Pinochet |
Os telegramas confidenciais produzidos pela Embaixada do Brasil em Santiago demonstram a afinidade do embaixador Antônio Cândido da Câmara Canto (1911-1977) com figuras proeminentes da ditadura de Pinochet, a começar pelo líder do golpe de 1973.
Canto cita como seus interlocutores frequentes "militares amigos meus". Ofereceu jantares aos membros da Junta Militar, num dos quais Pinochet elogiou a "tradicional amizade" entre Brasil e Chile e disse que os dois países estavam empenhados numa "luta intransigente" contra "o comunismo" no mundo.
O embaixador tornou parte de sua rotina a consulta a autoridades de segurança e militares sobre o passado "político-ideológico" de cidadãos chilenos que se candidatavam a um visto permanente no Brasil ou a um emprego em empresas estatais brasileiras, como era o caso então da Vale do Rio Doce.
Com base nas informações dos chilenos, o embaixador algumas vezes chegou a orientar o Itamaraty a recusar os vistos.
Antes do golpe, Canto fez diversas críticas ao governo de Salvador Allende, presidente que morreu no golpe que o derrubou.
O embaixador protestou várias vezes junto ao governo Allende contra programas da TV estatal que traziam denúncias de torturas contra presos políticos no Brasil.
O embaixador pedia que os programas não fossem reprisados e outras "providências" contra os responsáveis pela emissora.
Quando Canto deixou o cargo, em 1975, recebeu "homenagens" de membros da Junta Militar" e um jantar de despedida oferecido por Pinochet.
Ao saber, o Itamaraty escreveu ao embaixador e disse que era "a perfeita medida do êxito da missão de Vossa Excelência".
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