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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Na Finlândia, campanha presidencial confirma consolidação do euroceticismo em país modelo


Com a crise do euro, Helsinque não pretende mais ser a aluna-modelo da União Europeia

Neste outono, durante o primeiro debate eleitoral organizado em Seinäjoki, no oeste da Finlândia, Paavo Lipponen, o candidato socialdemocrata, sentiu-se solitário ao defender mais integração europeia para combater a crise da dívida na zona do euro. À sua frente, o conservador Sauli Niinistö retrucava que, pelo contrário, era preciso diminuir o grau de integração dos Estados europeus.

Ao que tudo indica, é este último que chegará à frente do primeiro turno das eleições presidenciais deste domingo (22). E é ele também que, no segundo turno, dia 5 de fevereiro, deverá ser eleito presidente da República finlandesa, após uma campanha em que a crise da zona do euro dominou amplamente o debate.

As divergências que apareceram durante esse primeiro debate ilustram a evolução do país. Desde que aderiu à União Europeia (UE) em 1995, a Finlândia aparecia como a primeira da classe, sempre disposta a fazer parte do primeiro círculo e a se colocar ao lado dos grandes.

Desde que irrompeu o movimento populista eurocético e anti-imigração dos Verdadeiros Finlandeses, rebatizado recentemente de Partido dos Finlandeses, a Finlândia inteira passou para o lado dos rebeldes. Agora, Helsinque bateu o pé.

Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE), havia sugerido na segunda-feira (16) que os países que mantiveram sua nota AAA, como a Finlândia, contribuíssem mais para o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FESF). Os oito candidatos responderam em coro: nem um euro a mais será pago.

Na terça-feira (17), a ministra das Finanças, Jutta Urpilainen, repetiu que a Finlândia não pagaria mais que os 14 bilhões de euros previstos. “O euro deve ser defendido, mas não sob quaisquer condições”, insistiu a ministra socialdemocrata.

Segundo a última sondagem, publicada na noite de quinta-feira (19), Sauli Niinistö tem 29% das intenções de voto. “Niinistö faz parte dos políticos que contribuíram para que a Finlândia entrasse na união monetária e adotasse o euro”, lembra Jan Sundberg, cientista político da Universidade de Helsinque. “Logo, ele diz muito pouco nesta campanha, pois isso poderia se voltar contra ele.”

Em 2006, quando era candidato contra a presidente em final de mandato Tarja Halonen, ele tinha um discurso muito mais à direita; agora ele joga no centro em todas as questões e, embora mantenha um discurso a favor da UE, o entremeou com uma boa dose de euroceticismo.

O número dois e candidato dos Verdes, Pekka Haavisto, teria 12% das intenções de voto. E Paavo Lipponen, o socialdemocrata, só teria 5% das intenções de voto. Uma humilhação para o único candidato que ousou acreditar na Europa, apesar das turbulências. “Os finlandeses atravessaram uma gravíssima crise econômica no início dos anos 1990 e eles se recuperaram sozinhos”, explica Jan Sundberg. “Eles acham que os gregos poderiam fazer o mesmo”. Uma pessoa próxima da equipe governista modera: “Os finlandeses ainda são a favor do euro, mas eles acham que o sistema não é mais fair-play. Eles fizeram sua parte e os gregos não, eles acham isso injusto.”

O Partido dos Finlandeses contribuiu para consolidar essa ideia. Durante as legislativas de abril de 2011, ele obteve 19% dos votos, tornando-se o terceiro maior partido do país. Para Timo Soini, seu candidato, a UE poderá ter o mesmo destino que a União Soviética, que seus partidários acreditavam ser imortal.

Soini está com somente 6% das intenções de voto, mas isso está longe de significar o fim do partido, que estaria se reservando para as eleições municipais do outono. Nessa eleição, Soini até deixou que o candidato centrista, Paavo Väyrynen, aparecesse como porta-voz da campanha eurocética dura. Este último propõe que a Finlândia abandone o euro.

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