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quinta-feira, 3 de abril de 2014

'Carta curinga' de Israel: Ministro ultracionalista pode interromper processo de paz

Naftali Bennett
O homem que quer testar seu poder contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o popular "Rei Bibi" de Israel, trabalha em um escritório em forma de tubo surpreendentemente discreto, com três telefones tocando sem parar. A única coisa que se destaca é um quadro na parede. Coberto de vidro, ele mostra um bordado de uma mulher vestindo um avental.

O ministro da Economia Naftali Bennett, de 42 anos, faz questão de mostrar que não aprecia muito a vida política e que, se não fosse para a silhueta azul bordada de sua tia Zila, ele poderia ainda estar desfrutando de seu sucesso como empresário na cidade costeira de Raanana. A prima de sua mãe era russa e compartilhou o destino da maioria dos membros da família de Bennett -assassinados pelos capangas de Stalin por causa de sua herança judaica. Sua imagem bordada pendurada atrás de sua mesa é um lembrete diário e um incentivo para Bennett se certificar de que seus filhos nunca compartilharão deste destino.

A tia Zila também é parte da razão pela qual Bennett, que se considera um homem de negócios, agora se tornou político. A próspera empresa de software em Israel e nos Estados Unidos deixou de satisfazê-lo depois que foi enviado para a guerra no Líbano de 2006. Na época, ele tinha acabado de se tornar pai pela primeira vez e perguntou a si mesmo: "O que é que esses caras do Hezbollah realmente querem?". No Líbano, ele descobriu que "todos eles ainda têm um único objetivo em mente –matar-nos".

Uma missão singular
Desde então, Bennett assumiu uma missão quase singular. Quando a descreve, não soa quixotesco ou patético. Sua voz, em vez disso, trai sua determinação profunda em realizar seu papel. "Minha tarefa é manter o judaísmo vivo, torná-lo mais forte e lutar contra seus inimigos", disse o ministro da economia, acrescentando que vai dedicar a sua "vida à sobrevivência de Israel".

Como parte de sua missão, no entanto, ele agora corre o risco de causar um grande racha dentro do governo de coalizão de Israel. O jornal israelense "Haaretz" escreveu recentemente que o político está fazendo mais do que qualquer outro para determinar o destino do país.

O ex-empresário é presidente da Casa Judaica, um partido nacionalista religioso que promove políticas de assentamento, e um dos maiores opositores de qualquer desenvolvimento remotamente ligado ao "processo de paz". Desde que o Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, convenceu os israelenses e palestinos a voltarem a negociar entre si, Bennett vem lutando contra qualquer um que apoie as negociações.

Entre aqueles que passou a enfrentar estão o primeiro-ministro Netanyahu, a quem ele acusa de fraqueza. Mas ele também tem como alvo um homem que costumava ser um aliado, o chanceler Avigdor Liberman, que, em um ataque inesperado de grandiosidade, elogiou expressamente os esforços de Kerry. Enquanto isso, a aliança com o ministro das finanças, Jair Lapid, membro importante do gabinete que Bennett chamava de "irmão", também se desfez, como resultado de pontos de vista aparentemente irreconciliáveis ​​sobre o processo de paz.

É difícil ver como o processo político israelense poderia tornar-se tão polarizado, considerando a relativa escassez de acontecimentos recentes.

As conversas moderadas por Kerry já marcaram a 10 º tentativa de negociar uma coexistência pacífica entre israelenses e palestinos. E não houve nada que pudesse ser descrito como negociações diretas desde dezembro. Ambos os lados só estão falando com Kerry ou com o chefe de negociações americano, Martin Indyk.

Nesta semana, deve haver uma decisão sobre a interrupção até mesmo dessas mini conversas.  Se Israel não liberar o último grupo de prisioneiros palestinos até sábado, os palestinos dizem que vão se retirar. A liberação de 104 palestinos presos antes dos Acordos de Oslo de 1993 era uma condição para a retomada das negociações – aceita por Netanyahu por  pressão dos Estados Unidos.

Bennett, no entanto, insiste que os prisioneiros fiquem atrás das grades. "Não vamos permitir que assassinos e terroristas andem livres de novo", diz ele em seu escritório. Ele também está ameaçando permitir que o governo entre em colapso por causa da questão.

O ministro reclama que o mundo está tratando Israel injustamente. Ele diz que, se a comunidade internacional continuar a aumentar a pressão sobre o seu país em questões como os assentamentos judaicos na Cisjordânia, os prisioneiros palestinos e a retirada de soldados israelenses de um futuro Estado palestino, estará pressionando o lado errado.

"Você não pode ocupar sua própria terra"
Bennett nem sequer tenta encobrir sua posição intransigente com uma linguagem diplomática. Referindo-se à Cisjordânia por seu nome bíblico, Bennett diz que "o coração judeu, a Judeia e a Samaria", nunca poderá ser cedido para "os inimigos, os árabes". Ele diz que a terra pertenceu aos judeus por mais de 3.000 anos e que aqueles que falam de uma força de ocupação israelense não conhecem a história. "Você não pode ser um ocupador em sua própria terra", diz Bennett, com desprezo audível por quem não compartilha a sua visão.

O presidente do partido e seus seguidores se opõem fundamentalmente a qualquer tipo de acordo com os palestinos. Bennett diz que um acordo seria um "suicídio". Sua resposta para o problema? "Temos que continuar fortes".

A Casa Judaica é o terceiro maior partido na coalizão de governo de Israel. Sempre que Netanyahu fala sobre uma coexistência futura pacífica de dois Estados soberanos de forma mais concreta do que Bennett e seus partidários estão dispostos a lidar, o primeiro-ministro ouve palavras de desprezo de seu ex-chefe de gabinete.

Embora Bennett, desde então, tenha construído uma grande base de apoio, há também opositores determinados ao processo de paz dentro do próprio Likud, partido de Netanyahu.

Bennett, contudo, é o primeiro a ter conseguido ancorar a ideologia nacionalista-religiosa em importantes ministérios. Seus pontos de vista têm um amplo apoio no gabinete de Netanyahu, onde quase metade dos ministros mora do outro lado da Linha Verde -ou seja, em territórios palestinos.

"Eu sei que minha opinião não é muito popular no exterior", diz Bennett, mas ele tampouco quer ceder, uma vez que recebeu apoio dos eleitores por suas posições.

A vantagem de Naftali Bennett é que ele nunca passou uma imagem de político raivoso cego pela ideologia, do tipo mais disposto a explodir o Monte do Templo, juntamente com a Cúpula da Rocha e a Mesquita de Al Aqsa do que a buscar a paz. Em vez disso, quando você fala com ele, se depara com uma pessoa engraçada, divertida e inteligente.

O tempo está do lado de Bennett
Ele também tem consciência de que o tempo está ao seu lado. O Departamento Central de Estatísticas de Israel calculou que 2013 foi um ano recorde para os assentamentos. Foram assentadas mais do que o dobro de pedras fundamentais para construções judaicas em territórios palestinos do que em 2012.

Claro, há um outro homem que é parcialmente responsável por essa tendência -o líder dos assentamentos Uri Ariel, que é, convenientemente, ministro da habitação de Israel. Na sua qualidade de cidadão privado, Ariel é conhecido por organizar sessões de oração em massa contra as negociações de paz no Muro das Lamentações, em Jerusalém. O Knesset recentemente fez uma emenda constitucional por iniciativa da Casa Judaica que estipula que qualquer futuro acordo com os palestinos teria que ser aprovado em um referendo nacional.

Bennett diz que o povo judeu é seu maior aliado, e as pesquisas sustentam isso. Três quartos dos israelenses entrevistados compartilham sua visão de que os palestinos "não são parceiros para a paz" e 86% rejeitam a liberação de novos prisioneiros. Dois terços dos israelenses ainda dizem que acreditam em uma solução de dois Estados, mas quase o mesmo número se opõe à retirada da Cisjordânia.

De sua parte, Bennett sente que essa atual posição inflexível de Israel é um serviço que prestou ao país. Ele pode não estar mandando no show, mas certamente está definindo partes dele. Ele argumenta que Netanyahu não a tem mão livre para fazer qualquer coisa que Kerry quer, porque ele também tem "uma mão ao volante".

Bennett insiste que, enquanto tiver voz, nunca permitirá a existência de uma Cisjordânia palestina sob controle internacional -não com uma força da Otan e muito menos com um contingente da Organização das Nações Unidas. Ele diz que a história ensinou-lhe que Israel e só Israel deve garantir a sua segurança. "Nós tivemos azar toda vez que contamos com os outros", diz ele.

2 comentários:

  1. Curioso afirmar que "Israel e só Israel deve garantir sua segurança" quando a IDF é mantida, basicamente, pela remeça de bilhões de dólares dados pelos EUA.

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  2. Há um boicote organizado por pessoas independente que começa a funcionar,falta de pagamentos começa acontecer,que o torniquete aperte ainda mais ate que a palestina seja liberta,porque politicamente nao vai haver acordo.

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