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segunda-feira, 16 de julho de 2012

Stanley A. McChrystal, ex-comandante da ISAF, pede reforças no serviço militar dos EUA


General Stanley A. McChrystal

No final de junho, o general Stanley A. McChrystal, o ex-comandante das forças internacionais no Afeganistão, pediu pela reintrodução do serviço militar obrigatório. “Eu acho que se o país vai à guerra, toda cidade precisa estar em risco”, ele disse no Aspen Ideas Festival. “Você toma essa decisão e todo mundo tem algo em jogo.”

Essa foi a primeira vez em anos recentes que um alto oficial rompe fileiras para argumentar que uma força totalmente voluntária não é necessariamente boa para o país ou para as forças armadas. Diferente dos europeus, os americanos ainda parecem determinados a manter uma força militar séria, então, precisamos pensar em como pagar por ela e preenchê-la com pessoal por meio da criação de um recrutamento melhor e mais justo do que o sistema de recrutamento da era do Vietnã.

Um novo serviço militar obrigatório, incluindo tanto homens quanto mulheres, deveria conter três opções para os novos recrutas saídos do colégio. Alguns poderiam escolher 18 meses de serviço militar com baixa remuneração, mas com excelentes benefícios pós-serviço, incluindo bolsa de estudos gratuita para a faculdade. Esses recrutas não seriam enviados para o exterior, mas poderiam realizar tarefas atualmente terceirizadas a um grande custo para o Pentágono: trabalho burocrático, pintura dos quartéis, corte da grama, trabalho de motorista para os generais e outras tarefas de menor qualificação, para que os soldados profissionais não precisem fazê-las. Se quiserem permanecer nas forças armadas, eles poderiam passar à força profissional e receber treinamento com armas, maior remuneração e benefícios melhores.

Aqueles que não quisessem servir no Exército poderiam prestar serviço nacional civil por um período ligeiramente maior e de igual baixa remuneração, lecionando em áreas de baixa renda, limpando parques, reconstruindo infraestrutura degradada ou ajudando idosos. Após dois anos, eles receberiam benefícios semelhantes, como uma ajuda de custo para o ensino superior.

E os libertários contrários ao serviço militar poderiam optar por não participar. Aqueles que se recusassem a ajudar o “Tio Sam” prometeriam em troca nunca pedir nada dele –nada de Medicare (seguro-saúde público para idosos e inválidos), nada de crédito estudantil subsidiado e nada de garantias para hipotecas. Aqueles que quiserem um governo mínimo podem tê-lo.

Os críticos diriam que isso é politicamente inviável. Pode ser agora. Mas os Estados Unidos já testemunharam formas bem menos benignas de recrutamento militar. Um novo recrutamento que mantenha o tamanho e qualidade da atual força totalmente voluntária, economize dinheiro do governo por meio de um serviço nacional civil e libere os soldados profissionais da realização de trabalhos braçais teria apelo para muitos eleitores.

Outros argumentariam que os números não batem. Com um contingente anual em média de quatro milhões de jovens de 18 anos, simplesmente não haveria lugar para colocar todas essas pessoas. Mas o governo poderia usar essa mão de obra barata de novas formas, realizando trabalhos que o governo faz em outros países, mas que são considerados caros demais neste aqui, como fornecer creche universal gratuita ou entregando refeições para idosos. E se pessoas demais se candidatarem ao programa militar de 18 meses, então poderia ser concebido um sistema de loteria – o oposto do sistema dos anos 70, onde ser convocado dificilmente era desejado. O restante poderia prestar serviço nacional não militar.

Uma objeção final seria o preço; este programa custaria bilhões de dólares. Mas também economizaria bilhões, especialmente se implantado de forma ampla e criativa. Uma razão para nossas forças armadas relativamente pequenas serem extremamente caras é que todos os soldados voluntários de hoje são bem-remunerados; eles frequentemente têm cônjuges e filhos que necessitam de moradia e atendimento médico.

Recrutas solteiros não precisam dessa rede de segurança. E grande parte do trabalho atualmente contratado junto ao setor privado poderia ser realizado por jovens de 18 anos por muito menos. E poderíamos elevar a idade de aposentadoria para a força profissional de 20 para 30 anos de serviço. Não há motivo para dispensarmos adultos saudáveis de 40 anos das forças armadas e então lhes darmos pagamento integral de aposentadoria por 40 anos. Essas reformas reduziriam enormemente tanto os custos de recrutamento quanto de pensão.

De modo semelhante, alguns dos programas de serviço civil ajudariam a economizar dinheiro do governo: levar alimentos para idosos poderia evitar a ida da pessoa para um asilo. Seria barato abrigar os recrutas em bases militares fechadas. Abrigar membros do serviço civil seria mais caro, mas um uso criativo dos ativos existentes poderia economizar dinheiro. Por exemplo, os hospitais de veteranos poderiam ter espaço.

O pool de mão de obra barata disponível para o governo federal reduziria amplamente seus atuais custos de pessoal e obrigações de pensão – especialmente se a lei dissesse aos gestores federais para usarem o serviço civil o máximo possível e sempre que plausível. O governo poderia também disponibilizar essa mão de obra barata para os Estados e municípios. Imagine quantos parques locais poderiam ser limpos e quanto poderia ser economizado se algumas poucas centenas de zeladores das escolas de Nova York tivessem 19 anos, fossem enérgicos e ganhassem US$ 15 mil por ano mais alojamento e alimentação, em vez de terem 50 anos, estivessem cansados e ganhando US$ 106.329 por ano, o piso salarial para os zeladores de escolas públicas na cidade, fora hora extra.

As economias poderiam ser uma forma de persuadir os sindicatos representando funcionários federais, estaduais e municipais, porque eles entendem que há um enorme arrocho orçamentário que atingirá o governo federal em poucos anos. O estabelecimento de uma nova faixa de carreira de trabalhadores jovens e baratos poderia ser uma forma de preservar os empregos existentes para trabalhadores sindicalizados mais velhos, mais capacitados e com menor mobilidade.

Mas acima de tudo, contar com um recrutamento poderia, como disse McChrystal, fazer os americanos pensarem mais cuidadosamente antes de entrarem em uma guerra. Imagine as economias – em sangue, lágrimas e tesouro nacional– se tivéssemos pensado duas vezes sobre se realmente queríamos invadir o Iraque.

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