Lançamento do Veículo Lançador de Satélites vai acontecer nove anos depois de promessa inicial do governo
Acidente com 21 mortes em 2003, bem como problemas de licitação, atrapalharam; torre está quase concluída
Sete anos após o incêndio que matou 21 pessoas na base de Alcântara, Maranhão, finalmente a torre de lançamento do VLS-1, o Veículo Lançador de Satélites brasileiro, está quase completa. Ela será inspecionada hoje pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Sergio Rezende.
O foguete, porém, só deve realizar um lançamento completo em 2015, quase uma década depois da promessa inicial do governo.
Base de Alcântara |
Nele, o primeiro voo de teste do VLS-1, com apenas dois de seus quatro estágios, está agendado para 2012 ou 2013. Um teste do foguete completo, mas sem carga útil, ocorre até 2014.
O brigadeiro Francisco Pantoja, diretor do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), órgão da Força Aérea que desenvolve o VLS, diz que o lançamento em 2015 só acontece no pior cenário.
"Pode ser que o voo com carga útil aconteça antes. Tudo depende dos resultados dos ensaios", diz.
Em agosto de 2003, quando a torre de integração do foguete pegou fogo, o então ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, prometeu o VLS para 2006.
Mas problemas na licitação da nova torre impediram que o IAE cumprisse o cronograma. Além disso, o projeto sofreu uma revisão completa, que levou à necessidade de novos testes.
Estranho no ninho
Enquanto o VLS não vem, o país espera poder lançar de Alcântara outro foguete, o ucraniano Cyclone-4.
O Brasil criou com a Ucrânia uma empresa binacional, a ACS (Alcântara Cyclone Space), para vender lançamentos de satélite.
A empresa, cujo diretor brasileiro é Roberto Amaral, foi instituída em 2006. Ela terá sua pedra fundamental lançada hoje por Rezende.
A presença da ACS dentro do CLA (Centro de Lançamentos de Alcântara) incomoda militares, pois cria competição por recursos do programa espacial.
Enquanto o projeto do VLS e a infraestrutura associada estão no patamar dos R$ 60 milhões por ano, os investimentos em centros de lançamento -que incluem o CLA, mas também o sítio do Cyclone-4- chegaram a R$ 200 milhões em 2009.
O VLS é considerado por especialistas um "beco sem saída" tecnológico. Ele pode levar cargas úteis de apenas 150 kg, um décimo do peso de satélites como o sino-brasileiro CBERS. Rezende reconhece a limitação, mas aposta que o VLS poderia cada vez mais ser usado para microssatélites, tendência no setor.
Enquanto isso, o MCT quer usar o Cyclone para lançar um trio de satélites do Inpe a partir de 2012: o Amazônia-1 (de monitoramento de florestas), o Lattes (de astrofísica) e o GPM-Br (meteorológico).
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