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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

G20 assume papel de Conselho de Segurança da ONU

Vladimir Putin está errado. A mensagem de boas-vindas do presidente russo aos participantes da cúpula do G20, que começará na quinta-feira (5) em São Petersburgo, afirma que o encontro "confirmará o papel do G20 como mecanismo eficiente para coordenação das abordagens das principais economias do mundo para a economia e as finanças globais".

Ele não fará isso. Ele não produzirá novas ideias sobre "crescimento por meio de confiança e transparência". Ele não será lembrado por promover "investimentos e empregos de qualidade". Em vez disso, ele será lembrado como a cúpula onde o G20 assumiu o papel do Conselho de Segurança da ONU.

Soa absurdo? Considere dois cenários diferentes para a cúpula de São Petersburgo. Vamos começar pelo mais improvável: os líderes pesarão as evidências sobre o uso de armas químicas e decidirão que é aceitável que os Estados Unidos prossigam com um ataque militar contra o regime de Assad na Síria. Qual será o papel do Conselho de Segurança da ONU depois disso? Ele simplesmente endossará a decisão tomada pelos líderes do G20.

Vamos agora ao cenário mais provável: os líderes não darão seu apoio a um ataque punitivo. O Conselho de Segurança será capaz de produzir uma solução diferente? Sem chance.

De qualquer forma, o G20 se tornará o fórum onde questões de guerra e paz serão debatidas e decididas.

Nós já estivemos ali antes. O G7 começou nos anos 70 como um mecanismo para coordenação das políticas econômicas dos principais países industrializados do mundo. Ao final da década, ele já discutia sequestros transfronteiriços, crises de reféns e a derrubada do xá do Irã.

O G7 se transformou em G8 após a queda do Muro de Berlim. A razão para o acréscimo da Rússia foi geopolítico. O presidente Bill Clinton sentiu que seria mais fácil lidar com Boris Yeltsin se a Rússia tivesse um lugar entre as principais potências pós-Guerra Fria. A estratégia funcionou: a promessa de uma cadeira à mesa foi um motivo para a Rússia ter decidido retirar suas tropas dos países bálticos.

Para o G8, o "momento Conselho de Segurança" ocorreu durante a crise de Kosovo em 1999. Após meses de esforços malsucedidos para solução da crise no conselho e por meio de outras negociações, o G8 despontou como fórum para tomada de decisão. Os ministros das Relações Exteriores das potências ocidentais e da Rússia chegaram a uma posição comum em junho. O acordo foi transmitido por fax para a sede da ONU em Nova York. Em poucas horas, a Resolução 1244 do Conselho de Segurança foi adotada. O Conselho de Segurança delegou na prática sua tomada de decisão ao G8.

O G20 tem uma trajetória semelhante. Ele saiu da crise financeira de 2008 como um mecanismo para coordenação das políticas econômicas e monetárias das principais nações do mundo. Agora ele está tratando da crise geopolítica mais importante do momento. Nada mau para uma organização sem secretário-geral, sem carta e sem regras formais de procedimento.

O G20 e o G8 são exemplos do tipo de tomada de decisão internacional informal que poderíamos chamar de "multilateralismo light". Sua ascensão poderia ser considerada o desenvolvimento mais significativo na governança global desde o fim da Guerra Fria. A questão é se durará.

Ian Bremmer e Nouriel Roubini argumentam na "Foreign Affairs" que a governança internacional informal se tornou sem sentido. No entender deles, nós não vivemos em um mundo G20 ou G8. Em vez disso, "agora estamos vivendo em um mundo G-Zero, no qual nenhum país individual ou bloco de países conta com influência política e econômica –ou vontade– para guiar uma agenda verdadeiramente internacional".

É verdade que a governança internacional informal não tem sido particularmente eficaz ultimamente. Mas faça esta pergunta: é mais provável vermos resultados saírem da ONU ou do G20 e G8? A resposta é clara. A ONU ainda é o único fórum que pode autorizar o uso de força militar. Mas não é mais onde decisões-chave são tomadas. O mundo G, ou o multilateralismo light, é onde se encontra a ação.

(Risto E.J. Penttila é presidente da Câmara de Comércio da Finlândia e secretário-geral da Northern Light, um fórum de líderes empresariais europeus e russos)

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