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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Escócia quer se separar do Reino Unido e entrar para a União Europeia

A Escócia tenta se tornar desejada no coração da União Europeia. Depois de vários desencontros sobre o marco legal de uma Escócia independente, o principal ministro escocês, Alex Salmond, tentou na segunda-feira (28), limar as asperezas entre Edimburgo e Bruxelas antes do referendo de setembro no qual será votada sua emancipação do Reino Unido. A escolha do lugar da conferência - o prestigioso Colégio da Europa, na Universidade de Bruges (Bélgica), do qual saíram várias gerações de altos funcionários da Comunidade Europeia - e do momento - a menos de cinco meses da consulta e em plena ascensão do Ukip, o partido populista e antieuropeu que lidera com folga as pesquisas britânicas para as eleições europeias - não é casual: Salmond tenta incutir a ideia de que, com sua possível independência, a UE ganharia um sócio "entusiasta" na Escócia, frente à "ameaça" que representa, segundo ele, uma potencial saída do Reino Unido do clube comunitário. "A ameaça para a UE é o referendo que Westminster propõe para sair da UE, e não a independência da Escócia", salientou Salmond.

O principal ministro escocês também se esforçou para traçar uma grossa linha de separação entre o processo de autodeterminação, que ele lidera, e as tentativas de outras regiões do continente, incluindo a Catalunha. Apesar das advertências de Bruxelas, Salmond diz que vê claramente: se a consulta prosperar, a Escócia será mais uma sócia do clube comunitário antes de março de 2016. "À diferença de outras, nossa campanha pela independência é pacífica, inclusiva, cívica e constitucional", começou Salmond diante de cerca de 200 estudantes de pós-graduação.

O chefe do governo escocês quis assim colocar em preto no branco as diferenças entre a forma escolhida pela Escócia para enfrentar sua saída do Reino Unido e o caminho seguido por outros povos do Velho Continente. Salmond também não mencionou o processo de autodeterminação da Catalunha. Apesar da tentativa dos setores nacionalistas catalães de associar os acontecimentos nas duas regiões, tanto Salmond como sua formação, o Partido Nacional Escocês, preferem evitar qualquer associação direta que possa gerar equívocos.

Sabendo que o atual Executivo comunitário cessará suas funções em outubro e não lhe caberá decidir sobre sua desejada adesão à UE, Salmond carregou nas tintas contra o presidente da comissão, José Manuel Durão Barroso, por comparar o processo de independência da Escócia com o de Kosovo. "Despertou surpresa e inclusive ridículo: a declaração de Kosovo foi unilateral, enquanto o processo escocês é plenamente constitucional", afirmou com veemência no único momento em que elevou o tom ao se referir às instituições comunitárias.

Além desse toque de atenção, próprio de fim de legislatura, o mandatário escocês se envolveu na bandeira comunitária e aproveitou sua presença em um cenário tão simbólico (o mesmo em que a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher pronunciou há 25 anos um de seus discursos mais duros contra a intromissão europeia) para lançar um manifesto fervente pró-europeu. Salmond recordou que as últimas pesquisas mostram que a maioria dos escoceses é a favor da permanência na União.

No espaço de meia hora, o ministro escocês foi desfiando as vantagens da Escócia no plano fiscal - "seria contribuinte líquido" -, energético - "tem mais de 60% das reservas de petróleo da UE" - e de organização interna - "como Estado membro, a Escócia contribuirá com uma voz de cooperação" - e se empenhou para tentar seduzir a comissão e o Parlamento Europeu que sairão das urnas no próximo dia 25, que seriam os encarregados de negociar a adesão se os escoceses votarem pela independência em setembro.

"As negociações se completarão nos 18 meses que transcorrerão entre o sim e a obtenção da independência, em março de 2016." Essa visão otimista do chefe do Executivo escocês se choca frontalmente com os tratados da União, segundo os quais tanto a Catalunha como a Escócia ficariam automaticamente fora do clube comunitário em caso de independência e exigiriam o voto unânime de todos os países membros para reintegrar-se à União Europeia.

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