O presidente Barack Obama nomeou nesta segunda-feira (30) o general Martin Dempsey (dir.), que comandou uma divisão armada no Iraque, como principal comandante militar dos Estados Unidos |
Dempsey, que se confirmado pelo Senado assumiria o posto do almirante Mike Mullen como mais alto oficial militar do país, nunca se posicionou publicamente sobre quantas tropas seriam retiradas a partir de julho ou a data estabelecida pelo presidente para começar a reduzir a presença militar americana no Afeganistão.
Mas ele entrará em um debate que está fervendo dentro do governo há dois anos. De um lado estão aqueles que querem manter o nível atual das tropas pelo máximo de tempo possível e manter uma estratégia de contra-insurreição, que enfatiza a libertação de regiões-chave de combatentes do Taleban e ajudar o governo afegão a construir instituições estáveis. Do outro lado estão aqueles que querem se concentrar no contraterrorismo, usando menos tropas para executar ataques concentrados contra as forças da Al Qaeda e do Taleban.
Obama não deu dica de para qual lado está inclinado, dizendo apenas que espera que Dempsey, atualmente o chefe do Exército, apresente a ele todas as opções sobre como começar a trazer as tropas americanas de volta para casa.
“Eu espero de você, e do restante do Estado-Maior, aquilo que mais prezo em meus assessores, seu conselho honesto e direto, e todas as opções disponíveis, especialmente no que se refere à nossa mais solene obrigação, a de proteger as vidas de nossos bravos homens e mulheres de uniforme”, disse Obama ao general em uma cerimônia no Jardim das Rosas da Casa Branca.
Como chefe do Estado-Maior, Dempsey será o mais alto assessor militar do presidente, trabalhando ao lado de Leon E. Panetta, o diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), que poderá ser nomeado secretário de Defesa quando Robert M. Gates se aposentar no final de junho, e do general David H. Petraeus, um forte defensor da estratégia de contra-insurreição e o comandante encarregado de executá-la, que assumirá o posto de Panetta na CIA.
O presidente escolheu Dempsey em vez do general James Cartwright, que era visto como defensor da abordagem mais limitada de contraterrorismo defendida pelo vice-presidente Joe Biden e por vários outros assessores do governo. Ao escolher Dempsey, Obama de certo modo cedeu às preferências de Mullen, cujo mandato expirará em 30 de setembro, e Gates, que segundo colegas ficou descontente quando Cartwright aconselhou a Casa Branca durante o debate sobre o aumento de tropas em 2009, o deixando de fora da conversa.
O debate sobre a escala e o ritmo de qualquer retirada de tropas se desenvolverá tendo como fundo considerações de política doméstica e exterior. Muitos democratas no Congresso, e até mesmo alguns poucos republicanos, já estão começando a pedir por uma retirada mais rápida, após a morte de Osama Bin Laden neste mês e as crescentes pressões fiscais sobre o governo. Esses pedidos poderiam fortalecer a mão de assessores como Biden, que defendem uma missão menor e mais focada.
Além disso, as autoridades americanas começaram a apoiar seus pares afegãos nas negociações com o Taleban afegão, parte do esforço para acelerar uma reconciliação política. Esses esforços ainda não deram frutos, mas oficiais militares disseram esperar que morte de Bin Laden forçasse o Taleban a reconsiderar sua posição.
Obama citou o debate na segunda-feira, quando notou que Dempsey entendia que “os ganhos na segurança e o progresso político precisam caminhar de mãos dadas”.
O presidente também anunciou a nomeação do almirante James A. Winnefeld Jr. como vice chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, substituindo Cartwright, que está se aposentando.
Winnefeld atualmente é o mais alto oficial do Comando do Norte, baseado em Colorado Springs, Colorado, um quartel-general criado após os ataques de 11 de Setembro de 2001 e cuja responsabilidade é a defesa do território americano.
O almirante estava no comando do porta-aviões Enterprise, que estava voltando para casa, após um envio ao Oriente Médio, quando soube dos ataques terroristas de 11 de Setembro em Washington e Nova York. Winnefeld, sem aguardar ordens do Pentágono, ordenou que o porta-aviões desse meia volta para ficar em posição de ataque, caso uma ação fosse ordenada, o que ocorreu em questão de semanas.
De modo semelhante, em abril de 2004, a 1ª Divisão Blindada de Dempsey estava concluindo seu serviço de 12 meses em Bagdá quando ele recebeu uma nova e última missão, permanecer 90 dias adicionais para reprimir a rebelião xiita que inflamava a região centro-sul do Iraque.
Mas um quarto de seus 30 mil soldados e mais da metade de seus 8 mil tanques, blindados e peças de artilharia já tinham deixado o Iraque. Dempsey chamou de volta suas tropas e blindados e os enviou para combater as milícias xiitas.
“Eu reuni todos os meus comandantes e lhes disse que iríamos demonstrar que uma força pesada pode ser ágil, colocando pesado e ágil na mesma sentença, um lugar onde nunca estiveram antes”, disse Dempsey em uma entrevista na época.
Ele montou uma contraofensiva que combinou ataques ferozes, negociações políticas e uma rápida injeção de dinheiro de reconstrução nos bairros danificados para derrotar as milícias xiitas e compensar a influência delas.
O presidente nomeou outro veterano da guerra no Iraque, o general Ray Odierno, para substituir Dempsey como chefe do Exército. Odierno já tinha servido três vezes no comando de combate no Iraque antes de ser nomeado mais alto oficial do Comando das Forças Conjuntas das forças armadas.
Apesar de Petraeus ter recebido o crédito por reverter a situação de uma missão que estava fracassando no Iraque, foi Odierno, na época o segundo em comando, que esteve encarregado dos combates diários durante o aumento das tropas.
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