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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

El País: Unionistas protestantes incitam novamente a violência no Ulster


A polícia pede apoio político para enfrentar os distúrbios na Irlanda do Norte

Três noites consecutivas de distúrbios protagonizados por grupos unionistas no norte de Belfast voltaram a atiçar as tensões entre as duas comunidades historicamente confrontadas no Ulster, cujos representantes convivem hoje em razoável sintonia no governo autônomo. Comandos policiais esgotados reclamam a ação urgente dos dirigentes políticos para encarar esse novo surto de violência religiosa, expressão da insatisfação dos protestantes radicais da Irlanda do Norte, surgida dos acordos de paz. Em definitivo, sentem-se discriminados diante do crescente peso político e demográfico dos republicanos católicos.

O calendário de desfiles que os protestantes preparam para 29 de setembro - quando se completará o centenário do levante maciço unionista de 1912 - é o marco em que se amparou esse setor para dar rédea solta a sua ira. O protesto diante das "restrições" a que os submete a comissão encarregada de definir as rotas de suas marchas, enquanto se mostra mais benévola com outros atos organizados pelos católicos, acabou no domingo (2) em uma agressão contra o desfile de uma banda de flautistas republicanos diante de um centro orangista. Só os canhões de água da polícia puderam conter mais de 300 legalistas armados com coquetéis Molotov, tijolos e outros objetos contundentes no bairro de Lower Shankill, que é habitado pelas duas comunidades.

Desde então o episódio teve uma réplica diária e só quando as forças policiais já registravam 62 feridos em suas fileiras o primeiro-ministro da província, o unionista Peter Robinson, apareceu na quarta-feira (5) para condenar "os que violam a lei" e incorrem na "desobediência civil". Muito criticado por seu silêncio, Robinson prometeu buscar uma solução para essa "guerra de desfiles" junto ao seu número 2 no governo, o dirigente do Sinn Fein, Martin McGuinness, com o objetivo de neutralizar novos indícios de distúrbios, e sobretudo diante de uma possível evolução violenta das comemorações unionistas do final de setembro.

Em sua aparição pública, o primeiro-ministro não se referiu explicitamente ao fato que desencadeou os distúrbios - o passeio de uma banda de flautistas próximo ao Sinn Fein (braço político do IRA) diante das portas de um dos bastiões dos protestantes radicais, com autorização oficial em regra. Robinson admitiu, entretanto, sua pretensão de acabar com a comissão de desfiles, a que define os territórios das expressões nacionalistas das duas comunidades, revelando uma desconexão com o mundo real nas ruas de Belfast que não avança na mesma velocidade que os acordos políticos.

Três décadas de confronto entre comunidades, tuteladas por um exército britânico que foi parte ativa de um conflito com um balanço de 3.500 mortos, não podem ser apagadas por uma canetada e devido à assinatura dos acordos de Sexta-Feira Santa em 1998. Assim como o abandono das armas por parte do IRA se traduziu em focos de dissidência hoje controlados mas não extintos definitivamente, o lado dos unionistas radicais mostra crescentes tensões internas. Seus líderes políticos encabeçam o governo do Ulster, mas os principais grupos paramilitares (UVF e UDA) jogam uma carta dupla. Oficialmente aderiram ao cessar-fogo que vigora na Irlanda do Norte, mas ao mesmo tempo incitam os elementos descontrolados capazes de incendiar as noites de Belfast, como nos últimos dias.

Enquanto McGuinness, um antigo membro destacado do IRA, conta com o apoio suficiente de suas bases republicanas para cumprimentar em público a rainha da Inglaterra há alguns meses, seu aliado no governo, Peter Robinson, ainda precisa demonstrar que é capaz de controlar suas hostes nos desfiles orangistas e de alto risco no final de setembro. A bola está hoje no campo protestante.

Catorze anos de paz
Os acordos de Sexta-Feira Santa de 1998 puseram fim a décadas de violência na Irlanda do Norte, um conflito que causou 3.500 mortes.

Apesar dos acordos de paz, alguns focos de dissidentes do IRA e grupos de radicais unionistas continuam provocando episódios esporádicos de violência.

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