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sábado, 9 de abril de 2011

Kim Jong-il freia o processo de transição de dinastias na Coreia do Norte

Kim Jong-il
A transição dinástica na Coreia do Norte, que parecia ter sido lançada no final de 2010 por Kim Jong-il, atual dirigente da República Popular Democrática da Coreia (RPDC), ainda deverá esperar. Contrariando as especulações de certos veículos da mídia norte-coreana, um de seus filhos, Kim Jong-un, previsto para sua sucessão, não assumiu as funções de número dois do país na quinta-feira (7).

A Coreia do Norte é um dos países mais fechados do mundo, no qual a família Kim reina absoluta, passando o poder de pai para filho há 63 anos, graças a um regime opressor. Alguns elementos levavam a acreditar que Kim Jong-il estava prestes a colocar em posição de autoridade esse filho de 27 ou 28 anos, dependendo da fonte, que estudou na Suíça. Fragilizado por um derrame cerebral em 2008, Kim Jong-il, que sofreria também de diabetes e de problemas cardiovasculares, havia iniciado com certa pressa um processo de sucessão, em 2010.

Kim Jong-un, cujo rosto era até então desconhecido, foi promovido a general de quatro estrelas em setembro, e depois nomeado ao Comitê Central do partido e designado vice-presidente da comissão militar central do partido, que supervisiona o exército de 1,2 milhão de soldados.

No dia 10 de outubro, o regime convidou a imprensa internacional - fato raro - para as comemorações do 65º aniversário do Partido do Trabalho, para oficializar essa transição. Em uma arquibancada, durante um espetáculo no qual regimes totalitários gostam de ver o reflexo de uma forma de poder, estava Kim Jong-un.

Tensões regionais

Esse início de mudança em um país tão fechado, no cerne de tensões regionais tanto mais preocupantes para a comunidade internacional pelo fato de estar tentando se munir da bomba atômica, concentrava as atenções. Muitos pensavam que na 4ª sessão da Assembleia Suprema do Povo, na quinta-feira, o filho herdeiro assumiria a vice-presidência da Comissão Nacional da Defesa (CND). Segundo a Constituição, a presidência da CND cabe ao primeiro dirigente desse país - no caso, Kim Jong-il.

“A imprensa ocidental se enganou”, explicou de forma lacônica ao “Le Monde”, na quinta-feira, um diplomata norte-coreano, “essa sessão era simplesmente dedicada ao orçamento.” De fato, o nome de Kim Jong-un não foi mencionado no comunicado da agência de notícias oficial (KCNA) entre as novas nomeações. Essa surpresa, segundo um diplomata ocidental, afasta a esperança de se ver uma abertura nesse regime em um futuro próximo. Kim Jong-il, cuja saúde teria melhorado, poderia na verdade manter as rédeas e endurecer ainda mais o regime.

O comandante das forças americanas na Coreia do Sul, o general Walter Sharp, disse na quarta-feira “temer novos ataques e provocações contra seu vizinho do Sul”. A atitude considerada belicosa da Coreia do Norte obrigou a França a adiar a abertura de um escritório de representação em Pyongyang, que no entanto foi validada no final de 2010 pelo palácio do Eliseu.

Afinal, a situação humanitária no país continua a preocupar. O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas revelou, em um relatório no dia 25 de março, que se nada for feito até maio, quase 6 milhões de pessoas – sobretudo crianças e mulheres – serão afetadas pela fome. Uma catástrofe como essa causou a morte de um milhão de pessoas nos anos 1990, entre outras coisas devido ao desvio da ajuda internacional feito pelo exército e pelos privilegiados do regime.

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