A ofensiva do chefe do governo romeno para tomar o poder aumenta a preocupação sobre um retrocesso democrático no sudeste do continente.
O premiê da Romênia, Victor Ponta, usou a artilharia pesada para deixar Basescu fora do jogo |
O mecanismo da ofensiva institucional consistiu em eliminar, várias vezes por meio de decreto, qualquer obstáculo possível. O presidente do Senado é por lei quem substitui o presidente do país quando este é suspenso? Elimina-se o que há e coloca-se um semelhante, Crin Antonescu, para que, depois da votação de suspensão, seja o próximo presidente interino - como ocorreu. O presidente da Câmara baixa pode impedir que se vote em sessão extraordinária a suspensão de Basescu? Destitui-se. O Defensor do Povo é o único capaz de vetar um decreto de urgência do governo, como o que corta poderes do Tribunal Constitucional? Coloca-se outro que não proteste. Pode ser preciso acelerar algum decreto? Assume-se o controle do equivalente o romeno do Diário Oficial - até duas semanas atrás supervisionado pelo Parlamento - e como as medidas só entram em vigor quando são publicadas, isso ocorre quando o governo quiser.
A confusão e a incerteza sobrevoam todo o processo, que repercutiu em diversas depreciações da moeda do país, o leu, em um momento de recessão e quando os cidadãos sofrem severos cortes. Em princípio, Ponta usou a artilharia pesada para deixar Basescu fora do jogo, que acusa de interferir no dia a dia da política, abusando de suas atribuições. O presidente, na Romênia, tem um poder considerável, já que além de exercer a alta representação exterior do país pode vetar as candidaturas a promotor geral e propor o chefe do serviço secreto, por exemplo.
No entanto, há quem acredite que o governo romeno não empregou manobras semelhantes só para suspender o presidente. Interpretam que por trás está a corrupção, muito enraizada no país, e remontam o início da crise a 20 de junho. Nesse dia, Adrian Nastase, que completava 62 anos, se deu um tiro perto da garganta em uma tentativa de suicídio que ficou em feridas. O primeiro-ministro (2000-2004) com que a Romênia entrou na Otan e negociou a adesão à UE havia sido condenado a dois anos de prisão por corrupção em março, e nesse dia seria executada a ordem de prisão, que ele já cumpre.
"Essa condenação foi como uma descarga elétrica para toda a classe política", explica Sorin Ionita. "Nos últimos cinco anos, houve avanços na luta contra a corrupção. Antes os políticos tinham uma forte sensação de impunidade, e com esta decisão ela saltou pelos ares. Há vários casos de corrupção pendentes próximos do governo, e, pressionado por membros de seu partido e de seus aliados, Ponta tinha de agir agora, antes das eleições de novembro." Cristina Guseth, da Freedom House na Romênia, concorda com essa análise e argumenta que "o objetivo último dessas manobras é controlar a justiça".
A crise romena lembra o recente conflito da Hungria com a UE, apesar de na Romênia a Constituição não ter sido alterada. Budapeste aprovou uma nova Carta Magna que solapava os princípios democráticos e leis que atentavam contra a liberdade de imprensa e minavam a independência da autoridade de proteção de dados e a do banco central. Esta última norma acabou com a paciência de Bruxelas, que em dezembro suspendeu as negociações com a Hungria para lhe dar, junto com o FMI, um crédito de 20 bilhões de euros até que se garanta a independência do banco. Depois de meses de tensão, a UE se deu por satisfeita com as reformas legais de Budapeste.
O processo de adesão da Romênia à UE, que culminou em 2007, já foi em si espinhoso, sobretudo por causa da corrupção. O último relatório da Transparência Internacional, de dezembro passado, constata a fragilidade das instituições democráticas e indica que resta muito a fazer nesse sentido em um país que ainda luta por se desligar da cultura política herdada do comunismo. Para Cristina Guseth, o que aconteceu é que "a antiga 'nomenklatura' se transformou em 'cleptoklatura'".
A política cada dia que passa é um circo maior, só falam em democracia, democracia, engraçado que ninguém está nem ai para combaterem o crime principalmente o organizado, ninguém está nem ai para investimentos em saúde,o que poderiam incluir na pesquisa por curas de doenças ainda que matam em massa em pleno século XXI como cancer e AIDS, mais está todo mundo preocupado com o valor de uma merda de um voto para ver quem é ou não o chefe de estado legitimo? A política virou um circo tão ridículo que de não é de se estranhar pq é um dos assuntos que possuem menor índice de popularidade entre o povo.
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