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quarta-feira, 21 de março de 2012

Polo de Defesa vira plataforma eleitoral de Marinho no ABC


Luiz Marinho 
Candidato à reeleição, numa campanha com oposição ainda indefinida, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), fala com ambição ao detalhar seu plano de criar um novo modelo de desenvolvimento regional no ABC. O sonho de transformar a velha capital do automóvel em polo de fornecimento de componentes para a indústria de defesa e da exploração da camada do pré-sal extrapola as fronteiras municipais e pode conduzir Luiz Marinho a voos além do segundo mandato de prefeito.
Embora negue a intenção de candidatar-se à próxima eleição para governador, seu nome já surge no meio político como provável aposta do PT na disputa do governo de São Paulo em 2014. Marinho diz que, se reeleito, concluirá o mandato, em 2016.

A chance de o petista se reeleger ganhou força nos últimos dias, quando o deputado estadual Orlando Morando (PSDB-SP), adversário mais cotado, desistiu de disputar as prévias em São Bernardo para integrar a coordenação da campanha do ex-governador José Serra à sucessão paulistana. Estão agora inscritos na eleição interna dos tucanos em São Bernardo o presidente do PSDB municipal, vereador Admir Ferro, o presidente da Câmara, Hirouyki Minami, e o deputado federal William Dib.

Os planos de Marinho não se limitam a São Bernardo. Abrangem os outros seis municípios do ABC, igualmente afetados pela evasão da indústria de veículos e seus fornecedores para regiões que se tornaram mais atraentes, seja pela guerra fiscal que ocorreu em determinados momentos ou pela mão de obra mais barata.

O custo dos salários no ABC afastou as empresas da região nos últimos anos. O tema é familiar para Marinho, um ex-operário da Volkswagen, com passagens pela presidência do combativo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ex-ministro do Trabalho e da Previdência no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva e agora prefeito da cidade onde o amigo Lula vive desde que deixou a Presidência, em janeiro de 2011.

O prefeito quer ser o estrategista de um plano para recuperar o vigor do setor industrial e a autoestima da região onde nasceu o movimento sindical que fez surgir o PT.

Membros da sua equipe, como o secretário de Desenvolvimento, Jefferson José da Conceição, se aborrecem com comparações que há anos se faz entre São Bernardo e a esvaziada Detroit, cidade americana que mergulhou na crise após o abandono da indústria automotiva.

O vigor das vendas de veículos no Brasil ainda mantém forte a atividade das montadoras que permanecem em São Bernardo - Volkswagen, Ford, Mercedes-Benz e Scania. Mas o prefeito faz planos de longo prazo para a região. Para 2021, como está em documento elaborado pela Secretaria de Desenvolvimento ("Cidade do futuro"). Ou "para daqui a 50 anos", como diz o prefeito.

Marinho imagina que se os salários foram o motivo de resistência das empresas que abandonaram a região, a qualidade da mão de obra poderá, agora, atrair setores que requerem profissionais qualificados. Além disso, conta com o reconhecimento da localização estratégica da região (entre o porto de Santos e a capital) e suas cinco décadas de cultura industrial.

"Nossa região está na quarta ou quinta geração de trabalhadores da indústria metal-mecânica. Para nós solda é solda. No sertão, por exemplo, a maioria só ouviu falar, mas nunca pegou num equipamento para essa finalidade", afirma Marinho.

Não é sua intenção, diz, esvaziar o Vale do Paraíba, no interior paulista, onde está a maior parte das empresas da área de defesa, fornecedoras da Embraer. Seu principal objetivo é detectar entre os próprios fornecedores da indústria automobilística do ABC futuras bases de abastecimento para a área de defesa e do petróleo e gás.

O secretário de Desenvolvimento mapeia empresas que já usam aço, ferro, químicos e outras matérias-primas comumente usadas na indústria automotiva para catalogar as que têm potencial para a nova vocação. "Muitos empresários não percebem já ter conhecimento suficiente para fornecer para a indústria de defesa ou petróleo e gás", diz Conceição.

A ideia é atrair não só produtores de equipamentos de alta tecnologia, como radares, mas também estimular as vendas dos que já fazem parafusos, aços especiais, tintas e até a indústria têxtil, que poderia confeccionar, por exemplo, o uniforme das Forças Armadas.

A estratégia é clara. Em qualquer país, os produtos de defesa estão ligados às compras governamentais. E no caso brasileiro o foco governamental também se volta para petróleo e gás. Isso envolve, ainda, as maiores linhas de financiamento de recursos. Um dos seminários promovidos pela Prefeitura de São Bernardo para tratar do tema incluiu palestra do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, e do presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Glauco Arbix. "O governo federal está preocupado em reequipar um setor que "passou por anos de sucateamento", diz Marinho.

O debate começa a chegar às faculdades de engenharia da região, às outras duas prefeituras do PT no ABC (Diadema e Mauá) e já envolveu o lançamento de um livro de artigos - "São Bernardo do Campo, Grande ABC: Nova Fronteira da Indústria de Defesa" -, em português e inglês.

E o que Lula acha de tudo isso? Marinho conta: "Quando eu disse a ele que queria fazer um parque de defesa em São Bernardo ele me disse: prepara as coisas, então; está certo. Mas olha também a área de petróleo e gás porque não podemos viver só do setor automotivo."

O envolvimento do prefeito com o setor de defesa começou em 2010, quando ele anunciou apoio ao caça da sueca Saab (Gripen) num momento em que o governo federal parecia prestes a definir a nova frota para a Força Aérea Brasileira (FAB). À época, Marinho visitou a Suécia e tirou fotografia ao lado do Gripen.
Em seguida, ele foi para a França, que concorre com o modelo Rafale, da Dassault. E, por fim, aproximou-se da Boeing, a terceira concorrente, com o Super Hornet. Há pouco tempo, um questionário da Boeing para credenciar fornecedores foi distribuído pela prefeitura a diversas empresas do ABC.

Marinho não quer perder de vista as oportunidades. Se diz disposto a provocar as decisões dos investidores: "Sei que eles podem perceber que tem um ponto no mapa do Brasil com uma grande cultura de indústria e mão de obra altamente qualificada".

Um comentário:

  1. -
    Outro corrupto querendo mamar nas tetas do poder...usando do jargão .. sou patriota...
    -

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