País testa minissubmarino capaz de descer a 7 quilômetros em busca de riquezas
Quando três cientistas chineses mergulharam fundo no Mar do Sul da China num minissubmarino no início de junho, eles fizeram mais do que simplesmente colocar a bandeira de seu país no escuro leito do oceano. Os homens, que desceram a cerca de três quilômetros de profundidade num submarino do tamanho de um pequeno caminhão, sinalizaram a intenção de Pequim de assumir a liderança na exploração de regiões remotas e inacessíveis do oceano, ambiente rico em petróleo, minerais e outros recursos. E muitas dessas riquezas estão em áreas onde a China entrou em conflito várias vezes sobre reivindicações territoriais com os seus vizinhos.
Depois de fincar a bandeira de seu país — algo realizado em segredo, mas gravado em vídeo — Pequim rapidamente tornou a proeza tecnológica um show de bravata.
— É uma grande conquista — disse Liu Feng, diretor da operação de mergulho, citado no “China Daily”.
O leito marinho tem trilhões de dólares em minerais, além de objetos de valor para a inteligência: cabos submarinos de comunicações diplomáticas, armas nucleares perdidas, submarinos afundados e centenas de ogivas nucleares, restos de testes com mísseis.
Embora um único minissubmarino não possa carregar todos esses tesouros, ele põe a China numa posição excelente para ir atrás deles.
— É um programa preciso, e estão investindo tudo — disse Don Walsh, pioneiro em mergulho profundo e que visitou o submarino.
A embarcação — chamada de Jiaolong, dragão do mar mítico — foi apresentada publicamente no final de agosto passado, depois de oito anos de desenvolvimento em segredo.
O submarino é projetado para ir mais fundo do que qualquer outro no mundo, dando acesso à China a 99,8% do fundo oceânico.
Peças foram importadas
E o mundo tem poucos deles. O Jiaolong é capaz de descer a 7 mil metros, desbancando o atual líder.
O Shinkai, do Japão, vai a 6.500 metros, com a melhor performance no mundo, dizem seus fabricantes.
Rússia, França e Estados Unidos estão mais atrás nesta corrida, e a China move-se cautelosamente. Os testes com o Jiaolong começaram discretamente no ano passado e devem continuar até 2012, com mergulhos cada vez mais profundos.
— Eles respeitam o que eles não sabem e estão trabalhando duro para aprender — disse Walsh.
Segundo o pesquisador, os chineses querem evitar o constrangimento de uma catástrofe que termine com seus tripulantes presos numa armadilha ou mortos. Ainda assim, eles estão agitando suas bandeiras.
O movimento lembra o de cientistas russos, no verão de 2007, que desceram sob o bloco de gelo no Pólo Norte e colocaram a sua bandeira no fundo do oceano. De volta à superfície, os exploradores declararam que a façanha tinha reforçado a reivindicação russa sobre quase metade do fundo do Ártico.
Wang Weizhong, um vice-ministro chinês da Ciência e Tecnologia, afirmou, em entrevista em agosto, que os testes com o Jiaolong são “um marco” para a China e a exploração global. E que o recente sucesso estabeleceu a base sólida para a sua aplicação prática nas pesquisas de recursos e investigação científica.
Mas pelo menos um experiente cientista chinês evita o que chama de “propaganda em curso”. Weicheng Cui, professor no Centro de Pesquisa Científica Naval, construtor do submersível, contou por email que os testes no mar evitaram claramente áreas contestadas para fugir de problemas diplomáticos: — A enxurrada de notícias sobre o ato de fincar a bandeira não é boa.
Não nos ajuda no projeto
Especialistas americanos disseram que a China fez uma farra de compras em todo mundo para obter todas as peças de seu submersível.
Dos Estados Unidos, compraram luzes avançadas, câmeras e braços mecânicos. Cui estima que 40% dos equipamentos do minissubmarino chinês vieram do exterior.
Em 2005, cinco pilotos e um cientista chinês treinaram no americano Alvin, o mais antigo e famoso submarino para mergulho a grande profundidade, do Instituto Oceanográfico Woods Hole, capaz de descer a até 4.500 metros.
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