% entre o resto da população protestante. Entre os católicos, 35% dos alunos ou ex-alunos de escolas mistas são a favor de uma República Unida da Irlanda, contra 51% no geral.” Uma porcentagem que mostra uma certa imobilidade nas mentalidades, mas que dá os primeiros sinais de uma mudança na direção da reconciliação nacional.

Escolas mistas ainda raras
Implantadas desde 1989, as escolas mistas continuam sendo pouco frequentadas no país. William Fague, católico, pai de dois garotos de 6 e 12 anos, sempre pensou em educar seus filhos em uma escola mista. “Do ponto de vista simbólico, era um comprometimento forte para mim, pensar que meus filhos iam jogar bolinha de gude com crianças protestantes”, ele conta.

Mas com a distância e a falta de transporte coletivo para chegar até a escola mista mais próxima, “meu filho mais velho precisava acordar uma hora antes do habitual. Nessa idade é difícil sentir que os estamos privando de sono em nome de seus próprios princípios”. Três meses depois de sua matrícula, Tom Fague teve de mudar de escola.

Segregação social
Deve-se então encorajar o desenvolvimento dessas escolas mistas? Para o diretor da escola protestante “Belfast Model”, Johnny Gragam, a questão é outra: “seriam necessárias escolas neutras do ponto de vista religioso, mas que lugar na Irlanda do Norte é neutro? Enquanto os próprios bairros não forem mistos, os pais não poderão ser forçados a mandar seus filhos para escolas mistas”. Uma separação geográfica que hoje vem acompanhada de uma “discriminação social bem mais preocupante”.

“De alguns anos para cá, estamos tendo um número crescente de crianças que precisam ser acompanhadas por assistentes sociais, ou de pais que se encontram em situações econômicas terríveis e têm dificuldades para cuidar de seus filhos”, conta Vonnie Hunter, diretora da escola “Star of the Sea”. “Nossa prioridade no momento é fazer o máximo para ajudá-los, e isso exige muita verba”.

Na pequena escola católica, Kathy, 10, foi a correspondente de Linda, uma jovem protestante de uma escola de Shankill. Em dois anos, elas se encontraram duas vezes, “conversaram, desenharam e pularam corda juntas”, durante excursões financiadas pelo Ministério da Educação norte-irlandês. Este ano, elas “perderam contato”. Por falta de orçamento, o programa de intercâmbio teve de ser suspenso no ano passado.

Lei na França que criminaliza a negação do genocídio armênio provoca polêmica


O premiê turco, Recep Tayyp Erdogan, chamou França de "racista" por aprovar lei que condena genocídio armênio 


Em 16 de dezembro de 2005, diante dos olhos do mundo, um tribunal de Istambul realizou uma audiência penal na qual foi submetido a julgamento o escritor Orhan Pamuk, que posteriormente seria agraciado com o Prêmio Nobel. A promotoria o acusava de ter declarado que "um milhão de armênios foram assassinados nestas terras entre 1915 e 1917, e ninguém se atreve a dizê-lo". O processo, fundamentado em uma norma que criminaliza os insultos à nação, à etnia ou às instituições turcas, causou grande revolta e protestos em muitos países. Finalmente, diante de forte pressão externa, a acusação penal foi arquivada.

Dentro de poucos dias, na França, quem negar que os armênios sofreram um genocídio (ou qualquer outro genocídio reconhecido como tal pelo Parlamento) enfrentará um ano de prisão. Nicolas Sarkozy prevê promulgar a lei, aprovada na semana passada pelo Senado francês, no início de fevereiro.

Os dois episódios se situam nas antípodas no mapa das possíveis relações entre Estado e memória. Mas, apesar da admirável intenção de defender as vítimas diante de repugnantes episódios de negacionismo, o texto francês também despertou perplexidades jurídicas, políticas e diplomáticas.

A disputa entre os que veem nele uma nobre defesa da memória e aqueles que o consideram um perigoso corte da liberdade de opinião se inscreve, neste caso, no quadro de um vibrante conflito diplomático com a Turquia. Ancara reconhece que o Império Otomano matou centenas de milhares de armênios, mas, com diversos argumentos, rejeita que se tratou de um genocídio, isto é, de uma tentativa de extermínio dessa população.

Como pano de fundo de toda a polêmica, se evidencia o perfil de uma Europa que recorre cada vez mais ao direito penal como guardião da memória, como último baluarte diante da sensação de uma deriva, diante da proliferação de episódios indignantes - como o baile de ultradireitistas organizado na sexta-feira passada em Viena no dia da memória do Holocausto - aos quais a rede mundial e as novas tecnologias concedem uma repercussão perigosa. Diante de tal cenário, muitos querem remediar através do Estado, do direito, que define e reprime. "No fundo, nos encontramos diante de um debate ligado à identidade europeia, que está se dissipando, e portanto, talvez em um sintoma de fraqueza, estamos nos ancorando ao direito penal", observa Emanuela Fronza, professora da Universidade de Trento que publicou estudos com a ideia da lei penal como guardiã da memória.

Nesse território se inscreve exatamente a primeira ordem de críticas à lei francesa, que concede ao legislador o poder de definir quais episódios históricos foram genocídios. Muitos historiadores se rebelam diante dessa situação. "Em um Estado livre, não compete às autoridades políticas definir a verdade histórica e restringir a liberdade dos pesquisadores sob ameaça penal", diz o manifesto do grupo Liberdade para a História, um movimento de acadêmicos que se opõem à lei. Vários países (entre eles a Alemanha) condenam o negacionismo do Holocausto, mas conceder ao legislador poder para definir quais atos foram genocídio é claramente um passo além.

Uma segunda ordem de críticas concerne as circunstâncias específicas do caso. "O negacionismo do genocídio armênio é uma política pública, de Estado. Por isso provoca particular perplexidade o uso do direito penal, que se concentra nos indivíduos, em vez de encarar o tema de um ponto de vista político", diz Fronza. Com essa lei, não só poderia ser julgado na França o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, por expressar o ponto de vista oficial do país; também o seria qualquer estudante maior de idade que repetisse a lição aprendida na escola.

Uma terceira ordem de críticas se refere à ampla formulação do texto, que permitirá levar ao banco dos réus qualquer pessoa que argumente que não se tratou de genocídio, sem distinguir entre os que negam com a intenção de fomentar o ódio e a violência e aqueles que argumentam objeções com relação às vítimas, que não negam os fatos, mas, com base em pesquisas acadêmicas, sua qualificação jurídico-histórica.

Nesse sentido, é interessante a jurisprudência espanhola. O Código Penal espanhol incluía uma norma muito parecida com a francesa, mas o Tribunal Constitucional ordenou em 2007 eliminar a penalização da simples negação de genocídio. "Por outro lado, a criminalização da justificativa do genocídio foi salva pelo Constitucional, mas só quando esta constitui uma provocação indireta à comissão de crimes", explica o professor Bernardo Feijoo, da Universidade Autônoma de Madri. "Assim que o ponto de equilíbrio do Constitucional é claro: o limite para a liberdade de expressão começa no ponto em que esta é usada para organizar um clima favorável a que se atente contra um determinado grupo étnico, religioso, etc. Isso é, por exemplo, o que aconteceu com a Rádio Ruanda, que lançava mensagens incendiárias antes que começasse o massacre."

Assim, na Espanha, as autoridades agiram pela via penal contra o dono da livraria Europa de Barcelona, que divulgava textos antissemitas e que justificavam o Holocausto. Mas seria inadmissível um processo penal contra o prestigioso historiador Bernard Lewis, que, com argumentos acadêmicos, afirma que o massacre de armênios na Anatólia não pode ser classificado como genocídio.

"Mas a sentença do Constitucional espanhol vai contra a tendência, é praticamente a única nesse sentido. Na Europa se amplia a aceitação da penalização da negação, que é reclamada pelas próprias instituições europeias", salienta Fronza.

Esse é um dos argumentos dos promotores da lei francesa: cumprir as decisões europeias. Os detratores indicam que esta vai muito além do pedido de Bruxelas, ao não exigir esse vínculo entre negação e perigo social.

Valérie Boyer, a deputada que promoveu a lei, defendeu assim o espírito da norma, em um artigo publicado na revista "Atlantico": "Os franceses de origem armênia têm direito a ser protegidos em seu território das terríveis propagandas que sujam a memória de seus parentes massacrados. [...] Para eles, peço a proteção da República contra essa insuportável agressão moral". Boyer afirma também que "negar genocídios comprovados significa prolongar a intenção genocida sobre as gerações seguintes e atentar contra sua dignidade humana".

Boyer milita na conservadora formação UMP; mas a lei rompeu as linhas políticas, colhendo votos a favor e contra no seio de praticamente todos os partidos. Os críticos indicam que a lei, a três meses das eleições presidenciais, tem um sabor eleitoral: na França há cerca de 500 mil eleitores de origem armênia.

"Não superestime o pacto fiscal"


Em entrevista ao “Spiegel”, o chanceler austríaco Werner Faymann , 51, expressa dúvidas sobre a estratégia da Alemanha para combater a crise do euro, discute a possível necessidade de um pacote de resgate maior para a Grécia e diz que o Banco Central Europeu (BCE) talvez tenha que contribuir para o alívio da dívida de Atenas.

Werner Faymann


Pergunta: Senhor chanceler, a diretora do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, pediu que o fundo permanente de proteção do euro, o chamado Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), fosse aumentado. A chanceler alemã Angela Merkel acha que é desnecessário. Quem está com a razão?


Faymann: Eu certamente não prometeria ao meu parlamento que podemos resolver tudo com $500 bilhões de euros. Meu governo está preparado para que o atual fundo de resgate Fefe e o MEE se combinem de forma que possamos erguer uma salvaguarda maior. Meu ministro de finanças, incidentalmente, concorda e, como Merkel, ela pertence ao conservador Partido do Povo Europeu.

Pergunta: O senhor quer que os bilhões que restam no Fundo de Estabilidade Financeira Europeu EFSF sejam combinados com o ESM?


Faymann: Devemos avançar nessa direção. Dessa forma podemos chegar aos $750 bilhões de euros. Os mercados financeiros estão nos vigiando de perto e julgam nossa situação pela altura de nossas proteções. Se forem baixas demais, então daremos aos mercados razão para especularem contra nós.

 Pergunta: Na reunião de cúpula da União Europeia em dezembro, o senhor disse que o Banco Central Europeu (BCE) deve ganhar “maior flexibilidade” para a intervir no mercado. O que o senhor quis dizer exatamente?


Faymann: Se conseguirmos aprovar os freios para a dívida nas constituições dos Estados membros e se mantivermos controles mais estritos em política orçamentária, então precisaremos dar o próximo passo e erguer maiores salvaguardas. Portanto, sou a favor que o MEE receba uma concessão bancária, permitindo que se refinancie com o BCE.

Pergunta: O governo alemão é veementemente contra.


Faymann: Tenho uma opinião diferente. É preciso dizer aos países que foram forçados a apertar os cintos quais serão os benefícios da proteção coletiva.

Pergunta: Para que a restrição da dívida seja ancorada na Constituição, como a Alemanha exigiu de todos os Estados membros da zona do euro, o senhor precisará do apoio da oposição.


Faymann: Nós aprovamos a restrição da dívida com maioria simples e acreditamos que a oposição, ou seja, os Verdes, estão fundamentalmente prontos para dar status constitucional à restrição da dívida.

Pergunta: Dentro da Comissão Europeia, diz-se que 95% das regras do pacto fiscal já podem ser resolvidas com a lei comum da UE. O pacto fiscal que está sendo promovido principalmente pelos alemães é meramente simbólico?


Faymann: Para mim é mais do que um símbolo. Mas mesmo que seja o caso, o fator decisivo é se tem as metas corretas. Queremos reforçar a competitividade e criar um crescimento duradouro. Queremos combater o desemprego entre os jovens. Ainda assim, não se deve superestimar o pacto fiscal. Com o espartilho apertado criado pelo Tratado de Lisboa, não se pode alegar que estamos reinventando a zona do euro.

Pergunta: Com essa agenda social-democrática, o senhor está em minoria entre os Estados da UE e os chefes de governo.


Faymann: De fato, essa agenda deve ser consistente com os valores cristãos democráticos ou socialistas cristãos. Vejo maiores diferenças com os neoliberais.

Pergunta: Em Davos, a chanceler Merkel disse que medidas mais rígidas são necessárias na Europa. Parece mais uma punição do que solidariedade.


Faymann: As regras não são positivas ou negativas. É tudo conteúdo. Eu acharia bom se regulássemos os mercados financeiros mais estritamente, cortássemos a especulação e fundássemos uma agência de classificação europeia. Sim, nossas altas dívidas nos tornam vulneráveis, mas os especuladores intensificaram a crise. Portanto, na forma do imposto de transação, eles também devem estar envolvidos na superação da crise.

Pergunta: Os bancos austríacos incorreram em perdas primariamente especulando na Europa Oriental. A Europa terá que intervir e ajudar?


Faymann: Na Áustria, nós também disponibilizamos capital aos bancos. Isso nos custou dinheiro, mas com tamanha crise, o Estado tem que intervir. Mas nós simultaneamente nos comprometemos a reforçar os controles para evitar uma próxima crise.

 Pergunta: É possível salvar a Grécia?


Faymann: Sim, mas apenas se o governo, o parlamento e o público grego quiserem. Se o país quiser continuar na zona do euro, devemos apoiá-lo. Isso não serve apenas para a Grécia, mas para todos. Precisamos evitar uma insolvência desordenada a todo custo. Nós austríacos já vimos recentemente como o efeito dominó pode se desenvolver rapidamente. Uma das três agências de classificação de risco nos rebaixou e fez uma referência explícita ao desenvolvimento da Europa como um todo.

Pergunta: Ninguém defende uma insolvência desorganizada, mas o que o senhor tem contra uma insolvência controlada?


Faymann: Todos os especialistas com quem converso dizem que não é possível prometer confiavelmente uma insolvência ordenada. O risco de contágio é incalculável. Poderia ser um experimento na vida real, e não devemos nos envolver em algo assim.

Pergunta: Os líderes da UE já estão negociando um segundo pacote de resgate para a Grécia. Não está na hora de ser verdadeiramente honesto com os cidadãos e dizer que os gregos não terão sucesso?


Faymann: Sou a favor de dizer aos gregos como podem resolver o problema. Nas conversas entre Atenas, a Comissão Europeia, o FMI e o BCE, todas as possibilidades estão sendo exploradas, especialmente o envolvimento de credores privados.

Pergunta: Mesmo que a Grécia e os bancos concordem com um alívio da dívida de 80%, os $130 bilhões de euros do segundo pacote de resgate não serão suficientes, porque os gregos estão atrasados em suas reformas. Vocês estariam dispostos a aumentar o pacote de resgate novamente?


Faymann: Não quero esvaziar as negociações. Mas é verdade que precisamos explorar reformas realistas. Não será de ajuda se definirmos o envolvimento do setor privado como objetivo político e ninguém executar isso no final. É por isso que tudo está sendo tão intensamente negociado. A decisão sobre os próximos fundos para a Grécia será tomada, no máximo, até meados de março. Mas eu não prometeria que não vamos precisar de mais fundos para a Grécia.

Pergunta: O comissário de assuntos monetários e econômicos europeu, Olli Rehn, disse que o pacote de resgate com certeza teria que ser aumentado. Os credores privados podem ter concluído do comentário que não terão que contribuir tanto. O senhor achou o comentário de Rehn útil?


Faymann: O que é mais produtivo é encontrar uma solução e depois apresentá-la. Eu teria preferido isso neste caso também. Por isso não identifiquei antes quantos pontos percentuais ou bilhões eu considero necessários.

Pergunta: O FMI exige que o BCE contribua para o alívio da dívida para a Grécia. O senhor concorda?


Faymann: Não acho que isso possa ser eliminado. Mas até que o cenário esteja completo, não faz sentido discutir cada peça do mosaico.

NY treinou policiais com filme anti-islâmico


Documentário "Terceira Jihad" sustenta que muitos muçulmanos querem destruir os EUA

Documentos obtidos por uma universidade local confirmam que a Polícia de Nova York usou filme anti-islâmico em treinamentos de oficiais da cidade.

O filme de 72 minutos se chama "A Terceira Jihad" (The Third Jihad: Radical Islam's Vision For America) e sustenta que o verdadeiro objetivo de muitos muçulmanos no país é destruir os EUA. "Há um inteiro movimento com o objetivo de incentivar o ódio ao nosso estilo de vida", disse o ex-prefeito Rudy Giuliani no vídeo.

A filmagem foi financiada pelo Clarion Fund, que distribui material contra o que considera ameaças terroristas islâmicas. O documentário afirma ainda que os muçulmanos querem construir o Estado Islâmico da América do Norte nos EUA.

O uso do vídeo em treinamento da polícia havia sido revelada pelo jornal "Village Voice", em janeiro do ano passado. Na ocasião, as autoridades negaram. Graças a um pedido da Faculdade de Direito da Universidade de Nova York invocando a liberdade de informação no país, descobriu-se agora que o vídeo foi de fato mostrado a cerca de 1.500 oficiais em treinamento por até um ano.

As tensões entre a polícia de Nova York e a comunidade islâmica na cidade têm crescido desde meados do ano passado, quando a Associated Press divulgou uma série de reportagens mostrando casos de espionagem a muçulmanos sobre os quais não pesavam acusações. A atividade política das pessoas foi monitorada em escolas e empresas da cidade.

No fim do ano passado, líderes religiosos islâmicos se recusaram a comparecer a um café da manhã com a prefeitura por causa dessas acusações.

China nomeia o 'número 3' de sua Chancelaria embaixador no Brasil


Escolha reforça prioridade a brasileiros na relação chinesa com a AL

Li Jinzhang

Maior parceiro comercial do Brasil, a China nomeou como novo embaixador no país Li Jinzhang, que ocupava o terceiro cargo mais importante da Chancelaria.

Desde 2006, Li, 57, era um dos vice-ministros das Relações Exteriores. Antes, o diplomata havia servido em Cuba, Nicarágua e México, neste como embaixador.

Embora Li tenha chegado a Brasília há cerca de dez dias, a nomeação só foi divulgada oficialmente anteontem pela agência oficial Xinhua.

A escolha reforça a prioridade chinesa pelo Brasil nas relações com a América Latina. Os dois têm um crescente comércio e estão entre os Brics, bloco de países "emergentes" que ainda inclui Rússia, Índia e África do Sul.

A primeira grande tarefa do novo embaixador têm sido os preparativos para a reunião da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Coordenação e Cooperação), em meados de fevereiro.

Pelo lado brasileiro, um dos temas será a alta de produtos importados chineses. Pressionado por setores industriais que veem uma "invasão" a preços desleais, o governo tem criado barreiras contra diversos itens.

Desde 2009, a China superou os EUA como principal parceiro comercial brasileiro. Em 2011, o saldo foi favorável em US$ 11,5 bilhões -alta de 125,5% em relação a 2010.

Apesar disso, o Brasil não consegue diversificar sua exportação para a China, concentrada em poucos produtos primários, principalmente minério de ferro e soja.

Criada em 2004 pelo então presidente Lula e pelo dirigente máximo chinês, Hu Jintao, a Cosban é o mecanismo de consulta bilateral de mais alto nível -mas tem sido pouco utilizada, apesar da sua importância no papel.

Francesa Dassault vende 126 caças Rafale à Índia por US$ 12 bi


O grupo de defesa francês Dassault fechou um contrato para vender 126 caças Rafale à Índia, indicaram nesta terça-feira fontes do governo francês e indiano.

A Dassault venderá pela primeira vez seus aviões Rafale para o exterior, depois de superar o consórcio Eurofighter por este contrato colossal, estimado em 12 bilhões de dólares.

"Está confirmado que a Dassault ganhou o contrato", disse uma fonte do governo indiano à AFP, explicando que o grupo francês fez uma oferta melhor.

Pouco depois, o secretário de Estado francês para Comércio Exterior, Pierre Lellouche confirmou: "Ganhamos o contrato", considerando que "algumas coisas ainda devem ser concluídas".

A licitação, aberta em 2007, é uma das maiores já lançadas pela terceira maior potência econômica da Ásia, e uma das maiores do momento no setor de defesa aérea.

A licitação atraiu as gigantes mundiais do setor em uma competição acirrada. O Rafale, da Dassault, o Typhoon, da Eurofighter, foram pré-selecionados em abril, deixando fora de jogo as americanas Boeing e Lockheed Martin, a sueca Saab Gripen e a russa MiG.

Na Índia, o candidato que oferece o menor preço geralmente leva o contrato.

O contrato estipula que a Índia comprará diretamente 18 aviões, enquanto que os outros 108 serão construídos no país asiático.

A ação do grupo Dassault disparou cerca de 20% na Bolsa de Paris após o anúncio do contrato.
Em dezembro do ano passado, o ministro francês da Defesa, Gérard Longuet, chegou a afirmar que a produção do caça Rafale seria interrompida caso não houvesse pedidos estrangeiros.

Alguns meses antes, em setembro, a presidente brasileira, Dilma Rousseff, havia dito ao seu colega francês Nicolas Sarkozy, durante um encontro entre ambos em Nova York, que o Brasil "não estava em condições de se comprometer com a compra de aviões de guerra".

O Rafale disputa com o americano F-18 E/F, da Boeing, e o Gripen NG, da Saab, uma licitação pela compra por parte do governo brasileiro de 36 caças para substituir a atual frota da Força Aérea Brasileira (FAB) a partir de 2016.

O contrato para a venda dos caças pode chegar a R$ 6,7 bilhões.

Dos três concorrentes do F-X2, o Rafale foi o único a ter oferecido uma proposta de transferência de tecnologia irrestrita ao Brasil e às empresas envolvidas na fabricação.

A licitação foi aberta durante o governo Lula. O ex-presidente chegou a manifestar a sua preferência pela aeronave francesa.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Sukhoi T-50 PAK-FA não participará do “FX coreano”


Acima o caça russo Sukhoi T-50 PAK-FA alça voou pela primeira vez em 29 de janeiro de 2010 


A principal fabricante russa da área aeronáutica decidiu não participar de uma grande concorrência que visa o fornecimento de 60 aeronaves de nova geração à Força Aérea Sul-Coreana, disse nessa segunda feira o jornal sul-coreano “The Korea Times”.

O jornal, que cita autoridades do país, disse que nenhuma empresa russa decidiu participar do “Programa FX-III”. O ganhador da concorrência vai assinar um contrato com a Força Aérea Sul-Coreana de US$ 7,3 bilhões para o fornecimento de 60 caças avançados com tecnologia “stealth”.

“Nenhuma empresa russa se prontificou para assistir a sessão de explanação do programa, que era um pré-requisito para participar da concorrência”, disse um porta-voz da Defense Acquisition Program Administration (DAPA) ao jornal. Segundo o porta-voz, o prazo máximo de inscrição era até a última sexta-feira.

A DAPA disse anteriormente que o caça russo T-50 PAK-FA, fabricado pela gigante russa Sukhoi, foi listado como um dos quatro candidatos para o o Programa FX-III. O caça russo iria concorrer contra o F-15SE Silent Eagle, fabricado pela Boeing, com o F-35 Lightning II, fabricado pela Lockheed Martin além do Eurofighter Typhoon, fabricado pelo consórcio europeu Eurofighter.

A sueca Saab também apresentou um pedido para participar da concorrência com seu caça multifuncional Gripen, mas as autoridades sul-coreanas disseram que a aeronave não atende muitas das exigências da Força Aérea Sul-Coreana. Tudo bem que o caça sueco ainda é um projeto e não é furtivo, mas o mesmo acontece com o excelente Eurofighter Typhoon.

Ainda não se sabe o real motivo que motivou a Sukhoi ficar de fora dessa concorrência. Mas o que todos sabem é que a Coréia do Sul é uma aliada dos EUA e talvez por esse motivo os russos não compartilhar os dados do seu super-caça com um aliado dos EUA. Também sabemos que toda concorrência militar na Coréia Sul é marcada por escândalos de corrupçãoe quase sempre as empresas americanas ganham as mesmas.

Leia também: Rússia pretende vender caças furtivos para a Coréia do Sul 




Rússia da inicio a construção de dois novos tipos de navios de guerra


Dois novos navios de guerra estão sendo construídos para a Marinha Russa, disse nesta segunda-feira um porta-voz do Ministério da Defesa da Federação Russa.

A fragata "Admiral Golovko", do Project 22350, e a corveta "Gremyashchy", classe Steregushchy (Project 20385), estão sendo construídas no estaleiro  Verf Severnaya (Northern Shipyard), em St. Petersburg, disse o porta-voz.

Elas serão asprimeiras de uma série de fragatas e corvetas de curto e médio alcance, acrescentou.

Irã desenvolve novo projétil de artilharia guiado a laser


Ahmad Vahidi


O Irã desenvolveu projéteis de artilharia guiados a laser capazes de atingir alvos em movimento a uma distância de até 20 km, disse nessa segunda-feira o ministro da Defesa do Irã, o brigadeiro Ahmad Vahidi.

A munição, designada de Basir, é projetada para destruir tanques, veículos militares, pontes e outros alvos em movimento ou não em movimento com alta precisão, disse Vahidi ao canal TV Press.

Ele (o projétil) também é capaz de identificar e localizar os alvos.

Ele não forneceu detalhes sobre as especificações do novo projétil.

Rússia construirá novas fábricas de mísseis antiaéreos


Em um futuro próximo, será construído na Rússia ao menos três novas instalações para a fabricação de mísseis para defesa antimísseis, informou Dmitry Rogozin, vice-primeiro-ministro da Rússia, em uma reunião na Academia de Ciências Bélicas da Rússia.

Rogozin sublinhou que estas três fábricas serão destinadas a elaboração de equipamentos para modernizar a defesa antimísseis que será construída para as Tropas de Defesa Aeroespacial da Rússia. Estas instalações serão criadas sob o sistema da empresa OJSC "Concern PVO "Almaz-Antey", maior fabricante de sistemas antiáeros da Federação Russa.

Ademais, o vice-primeiro-ministro anunciou que em Moscou acabara de ser construída uma nova fábrica para a produção de fuzis e equipamentos para atiradores de elite. A nova fábrica possui tecnologia de produção que supera o nível mais alto que existe na Europa e esta a par com os EUA. "Assim, podemos construir e temos que construir as novas fábricas e também modernizar profundamente as fábricas que temos", disse Rogozin.

Com esta finalidade, o governo russo está elaborando um novo projeto de programa nacional de defesa que terá que ser examinado pelo Executivo em 1º março deste ano. Para este projeto está previsto o aumento do financiamento em 3 bilhões de rublos antes de 2020, montante a ser alocado em paralelo com o programa de desenvolvimento e modernização do armamento das Forças Armadas até a data mencionado, disse Rogozin.

Irã causa discórdia entre EUA e Israel

Com incertezas na Líbia, intervenção na Síria fica cada vez mais complicada



Protestos na Síria


Desde que os protestos pró-democracia começaram na Síria, há mais de dez meses, a União Europeia aumentou a pressão sobre o regime do presidente Bashar al-Assad. Ela impôs sanções sobre as companhias de petróleo sírias. Congelou os bens de vários altos funcionários. Proibiu companhias da UE de fazer comércio com títulos da dívida síria.

Ela também proibiu que os bancos da Síria operem em países da UE ou invistam em bancos europeus. Nesta semana, ministros de exterior da UE concordaram em impor restrições de viagem e outras sobre mais 22 indivíduos e oito companhias.

Mas a luta ainda continua. De acordo com as Nações Unidas, mais de 5 mil pessoas foram assassinadas desde que as manifestações começaram em março passado. Quase 20 mil fugiram para a vizinha Turquia.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que a situação na Síria “atingiu um ponto inaceitável”.

Mas o que mais pode ser feito?

“O problema é que apesar de todas as medidas dos europeus, eles não forçaram o regime sírio a assumir uma posição diferente”, disse Rime Allaf, especialista em Oriente Médio na organização de pesquisa Chatham House, sediada em Londres. “Se medidas significativamente mais rígidas não forem tomadas, acredito que nada vai mudar. A situação vai se deteriorar ainda mais. No momento, não há outros cenários realistas.”

Diante de uma situação semelhante na Líbia no ano passado, a Inglaterra, França e outros países europeus optaram por uma intervenção militar. Com a ajuda dos Estados Unidos, eles criaram uma zona anti-aérea e bombardearam as tropas do regime, o que precipitou a queda do coronel Muammar Gaddafi.

Neste mês, o Exército Livre da Síria, um grupo de desertores do exército que tenta derrubar Assad, também pediu que o Conselho de Segurança da ONU interviesse, sem sucesso. Nem Ban, nem qualquer outro líder europeu, expressou apoio à ação militar para interromper os assassinatos.

Há vários motivos pelos quais a Rússia, que há muito tempo apoia o regime de Assad, e a China – ambos membros permanentes do Conselho de Segurança – vetariam uma iniciativa como esta. Nenhum deles quer uma intervenção ao estilo da Otan na Síria.

Nem os Estados Unidos têm nenhum apetite por outra missão militar. Sem o apoio dos EUA, a União Europeia e a Otan não podem fazer nada militarmente. Na região, só o Qatar, um membro da Liga Árabe, pediu uma ação militar.

Em 15 de janeiro, o emir do Qatar, Xeique Hamad bin Khalifa al-Thani, propôs uma intervenção militar árabe para impedir a repressão por parte das forças de segurança sírias. “Algumas tropas deveriam ir para lá para interromper os assassinatos”, disse ele à rede de TV norte-americana CBS. Ele não recebeu nenhum apoio dos outros estados árabes, nem da União Europeia.

Da forma como está, a Liga Árabe está dividida quanto à Síria, e não têm nenhuma experiência de intervenção desse tipo. A ideia de árabes lutarem contra árabes teria consequências impensáveis para a região, de acordo com os analistas. Eles citam a ascensão do sectarismo no Iraque como um exemplo catastrófico.

Além disso, a Liga Árabe perdeu grande parte de sua credibilidade depois que sua missão de monitoramento na Síria não conseguiu persuadir o regime a aceitar a proposta de paz da Liga, que Damasco inicialmente aceitou. O plano vislumbrava a retirada dos tanques e tropas das cidades, a libertação de manifestantes, o acesso da imprensa e o início das conversas entre Assad e a oposição.

Então, no domingo (22), durante uma reunião de cúpula no Cairo, a Liga Árabe pediu para Assad deixar o governo, abrir o diálogo com a oposição e formar uma unidade nacional de governo. Damasco rejeitou as propostas.

Ainda que os europeus tenham excluído a opção de uma ação militar, há outras medidas que podem tomar. Fora aplicar mais sanções, eles podem incrementar a assistência humanitária e de inteligência para a oposição síria, de maneira parecida à que ajudaram os rebeldes líbios no ano passado.

A União também poderia ter como alvo os apoiadores de Assad. Sua proposta de impor uma nova série de sanções contra o Irã por causa de seu programa nuclear pode se tornar crucial para a Síria. O Irã fornece assistência militar e econômica extensiva para a Síria, e apoia o movimento militante Hezbollah. O Hezbollah se posicionou ao lado de Assad.

Por fim, a União poderia trabalhar mais de perto com a Turquia, fornecendo assistência para os refugiados, e com o Qatar.

“Algumas capitais europeias estão debatendo que a UE estabeleça algum tipo de corredor de ajuda humanitária”, diz Anthony Dworkin, um especialista em direitos humanos no Conselho Europeu de Relações Estrangeiras.

A Turquia e Qatar podem apoiar essas metidas, dizem os diplomatas. A Turquia não é novata na região. Ela tentou mediar a questão das Colinas de Golan entre a Síria e Israel depois que o último tomou a região durante a guerra de 1967 no Oriente Médio. Ela também foi um dos primeiros países a pedir que Assad renunciasse.

“Ancara se sente traída por Damasco”, diz Ozgur Unluhisarcikli, diretor do escritório turco do German Marshall Fund nos Estados Unidos. “Ancara investiu muita energia tentando persuadir Assad a renunciar, mas sem nenhum resultado.”

Mas o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, é outro que não apoia a intervenção militar. Ele considera os riscos muito altos.

Ancara está preocupada que uma intervenção traga ainda mais refugiados. Ela também poderia encorajar os curdos na Síria a buscar mais autonomia. Unluhisarcikli diz que isso poderia desencadear uma insurgência curda na Turquia, onde as tensões entre o governo e a comunidade curda já são extremamente grandes.

A missão da Otan na Líbia já foi complicada o suficiente; ainda está longe de estar certo que depois da intervenção militar e da queda do coronel Gaddafi, o país conseguirá voltar à estabilidade. A Síria é um caso bem mais intratável.

“No que diz respeito à Síria, os europeus não estão sendo coerentes, mas estão tentando fazer o máximo que podem sem uma intervenção militar”, disse Allaf da Chatham House.

Mas ela tem poucas ilusões de que isso será suficiente.

Atividade da Al Qaeda lança dúvidas sobre mudança de regime no Iêmen


A situação de segurança no Iêmen é frágil – mas nos últimos dias ficou ainda mais. Os militantes da Al Qaeda tomaram uma cidade próxima à capital, ameaçando os planos de renúncia do presidente Saleh. Embora agora ele tenha deixado o país e os militantes tenham abandonado a cidade, há lutas contínuas e dúvidas sobre o futuro

Vista geral de Radaa, no sul do Iêmen; cidade foi tomada e agora é controlada por militantes do grupo radical islâmico Al Qaeda

Nem foi tanto por causa da bandeira negra da Al Qaeda que tremulava ao vento acima da velha mesquita. Bem mais sinistra foi a facilidade com a qual dezenas de guerrilheiros conseguiram entrar furtivamente na cidade. Mas talvez “furtivamente” seja uma palavra muito forte. “É bem possível que os soldados tenham até os recebido bem”, disse um jornalista local, descrevendo a situação em Radda, uma cidade de 60 mil habitantes que está sob controle da Al Qaeda desde 16 de janeiro.

Radda fica a duas horas de carro a sudeste da capital iemenita, Sanaa. O ministério do turismo promove a cidade como um destino turístico popular, com suas construções de tijolos, a cidadela mais antiga do país e a Mesquita de Amiriya, do século 16, que lembra um palácio.

Em 14 de janeiro, cerca de 20 homens surgiram inesperadamente na mesquita e começaram suas preces da tarde. Aparentemente eles não se importaram com o fato de que a mesquita estava fechada há anos por conta de uma reforma para receber futuros grupos de turistas. Mas o turismo não está na agenda da Al Qaeda.

“Pedimos para que eles não quebrassem nada na mesquita e não quebrassem nenhum galho das árvores. Seu líder, Tariq al-Dahab, prometeu obedecer”, disse Jahiya al-Nusairi, funcionário local encarregado da preservação histórica. Al-Nusairi acrescentou que os militantes da Al Qaeda realizaram uma leitura do Alcorão, hastearam sua bandeira negra e depois se retiraram para a cidadela.

Depois disso, enquanto escritórios do governo, empresas e escolas eram fechados, a prisão foi aberta. De acordo com um morador, a polícia local não ofereceu nenhuma resistência e entregou suas armas, postos e veículos para os rebeldes. Líderes tribais locais negociaram com os militantes armados, enquanto jovens dirigiam pelas ruas nos carros tomados da polícia. Ao mesmo tempo, disse um ativista de direitos humanos à agência de notícias AFP, uma manifestação contra o presidente Ali Abdullah Saleh, que governa o país desde 1978, foi realizada como planejado.

Acusações de cooperação do regime com a Al Qaeda

A tomada pacífica da cidade provincial de Radda, que fica praticamente na entrada da capital do país, pelos militantes da Al Qaeda, não é tanto uma prova da força da rede terrorista. Em vez disso, é uma indicação de como o equilíbrio de poder no Iêmen é complexo.

O líder do grupo militante, Tariq al-Dahab, é cunhado de Anwar al-Awlaki, o líder da Al Qaeda na Península Árabe (AQAP), que foi assassinado durante um ataque de avião teleguiado da CIA no final de setembro. A organização diz que controla várias pequenas cidades nas províncias pouco povoadas de Abyan e Shabwah, no sul do país.

O próprio Al-Dahab foi preso há algum tempo na Síria enquanto tentava cruzar a fronteira para o Iraque. O governo em Damasco o extraditou para o Iêmen recentemente. A oposição vê isso como prova da cooperação secreta entre o regime de Saleh e a Al Qaeda.

“Nós responsabilizamos as forças militares e de segurança por terem facilitado o acesso para os guerrilheiros”, diz Mohammed Nassir, um dos xeiques de Radda. “É um dos truques do regime.”

Os oponentes do regime alegam que a AQAP e seus guerrilheiros estão sendo usados para justificar a manutenção do antigo regime e sustentá-lo no poder pelo maior tempo possível. Esta teoria é compartilhada por Khaled al-Dahab, irmão do comandante da Al Qaeda, que se desculpou pelo ataque em Radaa e disse ao telejornal do canal saudita al-Arabiya que este havia sido “coordenado com funcionários sênior do conselho de segurança nacional, a Guarda Republicana e também o ex-ministro de interior.”

Jogando para ganhar tempo

Em novembro, cedendo à pressão de países do Golfo, o presidente Saleh assinou um acordo com a oposição para transferir o poder para seu vice-presidente, Abed Rabbo Mansour Hadi, e realizar eleições presidenciais em 21 de fevereiro. O único candidato nas eleições seria Hadi, o atual presidente em transição, que deveria então governar o país por dois anos.

Desde a assinatura do acordo, entretanto, Saleh vem jogando para ganhar tempo numa tentativa de manter o domínio sobre os frutos de décadas de governo. No início de janeiro, o gabinete submeteu um projeto de lei ao parlamento estipulando a concessão de imunidade a Saleh e “a todos os que trabalharam com ele nas várias instituições”.

A proposta levou membros do movimento pelos direitos civis em Sanaa para as ruas – e o velho regime imediatamente usou essas ações em seu próprio benefício. O ministro de exterior iemenita Abu Bakr al-Qirbi disse que se a situação de segurança continuasse se deteriorando, poderia ser necessário – “infelizmente”, acrescentou – postergar a eleição.

Mas no domingo (22), Saleh deixou o Iêmen em direção a Omã, e depois foi para os Estados Unidos para receber tratamento médico para queimaduras que sofreu quando seu palácio-mesquita foi bombardeado, no ano passado. Há informações de que os Estados Unidos só concederam o visto a Salhe depois que ele prometeu que não tentaria ficar nos EUA. Saleh disse que planeja retornar ao Iêmen depois de seu tratamento, para liderar seu partido político, embora haja especulações de que ele está procurando um terceiro país onde possa viver em exílio. Antes de partir, Saleh delegou o poder para Hadi, seu vice-presidente.

Uma cidade celebra

Na sexta-feira (20), tropas iemenitas cercaram Radda, mas não atacaram a cidade, supostamente por temerem danificar seus prédios históricos. Os ocupantes prometeram deixar a cidade sob condição de que o código legal islâmico, a Shariah, fosse introduzida lá e que vários militantes detidos, incluindo outro irmão de al-Dahab, fossem libertados.

Na terça-feira (24), al-Dahab e seus homens surpreenderam muitos, abandonando pacificamente a cidade. O líder tribal Ahmed al-Kalz disse à Reuters que os guerrilheiros fizeram isso depois de receberem a promessa de que 15 militantes presos pelo serviço de inteligência seriam libertados e que um novo conselho seria montado na cidade, que passaria a seguir as leis iemenitas. “Os negociadores disseram a Dahab que todas as leis do Iêmen são baseadas na lei islâmica e que não há contradição nisso”, disse al-Kalz.

No dia seguinte, os moradores da cidade celebraram nas ruas a retirada do grupo da Al Qaeda. No mesmo dia, novos confrontos no sul do Iêmen teriam deixado um saldo de seis militantes da Al Qaeda mortos e 10 soldados do governo feridos.

Novo embaixador norte-americano em Moscou incomoda governo da Rússia


Michael McFaul


Nos anais da diplomacia norte-americana, poucos períodos de luas-de-mel foram tão curtos quanto o concedido a Michael A. McFaul, que chegou à Rússia em 14 de janeiro como novo embaixador norte-americano.

Por volta do fim de seu segundo dia de trabalho, um comentarista do Canal 1 estatal sugeriu durante uma transmissão em horário nobre que McFaul havia sido enviado a Moscou para fomentar a revolução. Um colunista do jornal Izvestia comentou o assunto no dia seguinte, dizendo que a nomeação marcava uma volta ao século 18, quando “a participação de um embaixador em intrigas e conspirações de corte eram negócio comum.”

McFaul, 48, chegou numa cidade agitada por conjecturas e paranoia, enquanto o Kremlin tenta retratar a onda de protestos contra o governo como um projeto liderado pelos EUA. Se o veneno que McFaul recebeu tinha a intenção de ser um alerta para que ele se mantivesse calado em seu novo papel, ele parece pouco disposto a fazer isso. No final de sua primeira semana, ele foi enérgico, dizendo que seu objetivo era “destruir os estereótipos da Guerra fria”, especialmente as “declarações grosseiras” sobre as intenções dos Estados Unidos na Rússia.

“Eu sei que simplesmente vou entrar com força total, não tenho nada a esconder, e tenho muita confiança em nossa política e em difundir nossa política”, disse McFaul, nativo de Bozeman, Montana, que passou a maior parte de sua carreira na academia. Ele não precisa se preocupar com seu próximo posto diplomático, acrescentou, porque não haverá nenhum.

“Eu não vou para nenhum outro lugar”, disse ele, com um sorriso grande. Não sou um diplomata de carreira. E portanto estou aqui para fazer isso de uma forma muito, muito agressiva.”

McFaul é uma escolha pouco comum para embaixador em Moscou, ainda mais do que parecia quando a decisão foi anunciada em maio de 2011.

Naquele momento, ele era visto sobretudo como o principal conselheiro do presidente Barack Obama sobre a Rússia e o arquiteto da chamada política “reset” (reiniciar), que colocou um fim ao gelo profundo dos últimos anos do governo de George W. Bush e convidou a Rússia a cooperar em projetos como a não-proliferação nuclear.

Do ponto de vista do Kremlin, foi um sinal positivo que McFaul, o segundo diplomata em 30 anos que não vem de uma carreira na área, seja membro do círculo íntimo de Obama, refletindo a prioridade que o presidente coloca na Rússia.

Nove meses mais tarde, o Kremlin foi sacudido por protestos que desafiaram o primeiro-ministro Vladimir V. Putin, que espera vencer um terceiro mandato como presidente daqui a cinco semanas. Em meio a acusações repetidas de que o Departamento de Estado havia mobilizado os manifestantes, a atenção se voltou para o início da carreira de McFaul – como cientista político que se especializou em revolução e construção da democracia.

Num artigo de 2007 na revista “The American Interest”, ele escreveu que “mesmo enquanto trabalhavam próximos a Putin em questões de interesse mútuo, os líderes ocidentais precisavam se comprometer com o objetivo de criar as condições para que um líder democrático emergisse a longo prazo.”

McFaul disse que seu trabalho acadêmico chegou algumas vezes a complicar seu trabalho como estrategista de Obama para a Rússia, e enfatizou que está na Rússia para “executar, aprofundar e fortalecer” o reset.

“Como eu escrevi sobre alguns assuntos, sempre houve rumores de que foi isso o que eu vim fazer aqui”, disse ele. “Isso é loucura. Só porque você escreve sobre câncer não significa que você defenda o câncer. Sou um cientista social. Escrevi sobre democratização, mas esta era minha vida pregressa.

“A coisa mais importante para as pessoas entenderem é que eu fui um funcionário do governo por três anos”, disse ele. “Em cada passo do caminho, em cada grande tópico para lidar com esse país, eu estive intimamente envolvido com o reset”.

Não demorou quase nada para que McFaul colidisse contra as forças que o esperavam: o escrutínio penetrante direcionado aos embaixadores norte-americanos em Moscou, os códigos arcaicos da vida diplomática, e os golpes de discurso que vêm da televisão pró-Kremlin. A ocasião foi um encontro ao qual McFaul compareceu em seu segundo dia de trabalho, depois de dedicar seu primeiro dia a conversas com funcionários do governo.

Várias figuras da oposição chegaram à Embaixada dos EUA na terça-feira para se encontrar com um funcionário visitante dos EUA, o vice-secretário de Estado William J. Burns. As reuniões de Burns foram agendadas antes que a data de chegada de McFaul estivesse marcada, e os dois homens debateram se McFaul devia comparecer, uma vez que o protocolo exigia que ele primeiro apresentasse suas credenciais ao Ministério de Assuntos Exteriores. McFaul fez isso na segunda-feira, e depois compareceu às reuniões, uma prática comum durante visitas de funcionários de alto escalão, disse ele.

Naquela noite, o telejornal do Canal 1 reportou as reuniões como “os primeiros passos do novo embaixador norte-americano na Rússia”. Uma equipe de gravação encheu os visitantes de perguntas enquanto esperavam para entrar na embaixada, e as imagens foram intituladas “Recebendo Instruções na Embaixada dos Estados Unidos”. Um comentário que acompanhava as imagens ressaltou um livro de McFaul chamado “A Revolução Inacabada da Rússia”, e perguntava: “É possível que McFaul tenha vindo à Rússia para trabalhar em sua especialidade? Ou seja, terminar a revolução?”

Durante o fim de semana passado, dois outros programas falaram sobre o episódio. O âncora de talk show Alexei K. Pushkov, que também é presidente do comitê de assuntos externos do parlamento, alertou que McFaul podia perder a habilidade de se encontrar com oficiais de alto escalão se fosse visto como um aliado da oposição. Os líderes russos são muito sensíveis a qualquer indicação de que os EUA tenham escolhido um lado nas eleições vindouras, disse ele, embora “Moscou não tenha nenhuma vontade de ter uma grande crise com os Estados Unidos.”

“Muita coisa vai depender de Obama, se Obama der a impressão de que os EUA não querem Vladimir Putin no governo para um terceiro mandato”, disse ele. “Se Obama mostrar que não é este o caso, talvez nós possamos de certa forma reiniciar o reset. Se houver demonstrações de que esta impressão é a correta, então não acho que veremos um futuro muito agradável.”

McFaul ficou sabendo da reportagem original quando Alexei Navalny, um blogueiro e líder da oposição enviou o clipe para ele via Twitter. O embaixador lançou um comentário pontual instantaneamente, via Twitter, observando que havia sido bem recebido por altos funcionários ao longo de oito horas na segunda-feira, sugerindo que havia divisões dentro do governo russo quanto às relações com Washington.

Essa resposta oferece um vislumbre da intenção de McFaul ao dizer que pretende ser um “embaixador do século 21”, usando blogs e a mídia social para se comunicar diretamente com os russos. Isso é por si só uma diferença em relação à tradição, na qual os diplomatas norte-americanos negociavam tempos curtos na mídia com os funcionários soviéticos e russos.

“Não só o meu estilo vai ser diferente, mas os métodos que vou usar também podem ser diferentes”, disse McFaul. “Tem muitas coisas do meu passado que podem ser restritivas, mas uma coisa que eu sei como fazer, ou acho que sei como fazer, é ficar na frente de 500 pessoas de 20 anos de idade.”

O jeito aberto e apaixonado de McFaul servirá aos interesses dos Estados Unidos, diz Sergei A. Markov, um velho amigo e coautor. Markov, agora leal a Putin e membro da Rússia Unida, lembra-se de suas discussões com McFaul como algumas das mais acirradas de sua vida.

“Os diplomatas são frios e McFaul é quente, esta é a diferença”, diz ele. “Uma pessoa determinada representando os EUA é sempre bom para os EUA. Os EUA são um país muito determinado.”

Também há riscos. Alguns membros da oposição ficaram desgostosos com as cenas do lado de fora da embaixada, dizendo que elas deram crédito aos argumentos do governo sobre a interferência dos EUA. E o trabalho de McFaul exigirá que ele construa laços com todas as partes da sociedade russa – incluindo seus líderes, alguns dos quais acreditam genuinamente que os Estados Unidos estão trabalhando para prejudicar Putin, disse Dmitry V. Trenin, diretor do Centro Carnegie Moscou e um velho amigo.

“Ele estará sob uma pressão tremenda”, disse Trenin. “Ele tem qualidades extremamente boas que poderá usar para se tornar talvez o melhor embaixador norte-americano da história deste país – quer seja o Império Russo ou a União Soviética ou a Federação Russa. Ou ele pode ser um desastre. A diferença em como você se porta pode ser muito sutil.”

sábado, 28 de janeiro de 2012

Leningrado: A cidade que não se rendeu


Na Segunda Guerra Mundial os defensores da cidade soviética de Leningrado combateram por quase 900 dias. A cidade, privada do mais indispensável para a vida cotidiana, seguia resistindo. Os relatos de pessoas, imagens exclusivas de arquivos, isto e muito mais na reportagem especia da RT: "Leningrado: A cidade que não se rendeu".

Rússia revive produção de Ecranoplanos

Miniatura de um A-90 Orlyonok

O Serviço Federal de Guarda de Fronteiras está planejando construir um centro para a produção de Ecranoplano melhorar a proteção das fronteiras marítimas do país.

A mídia russa citou uma fonte do governo na última sexta-feira, que disse que esse centro será construído no estaleiro Avangard, no norte da cidade de Petrozavodsk.

Ecranoplanos são veículos que voam perto da superfície da terra devido ao efeito criado pela interação aerodinâmica das asas e da superficie.

Atualmente a Rússia está a construir o ecranoplano Orion-20 em Petrozavodsk. Ele servirá como uma plataforma de testes para motores, equipamentos de navegação e sistemas de controle e segurança dos veículos.

A Central Hydrofoil Design Bureau (CHDB) foi um centro de desenvolimento de ecranoplanos da extinta União Soviética.

O programa de ecranoplanos da URSS uma variedade de ecranoplanos militares, incluindo A-90 Orlyonok de 125 toneladas.

Os ecranoplanos A-90 Orlyonok foram originalmente desenvolvidos como cargueiro militar de alta velocidade e para realizar missões de assalto. Eram geralmente baseados nas margens do Mar Cáspio e Mar Negro.

O A-90 Orlyonok foi usado pela Marinha Soviética entre os anos de 1979 e 1992.

Em 1987, fora construído a classe Lun de ecranoplanos que tinha como finalidade lançar mísseis de cruzeiro.

Depois da dissolução da URSS, pequenos ecranoplanos foram construídos Estaleiro Volga, em Nizhniy Novgorod, mas a produção em massa foi interrompido diversas por causa de faltas de fundos e falta de demanda.

O Ministério da Defesa da Rússia não tem mostrado interesse nos ecranoplanos e o financiamento para a produção dos mesmos não foram incluídos no programa de aquisição de armamentos do estado até 2020.

No entanto, funcionários do Serviço Federal de Guarda de Fronteiras acreditam que essas naves podem ser eficazes na proteção das rotas marítimas no Ártico e fronteiras russas ao longo dos rios principais, tais como o Rio Amur e Danúbio.

Cairo é o novo santuário dos opositores sírios


Bashar al-Assad


Eles chegam um a um, com apreensão, no apartamento combinado para o encontro. Têm as feições tensas e falam como se cada palavra fosse contada. Mahmoud, um alto funcionário público; Louise, atriz de novelas; Emad, um deputado; e Helen, mãe de família. Ainda ontem no coração do regime sírio, eles conseguiram fugir para o Cairo, onde uma comunidade de exilados em pleno crescimento tem um papel cada vez mais importante na coordenação da resistência síria.

Há poucas semanas, Mahmoud Hamad era inspetor do orçamento no Ministério da Defesa. Seu escritório dava vista para os prédios das informações militares. "Para reprimir as manifestações, os militares se escondem em ambulâncias e embarcam em ônibus centenas de 'chabiha' [capangas]", ele afirma. "Nas ruas eles são apoiados por franco-atiradores iranianos e do Hizbollah."

Segundo esse alto funcionário, o regime se baseia em um aparelho policial titânico e uma prática generalizada da corrupção. Ele estima o número de empregados nos serviços de informações em não menos de 400 mil pessoas, às quais se acrescentariam 50 mil "chabiha", que ganham US$ 100 por dia. "Os funcionários são todos corruptos porque seus salários são muito baixos", diz Hamad. "Quando eles tentam se rebelar, lhes mostram um dossiê comprometedor. O orçamento da Defesa é faraônico, ele absorveu 30% das verbas dos outros ministérios, pois fortunas são gastas para pagar os 'chabiha' e comprar o apoio de potências estrangeiras como a Rússia, com subornos."

Louise Abdelkrim, atriz empregada pela televisão estatal, pertence à comunidade alauita que o aparelho de Estado persegue. Ela explica o modo como os funcionários públicos, os estudantes e até os escolares são feitos reféns pelo regime que controla sua presença no escritório, na escola ou na universidade. Ela conta suas noites sem dormir, povoadas de gritos de altos falantes que ecoam "Bashar, Bashar", o nome do presidente sírio.

Ela também descreve corais surrealistas na praça das Omeyyades em Damasco, onde escolares gritam insultos contra o emir do Catar e Barack Obama, e onde funcionários infelizes fingem mover os lábios. "Essas demonstrações de força são enganosas", estima Louise, tragando nervosamente seu cigarro. "Na verdade, os serviços do regime são completamente desorganizados. Podem procurá-lo durante dias sem saber que você já está presa."

No seio do exército, a desconfiança e a vigilância também são comuns. Segundo Mahmoud Hamad, os oficiais, incluindo os mais graduados, são trancados fora das cidades em centros militares. Seus menores movimentos são espionados pelos serviços secretos. Seu único meio de desertar consiste em fraternizar com os opositores quando eles vão a uma manifestação. Segundo o ex-inspetor, mais de 25 mil soldados e oficiais teriam passado assim para as fileiras do Exército Sírio Livre, uma coalizão de milícias envolvidas no levante.

Imad Ghalioun, que chegou em dezembro ao Cairo, desertou de um Parlamento onde representava um pequeno partido ligado ao Baath. "Nos bastidores fora das sessões, todo mundo critica o regime, mas quando entram no plenário os deputados se confundem em elogios, por medo." Ele também está convencido de que a corrupção e a economia farão Bashar al-Assad cair. "O sistema não poderá mais assumir todas essas despesas", ele afirma. "Em breve não poderá mais comprar as pessoas, e com o aumento dos preços isso vai se tornar insustentável. Muitos empresários, mesmo muito próximos do regime, já viraram a casaca e financiam a revolução. A economia está em queda livre. As receitas do petróleo baixaram US$ 2 bilhões e as do turismo, US$ 4 bilhões. Em sinal de protesto, as pessoas não pagam mais as contas de água, gás e eletricidade. O valor dos impostos não pagos atinge US$ 7 bilhões. Todo mundo vai acabar abandonando esse regime. É uma questão de meses."

Mas quantos mortos antes desse desfecho? Segundo Helen al-Dayem, uma antiga moradora de Homs cujo filho foi ferido à bala, os balanços da repressão, notadamente os 5 mil mortos anunciados pela ONU em dezembro, são subavaliados.

"Você pode multiplicar esse número por dez", afirma essa mulher, que agora coordena a chegada de opositores ao Cairo. "Em meados de agosto, 32 valas comuns foram vistas perto de Homs, contendo cada uma entre 60 e cem corpos." Ela acusa: "O tráfico de órgãos corre solto. Há duas semanas dois cadáveres foram encontrados perto de Homs cortados e fechados com grampos. Quando eles o pegam, você está morto".

Desgoverno e anarquia das milícias mergulham a Líbia no caos, três meses após morte de Gaddafi


Comunidade internacional denuncia violações dos direitos humanos

O premiê líbio, Abderrahim al Kib (centro), fala à imprensa em Trípoli, em novembro do ano passado. Ele anunciou a formação do novo governo de transição que deve reconstruir o país depois de 42 anos de ditadura

Três meses depois da queda de Muammar Gaddafi, a instabilidade política torna cada vez mais difícil a construção da nova Líbia. A dificuldade do governo provisório para impor sua autoridade em todo o país e as suspeitas de que os abusos e as violações dos direitos humanos sobreviveram à ditadura semeiam algo mais que dúvidas sobre a capacidade das autoridades de pilotar a transição.

Os confrontos entre diversas milícias em vários pontos do país, incluindo Trípoli, não são apenas episódios isolados. Em Bani Walid, antigo bastião gaddafista no distrito de Misrata, cinco pessoas morreram nos violentos confrontos que ocorreram entre segunda e terça-feira. A notícia, logo desmentida, de que um grupo de leais ao regime defunto havia tomado o controle da cidade, desencadeou os alarmes.

O enviado da ONU na Líbia, Ian Martin, em uma audiência na terça-feira no Conselho de Segurança, mencionou o episódio como mais um sintoma da fraqueza do governo para administrar a reconciliação de todas as facções que compõem o complexo panorama político do país.

"O antigo regime pode ter sido derrubado, mas a crua realidade é que a população líbia continua vivendo com seu legado arraigado", declarou Martin. Uma herança que se expressa "na fragilidade das instituições estatais, às vezes ausentes, junto com a longa ausência de partidos políticos e de organizações da sociedade civil, que tornam a transição no país mais difícil".

"As autoridades são incapazes de manter o controle das milícias", denuncia Donatella Rovera, pesquisadora da Anistia Internacional na Líbia, que nas últimas semanas comprovou as consequências da anarquia das milícias no oeste do país: a proliferação de centros de detenção fora do controle das autoridades centrais e locais, nos quais os detidos, durante e depois da queda de Gaddafi, são submetidos a abusos e torturas. Os casos de presos mortos nessas prisões se multiplicam. O último conhecido pela ONG é o de um coronel detido e encarcerado por um grupo de milicianos ao sul de Trípoli. Seu corpo foi devolvido um dia depois à sua família. "Eu estava aqui em abril e então já vimos pessoas torturadas. Pedimos às autoridades que interviessem e investigassem. Mas desde então não se fez nada", diz Rovera.

A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou a suspensão de suas atividades nos centros de detenção no distrito de Misrata, depois que seus membros enfrentaram o pedido de tratar presos que haviam sido submetidos a tortura para que, uma vez recuperados, pudessem voltar aos interrogatórios nos quais ocorreram os abusos. Os centros estavam sob o controle das autoridades locais de Misrata, afirma Barth Janssens, diretor de operações da MSF. "Propuseram que trabalhássemos nos centros de interrogatório, o que rejeitamos imediatamente", explica.

Um responsável do governo interino líbio, em declarações à agência Reuters, rejeitou as acusações de cumplicidade nos abusos e inação diante das denúncias. "São atos individuais", afirmou, contrariando as evidências apresentadas pelas ONGs um dia depois que a alta comissária para os Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, manifestou no Conselho de Segurança sua preocupação sobre a situação de milhares de prisioneiros, cerca de 8 mil, na maioria fiéis ao regime Gaddafi e imigrantes de origem subsaariana detidos durante os nove meses de guerra civil pelas milícias revolucionárias. "A falta de controle por parte das autoridades centrais cria um ambiente propício para a tortura e os maus-tratos", afirmou Pillay.

A Líbia pós-Gaddafi mostra maneiras que lembram os tempos do coronel: em alguma localidade, como Bani Wald, a população se levanta contra os novos dirigentes, enquanto em outros lugares, como Misrata, torturadores que apoiam o atual regime se aplicam com afinco.

"Não estamos presentes na Líbia e não temos intenção de voltar", disse ontem o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, quando perguntado sobre a situação. "Missão cumprida." "Terminamos a operação em 31 de outubro. Avaliamos que tínhamos feito nosso trabalho e o fizemos bem. Não temos nenhuma intenção de voltar. Nossa missão terminou", declarou Rasmussen na tradicional recepção à imprensa por motivo do Ano Novo. "Interviemos a partir de um mandado da ONU, e suas disposições já não estão em vigor", acrescentou, antes de lembrar em que consistia o mandado: "Proteger a população civil contra os ataques do governo de então".

A certeza de que não haverá retorno à Líbia é explicada por fontes aliadas pelo fato de que a operação Protetor Unificado se baseou em uma resolução do Conselho de Segurança que depois a Rússia considerou superada na aplicação da Otan em campo. "A Rússia não voltará a permitir uma intervenção nossa", arriscam as fontes. A Protetor Unificado, além disso, deixou à mostra insuficiências não resolvidas no sistema militar aliado, a primeira delas a absoluta dependência dos europeus da tecnologia e meios dos EUA. Politicamente, havia então uma ambição de acabar com o coronel que não existe diante dos novos senhores de Trípoli.

Pentágono propõe redução de aumentos salariais e fechamento de bases militares


O Pentágono deu o primeiro passo para reduzir o seu déficit após uma década de guerras, tendo anunciado na última quinta-feira (26) que deseja limitar o pagamento de aumentos salariais para as tropas, aumentar o preço do seguro saúde para militares da reserva e fechar bases das forças armadas nos Estados Unidos.

Embora a redução dos aumentos salariais tenha sido descrita como modesta, e não vá ser implementada antes de 2015, isso certamente provocará uma briga política no congresso, que, desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, concedeu aumentos salariais aos militares superiores aos que foram recomendados pelo Pentágono.

O aumento dos preços pagos pelo seguro saúde dos militares da reserva e o fechamento de bases militares também são medidas que implicam em riscos políticos, especialmente quando os candidatos presidenciais republicanos estão acusando o presidente Barack Obama de debilitar as forças armadas.

No ano que vem o orçamento do Pentágono será de US$ 525 milhões, o que significa uma redução em relação aos US$ 531 milhões do atual ano fiscal. Ainda que o Departamento da Defesa tenha sido ordenado a promover um corte de US$ 259 bilhões nos próximos cinco anos – e de US$ 487 bilhões durante a década –, o seu orçamento básico (sem incluir os custos do Afeganistão e outras guerras) aumentará para US$ 567 bilhões até 2017. Mas, quando se faz um ajuste para a inflação, esse aumento é tão pequeno que representará de fato uma pequena redução de 1,6% do orçamento básico do Pentágono nos próximos cinco anos.

Mesmo assim, o secretário de Defesa, Leon E. Panetta, diz que está trabalhando com cerca de US$ 500 bilhões a menos do que havia antecipado como verba disponível até 2017, o que significa que o Pentágono teve que promover cortes no seu quadro de pessoal e em alguns dos seus programas favoritos de armamentos avançados. “Isso tem sido uma tarefa dura”, desabafou Panetta durante uma entrevista coletiva à imprensa.

Ele disse que nos próximos cinco anos o exército sofrerá uma redução de contingente de 570 mil soldados para 490 mil, e que o número de fuzileiros navais diminuirá dos atuais 202 mil para 182 mil (mesmo assim, as forças terrestres ainda serão um pouco maiores do que eram antes do 11 de setembro). Inicialmente o Pentágono comprará uma quantidade menor de caças de tecnologia stealth (que dificulta a detecção por radares) F-35 Joint Strike Fighter, que só deverão começar a operar na melhor das hipóteses em 2017 e que se constituem em um dos programas de armamentos mais caros da história. Na marinha, 14 belonaves serão retiradas de serviço ou passarão a ser construídas em ritmo mais lento.

Panetta e o general Martin E. Dempsey, comandante do Estado Maior Conjunto, que também falou durante a coletiva à imprensa, disseram várias vezes que os Estados Unidos continuarão sendo a maior potência militar do mundo, uma afirmação que pareceu ser endereçada aos republicanos e aos adversários do país. “Capacidade é mais importante do que tamanho”, afirmou Dempsey. “Esse orçamento não provocará nenhum declínio militar. As nossas forças armadas podem vencer qualquer conflito, em qualquer lugar”.

Embora todas as tropas de combate dos Estados Unidos tenham saído do Iraque em meados de dezembro do ano passado e o governo Obama esteja dando início à retirada de mais de 100 mil soldados norte-americanos do Afeganistão, o orçamento do Pentágono inclui uma solicitação de US$ 88,4 bilhões no ano que vem, além do orçamento básico de US$ 525 bilhões, para cobrir os custos das operações de combate no exterior. Panetta afirmou que o Afeganistão, onde ainda se encontram 90 mil soldados dos Estados Unidos, responde pela maior parte desse gasto. Neste ano o orçamento para operações de combate no exterior é de US$ 115 bilhões.

As autoridades do Pentágono não especificaram quais serão os limites para os aumentos salariais das forças armadas em 2015 e nos anos posteriores, quando as tropas norte-americanas deverão retornar do Afeganistão. Elas disseram que a mudança será gradual – em um reconhecimento dos riscos políticos existentes ao se fazer com que os membros das forças armadas, da ativa ou da reserva, arquem com a maior parte dos cortes orçamentários. “Eu serei bem claro: o salário de ninguém será reduzido”, afirmou Panetta.

Porém, o secretário de Defesa disse também que os custos com os membros das forças armadas são “insustentáveis”. Atualmente o Pentágono gasta US$ 181 bilhões por ano, ou quase um terço do seu orçamento básico, com despesas com pessoal: US$ 107 bilhões para salários e benefícios, US$ 50 bilhões com serviços de saúde e US$ 24 bilhões com aposentadorias.

Os salários militares aumentaram constantemente desde os ataques de 11 de setembro de 2001, e os oficiais em muitos casos se beneficiaram mais do que os praças ou graduados.

Um cabo com três anos de experiência em zona de combate e que possui família recebia US$ 27 mil por ano (após o desconto de impostos) em 2001. Hoje em dia um militar da mesma patente e na mesma situação recebe US$ 36 mil – o que representa um aumento de 11% acima da inflação. Já um tenente-coronel com família e que tem 20 anos de experiência na mesma zona de combate recebia um salário anual líquido de US$ 84 mil em 2001, comparado ao salário atual de US$ 120 mil – um aumento de 16%.

Um outro potencial problema político foi o anúncio feito por Panetta de que o presidente ordenará o fechamento e a reformulação de mais bases – uma medida que jamais foi popular junto aos membros do congresso, que procuram preservar os gastos e os empregos militares nos seus distritos eleitorais. Autoridades do Pentágono disseram que a economia advinda do fechamento de bases não faz parte do orçamento de cinco anos que Panetta está enviando à Casa Branca.

Na manhã da quinta-feira já havia objeções, horas antes de Panetta ter feito a sua apresentação pública. O senador Carl Lewin, democrata pelo Estado de Michigan, e que é presidente da Comissão do Senado para as Forças Armadas, disse aos jornalistas que enquanto os Estados Unidos não fecharem algumas das suas bases militares na Europa ele não seria “capaz de apoiar” o fechamento de bases nos Estados Unidos.

Panetta declarou que duas brigadas blindadas do exército – representando um total de até 10 mil soldados – voltarão da Europa durante a próxima década, deixando para trás duas brigadas e alguns tropas de apoio.

Embora Obama tenha se comprometido a reduzir o arsenal nuclear dos Estados Unidos para um nível próximo a zero, não havia nada na declaração da quinta-feira a respeito dessa meta. Todos os três alicerces do tripé nuclear – bombardeiros, mísseis lançados por submarinos e mísseis situados em bases terrestres – serão mantidos. O programa para substituir o submarino da classe Ohio, que transporta mísseis nucleares, sofrerá um atraso de dois anos.

Panetta afirmou várias vezes que preservará as forças de Operações Especiais, as estruturas de guerra cibernética e de inteligência e os sistemas de vigilância e reconhecimento, e a declaração dele à imprensa sobre o orçamento pareceu confirmar isso.

O Pentágono não disse qual será o aumento das taxas de seguro saúde – os detalhes serão revelados no início de fevereiro. Atualmente as famílias de militares pagam US$ 520 por ano, o que é bem menos do que os civis pagam às seguradoras privadas.

Críticas ao orçamento proposto não tardaram a ser feitas por lideranças republicanas no congresso.

“Esses cortes refletem uma visão do presidente Obama segundo a qual os Estados Unidos são enfraquecidos – e não fortalecidos, como seria de se esperar – pelos nossos militares”, atacou Howard P. McKeon, da Califórnia, que é o presidente da Comissão da Câmara para as Forças Armadas. “A verdade é que os impactos desses cortes são bem mais profundos do que o Congresso esperava”.