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terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Colonização israelense avança em Susiya, vilarejo palestino da Cisjordânia


Israel ainda controla 62% da Cisjordânia, onde 150 mil palestinos vivem em precariedade

Esse vilarejo é um caso típico da ocupação israelense na Cisjordânia, embora não seja exatamente um vilarejo. A população palestina de Susiya al-Kadim foi expulsa em 1985, após a descoberta de uma antiga sinagoga em território municipal. As casas foram demolidas, e os colonos ali se instalaram, sob proteção do Exército. Era a primeira vez desde 1948 que essa comunidade instalada ao sul de Hebron, nas portas do Neguev, sofria a fúria do ocupante, mas não a última.

Em 1991, 1997 e duas vezes em 2001, as tentativas de reconstruir o vilarejo nas terras pertencentes aos camponeses foram aniquiladas pelos buldôzeres israelenses. Desde então, a população vive nas colinas em vários acampamentos rudimentares, cercada por implantações protegidas pelo Exército israelense. Ao norte, percebe-se um telhado de cor ferrugem, que abriga a antiga sinagoga. Esse “sítio arqueológico” agora considerado “parque nacional”, hospeda ali perto um “posto avançado” de colonização.

Embora seja ilegal tanto do ponto de vista da lei israelense como das normas internacionais, ele é defendido por um destacamento das Forças de Defesa de Israel. Uma alquimia como essa não tem nada de anormal na “Zona C”, a parte do território que representa 62% da Cisjordânia, onde vivem 5,8% da população palestina e onde Israel exerce um controle total no plano da segurança, e quase completo no plano civil. É a meca da colonização.

Ao longo dos anos, o número de colonos chegou a mais que o dobro que o da população palestina (310 mil contra 150 mil). O êxodo da segunda é particularmente forte no vale do Jordão, corredor situado entre a Cisjordânia e a Jordânia, considerado estratégico por Israel, onde 56 mil palestinos vivem hoje, sendo que eram 250 mil antes de 1967, segundo afirmam.

Ao sul dos acampamentos temporários palestinos, é possível distinguir os telhados vermelhos característicos de um assentamento, o de Susiya, cercado por uma terra de ninguém vigiada pelo Exército. A leste e a sudeste se espalham outras colônias e postos avançados como Avigayil, Mitzpe Yair, Lucifer Farm e Metzadot Yehuda.

Nasser Ahmad Nawaja vive em uma colina árida castigada pelos ventos, com 45 outras famílias, literalmente cercadas pelas implantações judaicas. No verão, o lugar é um forno, e no inverno as 320 pessoas que se abrigam sob tendas e em algumas casas de concreto, congelam. Os moradores da região sempre lutaram contra as incertezas climáticas vivendo parte do ano em grutas. Esses refúgios não estão mais disponíveis: Nasser explica que o Exército murou a maior parte delas, “para assegurar a segurança dos colonos”. Estes últimos terminaram o trabalho enchendo as cisternas de recuperação de água de chuva.

Como todos seus vizinhos, Nasser Ahmad Nawaja vive em suspense. O Exército pode decidir a qualquer momento destruir o acampamento: 16 estruturas já estão sob “ordem de demolição”. Ele explica que sua família vive em Susiya há gerações. “Estávamos aqui antes da criação do Estado de Israel; temos títulos de propriedade que datam da época otomana”, mas não são reconhecidos por Israel.

O que não quer dizer que todas as leis otomanas sejam inválidas para o Estado judeu, pelo contrário. Uma delas, que diz respeito às “terras mortas”, previa que o sultão podia recuperar uma terra cultivável que estivesse ociosa durante três anos. Uma outra medida estipulava que se um camponês cultiva um terra não registrada durante dez anos, esta se torna sua propriedade.

O “sultão” hoje é israelense. Sabendo que na Cisjordânia somente um terço das terras é registrado, é fácil para ele estender seu domínio pela colonização. Entende-se rápido o porquê em Susiya: a colônia é cercada por uma “zona de segurança” dez vezes mais extensa que a implantação, que engloba as terras palestinas. Os cultivadores palestinos não têm direito de chegar até ali, ao contrário dos colonos. A cada 100 metros, há fileiras de tonéis enferrujados onde crescem jovens oliveiras.

E assim se prova que esses terrenos não são explorados por seus proprietários palestinos. Em um prazo de menos de dez anos, os colonos poderão reivindicá-los! Nasser Ahmad Nawaja olha com raiva para os campos situados a cerca de 100 metros de seu acampamento, em zona proibida. Ele sabe que há cerca de trinta cisternas ali, muitas das quais não são usadas, que permitiriam abastecer pessoas e animais.

As condições de vida em Susiya são de extrema precariedade, mas as famílias palestinas se mantêm firmes: elas sabem que qualquer terra abandonada é pega pelos colonos. Uma vez, pelo menos, o Supremo Tribunal considerou que os camponeses tinham direito de voltar para suas terras. O Exército não contestou esse veredicto: ele lembrou que os interessados não tinham permissão para construir, e emitiu ordens de demolição.

Diante do rolo compressor israelense, Nasser Ahmad Nawaja tem a impressão de estar conduzindo uma luta já perdida. Ele não tem nenhuma dúvida sobre a vontade de Israel de continuar com a colonização na Zona C e dali expulsar o maior número possível de palestinos, aos poucos tornando impossível a criação de um Estado palestino.

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