Obama conquista cerca de 61% de aprovação na condução da política externa, segundo pesquisa |
Barack Obama assumiu uma sólida vantagem sobre seus adversários republicanos em uma área na qual os democratas sempre partiram em posição desfavorável: a política externa e de segurança. Embora tradicionalmente esse não seja o terreno no qual se decidem as eleições, uma série de êxitos recentes está ajudando o presidente a fortalecer sua imagem pessoal e a aprofundar o contraste com o vazio de liderança que existe na oposição.
Uma pesquisa do "The Wall Street Journal" e da NBC dá a Obama cerca de 61% de aprovação na condução da política externa, uma nítida diferença em relação aos 39% de respaldo a sua política econômica. Outra sondagem anterior refletia um apoio popular de 64% à atuação do presidente contra o terrorismo. A má notícia para a Casa Branca é que somente 6% citam os problemas internacionais como sua principal preocupação.
Os dados comprovam uma tendência de décadas, que traz a economia, e não a segurança, como o assunto que determina o comportamento dos eleitores, ainda mais quando o país está sofrendo um desemprego de 9%. A política externa é, no entanto, um assunto que contribui para a credibilidade de um candidato, e que pode determinar um resultado no caso de eleições apertadas.
George Bush pai, reconhecido por sua liderança internacional, ratificado por seu êxito na guerra do Golfo, foi derrotado por Bill Clinton, um neófito nesse assunto, numa época em que a economia também era o fator predominante. A derrota de Jimmy Carter perante Ronald Reagan se explica em parte pelo fiasco no resgate dos reféns em Teerã.
Obama conseguiu construir uma candidatura vencedora em 2008 em parte por sua oposição à guerra do Iraque, o que lhe permitiu constituir-se como uma alternativa a Hillary Clinton, que havia votado a favor da invasão, no Congresso. Depois soube elaborar uma plataforma convincente para combater o terrorismo e modificar a estratégia no Afeganistão.
Como presidente, Obama obteve sucesso também na conclusão satisfatória de algumas das aventuras que herdou de seu antecessor. Como aponta o colunista Thomas Friedman, Obama “obteve melhores resultados no desenvolvimento da política externa de George Bush do que em sua própria”.
Em alguns objetivos definidos por essa administração, como a solução do conflito palestino-israelense, ou a normalização de relações com Cuba, na verdade, não se avançou em nada, e até se retrocedeu. Mas o presidente conseguiu um clima de certa cooperação com a China e a Rússia, e, sobretudo, poderá apresentar-se no ano que vem diante dos eleitores com um balanço espetacular na luta contra o terrorismo e na democratização do mundo árabe: Osama Bin Laden, Anwar al-Awlaki e Gaddafi estão mortos; a Al-Qaeda está acuada; três países do Oriente Médio deixaram para trás suas ditaduras; nenhum outro soldado norte-americano morrerá no Iraque a partir do final deste ano, e foi indicada uma data para a saída do Afeganistão.
São êxitos que John McCain, John Boehner e outros republicanos no Congresso admitiram, mas aos quais nenhum candidato da oposição respondeu apropriadamente. "Os candidatos republicanos terão de afinar sua política externa se quiserem vencer", avisou Lee Edwards, um historiador e analista conservador que escreveu uma famosa biografia de Ronald Reagan.
O aspirante republicano com mais possibilidades, Mitt Romney, declarou que a decisão de Obama de retirar-se do Iraque, que não faz mais do que confirmar a data que Bush havia combinado com as autoridades iraquianas, "põe em risco as vitórias conquistadas com o sangue e o sacrifício de milhares de norte-americanos". Tanto Romney como outros concorrentes às primárias republicanas concordaram que a morte de Gaddafi traz mais incertezas do que as resolve.
Passadas as primárias, será muito difícil para um candidato conservador defender que se deve continuar no Iraque, ou que a Líbia estava melhor com Gaddafi. Isso não dá a Obama uma grande vantagem na sua vitória final, mas tira dos republicanos um trunfo com o qual sempre contaram para conquistar a Casa Branca. Eles já não são o partido que garante a segurança desse país frente ao inimigo externo. Todas suas possibilidades estão na economia.
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