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terça-feira, 31 de julho de 2012

Recepção de Mitt Romney por premiê israelense equivale a "abraço político"


Teria ele passado nas provas finais tanto entre Israel quanto entre o eleitorado judeu e protestante americano? A resposta dos editoriais, na segunda-feira (30), enquanto Mitt Romney ia para Varsóvia após uma visita de 24 horas a Israel, foi bem positiva.

Em primeiro lugar porque o candidato republicano à Casa Branca não cometeu nenhuma gafe, como em Londres, sua etapa anterior, onde teve a falta de tato de questionar o estado de preparação da capital britânica para os Jogos Olímpicos. Esmagado pela imprensa do Reino Unido, ele demonstrou em Jerusalém uma grande prudência em suas declarações, ao mesmo tempo em que se mostrava firme em se tratando da “ameaça incomparável e inaceitável” que é, “para Israel, para a região e para o mundo”, o potencial nuclear do Irã, e muito crítico --implicitamente-- sobre a atitude de Barack Obama em relação a Teerã, temerosa, em sua opinião.

Romney tinha um obstáculo a evitar: criticar, em solo estrangeiro, o presidente em exercício, o que teria sido imediatamente explorado na campanha eleitoral americana. Embora em nenhum momento ele tenha pronunciado o nome do ocupante da Casa Branca, ele se esforçou para se diferenciar dele, sem, no entanto, chegar ao ponto de preconizar ataques militares contra as instalações nucleares iranianas. No máximo ele reconheceu que o Estado judaico tinha o “direito de se defender” antes de acrescentar na mesma frase: “estamos ao lado de Israel”.

Foi uma reformulação. Isso porque, algumas horas antes, sua comitiva havia afirmado que o candidato do Grand Old Party (GOP) “apoiaria” uma ação militar de Israel. Dan Senor, seu assessor de política externa, claramente tentou voltar atrás: Romney “respeitaria” tal decisão, mas sua “grande esperança” é de que as medidas diplomáticas e econômicas contra o Irã alcancem seu objetivo.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que é bastante ativo quanto ao tema, estava visivelmente satisfeito, ainda mais quando Romney fez a referência “Jerusalém, capital de Israel”. Teria sido um engano? No máximo, um deslize calculado: embora a comunidade internacional --os Estados Unidos, inclusive-- não reconheça a decisão do Estado israelense de fazer da Cidade Santa sua capital “una e indivisível”, Romney é somente um candidato à presidência americana e, Barack Obama, em 2008, em condições comparáveis, também havia empregado essa expressão, antes de se retratar uma vez dentro da Casa Branca.

Estatura internacional
A passagem do ex-governador do Massachusetts por Israel quase começou mal: sua programação previa um jantar no hotel King David, destinado a levantar fundos para sua campanha eleitoral. O evento, para o qual foram convidadas cerca de 50 pessoas --a US$ 50 mil (cerca de R$100 mil) cada-- aconteceria mesmo durante a festa de Tisha B’av, na qual os judeus jejuam para rememorar a destruição do Templo.

Como teria parecido algo despropositado, o programa foi alterado: Netanyahu convidou Ann e Mitt Romney para um jantar particular no domingo à noite, e foi durante um café da manhã, na segunda-feira, que o candidato esperava arrecadar, segundo sua comitiva, mais de US$ 1 milhão (cerca de R$2 milhões).

A tarefa de Mitt Romney era delicada, mas esse exercício visando afirmar sua estatura internacional foi realizado diante de um público já ganho de antemão: as relações entre Netanyahu e Obama são notoriamente ruins, e em Israel a maioria política é próxima dos republicanos. Mas o chefe da Casa Branca se esforçou para se antecipar a seu adversário: os emissários de Washington vêm se multiplicando já há algum tempo em Jerusalém, e Obama anunciou na sexta-feira uma ajuda militar extra de US$ 70 milhões ao Estado judaico.

Para o primeiro-ministro israelense, essa visita comportava o risco de dar um apoio excessivamente ostensivo ao candidato republicano, sendo que uma reeleição de Barack Obama é possível. Não há certeza de que Netanyahu tenha evitado isso: “esse jantar privado na casa do primeiro-ministro para um candidato em campanha eleitoral é algo sem precedentes”, notou um diplomata israelense, “isso equivale a um abraço político, e pode ser considerado como uma parcialidade na campanha americana”.

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