Equipamento deficiente e efetivo militar se concentram no Sudeste e no Sul do país; cortes no Orçamento afetam planos de modernização
A capacidade de reação militar se encontra comprometida. O país não enfrenta ameaça imediata, mas não deixa de ser preocupante a constatação de que uma agressão encontraria as defesas um tanto despreparadas.
Como esta Folha mostrou no domingo, menos da metade dos caças está em condições de voo, situação similar à dos helicópteros. Dos quase 2.000 blindados, pouco mais de mil ficam à disposição para eventual combate.
Na região amazônica, onde narcotraficantes e paramilitares atuam com desenvoltura nos países vizinhos, a prioridade conferida pela Estratégia Nacional de Defesa, de 2008, não se concretizou.
Houve, é claro, avanços nas últimas décadas, como a consolidação do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia) nos anos 1990. Mas a Amazônia abriga só 13% da força do Exército. A Aeronáutica, de importância crucial em área tão vasta, mantém só 15% dos seus homens na região Norte. Isso não significa que o país esteja paralisado no terreno militar. Após décadas de sucateamento, entraram em marcha nos últimos anos alguns projetos de modernização, inseridos na Estratégia Nacional de Defesa.
Na Marinha, há planos de renovar a frota de submarinos, que passaria a contar com um de propulsão atômica. Na Aeronáutica, devem ser adquiridos novos caças, quando for resolvida a concorrência que se arrasta há mais de dez anos. E o Exército tem pronto um ambicioso projeto para proteger os limites terrestres do país, o Sisfron (Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras).
A contenção de despesas ordenada pela presidente Dilma Rousseff, no entanto, impôs um congelamento a esses planos. Ainda que tenham sido adiados momentaneamente, parece óbvio que devem ser retomados assim que o cenário econômico e fiscal se mostrar mais favorável.
O confronto entre as mazelas sociais do país, de um lado, e a ausência de ameaça externa clara no horizonte próximo, de outro, sempre torna difícil justificar bilionários gastos militares. No entanto, a crescente influência do Brasil no cenário internacional, aliada à descoberta de volumosas reservas de petróleo do pré-sal, deve refletir-se na sua capacidade militar.
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