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domingo, 12 de setembro de 2010

Programa que incentiva desertores do Taleban acaba

Sem dinheiro nem liderança, programa de incentivo a desertores do Taleban é interrompido

Um programa de US$ 250 milhões (R$ 431 milhões) para atrair soldados rasos do Taleban para fora do movimento insurgente foi interrompido em meio a discussões por parte dos afegãos sobre quem deverá administrá-lo, e a demora dos doadores internacionais em investir o dinheiro que haviam prometido.

Seis meses depois que os doadores estrangeiros concordaram com um financiamento generoso para um programa de reintegração, apenas US$ 200 mil (R$ 345 mil) foram gastos até agora pelos Estados Unidos e pouco ou nada pelos outros doadores.

Durante o mesmo período, o fluxo de guerrilheiros do Taleban que buscam se reintegrar reduziu bastante – segundo as estimativas mais otimistas, foram algumas centenas nos últimos seis meses. Não está claro se é por causa da falta de um programa que os ofereça empregos, garantias de segurança e outros incentivos, ou porque a maioria dos talebãs não veem mais a insurgência como uma proposta pior.

Nos últimos cinco anos, um esforço de reintegração com pouco financiamento, a Comissão para Paz e Reconciliação, registrou 9 mil talebãs que queriam se juntar ao lado do governo – em comparação com apenas 100 desde abril, dizem funcionários.

“Está quase morto”, diz Muhammad Akram Khapalwak, alto oficial da comissão quase moribunda em Cabul. Ele diz que os funcionários não são pagos há três meses. “O Talebã sabe que o governo não tem nenhuma política para a paz e a reconciliação.”

O apoio dos EUA e internacional para uma iniciativa mais ambiciosa tem sido amplo. Quando o general Stanley A. McChrystal assumiu o comando no Afeganistão no ano passado, argumentou em sua avaliação inicial que havia necessidade de um programa que “oferecesse incentivos razoáveis para os insurgentes interessados pararem de lutar e voltarem à normalidade”.

O secretário de Defesa Robert M. Gates, testemunhando a favor de um programa como este diante do Congresso, disse: “o objetivo de fato é fazer com que os soldados rasos decidam que não querem mais fazer parte do Talebã.”

O Congresso este ano designou US$ 100 milhões para apoiar programas de reintegração, enquanto na Conferência de Londres para o Afeganistão em fevereiro, vários países, entre eles a Inglaterra, Alemanha e Japão, prometeram outros US$ 150 milhões (R$ 258 milhões) para entrar no Fundo para a Paz e Reintegração, a ser administrado conjuntamente pelo governo afegão e instituições estrangeiras. Um funcionário norte-americano disse que em agosto, apenas US$ 200 mil (R$ 345 mil) do dinheiro norte-americano foi gasto com a reintegração.

Até agora, a Inglaterra investiu cerca de US$ 2,6 milhões (R$ 4,4 milhões), embora autoridades digam que o país tenha se comprometido a cerca de US$ 7,5 milhões (R$ 12,9 milhões). O dinheiro ainda precisa vir da Alemanha, que prometeu US$ 64 milhões (R$ 110 milhões), e do Japão, que prometeu US$ 50 milhões (R$ 86 milhões) – embora autoridades tenham dito que ambos os países devem contribuir este mês.

Só a Estônia colocou sua contribuição total: US$ 64 mil (R$ 110 mil)

Não há muita pressão sobre os doadores para cumprir suas promessas mais rapidamente, uma vez que os afegãos ainda precisam instituir uma agência para usar o dinheiro. Como disse um funcionário norte-americano: “ainda não existe nada lá”.

Numa assembleia de paz, conhecida como jirga, realizada em junho, delegados concordaram em formar um Alto Conselho de Paz, que seria responsável por tentar dialogar com os líderes do Taleban.

“Estou dizendo a você, querido irmão Talib-jan, que este é o seu país, venha e tenha uma vida pacífica nele”, disse o presidente Hamid Karzai, usando um sufixo que os afegãos costumam usar junto com o nome de seus amigos.

Depois disso, numa conferência em Cabul em julho, mais dinheiro internacional foi prometido para o fundo de reintegração, e delegados concordaram que o Alto Conselho de Paz administraria o programa financiado pelo fundo.

Desde então, uma “célula para forçar a reintegração” liderada pela Força Internacional de Assistência à Segurança, conhecida como ISAF, vem trabalhando com autoridades do Afeganistão para estruturar um programa como este, mas ele ainda não começou por causa de discussões entre autoridades afegãs sobre quem deveria chefiar o conselho.

“Há muita resistência política a isso por parte de muita gente”, diz um funcionário norte-americano, que falou sob condição de permanecer anônimo por causa do tema delicado.

Gary Younger, porta-voz da ISAF, disse: “como o governo afegão tem a estrutura, esperamos que ele siga adiante rapidamente” uma vez que o conselho for formado. “Nós vemos que há interesse lá.”

O gabinete de Karzai informou no sábado que os membros do conselho tomaram uma decisão e que os nomes seriam anunciados depois do feriado de Id al-Fitr, que começa na quinta-feira.

Entretanto, há dúvidas sobre a eficácia que o conselho terá depois que começar seu trabalho. “Há vários partidos do governo que não querem que o Taleban entre”, diz Akram.

Muhammad Dawood Kalakani, um Tajik que é membro do parlamento, expressou uma visão comum entre os grupos minoritários não-Pashtun: “Nós não queremos paz se o preço for perder as conquistas dos últimos nove anos em termos de direitos humanos e das mulheres, sociedade civil, mídia e governaça.”

Os insurgentes que mudaram de lado no passado ficaram profundamente desapontados, disse Akram.

Ghulam Yahya Akbari, um comandante insurgente da província de Herat, foi morto em outubro passado e 200 de seus guerrilheiros se renderam ao governo afegão. Até agora, diz Akram, nenhum deles receberam benefícios além das rações alimentares de emergência, e eles não podem voltar aos seus lares por medo de represálias por parte do Taleban.

“Ninguém encontra abrigo para eles, ninguém encontra empregos para ele, ninguém abre um lugar para eles na sociedade”, diz ele.

Mais recentemente, pequenos números de talebãs procuraram autoridades provinciais em Baghlan e outros lugares, onde as autoridades locais têm realizado programas para tentar integrá-los. Ao todo, diz o funcionário norte-americano, as estimativas dizem que há “várias centenas” que se entregaram nos últimos meses, embora ele acrescente que não há como verificar o número.

A Otan estimou no ano passado a força do Taleban em 25 mil guerrilheiros, um aumento de 25% em relação ao ano anterior.

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