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terça-feira, 14 de agosto de 2012

Em 18 meses, exército vê popularidade despencar no Egito

Presidente do Egito, Mohamed Morsi (centro) ao lado do ex-ministro da Defesa,  Hussein Tantawi (esquerda)

No dia seguinte à queda de Hosni Mubarak, que foi deposto suavemente pelos militares no dia 11 de fevereiro de 2011, o exército egípcio estava no auge de sua popularidade, como mostra um dos slogans da Praça Tahrir: “Al-Shaab, Al-Gueish, id wahda” (o povo e o exército unidos como uma única mão). Dezoito meses mais tarde, é uma instituição cansada, desorientada por uma transição caótica que ela conduziu com dificuldades e criticada por todos os lados, que o presidente islamita, Mohamed Morsi, decidiu mudar com uma série de nomeações.

Temendo um colapso do Estado e o questionamento de seu papel de dirigente dentro do regime, o exército havia decidido assumir o controle da transição um dia após a saída de Hosni Mubarak. O Conselho Supremo das Forças Armadas (CSFA), um organismo composto por cerca de vinte oficiais de alto escalão e suspenso há décadas, foi reativado a fim de assumir tanto as funções executivas quanto as legislativas.

Presidido pelo velho marechal Tantawi, o CSFA funcionou secretamente à base de comunicados numerados. Sua gestão econômica se revelou desastrosa, incapaz de retomar o crescimento. Para manter a paz social, o exército gastou generosamente, aprofundando os déficits por vários anos.

Logo veio o divórcio com os jovens revolucionários da Praça Tahrir, que foram os primeiros a sofrer os abusos repressivos do estado-maior, pouco habituado à manutenção da ordem em um meio civil. Aproveitando sua popularidade, o exército fez prisões em massa, torturou abundantemente – entre outras formas, impondo às mulheres degradantes testes de virgindade – e submeteu os jovens ativistas a julgamentos por cortes militares (mais de 12 mil condenações em um ano) para cortar pela raiz um movimento revolucionário e social, que ele temia que fosse além da troca do chefe do Estado e da mudança do regime.

Mas não contavam com a libertação da fala e a queda do “muro do medo”. A arbitrariedade repressiva da instituição militar foi revelada pela juventude revolucionária que lutou ativamente. Pela primeira vez, o lugar do exército nas instituições e seus privilégios econômicos foram debatidos em praça pública. Ele, que vivia protegido, sem jamais ser questionado sobre suas ações, seu orçamento ou sua influência comercial.

Insegurança generalizada
Para voltar a ter um simulacro de estabilidade, os militares se apoiaram na Irmandade Muçulmana, conhecida por seu conservadorismo, tanto moral quanto político. Essa estratégia, que compensou no primeiro ano, se voltou contra eles quando a confraria, legitimada pelas urnas (quase 50% das cadeiras nas legislativas de janeiro de 2012), quis se emancipar da tutela militar.

Uma vez eleito presidente em junho de 2012, o islamita Mohamed Morsi pôde pedir que os militares voltassem a seus quarteis. Ele recebeu o apoio de uma opinião pública cansada da insegurança generalizada e do caos instaurado desde a revolução. Quando estouraram problemas no Sinai, onde vários grupos jihadistas se revoltaram, Mohamed Morsi aproveitou para lembrar ao exército de que sua tarefa era defender as fronteiras e que era hora de deixar para os políticos a gestão do país.

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