Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O "Informante" nas redes sociais


Eu optei por hora utilizar esse novo layout para o blog, um layout moderno, leve, dinâmico... Mas infelizmente eu não posso usar “widget” para compartilhar os links do blog nas redes sociais. Por esse motivo eu abrir esse post para disponibilizar os links do blog nas redes sociais para vocês. Adicione-nos nas redes sociais e saiba em primeira mão as novidades do blog.

Obs.: As vezes eu posto algumas notícias somente no FACEBOOK. Também costumo adicionar referências as notícias postadas no FACEBOOK para enriquecer ainda mais as notícias. 

O Informante no Facebook

O Informante no Twitter

O Informante também está presente no YOUTUBE

O Informante também se faz presente no Google+

Por dentro da transformação das Forças Armadas Russas (em russo)

Guerra da Ossétia: Rússia traiu o Irã e Israel traiu a Geórgia

Acima o UAV Elbit Hermes 450, um dos modelos israelenses comprados pela Geórgia
Um acordo de trocas entre a Rússia e Israel em 2008 fez com que militares russos obtivessem os códigos secretos das aeronaves não-tripuladas israelenses vendidas à Geórgia, em contrapartida, Israel recebeu de mão-beijada informações classificadas dos sistemas de mísseis antiaéreos russos em poder da República Islâmica do Irã, assim revela documentos publicados pelo Wikileaks.

Segundo os documentos, os israelenses forneceram à Moscou códigos de "data link" em troca a Rússia forneceu códigos dos sistemas de mísseis Tor-M1, que o Irã comprou junto a Rússia em 2005, assim afirma uma carta atribuída a empresa de inteligência privada Stratfor.

A Stratfor teria obtido essas informações de um informante desconhecido. O que se sabe é que esse informante era um ex-policial mexicano. O informante revelou para a Stratfor que a Geórgia tentou comprar novos UAVs de uma empresa privada mexicana, na esperança de substituir os UAV israelenses, um mês antes da guerra de cinco dias com a Rússia.

As autoridades georginas também procurou comprar munições adicionais para helicópteros, mas o negócio não evoluiu porque o fornecer Idra foi aconselhada a não firmar o negócio, uma vez que isso traria complicações políticas entre México e Rússia.

Segundo os documentos, os georgianos estavam desesperados atrás de um fornecedor e estavam dispostos a pagar a mais pelos sistemas comprados. Isso mostra o quão frenética foi a busca por sistemas de defesa em junho ao saber que a guerra se aproximava.

A Geórgia tentou vender os UAVs “comprometidos” para o Azerbaijão, mas não se sabe se o acordo fora concluído.

Ministério da Defesa da Rússia compra 24 caças navais da MiG

MiG-29K
A Ministério da Defesa da Rússia assinou um contrato com a fabricante de aeronaves Mikoyan-and-Gurevich Design Bureau para o fornecimento de 20 MiG-29K e 4 MiG-29KUB, ambos caças embarcados, revelou hoje a empresa russa.

“Anatoly Serdyukov, ministro da Defesa e o diretor-geral da MiG, Sergei Korotkov, assinaram o contrato para a entrega de caças baseados em porta-aviões MiG-29K e MiG-29KUB”, disse a MiG em comunicado.

A MiG efetuará a entrega das aeronaves em 2013 até 2015. As aeronaves serão baseadas no único porta-aviões russo, o Admiral Kuznetsov, que atualmente presta serviço na Frota do Norte, que é baseada em Murmansk. O valor do negócio não foi revelado.

“A assinatura desde contrato para a entrega desses caças é um verdadeiro avanço no cumprimento do programa de rearmamento das forças. A Aviação Naval receberão modernos caças tão boas como qualquer outras no mundo”, disse Serdyukov que teve sua fala replicada no comunicado da MiG.

O contrato vai garantir a MiG um nível constante de trabalho a médio prazo, disse Korotkov.

O caça de defesa de frota MiG-29K é uma versão “navalizada” do MiG-29. O caça é multi-funcional, tem asas dobráveis, um ganchos de frenagem  na parte traseira do caça e a célula é reforçada. O MiG-29K pode ser armado com uma vasta gama de armas. Até o momento o caça só foi exportado para a Índia afim de serem usados em um antigo porta-aviões russo modernizado.

Assad estaria retomando o controle?


Bashar al- Assad

O Exército Sírio Livre (ESL) e outros grupos armados aumentaram o número de operações visando as forças de segurança do regime. Esses grupos de desertores – recrutas, em sua maioria – agora são reconhecidos pelo Conselho Nacional Sírio (CNS). A pressão internacional sobre o regime baathista vem se acentuando. Vários países árabes, após a reunião da Liga Árabe, anunciaram seu apoio à oposição e as últimas declarações dos dirigentes ocidentais são inequívocas em relação ao presidente sírio. Por outro lado, o ministro do Interior iraquiano, Adnan el-Assadi, anuncia que jihadistas, armas e munições estão entrando na Síria para ajudar a insurreição armada. Estariam os dias de Bashar el-Assad realmente contados? Ou estamos diante de uma encenação macabra totalmente inventada por um regime que está distribuindo os papeis para manter o controle? Uma encenação que permitiria introduzir uma “solução” securitária em uma “solução” militar.

O fato de que certas cidades tenham de fato caído nas mãos dos opositores faz com que algumas pessoas acreditem que os dias do regime estão contados. Mas esses acontecimentos podem estar escondendo um estado de fato bem diferente.

Se tomarmos como exemplo a cidade de Zabadani – precipitadamente comparada a Benghazi – percebemos que é inconcebível Assad não conseguir retomar o controle desse enclave a alguns quilômetros da capital Damasco, perto da fronteira libanesa e adjacente a uma zona (do lado libanês) sob controle da Frente Popular de Libertação da Palestina-Comando Geral (FPLP-CG) há décadas, mesmo que o regime tenha se recusado a ceder cidades e vilarejos nos confins do país (Jisr-el-Shughur, Hama, Deir el-Zur...). Se o 4ª regimento, comandado por Maher el-Assad, irmão do presidente, aceitou negociar sua retirada de Zabadani, foi por saber que a cidade será fácil de ser retomada uma vez que ela tiver servido de “álibi” para uma campanha militar em todo o território. Essa campanha militar em escala nacional começou na noite de 3 de fevereiro em Homs (com o bombardeio do bairro de Khaldyé) e continuou com a ofensiva para retomar Zabadani.

Todos esses acontecimentos nos levam a constatar que o regime baathista conseguiu conduzir os opositores até a arena de sua escolha. Ao final de nove meses de manifestações pacíficas, Assad conseguiu desviar seus opositores do plano inicial deles para obrigá-los a constituírem uma oposição armada. Desde que apareceu pela primeira vez (1º de abril de 2011) o presidente sírio não mudou de discurso. Ele afirma combater “terroristas e grupos armados”. Portanto, a militarização da revolução serve, em parte, aos desígnios de Assad.

Esse novo paradigma permite que o presidente sírio retome o controle no local. Uma parte da comunidade internacional reconhece que há dois lados disputando o poder na Síria. Isso em si é uma vitória para Assad, um golpe de mestre que Muammar Gaddafi não conseguiu: o Guia continuou sendo o opressor e as potências ocidentais ocultaram a realidade de uma guerra civil que ainda hoje continua nas ruas de Trípoli.

O drama sírio está em seus primeiros episódios, mas paradoxalmente a “internacionalização” da questão síria também faria o jogo de Assad. O presidente sírio afirmou continuamente que seu país estava enfrentando um complô ocidental. Então, se a questão síria for assumida pelo Conselho de Segurança – sob a 7ª cláusula, que permitiria o uso da força – Assan terá sua “prova” de que a ONU está a serviço das potências ocidentais.

Notamos que os países árabes onde os movimentos revolucionários tiveram sucesso foram aqueles onde a teoria da “ameaça externa” não era mais convincente para a população. Foi o caso da Tunísia, do Egito e até da Líbia, apesar da intervenção da Otan. Ao passo que nos países pioneiros onde essa ameaça infelizmente era “real” – como no Líbano, em 2005, onde as manifestações levaram à saída do exército sírio após trinta anos de ocupação, ou no Irã, em 2009, com a revolução verde – a revolução não vingou. A Síria está nessa mesma situação: parte da população continua convencida de que o “perigo externo” é bem verdadeiro. Em caso de intervenção estrangeira, será difícil dissuadir aqueles que apoiam Assad, ou até mesmo aqueles que ainda não se posicionaram, em prol da revolução. Mais: os shabihas, que lutam a favor de Assad, verão sua “causa” sendo legitimada. Também entraremos em uma guerra civil comparável àquelas que devastaram o Iraque ou o Líbano.

Por fim, podemos constatar que na atual situação, todas as hipóteses continuam sendo possíveis. A Síria está somente no início de um túnel, que promete ser longo, sombrio e cheio de armadilhas. Assad volta a conduzir a dança, seguindo suas próprias regras, até na assembleia da ONU: o representante da Síria nas Nações Unidas considera loucura “um dirigente bombardear suas cidades às vésperas de um exame de situação no Conselho de Segurança” e acusa a oposição de bombardear Homs “para influenciar na decisão” desse mesmo Conselho. O mesmo acontece com o assassinato de Gilles Jacquier: o que era inconcebível até alguns meses atrás, agora se torna possível... Assad semeia a dúvida, ele simplesmente retomou o controle.

Países emergentes impulsionam setor global de armamentos


O mercado mundial de armamentos está contornando com êxito o temporal da crise financeira. Apesar das dificuldades econômicas de muitos países ocidentais que figuram entre os maiores investidores militares do mundo, o setor prosseguiu em expansão em 2010. O faturamento das cem principais empresas produtoras subiu este ano para 305 bilhões de euros (o equivalente a cerca de um terço do PIB da Espanha) e cresceu 1% em termos reais em relação ao ano anterior, segundo dados publicados na segunda-feira pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Suécia).

Várias razões explicam esse resultado, que não inclui os dados das muito ativas empresas chinesas e de outros países nos quais a falta de transparência impede o acesso à informação. A primeira está ligada às características próprias do setor: seus tempos de produção.

"São necessários anos para produzir armas sofisticadas. Os processos de produção são lentos e muitos contratos costumam ser a longo prazo", explica em conversa por telefone a pesquisadora Susan Jackson, autora do relatório. A compra de aviões, navios de guerra ou mísseis - que constituem uma cota muito relevante do mercado - é planejada com anos de antecedência. Portanto, o setor não reage imediatamente às mudanças de ciclo.

Em todo caso, Jackson considera que mesmo nos próximos anos é improvável que o setor sofra retrocessos marcantes. "Não creio que haja grandes flutuações. Algumas empresas poderão sofrer mais que outras por cortes em programas de compras, mas em todo caso não será um fenômeno generalizado", indica a analista.

Uma das explicações é a sustentada demanda procedente de países emergentes, que contribuiu para manter o faturamento nos últimos anos e sem dúvida o fará cada vez mais nos próximos.

O rearmamento da China, por exemplo, promoveu uma reação em cadeia no sul e no leste asiáticos, e países como Índia ou Coreia do Sul estão comprando uma quantidade crescente de material bélico. No último quinquênio, os dois países foram o primeiro e o terceiro importadores do mundo. Embora o gasto militar chinês seja muito superior ao indiano e ao sul-coreano, Pequim é só o segundo importador mundial, pelo fato de ter uma maior capacidade de produção interna. A bonança econômica latino-americana também propiciou um aumento do gasto.

Jackson indica que as companhias do setor têm suas estratégias definidas para aproveitar o impulso dos países emergentes. A francesa Dassault, por exemplo, acaba de ser escolhida por Nova Déli para a compra de 126 aviões de combate Rafale, um contrato estimado em 15 bilhões de euros.

Mas inclusive no Ocidente o corte poderia não ser tão acentuado quanto a crise faz pensar. Alguns países recuaram em compras de armamentos já planejadas. A Itália quer reduzir de 131 para 90 o número de caças F-35 que comprará nos próximos anos. Os EUA também estão revisando importantes programas de aquisições. "Mas em geral os cortes no gasto militar não significam necessariamente cortes na compra de armas", indica Jackson. Esse é um tipo de corte que enfrenta grandes resistências. Não só pela vontade de equipar as forças armadas com novo armamento, como também pela vontade de manter vivos e na vanguarda os ciclos de produção de empresas consideradas estratégicas.

Assim, a crise desacelerou o crescimento do setor, mas não deveria fazê-lo retroceder. Dentre as principais cem empresas do setor, 44 são dos EUA e 30 da Europa ocidental. As espanholas Navantia e Indra figuram respectivamente em 45º e 84º lugares na escala global. Lockheed Martin, BAE Systems e Boeing são as três primeiras da lista. Desde 2002 o faturamento das cem maiores companhias - que juntas representam a arrasadora maioria do negócio do setor - aumentou 60%, segundo dados do instituto de Estocolmo.

Quebrando o domínio dos EUA, China quer participar da escolha do presidente do Banco Mundial


Tradicionalmente são os Estados Unidos que nomeiam o presidente do Banco Mundial. Mas a China também quer exercer influência na escolha de um sucessor para Robert Zoellick, que deixará o cargo em junho próximo. O próximo presidente do Banco Mundial poderá ainda ser um norte-americano, mas ele terá que contar com a aprovação de Pequim.

O primeiro a reclamar foi um brasileiro. O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, disse recentemente na capital brasileira, Brasília, que não vê “nenhum motivo” para que o futuro presidente do Banco Mundial tenha de ser de uma nacionalidade específica. A seguir veio a manifestação irritada de Manila, onde o ministro da Fazenda das Filipinas, Cesar Purissima, afirmou que já é hora de reavaliar o processo de seleção do presidente do banco. Eles se pronunciaram após o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, ter anunciado no dia 15 de fevereiro deste ano que deixará o cargo que ocupa há cinco anos em 30 de junho.

O Projeto Bretton Woods, um grupo de especialistas em desenvolvimento da África, da Austrália, da Europa, da América do Sul e dos Estados Unidos, já publicou uma carta aberta na Internet afirmando que o próximo presidente do Banco Mundial terá que contar também com o “apoio transparente” da maioria dos países de renda baixa ou média.

Mas foi um outro indivíduo que causou a impressão mais forte. Zoellick, 58, mal tinha acabado de fazer o anúncio surpreendente de que não procuraria obter um segundo mandato quando um representante de Pequim pronunciou-se em uma reunião a portas fechadas dos 25 diretores executivos que compõem o comitê diretor do banco.

A autoridade chinesa deixou bem claro que a era do controle norte-americano sobre a escolha do presidente do Banco Mundial chegou ao fim. Segundo ele, Washington precisa se submeter aos mesmos “processos abertos, transparentes e meritocráticos”.

Segundo o representante chinês, apenas um candidato dotado de “competência indubitável na área de desenvolvimento” poderá ser escolhido em abril para liderar a organização formada por 187 países. O membro de Pequim no exclusivo grupo de diretores executivos recebeu apoio do seu congênere russo. O representante do Kremlin fez uma argumentação enérgica contra qualquer decisão apressada relativa à substituição de Zoellick. Aparentemente, o russo estava preocupado quanto à possibilidade de que quanto mais rapidamente se chegue a uma decisão, maior a chance de que um candidato norte-americano seja escolhido.

Durante quase sete décadas, uma das qualificações mais importantes para o cargo máximo no banco foi, sem dúvida alguma, a posse de um passaporte dos Estados Unidos. Tradicionalmente, os europeus nomeiam o presidente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a brigada mundial de combate a incêndios financeiros, e em troca os norte-americanos escolhem o presidente do Banco Mundial. A instituição com sede em Washington é o centro global para as questões relativas a desenvolvimento, apresentando um volume de empréstimo recente de quase US$ 60 bilhões (45 bilhões de euros) e tendo mais de 10 mil funcionários.

Esse arranjo de pós-guerra já começou a cambalear no ano passado, quando o então presidente do FMI, Dominique Strauss-Kahn, imerso em escândalos, teve de ser substituído. Na ocasião os europeus conseguiram fazer valer mais uma vez a sua vontade, colocando no lugar de Strauss-Kahn a então ministra francesa das Finanças, Christine Lagarde. Isso ocorreu em parte porque Pequim acabou decidindo evitar um confronto. E, embora desta vez os chineses provavelmente também não tenham interesse em um conflito aberto, eles desejam que o mundo testemunhe a influência da China na decisão.

Isso não é nenhuma surpresa, ao se considerar que Pequim já contribui mais para o orçamento do Banco Mundial do que, por exemplo, a Alemanha. E um cidadão chinês autoconfiante, Justin Yifu Lin, 59, ocupa o influente cargo de economista chefe do Banco Mundial. “Podemos ter orgulho de ser chineses, nos posicionando no cenário mundial com a cabeça erguida e o peito estufado”, disse ele certa vez, quando era um jovem economista, em uma carta que foi citada pela revista “New Yorker”.

A nomeação de Lin já revela como a voz da China é poderosa dentro da organização. Washington, no entanto, vinha até agora fingindo que não ouvia essa voz influente. A Casa Branca, aparentemente inabalada, fez uma lista própria de candidatos ao cargo. A mídia norte-americana está perguntando abertamente qual dos aliados do presidente Barack Obama pode estar mais interessado no cargo prestigiado: o ex-assessor econômico Lawrence Summers, o secretário do Tesouro, Timothy Geithner, ou Susan Rice, a embaixadora dos Estados Unidos na Organização das Nações Unidas (ONU)? A secretária de Estado, Hillary Clinton, é considerada a candidata mais forte, embora ela tenha negado diversas vezes ter qualquer interesse pelo cargo.

Os norte-americanos não estão dispostos a abrir mão do cargo mais importante do Banco Mundial, ao contrário dos europeus, que se dispõem a ceder quanto à presidência do FMI. Os assessores de Obama observam friamente que os contribuintes norte-americanos ainda são os que contribuem com a maior fatia do orçamento do Banco Mundial, algo que corresponde a quase 16% do total.

Mas atualmente países como China e Brasil poderiam facilmente superar a fatia financeira fornecida por Washington. Só Pequim já fornece mais dinheiro aos países em desenvolvimento do que o Banco Mundial inteiro.

Mas essa candidata a superpotência prefere usar o poder através dos bastidores, uma abordagem que funciona bem no que se refere a preencher o cargo do Banco Mundial. Quando os Estados Unidos apresentarem um candidato nas próximas semanas, esse indivíduo provavelmente fará um circuito mundial de relações públicas, explicando as suas ideias detalhadamente.

A reunião mais importante será provavelmente a entrevista do candidato em Pequim. Para os chineses, o resultado da reunião poderá ser algo ainda mais satisfatório do que ter um chinês na presidência: um norte-americano que todo mundo saberá que só foi escolhido para o cargo de presidente do Banco Mundial devido à aprovação da China.

Mark Weisbrot: Brasil-Irã


É vital que países sigam o exemplo do Brasil e se manifestem antes de uma guerra contra o Irã começar

Na semana passada, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, fez uma declaração corajosa e muito importante sobre a ameaça crescente de um ataque militar ao Irã. Ele pediu ao secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que desse seu parecer sobre a legalidade de um ataque contra o Irã, como vem sendo ameaçado.

"Às vezes ouvimos a expressão 'todas as opções estão sobre a mesa'", disse. "Mas algumas são contrárias às leis internacionais."

As pessoas que continuam a afirmar que "todas as opções estão sobre a mesa", aludindo ao Irã, incluem várias autoridades dos EUA e de Israel e, o que é mais importante, o próprio presidente Obama.

E todo mundo sabe o que querem dizer quando afirmam que "todas as opções estão sobre a mesa": eles se reservam o "direito" de bombardear o Irã se não conseguirem o que querem por meios não militares, incluindo sanções econômicas.

Mas tal ação seria de fato "contrária à lei", como Patriota sugeriu. Na realidade, é um crime muito grave segundo as leis internacionais e representa uma violação clara da Carta das Nações Unidas (artigo 2).

A simples ameaça de recorrer à força militar contra outro Estado-membro da ONU -o que Obama e o governo israelense já fizeram- já é uma violação da Carta da ONU.

Aqui nos EUA, a mídia -especialmente as maiores emissoras de TV e rádio- vem produzindo propaganda de guerra sobre a "ameaça" vinda do Irã, em um replay virtual do que antecedeu a invasão do Iraque em 2003.

O Congresso, liderado pelo lobby neoconservador e pelo Aipac (lobby pró-Israel), vem fazendo pressão para cortar as soluções diplomáticas.

Uma resolução submetida ao Senado americano no momento incentivaria uma ação militar contra o Irã por simplesmente possuir a "capacidade" de produzir uma arma nuclear -algo que o Brasil, a Argentina, o Japão e outros países com programas pacíficos já possuem.

E tudo isso a despeito do fato de o Irã atender às demandas do Tratado de Não Proliferação Nuclear, incluindo as inspeções exigidas, e de não ter demonstrado nenhuma intenção de violar o tratado.

A visão consensual das 16 agências de inteligência dos EUA, segundo o "New York Times", é que "não há prova concreta de que o Irã decidiu construir arma nuclear".

É vital que os países que estão interessados em manter a paz e um mundo regido por tratados e diplomacia internacionais, em vez da força, se manifestem, como o Brasil fez, antes de uma guerra começar.

A declaração de Patriota é muito importante. Há muito mais que pode ser feito. O Brasil poderia trabalhar com os Brics e com a Unasul para conseguir mais declarações e compromissos. Esses grupos, ou seus países-membros, poderiam anunciar como reagiriam a um país que lançasse um ataque militar não provocado contra o Irã.

Por exemplo, poderiam comprometer-se a retirar seus embaixadores desse país, a romper relações diplomáticas e a rever suas relações comerciais, com a possibilidade de sanções econômicas seletivas.

Para prevenir outra guerra desnecessária e suas atrocidades inevitáveis, o esforço vale a pena.

Militares reafirmam críticas a Dilma e confrontam Amorim


Texto anterior com ataques à presidente foi retirado da internet após intervenção do Planalto e das três Forças


Nota divulgada ontem conta com o apoio de 98 militares da reserva, entre eles 13 generais e coronel Brilhante Ustra

O ministros Paulo Bernardo (esq.) das Comunicações e o ministro Celso Amorim da Defesa, discutiram no dia 26/02 os decretos sobre a empresa que desenvolverá o satélite geoestacionário brasileiro
Em nota divulgada ontem, 98 militares da reserva reafirmaram recentes ataques feitos por clubes militares à presidente Dilma Rousseff e disseram não reconhecer autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressar opiniões.

A nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão", também ataca a Comissão da Verdade, que apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura. Aprovada no ano passado, a comissão espera só a indicação dos membros para começar a funcionar.

"[A comissão é um] ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo", diz o texto, endossado por, entre outros, 13 generais.

Apesar de fora da ativa, todos ainda devem, por lei, seguir a hierarquia das Forças, das quais Dilma e Amorim são os chefes máximos.

O novo texto foi divulgado no site "A Verdade Sufocada" (www.averdadesufocada.com), mantido pela mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um dos que assinam o documento.

Ustra, ex-chefe do DOI-Codi (aparelho da repressão do Exército) em São Paulo, é acusado de torturar presos políticos na ditadura, motivo pelo qual é processado na Justiça. Ele nega os crimes.

A atual nota reafirma o teor de outra, do último dia 16, na qual os clubes Militar, Naval e de Aeronáutica fizeram críticas a Dilma, dizendo que ela se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo" sobre declarações recentes de auxiliares e do PT contra a ditadura.

Após mal-estar e intervenção do Planalto, de Amorim e dos comandantes das Forças, os clubes tiveram de retirar o texto da internet.

CRÍTICA A AMORIM

"Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto do dia 16", afirma a nota de ontem, que lembra que o texto anterior foi tirado da internet "por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo".

Agora, os militares dizem que o "Clube Militar [da qual a maioria faz parte] não se intimida e continuará atento e vigilante".

A primeira das três declarações que geraram a nota foi da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade pode levar a punições, apesar da Lei da Anistia.

Depois, Eleonora Menicucci (Mulheres) fez em discurso "críticas exacerbadas aos governos militares", segundo o texto. Já o PT, em uma resolução, disse que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.

Boeing vai propor melhoria na oferta para caças da FAB

Acima um Boeing F/A-18E/F Super Hornet da Marinha Americana
O cancelamento da compra de Super Tucanos da Embraer anunciado ontem acontece a uma semana da visita de um alto executivo da americana Boeing, no esforço de vender seu caça FX-18 Super Hornet à Força Aérea Brasileira. A Boeing está disposta a melhorar a oferta de transferência de tecnologia, incluindo propostas de desenvolvimento conjunto de produtos aeronáuticos, caso seja escolhida como a fornecedora dos novos caças à FAB. Na próxima segunda-feira chega a Brasília o presidente da Boeing Military Aircraft, Cristopher Chadwick, que comanda o braço da empresa para o setor de Defesa.

Segundo informou a Boeing ao governo brasileiro, além do encontro já marcado com a cúpula da Força Aérea, Chadwick pediu audiências aos ministros do Desenvolvimento e da Defesa, para defender que a proposta de desenvolvimento tecnológico da empresa americana, vinculada à venda do caça FX-18 Super Hornet, é superior à oferecida pela Dassault, fabricante do francês Rafale, que era o favorito no governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A Embraer é apontada pela empresa como uma possível parceira em futuros projetos de desenvolvimento de tecnologia.

Os governos de EUA e Brasil e as empresas envolvidas asseguram que não há vinculação entre a licitações para as Forças Aéreas brasileira e americana. A interferência política que provocou reviravolta no negócio que já estava praticamente firmado pela Embraer cria constrangimento porém a menos de duas semanas da visita da presidente Dilma Rousseff a Washington, quando o tema da venda dos caças à FAB estaria na agenda com o presidente Barack Obama.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

EUA cancelam acordo com Embraer para compra de Super Tucano


A Força Aérea dos Estados Unidos informou nesta terça-feira que está cancelando contrato de US$ 355 milhões (cerca de R$ 604 milhões) para fornecimento de 20 aviões Super Tucano, da Embraer (EMBR3), citando problemas com a documentação.

A Força Aérea disse que vai investigar e refazer a licitação, que também está sendo contestada na Justiça dos EUA pela norte-americana Hawker Beechcraft. O contrato havia sido concedido pela Força Aérea dos EUA para a Embraer e a parceira Sierra Nevada Corp.

"Apesar de buscarmos a perfeição, nós as vezes não atingimos nosso objetivo, e quando fazemos isso temos que adotar medidas de correção", disse o secretário da Força Aérea, Michael Donley, em comunicado. "Uma vez que a compra ainda está em litígio, eu somente posso dizer que o principal executivo de aquisições da Força Aérea, David Van Buren, não está satisfeito com a qualidade da documentação que definiu o vencedor.

Procurada pela Reuters, a Embraer não se pronunciou até a publicação desta reportagem.

O comandante da área de materiais da Força Aérea dos Estados Unidos, Donald Hoffman, ordenou uma investigação sobre a situação, afirmou o porta-voz da Força Aérea.

Em 30 de dezembro, a Força Aérea dos Estados Unidos definiu que a Sierra Nevada e a Embraer tinham obtido o contrato para venda de 20 aviões Super Tucano A-29, assim como treinamento e suporte. Entretanto, a licitação foi paralisada em janeiro, quando a Hawker Beechcraft entrou na Justiça questionando a decisão.

No ocasião, a Força Aérea disse que acreditava que a competição e a avaliação para seleção do fornecedor tinham sido justas, abertas e transparentes.

O Super Tucano A-29 foi desenvolvido para missões de contra-insurgência e atualmente é usado por cinco forças aéreas, e ainda existem outras encomendas, segundo a Embraer.

Ataque ao Irã desafiaria aviação de Israel


Acima um caça israelense F-15I "Ra'am", dito como o melhor caça do país nos dias de hoje

Caso Israel decida lançar um ataque contra o Irã, seus pilotos teriam de atravessar mais de 1.600 km de espaço aéreo hostil, reabastecer em pleno voo, enfrentar as defesas antiaéreas do Irã, atacar múltiplos locais subterrâneos simultaneamente - e usar pelo menos cem aviões.

Essa é a avaliação de autoridades americanas de defesa e analistas militares próximos ao Pentágono, segundo os quais um ataque israelense contra o programa nuclear iraniano seria uma operação enorme e altamente complexa. Eles descrevem-na como algo bem diferente dos ataques "cirúrgicos" de Israel a reatores nucleares da Síria, em 2007, e do Iraque, em 1981.

"A todos os gurus que dizem 'Ah, sim, bombardeiem o Irã': não vai ser tão fácil", disse o brigadeiro David Deptula, ex-chefe de inteligência da Força Aérea dos EUA, que planejou as campanhas aéreas de 2001 no Afeganistão e, de 1991, na Guerra do Golfo.

As especulações sobre um ataque israelense ao Irã se intensificaram nos últimos meses, acompanhando a escalada nas tensões entre os países. Num sinal da crescente preocupação americana, o assessor de Segurança Nacional Tom Donilon reuniu-se no dia 19 com o primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, em Jerusalém, e o chefe do Estado-Maior dos EUA, general Martin Dempsey, alertou pela CNN que um ataque israelense ao Irã no atual momento seria "desestabilizador".

Mas um porta-voz israelense em Washington, Lior Weintraub, reiterou que Israel, embora continue defendendo sanções mais firmes ao Irã, "está mantendo todas as opções sobre a mesa", assim como os EUA.

Os possíveis contornos de um ataque israelense motivam debates em Washington, onde alguns analistas questionam até mesmo se Israel teria capacidade militar para executá-lo. Um temor é que os EUA sejam sugados para terminar o trabalho - tarefa que, mesmo com a superioridade militar americana, poderia levar várias semanas, segundo analistas de defesa. Outro temor é uma retaliação iraniana.

"Eu não acho que você irá encontrar alguém que diga: 'Aqui está como vai ser feito -um punhado de aviões, ao longo de uma noite, chegando e saindo'", disse Andrew Hoehn, ex-funcionário do Pentágono e hoje diretor do Projeto Força Aérea da Rand Corporation, que faz pesquisas para a Aeronáutica americana.

Michael Hayden, diretor da CIA entre 2006 e 2009, afirmou categoricamente em janeiro que ataques aéreos capazes de prejudicarem seriamente o programa nuclear iraniano estão "além da capacidade" de Israel, em parte por causa da distância que os aviões precisariam percorrer, e da dimensão da tarefa.

Uma vez que Israel desejaria atacar as quatro principais instalações nucleares do Irã, analistas militares dizem que o primeiro problema seria chegar lá. Há três rotas possíveis: pelo norte, sobre a Turquia; pelo sul, sobre a Arábia Saudita; ou por uma rota central, cruzando a Jordânia e o Iraque.

O trajeto sobre o Iraque seria o mais direto e provável, segundo analistas, porque o Iraque, na prática, não tem defesas antiaéreas, e os EUA, após sua retirada em dezembro, não têm mais a obrigação de defender os céus iraquianos.

Supondo que a Jordânia tolere o sobrevoo israelense, o próximo problema seria a distância. Israel tem caças-bombardeiros F-15I e F-16I, de fabricação americana, cujo alcance é inferior à viagem de ida e volta, com 3.200 km.

Israel precisaria usar aviões de reabastecimento em voo, mas o país supostamente não os possui em número suficiente.

Scott Johnson, analista de defesa da consultoria IHS Jane's e líder de um grupo que prepara um seminário on-line sobre as possibilidades de ataque israelense ao Irã, disse que Israel tem oito aviões-tanque KC-707, mas que não está claro se todos estão em operação.

O Irã poderia reagir com mísseis capazes de atingir Israel, abrindo uma nova guerra no Oriente Médio, embora algumas autoridades israelenses argumentem que as consequências serão piores se o Irã obtiver uma arma nuclear.

Outro grande obstáculo é o arsenal israelense de bombas capazes de penetrar na instalação de Natanz, que está enterrada sob nove metros de concreto reforçado, e na usina de Fordo.

Supondo que não use uma arma nuclear, Israel tem à sua disposição bombas americanas GBU-28, de 2.200 kg, capazes de destruir esse tipo de bunker, embora não esteja claro até que profundidade elas possam ir.

Caso os EUA se envolvam -ou decidam atacar por conta própria -, analistas militares dizem que o Pentágono teria capacidade para realizar grandes ataques.

"Só há uma superpotência no mundo que pode fazer isso", disse Deptula. "Israel é ótimo em um ataque seletivo aqui e acolá."

O "bom" nazista

Albert Speer e Hitler
em Paris, França
A editora Nova Fronteira acaba de lançar um novo livro de Joachim Fest, contendo suas conversas com Albert Speer, o arquiteto de Hitler cujas lembranças, como o próprio autor confessa, foram fundamentais para escrever a biografia do ditador, hoje considerada a melhor obra sobre os momentos finais do regime nazista.

Amigo mais próximo de Hitler, que o admirava como arquiteto e companheiro, Speer é tido até hoje como um dos enigmas daquele período. Alguns historiadores chegam a considerá-lo o "bom" nazista, embora a expressão não tenha sentido.

Nenhum nazista poderia ser enquadrado numa escala entre o bom e o mau. Todos foram péssimos do ponto de vista moral e humanitário. Inclusive o arquiteto, que acabou ministro do Material Bélico e empregou o trabalho escravo dos prisioneiros de todos os países conquistados pela Wehrmacht.

Esse foi o principal motivo para sua condenação a 20 anos de prisão no Tribunal de Nuremberg, escapando da pena de morte que atingiu toda a cúpula nazista.

Outro dado que livrou Speer da forca foi a desobediência à última ordem de Hitler, com quem entrou em constantes atritos, desde as opiniões sobre a qualidade da música de Richard Strauss até sua recusa em cumprir a política de terra arrasada que lhe fora ordenada.

Hitler se refugiara no bunker, queria despedir-se de seus auxiliares mais próximos. Speer acreditava que o guarda à porta iria fuzilá-lo ali mesmo. Enfrentou o olhar de Hitler. Mesmo assim, estendeu a mão para despedir-se do homem a quem servira durante anos.

Hitler recusou o cumprimento. Já tendo tomado providências para a queima de seu corpo após o suicídio, falou para si mesmo: "Só a traição me foi fiel e o meu cão pastor Blondi".

Presidente da Letônia defende legionários que lutaram pela Waffen-SS

Legionários letões da Waffen-SS
O presidente da Letônia, Andris Bērziņš, declarou que o povo letão deve inclinar sua cabeça ante os veteranos letões da Waffen SS, uma vez que esses luraram por sua pátria, informou hoje o canal letão LNT (Latvijas Neatkarīgā Televīzija - Latvian Independent Television).

“Em 1944, muitos letões se alistaram fervorosamente no Exército Alemão. Os EUA reconheceram em 1950 que os legionários letões não comentaram crimes militares. A URSS inclusive forneceu a sua reabilitação posteriormente. De maneira que devemos inclinar a cabeça ante eles, disse Bērziņš em uma entrevista ao canal LNT.

Várias organizações radicais celebram todo 16 de marca o Dia da Legião Letônia da Waffen SS (unidade de elite das Forças Armadas Nazistas). Neste dia, os legionários letões e seus partidários organizam uma marcha em Riga, capital da Letônia, provocando indignação das organizações antifascistas do mundo inteiro.

“Não se deve ignora esse dia porque muitos habitantes da Letônia entregaram durante a guerra suas vidas pela pátria”, disse Bērziņš.

A Legião Letã da Waffen SS (Latviešu leģions) foi criada em janeiro de 1943 por ordem de Adolf Hitler que seguia um pedido do Reichsführer-SS Heinrich Himmler. Quase 150 mil letões se bandearam para o lado das potências do Eixo. A principal missão da Legião Letã dentro da SS não era combater o Exército Vermelho, mas sim contra as guerrilhas soviéticas que operavam em território bielorrusso e russo.

A Legião Letã, de acordo com os planos nazistas, tinha que ser deste o principio a mais numerosa dentre as divisões bálticas. Todas as unidades ativas da SS e a Polícia letã era incluídas automaticamente na legião e até se pensava formar uma divisão autônoma da SS.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

LAZIKA: O IFV georgiano


O Ministério da Defesa da Geórgia revelou imagens de um novo veículo de combate de infantaria (IFV por sua sigla em inglês) em testes de campo na base militar georgiana de Vaziani.

O veículo apelidado de LAZIKA, pesa 14 toneladas e foi desenvolvido pelo escritórios de projetos da DELTA e será produzido pela JSC Tbilaviamsheni. O veículo apresenta várias camadas de blindagem as quais provem uma proteção a projeteis de 14.5mm.

 LAZIKA é equipado com visão noturna e miras térmicas. Seu armamento consiste de um canhão automático de 23mm e uma metralhadora de 7.62mm montada sobre uma plataforma de sistema de armas remoto (RWS por sigla em inglês).

O veículo tem uma tripulação de 3 pessoas e pode transportar até sete soldados com equipamento completo.

O LAZIKA é o segundo veículo de combate desenvolvido por empresas georgianas. O primeiro veículo foi APC Didgori. O Didgori foi revelado ao público pela primeira vez durante um desfile militar em Tbilisi , capital georgiana, em 26 de maio de 2011.

Primavera árabe incentiva as vendas de armamentos


Rebelde líbio ostenta um FN F2000, moderno fuzil belga


Alemães, britânicos, italianos - e franceses, é claro: os grandes exportadores de armamentos da Europa estão se encaminhando para a Líbia. O ministro da Defesa, Gérard Longuet, acompanhado de representantes da Direção Geral do Armamento (DGA), deve ir até Trípoli neste fim de semana.

"Todos estão indo para lá. Ainda não temos contatos estáveis, mas é preciso marcar presença", conta uma fonte da Defesa. A França nunca escondeu que pretendia capitalizar sua intervenção militar junto aos rebeldes. O embargo sobre os armamentos foi retirado só parcialmente pela ONU. Oficialmente, fora a securização das fronteiras, a defesa não é um assunto prioritário de discussão da França com a Líbia. E nada será decidido antes das eleições previstas para junho no país.

Mas nunca é cedo demais para se preparar para o futuro. E a "segurança" é um setor que já permite fazer negócios juntando o civil e o militar. As delegações do Medef [patronato francês] e as autoridades francesas têm ido continuamente a Trípoli e Benghazi. "É uma presença prematura, mas necessária", resume Pierre Montoro, diretor da empresa privada de segurança Erys, que acompanha franceses em todo o país desde setembro de 2011; a última delegação, em fevereiro, contava cem empresas.

Para a Defesa, há uma grande expectativa em relação a um contrato de vigilância das fronteiras para o EADS [grupo europeu de fabricantes de aeronaves]. Mas também se fala na manutenção dos Mirage F1 entregues a Muammar Gaddafi  pela Dassault nos anos 1970 (somente quatro foram reformados). Já se cogita a venda de outros Mirage F1, dos quais o exército francês está se desfazendo.

As exportações francesas de armamentos dispararam 25% em 2011, chegando a 6,5 bilhões de euros, segundo números revelados na quarta-feira (22) pelo representante geral para armamentos, Laurent Collet-Billon. Grandes saltos são costumeiros nesse setor, depende de um ano registrar grandes contratos. Estes tiveram grande peso em 2011: venda do porta-helicópteros BPC à Rússia, reforma dos Mirage 2000 da Índia.

Mas as "primaveras árabes" também, pois elas alimentaram os temores relacionados à segurança nos países do Golfo. Esses Estados fizeram encomendas recordes aos Estados Unidos. O reino saudita comprou da França "entre 100 e 200 blindados Aravis", revelou a DGA. Os Emirados Árabes fizeram suas compras em diversas áreas. "O objetivo", segundo Collet-Billon, "é que o volume das exportações seja equivalente à encomenda nacional". Esta chegou a 10,7 bilhões de euros em 2011.

Parada de líder da China na Irlanda intriga europeus e irlandeses


Em tour pelo mundo, vice-presidente da China,
Xi Jinping, faz uma parada na Irlanda, único
país europeu incluído na rota

Os clichês culturais foram virados do avesso no final de semana passado quando o vice-presidente Xi Jinping, o homem que deverá se tornar o próximo líder da China, disse aos irlandeses numa visita ao país: alegrem-se!

A ironia de um representante de um dos países mais pragmáticos do mundo dizer aos maiores otimistas do mundo para se alegrarem não foi perdida entre os irlandeses, afetados por uma das piores crises econômicas da Europa endividada.

Como é típico, eles fizeram uma piada com isso: "os chineses estão aqui – finjam estar ocupados" dizia uma manchete do The Irish Times no sábado (18), no dia em que Xi chegou para sua visita de três dias, no meio de uma viagem que começou nos Estados Unidos e continuou para a Turquia.

Mas a questão que surgiu na mente de muitos foi: por que o homem que pode se tornar um dos líderes mais poderosos da terra escolheu a Irlanda para sua única parada na União Europeia em sua viagem de "debutante"?

Um dos principais motivos pode ser uma espécie de peregrinação de comércio-livre – à Zona Livre de Shannon, que primeiro recebeu a visita de Jiang Zemin, ex-chefe do Partido Comunista e na época vice-ministro do Ministério de Importações e Exportações, em 1980.

Funcionários chineses costumam dizer que a área de comércio livre, estabelecida em 1959, foi um modelo para suas próprias e bem sucedidas Áreas Econômicas Especiais no sul da China, que incentivaram a reforma econômica no país a partir de 1980. A China agora quer melhorar suas indústrias, e a Zona Livre de Shannon, de alta tecnologia, interessa enquanto modelo regional, dizem os comentaristas irlandeses.

Outros líderes que visitaram Shannon incluem dois primeiros-ministros, Wen Jiabao e Zhu Rongji, e dois vice primeiros ministros, Huang Ju e Zeng Peiyan. Durante sua visita, Xi pediu uma orientação pessoal de Vincent Cunnane, diretor-executivo da Shannon Development, que comanda a área, disse a companhia numa declaração.

Outro motivo para visitar a Irlanda pode ser o que Jonas Parello-Plesner, um integrante sênior de política no Conselho Europeu de Relações Exteriores, chamou de "diplomacia multi-direcional da China".

"Quando o Ministério de Exterior e o Conselho Estatal planejam as viagens de líderes sêniores, eles tentam ampliar sua abrangência, incluindo países pequenos e insignificantes", disse Parello-Plesner num e-mail.

A China também quer melhorar os laços com nações europeias individualmente – a União Europeia é seu principal parceiro de comércio – e aumentar o investimento num continente enfraquecido.

A delegação de Xi , com 150 funcionários e empresários, compareceu a um banquete no Castelo Bunratty em County Clare, tomou café irlandês numa fazenda familiar no vilarejo de Sixmilebridge (onde um novilho recém-nascido recebeu seu nome), visitou os precipícios de Moher, visitou o consagrado campo da Associação Atlética Gaélica no Croke Park em Dublin, assistiu a uma apresentação de "Riverdance" e assinou acordos de comércio, investimentos e educação no Castelo Dublin.

Defensores dos direitos tibetanos e membros da Falun Gong fizeram manifestações, mas em pequenos números. Mais impressionante foi um protesto de uma mulher nos precipícios de Moher. A polícia interceptou Sinead Ni Ghairbhith, enquanto ela andava na direção de Xi segurando uma placa "Liberte o Tibete" e gritando "Pare de Matar Tibetanos Inocentes!".

Na maior parte do tempo, entretanto, Xi usou seu charme por onde passou, pedindo aos irlandeses para fazerem comércio e investirem mais profundamente na China, e prometendo a criação de mais empregos num país em que o índice de desemprego é de 14%.

Ele disse aos irlandeses e outros europeus para não "falarem mal" de suas economias, em comentários que foram transformados em manchetes pala mídia estatal da China, onde a visita teve ampla cobertura.

"A China não acha que se deva 'subestimar' ou 'reduzir' a Europa, porque acreditamos que as dificuldades que a Europa enfrenta são temporárias, e a EU, os governos e povos da Europa têm a capacidade, a sabedoria e os meios para resolver o problema da dívida soberana e conquistar a recuperação econômica e o crescimento", disse Xi em uma entrevista escrita para o The Irish Times, publicada no sábado (18).

Durante os últimos 15 anos, a Irlanda conquistou algo que fascina os oficiais chineses – a transição de uma nação pobre e agrícola para uma nação rica e de alta tecnologia.

Mesmo enquanto o voo 747-400 da Air China de Xi pousava em Shannon, um discurso feito por ele foi distribuído para os jornalistas que o esperavam, descrevendo a Irlanda como um "país de sucesso por passar, em um curto período de tempo, de uma economia agropastoril para uma economia do conhecimento."

Parello-Plesner apontou para outro fator importante: "é o último dos países da UE atingido por uma crise que ainda não havia recebido a visita de um líder importante", disse ele.

Líderes -incluindo o primeiro-ministro Wen, o presidente Hu Jintao e o vice-primeiro-ministro Li Keqiang, o homem que deve suceder Wen -visitaram a Grécia, Portugal, Hungria, Espanha e Itália recentemente, "então a Irlanda esperava por isso faz tempo", disse Parello-Plesner.

"Há o mesmo interesse geral para abrir a porta dos investimentos", disse ele. "Posso imaginar que a Irlanda, com orçamentos austeros nos próximos anos, possa precisar de alguns investimentos chineses."

Os investimentos da China hoje em dia também são multidirecionais, um reflexo de seu poder crescente nos primeiros anos de um século, que bem poderá ser considerado o século chinês.

Em janeiro, a China fez seu primeiro investimento direto na infraestrutura fraturada da Inglaterra, informou o The Guardian, quando seu fundo de riqueza soberana de US$ 410 bilhões, o China Investment, comprou um holding de 8,68% em Kemble, o grupo privado que controla a Thames Water, uma companhia de serviços, num negócio que os analistas avaliaram entre 600 e 700 milhões de libras, ou cerca de US$ 940 milhões e US$ 1,1 bilhão.

Também em janeiro, a fabricante de maquinários chinesa Sany Heavy Industry, junto com a firma de equidade privada Citic, comprou a fabricante de bombas alemã Putzmeister Holding, num acordo no valor de 360 milhões de euros, ou quase US$ 480 milhões, de acordo com a Xinhua, a agência de notícias estatal chinesa.

Em dezembro, a China Three Gorges Corp., controlada pelo estado, comprou 21% da companhia portuguesa EDP por 2,7 bilhões de euros, informou a Reuters.

A Irlanda, com apenas 4,6 milhões de pessoas, é um dos poucos países que têm um superávit comercial com a China. Isso intriga os chineses.

Mesmo assim, pouco se falou sobre um paralelo mais preocupante – as bolhas econômicas.

A bolha imobiliária alimentada por dívidas da Irlanda estourou em 2009. A economia chinesa, alertam alguns economistas, enfrenta uma dívida de rápido crescimento, além de uma variedade de bolhas possíveis, desde o setor imobiliário até o de arte e o preço dos mastins tibetanos.

Por enquanto, entretanto, os olhos chineses estão sorrindo na Irlanda.

Soldado que revelou segredos para o WikiLeaks passa por julgamento militar


Bradley Manning é escoltado
até a corte para julgamento em
Maryland, nos EUA

O soldado americano Bradley Manning, julgado por subtrair e entregar 700 mil documentos secretos dos EUA ao portal WikiLeaks, recusou declarar-se culpado ou inocente, no primeiro dia de seu julgamento militar, no qual é acusado de alta traição.

Aproveitando um ardil legal, a equipe de advogados de Manning pediu à juíza militar mais tempo para aceitar ou rejeitar uma declaração de culpa, coisa que ainda deixa a porta aberta para ele chegar a um acordo com o Pentágono e com o governo dos EUA, que também investigam o WikiLeaks e seu fundador, Julian Assange, pela via civil.

No primeiro dia de audiência preliminar, em dezembro, o advogado civil de Manning, David Coombs, já havia dado indícios de que o governo poderia ter oferecido ao soldado um pacto para combinar as acusações e reduzir a pena máxima, que por enquanto é de prisão perpétua.

"O Departamento de Justiça poderia oferecer a meu cliente que se declarasse culpado, para chegar a um pacto pelo qual a condenação seja reduzida se ele depuser contra Assange", havia dito Coombs. Posteriormente, o advogado pediu que as 22 acusações apresentadas sejam combinadas em três, e que a pena máxima seja reduzida para 30 anos.

Desde o ano passado, um júri da Virgínia está investigando pela via civil os vazamentos do WikiLeaks que afetaram os Departamentos da Defesa e de Estado. Uma das pessoas interessadas nessas pesquisas é Assange, o fundador do WikiLeaks, que se encontra em prisão domiciliar em Londres à espera de uma decisão judicial sobre um pedido de extradição da promotoria da Suécia, que quer julgá-lo por agressão sexual.

No primeiro dia do conselho de guerra de Manning, na quinta-feira, o exército revelou a identidade da juíza que instrui o caso. Trata-se da coronel Denise Lind, ex-professora da Universidade Nacional de Defesa. À diferença da audiência preliminar, a defesa não questionou sua imparcialidade. Em 2010 Lind presidiu o julgamento do coronel Terry Lakin, que se negou a ser mobilizado no Afeganistão por considerar que seu comandante-em-chefe, Barack Obama, não havia nascido nos EUA, uma opinião comum na extrema-direita americana. A juíza condenou Lakin a seis meses de prisão e a ser expulso das fileiras.

Das 22 acusações que a promotoria militar apresentou contra Manning, a mais grave é a de alta traição ou ajuda ao inimigo. Na audiência preliminar o Pentágono apresentou como prova uma série de materiais propagandísticos da Al Qaeda na Península Arábica que citam os documentos do WikiLeaks como documentação crucial para o planejamento e a execução de ataques terroristas contra os EUA.

A defesa não refutou em nenhum momento que Manning tivesse vazado os documentos. Pelo contrário, se concentrou em retratar o recruta como uma pessoa instável e atormentada por sua bissexualidade, que deveria ter sido afastada das fileiras por seus superiores, antes de efetuar os vazamentos. Em abril o próprio presidente Obama disse em um ato eleitoral que Manning "violou a lei", declaração que gerou polêmica por ter sido efetuada antes de se realizar o julgamento.

O crime de alta traição é punido habitualmente com a pena de morte. No entanto, quando o exército, ao qual está filiado o recruta Manning, definiu a data de quinta-feira para o início do conselho de guerra, decidiu substituí-la pela prisão perpétua a pedido da promotoria. Se for condenado, Manning passará o resto de seus dias na prisão militar de segurança máxima de Fort Leavenworth, no Kansas, por onde passaram criminosos de guerra como Charles Graner, condenado pelos abusos na prisão iraquiana de Abu Ghraib.

O soldado Manning foi preso em maio de 2010 no Iraque, depois de confessar ao hacker americano Adrian Lamo que, em seu posto de analista de inteligência, havia subtraído documentos secretos das redes SIPRNet e CIDNE e os havia entregado ao WikiLeaks. Lamo delatou Manning ao FBI, que por sua vez alertou o exército. A juíza Lind deve decidir agora quando começarão a comparecer as testemunhas no julgamento. A defesa pediu que seja no máximo em junho. A acusação propôs agosto. Manning completou nesta quinta-feira 635 dias de prisão preventiva.

Reforço na base


A aspiração do Brasil de tornar-se uma potência econômica - em um momento em que os emergentes ganham espaço no xadrez internacional - terá de contemplar o aumento dos investimentos em defesa. Uma base industrial forte estimularia a estratégia do governo de dissuadir eventuais ameaças ao território nacional e daria mais voz para arbitrar conflitos na região. Para alcançar esses objetivos, o país terá de superar desafios como criar fontes permanentes de recursos para financiar projetos, elevar os gastos em custeio para evitar o sucateamento dos equipamentos, desenvolver uma política competitiva de recursos humanos e convencer a sociedade da importância do segmento. Essas foram as principais conclusões de especialistas que participaram do 2º Seminário Estratégia Nacional de Defesa, dia 15, na Câmara dos Deputados.

"É importante que a sociedade perceba a importância da defesa", disse o ministro da pasta, Celso Amorim. Para ele, isso já começa a ocorrer. Amorim mencionou pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) segundo a qual 88% dos brasileiros consideram necessário reaparelhar as Forças Armadas. A sondagem ouviu 3,8 mil pessoas em todas as regiões do Brasil. "Democracia e defesa não são contraditórias e podem caminhar juntas."

O deputado federal Carlos Zarattini (PT-SP), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional, ressalta que o projeto de defesa do governo federal deve considerar investimentos em capacitação e manutenção dos militares. Ele mencionou o temor de que as Forças Armadas percam cérebros para o setor privado nos próximos anos. "Esse pessoal tem de ser remunerado nos níveis de mercado, porque são profissionais com conhecimentos técnicos elevados", afirmou.

Outra preocupação é em relação aos recursos para investir em novos projetos. "Cerca de 80% do orçamento da pasta está atrelado à folha de pagamento e 63% desse total está direcionado a inativos", afirma o pesquisador Vitélio Brustolin. "Colocar dinheiro em tecnologia militar traz muitos benefícios para a área de inovação, já que muitas aplicações são usadas também no campo civil", diz.

Uma série de projetos precisará de uma fonte mais generosa de recursos no médio e longo prazos. Um deles é o Sistema de Monitoramento das Fronteiras (SisFron), orçado em R$ 12 bilhões, que prevê a melhoria do controle de 17 mil quilômetros de fronteiras. Sua implementação será gradual, ao longo de dez anos, e o projeto deve ter início em 2012.

Segundo o general Joaquim Silva e Luna, chefe do Estado Maior do Exército, o país gasta por ano R$ 183 bilhões como consequência da violência. "Uma efetividade mínima de apenas 2,97% desse sistema já garantiria que o retorno do investimento ocorra antes mesmo de sua implantação", afirmou. O projeto ainda dará impulso à inovação, já que consiste na fabricação de produtos sofisticados como sensores e satélites.

A exploração do petróleo na camada pré-sal também está levando o governo a avançar no Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), um conjunto de satélites, sensores, radares, câmeras e outros equipamentos para monitorar a costa brasileira. A iniciativa ainda está em fase de projeto, sem valores definidos, mas ganha relevância como proteção das reservas de petróleo.

Estima-se no mercado que os investimentos em defesa - seja na compra de equipamentos, seja na instalação de novos sistemas - podem superar os R$ 100 bilhões em 20 anos. Uma cifra mais precisa deve estar disponível em dois meses, quando for concluída a formulação do Plano de Articulação e Equipamento da Defesa (Paed) de cada uma das três forças. Se os projetos saírem do papel, boa parte desses equipamentos e bens será produzida no Brasil, o que poderá estimular toda a cadeia produtiva do setor e criar inovações para ser usadas em outros segmentos. A Medida Provisória 544, aprovada na Câmara neste mês, dá tratamento privilegiado às empresas com produção local e que transfiram tecnologia nos setores em que o país ainda não tem experiência.

O renascimento da indústria nacional poderá ter impacto sobre a balança comercial: aeronaves pesadas usadas no transporte militar ou helicópteros poderão ser exportados, assim como sensores e sistemas de telecomunicações, que poderão ser fabricados localmente. "Vários países importantes avançaram calcados na junção de desenvolvimento aliado à defesa", diz Zarattini, mencionando a força do setor nas economias dos EUA e da França.

O sucateamento das Forças Armadas reflete alguns aspectos históricos para o Brasil, interpreta o pesquisador Waldimir Longo, professor emérito do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), da Universidade Federal Fluminense. O país, que teve uma indústria bélica relativamente importante até a década de 1980, sucumbiu à falta de investimentos depois do fim do regime militar. Primeiro, pelas constantes crises econômicas. Segundo, devido à inexistência de ameaças externas. O último grande confronto armado de que o país participou foi a Guerra do Paraguai, entre 1864 e 1870.

"Hoje existem questões não militares que exigem a presença da defesa", diz Longo. Ele aponta o terrorismo internacional, o tráfico de drogas e questões étnicas e religiosas como um dos aspectos que exigem poderio militar de qualquer país do mundo. Segundo ele, o país precisa criar uma "força de dissuasão" que só existirá, com investimento, "no longo prazo, em 20 ou 25 anos".

Pagamento da folha de pessoal absorve 80% dos recursos


O orçamento do Ministério da Defesa, que em 2011 chegou a R$ 60,8 bilhões, é o terceiro maior do governo. Perde apenas para a previdência social (R$ 294 bilhões) e para a área da saúde (R$ 74 bilhões). Mas cerca de 80% dos recursos destinam-se ao pagamento da folha de pessoal, e 63% desse total vão para funcionários aposentados. Apenas 13,7% do orçamento destinam-se ao custeio, e menos ainda - 6,7% dos R$ 60 bilhões - são transformados em investimentos, segundo dados do pesquisador Vitélio Brustolin, que defendeu sua tese sobre o tema na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Brustolin está de malas prontas para os Estados Unidos, onde fará um pós-doutorado em Harvard sobre a indústria de defesa americana. "Embora tenha o terceiro orçamento da União, o dinheiro destinado a manter os equipamentos atuais, o que cria um risco: sucateamento e dificuldade para aquisição de novos."

Hoje, segundo dados de mercado, o Brasil gasta 1,6% do PIB com a indústria de defesa, um percentual abaixo do verificado tanto em nações ricas quanto nas emergentes: o Chile gasta 3,5%, os Estados Unidos, 4,8%, o Reino Unido, 2,7%, a China, 2,1%.

Além do baixo investimento no setor, os militares se ressentem da ameaça constante da tesoura do governo. Para manter o cumprimento das metas de superávit primário, o contingenciamento de recursos é comum. "O orçamento de defesa tem sido o mais afetado pelos contingenciamentos. Valores destinados a custeio e investimentos, na monta de R$ 15,9 bilhões, foram limitados em R$ 10 bilhões em 2010. Em 2011 a cena foi semelhante: o Ministério da Defesa sofreu um corte de 26,5% nas despesas referentes a custeios e investimentos, ou seja: R$ 4,0 bilhões a menos", analisa Brustolin.

O pesquisador observa que, apesar dos cortes, ao final dos anos de 2010 e 2011, parte dos recursos foi redirecionada. "Isso evitou catástrofes maiores, pois esses contingenciamentos ocorrem, justamente, nos gastos com a manutenção dos equipamentos e nos investimentos e projetos. Mas o decreto 7.622, de 22 de novembro do ano passado, liberou parte dos recursos contingenciados. O total desembolsado ficou em pouco mais que 70% da dotação autorizada. Resumindo: somando-se ao contingenciamento, grande parte dos recursos previstos não foi executada", explica o pesquisador.

Nesse contexto, surge uma preocupação entre militares, parlamentares e especialistas: a necessidade de fontes complementares de financiamento para que projetos como a implementação do Sistema de Monitoramento das Fronteiras (SisFron) possam sair do papel. "É preciso avançar na definição de um orçamento mais robusto para as Forças Armadas", defende o deputado Carlos Zarattini (PT-SP), presidente da Frente Parlamentar de Defesa Nacional.

Os projetos estruturantes são cruciais para o melhor monitoramento da fronteira terrestre, da costa brasileira e do espaço aéreo, em um momento em que o país se prepara para explorar o pré-sal e pleiteia um assento no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. "Quanto mais pudermos implementar esses projetos com independência tecnológica, melhor para nós. Mas é preciso destacar que esses projetos são alocados no orçamento como investimentos. Por isso, todas as vezes em que houver contingenciamento, que sempre afeta investimentos e custeios, a produção de tecnologias fundamentais para o país estará sendo prejudicada", ressalta Brustolin.

Trata-se de uma questão que também preocupa a indústria. "De um lado, se acena com uma MP que concede benefícios fiscais para investir no Brasil e transferir tecnologia. De outro, há preocupação de que não haja um fluxo contínuo e permanente de recursos para financiar esses projetos, que são vultosos", afirma um empresário do setor.

As Forças Armadas trabalham na elaboração do Plano de Articulação e Equipamentos de Defesa (Paed), que contemplará projetos e prioridades das três forças em um horizonte de 20 anos, até 2031. A expectativa é de que em dois meses esse relatório possa estar pronto, segundo o general José Carlos de Nardi, chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas. A prioridade dos investimentos será a defesa da Amazônia, das fronteiras brasileiras e da chamada Amazônia Azul. Estima-se no mercado que os investimentos em 20 anos possam superar R$ 100 bilhões.

Os investimentos em tecnologia militar podem ter grande impacto na sociedade civil, aponta Brustolin. O avião a jato e a internet são inovações desenvolvidas por militares que hoje são amplamente utilizadas por bilhões de pessoas. "Certamente a trajetória do Brasil é bastante diferente da dos Estados Unidos, no entanto, há importantes lições a serem aprendidas com os americanos que podem ser adaptadas às políticas públicas de inovação brasileiras", afirma o pesquisador. Para ele, essa consideração baseia-se no fato de que o acompanhamento histórico dos gastos militares no Brasil demonstra os sucessivos cortes em investimentos e custeio, bem como a descontinuidade de programas científicos-tecnológicos, ao contrário do que ocorre nos EUA.

Controle aéreo é modernizado


Manter a soberania nos céus. Com essa missão foi criado em 1980 o Sistema de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Sisdabra) para fazer a vigilância do espaço aéreo nacional. Atualmente, 100% do território já está coberto por sistemas de voz e radares. Para aumentar a eficiência do Sisdabra, o governo e as Forças Armadas já discutem sua modernização, que contemplará a otimização das redes de satélites. A concepção do projeto, que irá tornar a obtenção de dados mais precisa, poderá ser iniciada ainda neste ano. Os valores envolvidos não foram definidos.

O projeto ainda está em estágio inicial, mas prevê a integração do Sisdabra ao Sistema de Monitoramento das Fronteiras (SisFron) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz). Com isso, o país passará a ter um monitoramento mais sofisticado de suas fronteiras e costa, o que permitirá deslocamentos mais rápidos das três forças e rapidez na resposta a eventuais problemas.

Além disso, a Aeronáutica trabalha na melhoria de suas aeronaves. Um dos maiores projetos em andamento é a aquisição dos caças FX-2, que irão substituir os Mirage 2000, que serão desativados a partir do próximo ano. Na licitação, concorrem três grupos: um consórcio francês com o jato Rafale; o americano, com SuperHornet, e o sueco com o Gripen. Estima-se no mercado que a concorrência possa envolver US$ 4 bilhões a US$ 7 bilhões. Serão adquiridos 36 jatos em um primeiro momento, número que pode chegar a uma centena ao longo dos próximos anos. A decisão sobre o consórcio vencedor, que está nas mãos da presidente Dilma Rousseff, pode ser conhecida até o fim do primeiro semestre.

"Estamos bastante ansiosos", afirma o brigadeiro do ar, Carlos Baptista Júnior. Tomada a decisão da licitação, o tempo de contratação das aeronaves pode ficar entre nove e doze meses. A ideia do governo é aproveitar a compra para fazer transferência de tecnologia.

Não seria a primeira vez. No início da década de 80, em um programa de aquisição de jatos, foi feita uma compra do AMX da Itália, e a Embraer absorveu parte da tecnologia na ocasião.

Outro projeto em desenvolvimento é o do avião KC-390, que trará maior mobilidade para a Aeronáutica dentro da estratégia de integração de sistemas e ganho de eficiência. A aeronave, que deverá substituir os antigos C-130 Hércules (de transporte militar), está sendo desenvolvida em contrato firmado pela Força Aérea Brasileira (FAB) com a Embraer. Com início dos ensaios em voo programados para 2014, a primeira entrega do KC-390 está prevista para 2016. "É um projeto de R$ 4 bilhões em que a Embraer é a principal contratada", diz o militar.

Com esses aviões, Carlos Baptista Júnior ressalta que a FAB terá maior velocidade para cumprir suas missões. Parte dos recursos do projeto é financiada pelo Tesouro. Argentina, República Tcheca e Portugal são parceiros de risco da iniciativa, enquanto Chile e Colômbia discutem a possibilidade de integrá-la.

Outro projeto é a aquisição de 50 helicópteros entre 2011 e 2017, um contrato de cerca de € 1,8 bilhão e tem o consórcio vencedor formado por Helibrás e Eurocopter. O acordo prevê que as primeiras aeronaves serão fabricadas na França e as demais no Brasil. O cronograma de entregas irá cumprir uma escala gradativa de nacionalização de componentes. "Queremos fomentar essa indústria no Brasil, que poderá até se tornar polo de exportação por conta desse projeto", analisa Baptista Júnior.

Iniciativa deve unir as Forças Armadas


Se planejar e perseguir a inovação no setor de defesa, o Brasil poderá colher frutos em muitas outras áreas. Essa é a opinião do pesquisador Waldimir Longo, professor emérito do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), da Universidade Federal Fluminense. Pós-graduado em universidade americana, com apoio financeiro do governo dos EUA quando era oficial no Brasil, Longo propõe um sistema de incentivo à inovação baseado no modelo daquele país, onde um quinto do orçamento federal (US$ 700 bilhões em US$ 3,5 trilhões) é aplicado em defesa.

"Metade dos físicos dos EUA que ganharam o Nobel foram financiados pelo Departamento de Defesa", diz Longo. "Temos que ter um sistema semelhante, mas é necessário unir as três forças."

As Forças Armadas buscam uma ação coordenada. De acordo com o Ministério da Defesa, a Estratégia Nacional de Defesa estabelece três áreas prioritárias: a nuclear, a cargo da Marinha; a espacial, da Força Aérea, e a cibernética, a ser desenvolvida pelo Exército.

Os ministérios da defesa e da ciência e tecnologia abriram licitação para desenvolver um antivírus nacional. O Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer, do MCT, mantém um programa que captura arquivos potencialmente perigosos na internet e constatou que os antivírus à disposição no mercado não conseguem detectar 20% das ameaças criadas para atingir exclusivamente o Brasil.

Empresas reforçam parcerias e aquisições


Incentivo à pesquisa, desenvolvimento de novas técnicas e produtos, investimentos e possibilidade de exportar. O programa Brasil Maior, que fundamenta a Estratégia Nacional de Defesa (END), está reabrindo as perspectivas para a indústria nacional. A movimentação nesse mercado já pode ser observada pelo lançamento de produtos e pelas associações entre empresas nacionais.

"As companhias têm trabalhado bastante para inovar", revela o almirante Carlos Afonso Pierantoni Gambôa, vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde). A Condor Tecnologias não Letais, do Rio de Janeiro, por exemplo, acaba de lançar uma pistola de choque elétrico mais moderna e inovadora que a americana Taser, conta ele. Entre outras inovações, o produto nacional permite o uso ambidestro.

As medidas do governo complementam a decisão da Embraer de investir cada vez mais nessa área, afirma Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança. Criada em 1969, a Embraer foi privatizada em 1994 e se projetou internacionalmente como fabricante de aeronaves civis. De 2006 para cá, a empresa aumentou a ênfase na área de defesa. A participação do segmento no faturamento total naquele ano foi de 5%, revela Aguiar. Nos números de 2011, a serem divulgados em março, a defesa deve elevar sua participação para 14%. A perspectiva é chegar a 25% da receita até 2020.

A Embraer tem adquirido participações societárias em outras empresas de capital nacional com o intuito de reforçar sua capacitação tecnológica. A companhia adquiriu o controle da fabricante de radares Orbisat e 50% da Atech. Também criou a Harpia, joint venture com a AEL Sistemas, fabricante de aviônicos ligada à israelense Elbit. A Harpia vai desenvolver os chamados vants (veículo aéreo não tripulado).

Com essas aquisições, diz Aguiar, a Embraer Defesa e Segurança e suas parceiras estarão aptas a "formatar uma solução mais completa" para os clientes. O executivo acredita que será possível fornecer 65% de conteúdo nacional para projetos importantes como o Sistema de Vigilância de Fronteiras Terrestres. Os 35% restantes viriam de parcerias com empresas internacionais.

Aguiar afirma que, a exemplo da Embraer, as associadas já possuem participação no mercado internacional, que pode ser ampliada com a união de forças. Em 2007, a AEL Sistemas iniciou um programa de modernização, com investimento de R$ 20 milhões. Faz parte do projeto a construção de um centro de tecnologia, que ficará pronto até outubro. Especializada em sistemas eletrônicos para navegação aérea (aviônicos), a AEL viu crescer o mercado e elevou o número de engenheiros da empresa de 15, em 2001, para 90, diz Paulo Renato Jotz, diretor de marketing.

A companhia está disputando o fornecimento de sistemas para o carro de combate Guarani, do Exército, que vem sendo desenvolvido em parceria com a Iveco.

Outra que está aproveitando o momento é a IACIT, fornecedora de serviços de suporte logístico. Ela desenvolve o GABS, sistema destinado à melhoria da qualidade da informação para a navegação por satélites do GNSS (Global Navigation Satellite Systems). Segundo o presidente, Luiz Teixeira, a empresa capacitou-se investindo em treinamentos e softwares.

A IACIT investiu 12% do faturamento em pesquisa nos últimos dois anos e espera crescer de 10% a 20% nos próximos cinco anos.

A Orbisat aposta no desenvolvimento de hardware eletrônico de radares e softwares para processamento. A empresa aplica 7,5% do faturamento em pesquisa e também desenvolve a própria tecnologia, explica o presidente, Maurício Aveiro. Com faturamento de R$ 60 milhões, a Orbisat projeta expansão de 15%. O mercado interno responde por 85% das vendas.

Exportação pode ganhar impulso


Acima dois Embraer EMB 314 Super Tucano da FAB; A aeronave brasileira é um sucesso de exportação

A expectativa é que o novo impulso da indústria de defesa no país crie um efeito favorável sobre a balança comercial - principalmente porque o setor trabalha com bens de alto valor agregado. Tanto que a indústria aeronáutica é o único setor manufatureiro com superávit comercial, diz Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança.

De acordo com o Ministério da Defesa, em 2010, as vendas internas do setor foram de US$ 2 bilhões, as importações, no mesmo valor, e exportações, de US$ 1,5 bilhão. Segundo a assessoria da pasta, cerca de 40% desse valor são insumos, matérias-primas e equipamentos de bordo utilizados pelas Forças Armadas. Os números de 2011 ainda não foram fechados.

O mercado externo participa com 50% da receita da Embraer - a empresa toda, não só a área de defesa -, revela Aguiar, número que deve se manter nos próximos anos. Ele defende o desenvolvimento tecnológico do setor como estímulo às exportações de bens de alto valor agregado, para superar a tendência de vendas externas concentradas em commodities. É um modelo que já vem funcionando em países como Canadá e Austrália, que vendem trigo e carne em grande quantidade, mas também exportam produtos de alta tecnologia - sobretudo nas áreas aeronáutica e de telecomunicações.

Se o crescimento da indústria de defesa não é visível, o mesmo não se pode dizer das fabricantes de armas "leves". Pelos dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, em 2011 o saldo comercial dessa área cresceu 2,1%, chegando a R$ 258,5 milhões. As exportações foram de R$ 293 milhões, com queda de 8,9% em relação a 2010.

Entretanto, o crescimento do saldo comercial em uma década foi de expressivos 500%.

Com 65% a 70% das vendas concentradas na América do Norte, a Forjas Taurus espera expansão de 10% nas exportações para esse mercado este ano, diz Jorge Py Velloso, vice-presidente sênior da empresa. E nos demais mercados, de 10%.

Pesquisa patina por falta de crédito


Se o governo pretende incentivar a indústria de defesa, terá de encontrar fórmulas de financiar seu principal motor: a área de pesquisa e desenvolvimento. Essa é a opinião unânime de especialistas ligados ao setor - desde os comandantes militares até os executivos da indústria, passando por acadêmicos. A aceleração do processo esbarra, porém, na escassez de combustível: faltam fontes de recursos para alimentar investimentos intensivos na busca por tecnologia.

Financiamento à pesquisa foi um dos temas mais candentes do 2º Seminário Defesa Nacional, realizado em Brasília. O presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix, propôs uma mudança radical na visão que o financiamento à área de P&D tem hoje no país. Brincando com a possibilidade vir a ser "degolado" do cargo, Arbix sugeriu a uma plateia formada por oficiais, parlamentares e executivos da indústria de defesa que se faça um esforço para que os investimentos no setor deixem o orçamento das três forças e passem a compor projetos prioritários, como o Programa de Aceleração do Crescimento.

O principal argumento em defesa de sua tese é o fato de que os grandes programas brasileiros têm custo elevado, entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões. É o caso do reator nuclear da marinha e do satélite geoestacionário que está sendo desenvolvido pela área aeroespacial, entre outros. Um único programa consumiria quase todos os recursos disponíveis, diz Arbix. Entre os programas prioritários da pasta da defesa para os próximos anos estão a construção de submarinos - convencionais e nucleares -, o desenvolvimento do jato de transporte KC-390 e os sistemas de vigilância de fronteiras (SisFron) e do mar territorial (SisGAAz).

Segundo Arbix, no ano passado a Finep financiou projetos no valor de R$ 2,9 bilhões, dos quais "quase R$ 1 bilhão" foram para a indústria da defesa. Os números de 2011 ainda não foram consolidados. Os ministérios da ciência e tecnologia e da defesa investiram, em conjunto, cerca de R$ 1,5 bilhão em projetos de defesa entre 2007 e 2011, segundo o ministro da ciência e tecnologia, Marco Antônio Raupp.

O presidente da Finep lembra que os resultados da pesquisa com fins militares podem ser estendidos a toda a sociedade. "O reator multipropósito serve para o combustível do submarino nuclear, mas serve também para fármacos", lembra. Segundo ele, o Brasil padece com a falta de reatores para produzir radiofármacos. De três em operação, dois produzem muito pouco e o principal não dá conta da demanda - além de estar em operação desde 1954.

O deputado Carlos Zarattini (PT-SP), presidente da Frente Parlamentar da Defesa Nacional, defende o uso de parte dos royalties do petróleo e da mineração para um fundo de financiamento à defesa. Já Waldimir Longo, professor emérito do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest), da Universidade Federal Fluminense, sugere a criação de uma agência de defesa para investir em ciência e tecnologia, unindo os orçamentos dos centros tecnológicos do Exército, Marinha e Aeronáutica. O modelo é semelhante ao dos fundos setoriais, que arrecadam a partir de setores como energia e telecomunicações. "O fundo de defesa poderia pegar parte desses fundos todos e fazer a interface entre a pesquisa militar e a civil", afirma Longo. "Precisamos achar fontes de financiamento para a pesquisa militar. No Chile e no Peru o dinheiro vem do cobre, na Turquia, dos jogos de azar."

A falta de recursos foi agravada na semana passada, com o contingenciamento de 20% da verba do Ministério da Defesa para este ano. O pesquisador Eduardo Brick, professor do Inest, criticou a medida. Segundo ele, a questão do financiamento do setor não pode ser "mais do mesmo e muito menos, "menos do mesmo", como parece que está acontecendo agora", afirmou, em referência aos cortes. Para Brick, a falta de recursos compromete a existência de uma política de defesa. Ele lembra que outros setores prioritários como saúde, educação e transportes também recebem aportes de Estados e municípios, o que, de certo modo, reduz o impacto dos cortes no orçamento federal. O mesmo não acontece com a defesa.

Mesmo a Finep tendo elevado os desembolsos para o setor em 40% no ano passado, Arbix considera os investimentos "muito modestos". Segundo ele, a necessidade maior de financiamento demonstra a vitalidade do setor, quase inexistente quatro ou cinco anos atrás, mas mostra também a necessidade de mudar a abordagem do problema e buscar novos meios para que ele se financie. "O problema do Brasil não é só aumentar a taxa de investimento para manter o crescimento da economia, mas zelar pela qualidade do investimento, saber até que ponto estamos evoluindo para as áreas mais intensivas do conhecimento", defendeu o presidente da Finep.

Principal indústria brasileira no setor, a Embraer investe cerca de R$ 180 milhões por ano em P&D, dos quais 75% com recursos próprios e 25% por meio de convênios de fomento, revela o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Luiz Carlos Aguiar. "Poderia ser muito mais se tivéssemos recursos para apoiar a empresa", defende Arbix.

Pré-sal exige maior vigilância de área costeira


Com uma área que se estende por 4,5 milhões de km 2, quase metade do território nacional, a chamada Amazônia Azul ganhou relevância no cenário internacional após a descoberta da camada de pré-sal, que deverá converter o Brasil em um dos maiores exportadores mundiais de petróleo.

A área total vai da linha costeira até o limite exterior da plataforma continental, hoje em 200 milhas náuticas da costa. O governo, contudo, já se articula para pleitear à Organização das Nações Unidas (ONU) a extensão desse limite para 350 milhas náuticas em 2013, por conta da exploração de óleo e gás. Hoje as reservas existentes na camada pré-Sal respondem por 2% da produção da Petrobras, mas deverão pular para 18% em 2015 e para 40% em 2020.

Nesse contexto, ganha destaque o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAz), um conjunto de satélites, sensores, radares, câmeras e outros equipamentos para monitorar a costa brasileira. Sua intenção é rastrear embarcações e identificar riscos às plataformas de petróleo. "Os limites jurisdicionais marítimos são linhas imaginárias sobre o mar, elas não existem fisicamente; portanto, o que as define são as patrulhas que fazem o monitoramento", diz o almirante de esquadra João Afonso Prado Maia de Faria.

Em 2011, a Marinha do Brasil contratou a Atech para elaborar a arquitetura do SisGAAz, cuja conclusão está prevista para o segundo semestre de 2013, informa o contra-almirante Paulo Maurício Farias Alves. Ele observa que ainda não há valores de investimento definidos sobre o projeto.

A Marinha emprega o Sistema Naval de Comando e Controle (SisNC²) como principal ferramenta para monitorar a costa brasileira. O SisGAAz, ao incorporar novos sistemas e integrá-los aos existentes, proporcionará à Marinha a possibilidade de modernizar a sua estrutura de comando e controle, reduzindo o tempo de transmissão e processamento de dados entre os subsistemas e agentes envolvidos. Haverá aumento da capacidade de proteção das instalações marítimas, em particular as plataformas de petróleo e gás.

As prioridades do sistema são a faixa litorânea que vai de Santos a Vitória e a área da foz do Rio Amazonas. O projeto ainda está na fase de concepção. Seguindo a Estratégia Nacional de Defesa, diretriz anunciada em 2008 pelo governo federal, a prioridade para fornecer bens e serviços será dada a empresas que buscarem produzir localmente.

Em paralelo, a Marinha também busca ampliar sua capacidade operacional. Hoje o país dispõe de uma brigada, localizada no Rio de Janeiro. Uma ideia em estudo é constituir uma segunda, que poderia ficar no Norte ou Nordeste. Novas embarcações também estão sendo encomendadas para ampliar a vigilância. Outro passo é o programa do submarino nuclear, que visa à construção do primeiro submarino de propulsão nuclear, o que faria o Brasil integrar um seleto grupo de países que detém a tecnologia, como Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia e China.

O submarino não permite só a ampliação das ações da Marinha em águas profundas e distantes da costa, mas poderá representar inovações em uma série de áreas, como em remédios, já que pode ter impacto sobre a produção de radiofármacos no Brasil. Hoje esses medicamentos, usados no tratamento de câncer, são na maioria importados, enquanto uma pequena parcela é fabricada em um reator da década de 50 na Universidade de São Paulo (USP).