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quinta-feira, 5 de maio de 2011

O homem que conduziu a CIA até Bin Laden

Osama Bin Laden
Osama bin Laden evitava, por motivos óbvios, qualquer tipo de comunicação via Internet ou telefônica, e só confiava em mensageiros, um sistema baseado em pessoas - muito poucas - que o manteve em contato com o mundo e a salvo de ser capturado pelas forças dos EUA nos quase dez anos que viveu com um preço sobre sua cabeça, desde os ataques de 11 de setembro de 2001.

A rede de informação CNN informou na terça-feira que o homem que conduziu - sem querer - até o esconderijo de Bin Laden foi um kuwaitiano chamado Abu Ahmad. A CNN citou fontes diplomáticas na obtenção de tão importante informação e afirmou que a identidade de Ahmad foi confirmada pela CIA em 2007.

Como se chegou ao nome de Ahmad está diretamente ligado ao sistema de encarceramento e detenção secreta montado pela CIA em nome da guerra contra o terrorismo, que o governo George W. Bush optou por chamar de emprego de "técnicas de interrogatório aperfeiçoadas", ou torturas. Entre outras sutilezas, incluíam a conhecida como "waterboarding", a técnica de afogamento simulado para obter informações dos presos. Khalid Sheikh Mohamed, o cérebro dos atentados do 11-S - foi submetido a essa tortura 183 vezes.

Para os agentes da CIA que realizavam os interrogatórios, durante os mesmos era tão importante o que se dizia como o que se calava ou se dizia desconhecer. Por isso, depois que vários réus de Guantánamo deram o nome do principal mensageiro de Bin Laden, os militares de Guantánamo tentaram averiguar o que sabiam sobre essa pessoa duas figuras chaves dentro da Al Qaeda e em custódia americana na base naval de Cuba. Tanto a Mohamed como ao chefe de operações da Al Qaeda, Abu Farakh al Libi, foi perguntado quem era Abu Ahmad. Os dois negaram ter ouvido esse nome. Não tinham nem ideia sobre quem estavam falando. Isso acendeu os alarmes e fez os interrogadores suspeitarem. Se dois importantes detidos mentiam sobre o mensageiro, o mais provável é que fosse alguém importante.

A caça a Bin Laden continuava aberta, mas não dava resultados. O fracasso nas montanhas de Tora Bora foi o mais perto que a CIA chegou de Bin Laden. Passavam os anos e em 2005 muitos no governo - então republicano - e no interior da agência viam que se esfriava a pista do terrorista mais procurado de todos os tempos. A opção que se tomou - ao considerar que Bin Laden deveria estar no Afeganistão ou Paquistão - foi mobilizar mais agentes da CIA nesses dois países.

Em julho do ano passado, agentes paquistaneses a soldo da CIA viram um homem dirigindo um carro pelas ruas de Peshawar que correspondia à descrição de Ahmad. Os agentes anotaram a placa do Suzuki branco. O cerco a Bin Laden acabava de começar.

Foi questão de semanas para que o mensageiro de Bin Laden, talvez o único homem em quem o príncipe do terror confiava e com quem vivia - e morreria na madrugada de segunda-feira -, acabasse conduzindo-os à porta do que seria o refúgio do líder da Al Qaeda em Abbottabad.

"Tivemos o acampamento de Bin Laden sob vigilância durante meses, tentando averiguar se tínhamos provas suficientes para poder lançar uma operação", afirmou uma fonte oficial à imprensa depois do ataque. "Os agentes trabalharam sobre o mesmo alvo durante anos e anos, até que finalmente encontraram uma pessoa que os conduziu a outra pessoa que os conduziu a outra, que finalmente os levou a quem importava. Isso foi tudo."

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