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sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Curdos da Síria são recebidos como irmãos no Curdistão iraquiano

Soldados curdos Peshmerga vigiam a fronteira iraquiana com a Síria na região da província de Ninawa 

Quanto mais o regime vacila na Síria, maior é o número de pessoas a deixar o país. O campo de refugiados de Domiz, no Curdistão do Iraque, que no mês de maio ainda era incipiente, agora abriga 8 mil sírios. Todos de origem curda. O campo quase dobrou de tamanho no último mês, e as chegadas acontecem a um ritmo de quase mil por semana.

O campo se encontra a cerca de trinta quilômetros de Dohuk, na direção da fronteira síria, afastado da estrada principal. O local havia abrigado centenas de refugiados curdos, vítimas da repressão de Damasco às revoltas curdas de 2004.

Os primeiros a chegar se acomodaram em alojamentos em alvenaria, perfeitamente alinhados. Mas a construção não acompanhou o ritmo das instalações, e os refugiados mais recentes têm transitado há várias semanas sob as grandes tendas brancas fornecidas pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), sob um calor insuportável. A eletricidade acaba de ser conectada. Estão construindo latrinas, e reservatórios de água potável estão sendo instalados, mas as condições de vida continuam mínimas.

Os refugiados de Domiz são até bem recebidos pelo governo da região autônoma curda do Iraque, pela solidariedade entre curdos. Não é o caso dos outros sírios, que tentam entrar no Iraque mais ao sul, sobretudo perto do posto-fronteiriço de Abu Kamal, fechado por Bagdá em meados de julho. O governo central iraquiano, dirigido por Nouri al-Maliki, continua próximo do regime de Bashar Assad, que o abrigou durante seus anos de exílio. Os refugiados árabes sírios, portanto, foram enviados sem dó de volta para o país deles.

Mas não aqui. O presidente da região autônoma curda do Iraque, Massoud Barzani, supostamente é padrinho dos curdos sírios e ele não poupou esforços para unificar suas inúmeras facções políticas. Os refugiados de Domiz se dividem em duas grandes categorias: os desertores e suas famílias, que sabem que são procurados; e aqueles que são pobres ou fracos demais para sobreviver no caos sírio.

É o caso de Mohammed e de sua esposa, Raparin, um jovem casal com menos de 25 anos, que chegaram no início de julho com sua filhinha de 2 anos e meio. “Havia tanta violência, tudo ficou tão caro, que não víamos mais futuro lá”, explica o eletricista. O casal recebe uma ração mensal do Acnur e auxílios do governo curdo do Iraque. Seu mobiliário se resume a um ventilador, dois colchões e uma televisão. Todos os dias, Mohammed percorre os canteiros de obras da região para tentar encontrar um emprego de diarista. Apesar de tudo, Mohammed e Raparin não se arrependem de ter deixado a Síria. A travessia lhes custou US$ 1.000 (cerca de R$ 2 mil).

Já Ahmed não teve escolha. Esse recruta desertou sua unidade em pleno cerco de Homs: “Hesitei em entrar para o Exército Livre. Mas tenho família em Kamechliyé, isso podia se revelar perigoso para eles. E não confio na oposição síria. Eles não gostam dos curdos, como Bashar”. Então ele fugiu para o exterior. Sua família acompanhou, alguns meses mais tarde.

O jovem está ansioso para voltar a seu país e participar da libertação do Curdistão, de onde as tropas governamentais, ocupadas demais em Homs, Damasco, Idlib, Aleppo e Deir ez-Zor, quase se retiraram. “Mas sou o único homem, não posso deixar minha família sem proteção”, ele explica, contrariado.

Cerca de mil outros jovens, treinados pelos peshmergas (combatentes) curdos iraquianos, voltaram discretamente ao Curdistão sírio para tomar o controle das cidades abandonadas pelo exército sírio. Formados pelo Partido Democrático do Curdistão (PDK), de Massoud Barzani, eles estão em disputa com os militantes do PYD, o partido sírio gêmeo do PKK turco, que havia apostado em Bashar al-Assad até o início de julho. Muitos temem uma guerra entre curdos após a queda do regime sírio.

Os refugiados de Domiz estão convencidos de que voltarão para suas casas até o final de 2012. Mas, cada vez que passam diante da mercearia de Naouzad, na entrada do acampamento, eles sentem um frisson de preocupação. Esse militante curdo sírio se instalou ali em 2004 e nunca mais reviu a Síria.

Um comentário:

  1. Como a Siria tem um pedaço bem menor do Curdistão, eles podem ser armados contra os Turcos obtusos, q estão fazendo o jogo sujo p os ianks/otan/sauditas...eu faria extamente isso. Sds.

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