Em livro, William McRaven lista as regras do sucesso de uma missão
Almirante é o único que teve nome divulgado da equipe dos EUA que matou o terrorista em operação no Paquistão
Vice-almirante William H. McRaven |
Essa é a teoria apresentada no livro do almirante americano que ganhou fama mundial instantânea após planejar e preparar a operação que matou o líder terrorista Osama bin Laden em 1º de maio. William McRaven, 55, é o único nome conhecido da equipe que matou Bin Laden.
Os militares do Time Seis do Seal (mergulhadores de elite da Marinha dos EUA) que atuaram na operação trabalham diretamente com a CIA (agência de inteligência americana), e suas identidades são sigilosas.
O livro "Spec Ops" (spec ops: estudos de caso em guerra de operações especiais -teoria e prática, da editora Ballantine Book) foi lançado em 1995 por McRaven, que já foi um Seal.
Quando planejou o ataque ao esconderijo de Bin Laden no Paquistão, ele estava no comando do grupo JSOC (sigla em inglês para Comando Conjunto de Operações Especiais), sediado no Afeganistão e formado pelos militares das principais forças especiais dos EUA (Seals, Rangers e Deltas, entre outros).
Superioridade
McRaven baseia seu livro no conceito de "superioridade relativa" de Carl von Clausewitz, o criador da teoria militar moderna. Trata-se da habilidade de um comandante de concentrar suas forças no ponto decisivo da batalha para conseguir a vitória, mesmo que o inimigo seja mais numeroso e armado.
Foi o que aconteceu no Paquistão, quando 79 Seals invadiram um país soberano para matar Bin Laden, sob o risco constante de entrar em combate com o Exército paquistanês do norte -cuja academia fica a dez minutos do local do esconderijo.
Outro exemplo, este analisado no livro, aconteceu em 1976, quando 180 comandos israelenses invadiram o aeroporto de Entebbe (Uganda) e resgataram cerca de 90 reféns das mãos de extremistas e do Exército nacional.
Velocidade
Para McRaven, a operação especial deve contar com recursos ilimitados, providos pelo governo, e informações (sobre a localização e defesas do inimigo) fornecidas por todas as agências de inteligência do Estado.
Os alvos devem ser poucos, e a tecnologia envolvida, totalmente nova -como na morte de Bin Laden, quando os Seals usaram helicópteros invisíveis a radar, de configuração ainda desconhecida, para entrar no Paquistão sem alertar suas Forças Armadas.
A essência do sucesso recai, porém, na velocidade. Os militares têm que ser capazes de chegar de surpresa e cumprir seu objetivo principal em poucos minutos (os israelenses levaram três minutos para proteger os reféns; os Seals, após um acidente com um helicóptero, mataram Bin Laden em 15 minutos).
Chegar rápido ao objetivo principal é o mesmo que atingir a "superioridade relativa". Nesse ponto da batalha, o inimigo não tem mais tempo nem condições de contra-atacar de forma efetiva.
Já se houver demora para chegar ao alvo principal, diz McRaven, o pequeno grupo de forças especiais fica exposto ao que Clausewitz chama de "fricções da guerra".
Ou seja, o grupo fica sujeito a falhas individuais, ao acaso e ao choque com um Exército convencional, mais numeroso e armado -ao qual a reduzida tropa não tem condições de resistir por um tempo prolongado.
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