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Não seria a primeira vez que os operadores do Shayetet 13 ‘visitaria’ o Líbano. Apesar de Israel ter ocupado o sul do Líbano de 1982 a 2000, os comandos anfíbios realizavam suas operações e retornavam à Israel em seguida. Os comandos anfíbios não ficavam lotados em territórios ocupados.
Até aquela data, o Shayetet 13 já havia conduzido dezenas de operações contra alvos selecionados do Hizbollah. O Shayetet 13 foi muito ativo na década de 80 e essa atividade foi caindo sucessivamente, por outro lado, o Hizbollah foi crescendo, se aperfeiçoando... Criou táticas e técnicas de guerrilhas que hoje são reconhecidas e temidas pela maioria dos seus inimigos. Nunca é demais lembrar que na Guerra de Julho de 2006 (um dos nomes que se faz conhecida a Invasão do Líbano por Israel), o Hizbollah impôs severas baixas à Israel. O desempenho do Hizbollah nessa guerra rendeu fama internacional ao "Partido de Deus". O Pentágono chegou a mencionar o nome do grupo em um relatório sobre as Forças do Oriente Médio meses depois da guerra. Naquela ocasião, o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas dos EUA, o almirante Mike Mullen, teceu que o Hizbollah tinha os melhores soldados do Oriente Médio.
Voltando a noite de 5 de setembro de 1997... Como eu estava dizendo... O Hizbollah e o Shayetet 13 já tinham se enfrentando diversas vezes, aquela não seria a primeira vez que ambos ficariam frente a frente, ambos atores se conheciam muito bem. Nas vezes que ‘contracenaram’ juntos, o Shayetet 13 quase sempre levou a melhor.
Ao longo do tempo, o Shayetet 13 conduziu missões de: interceptação de navios que possivelmente iriam prover armas ao Hizbollah, missões de sabotagem em instalações importantes do Hizbollah, assassinato de líderes, embosca e instalação de explosivo em estradas utilizadas pelos comboios do Hizbollah, destruição das linhas de suprimento e etc. Não sabe-se ao certo que tipo de operação os operadores do Shayetet 13 iriam conduzir no Líbano. Afinal, os israelenses nunca deram maiores detalhes sobre essa operação. Aliás, não sabe-se nem o nome que os israelenses apelidaram a missão.
Bom, mesmo não sabendo especificamente o que o Shayetet 13 iria fazer no Líbano naquela noite, precisamos dar procedimento na história. Portanto, a partir de agora irei falar exclusivamente do Hizbollah:
O Hizbollah sabia que os israelenses tiravam muito proveito das aeronaves não-tripuladas (UAV por sua sigla em inglês). Muito antes dos comandos anfíbios israelenses entrarem no Líbano na data de 5 de setembro de 1997, os UAVs de reconhecimento já colhiam dados para a missão do Shayetet 13.
Num belo dia, a inteligência do Hizbollah conseguiu interceptar o sinal de um UAV “Searcher”. Esse foi o primeiro passo que o Hizbollah deu para ir de encontro a uma das mais sensacionais vitórias no âmbito das operações especiais que se têm notícias naquela região (e olha que não foram poucas!).
Membros da inteligência do Hizbollah, que jamais saíram do Líbano e que jamais conseguiram cursar em uma renomada universidade de tecnologia no exterior, conseguiram absorver conhecimento nas universidades do país para “hackear” o sinal de um dos mais modernos UAVs daqueles dias.
O UAV israelenses sempre sobrevava os mesmos lugares, logo os estrategistas do Hizbollah presumiram que os israelenses estavam a tramar algo. De poder das imagens geradas pelo UAV, agora os membros do Hizbollah tinham que saber a região que aqueles UAVs de espionagem tanto sondavam. Foi aí então que o Hizbollah teve que provar que conhecida muito bem terreno que atuava.
Como já foi mencionado, os UAVs israelenses sempre espionavam a mesma região, especialmente uma estrada na cidade de Al-Ansariyyah, cidade situada a 63 km da capital libanesa, Beirute, e que fica a 20 km de Sidon. O Hizbollah sempre foi muito ativo nessa cidade, então foi questão de tempo reconhecer o local que era gerado pelas imagens dos UAVs israelenses e associar à Al-Ansariyyah. Mas você deve estar se perguntando: "Como o Hizbollah sempre esteve de pose das imagens?" Bom, a explicação mais convincente, é que as imagens estavam sendo transmitidas por uma freqüência não segura que fora ocasionada por falha humana do lado israelense.
Supondo que a região seria palco de uma operação israelense, foi ordenado aos soldados do Hizbollah que se dirigissem à estrada que levava até a cidade de Al-Ansariyyah. Chegando lá, os homens do Hizbollah prepararam uma emboscada com uma enorme quantidade de IDE’s (improvised explosive device – Artefatos Explosivos Improvisados). Depois que eles ‘plantaram’ os explosivos na estrada, era só aguardar à espreita os soldados israelenses. Ali permanceram semanas, como lobos, os homens do Hizbollah.
Chega o tão esperado dia, a noite de 5 de setembro de 1997. Um time de comandos anfíbios israelense chega em terra, vindos do Mar do Mediterrâneo. Eles se dirigiram até a estrada tão pesquisada. Os soldados do Hizbollah não sabiam para onde os comandos israelenses iriam, mas era certo que tinha um pessoal a sua espera. Já em um determinado ponto da estrada (os comandos israelenses), os explosivos instalados pelos homens do Hizbollah foram detonados; Os soldados carregavam consigo explosivos e isso foi o fator preponderante para que 12 soldados israelenses perdessem suas respectivas vidas. Eram 16 operadores, 12 morreram na hora, outros três ficaram gravemente feridos, um conseguiu evadir-se e conseguiu fazer contanto com um grupo de apoio.
Havia um grupo de apoio em outro lugar. Com o contato do operador que fugiu, os helicópteros israelenses tiverem que intervir para resgatar os vivos e feridos e recolher os cadáveres dos soldados mortos. A operação só não foi mais exitosa para o Hizbollah, e trágica para os israelenses, porque os israelenses estavam dotados de óculos de visão noturna e nessa exata noite, o breu era tamanho, que os soldados do Hizbollah tiveram que bater em retirada. O efeito psicológico nos israelenses foi tão grande, que os israelenses com pressa, abandonaram muitas partes dos corpos dos soldados, partes essas que foram exibidas como troféus pelo Hizbollah e que você poderá ver em um vídeo no fim do texto.
Tudo aqui exposto não é nenhum tipo de propaganda pró-Hizbollah. Tudo o que fora exposto aqui, aconteceu e às imagens contidas em dois vídeos que seguem, provam a grande vitória do Hizbollah frente aos comandos anfíbios israelenses.
Em outubro do ano passado, o Hizbollah se defendeu das acusações de que o grupo tinha arquitetado à morte do então presidente Rafik Hariri. O Hizbollah há tempos vinha dizendo que foram os sionistas que planejaram a morte de Hariri e que o Hizbollah tinha imagens de um UAV israelense que sobrevoava o local da morte no presidente naquele dia. Os sionistas do alto de sua soberba refutaram as palavras de Hassan Nasrallah, secretário-geral do Hizbollah, dizendo que o Hizbollah não tinha capacidade para isso. Em novo discurso, em outubro de 2010, o Hizbollah divulgou as imagens do assalto frustrado dos israelenses à Al-Ansariyyah, o governo israelense admitiu que eram imagens reais de um UAV israelense e que o Hizbollah tinha realmente “hackeado” UAVs israelenses, mas porta-voz do governo israelense não deu mais detalhes da humilhante derrota.
A seguir deixarei dois vídeos que mostram um pouco da Operação Al-Ansariyyah. Faça bom proveito dos vídeos!
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