O Tribunal Constitucional da Alemanha abriu caminho para o país ratificar o fundo de resgate permanente do euro, o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), numa decisão acompanhada de perto nas últimas semans. Em entrevista à “Spiegel”, o ministro das finanças da Bavária, Markus Söder, expressou suas preocupações com a decisão e pede para que o banco central da Alemanha tenha novos poderes de supervisão.
Markus Söder |
Söder: Agora foi confirmado oficialmente o tamanho da responsabilidade da Alemanha. Mas temo que a Espanha, a Itália ou até mesmo a Grécia não sejam capazes de pagar sua parte para o MEE. Então, a pressão em relação ao Estado alemão para complementar o que falta aumentará novamente. Dessa forma, a questão é saber como o teto da contribuição alemã será monitorado.
Spiegel: Qual é a sua sugestão?
Söder: Precisamos de um nível maior de supervisão. Isso pode ser uma nova função para o Bundesbank. Ele pode supervisionar como a Alemanha cumpre este novo teto de responsabilidade, além de verificar se novas obrigações potenciais emergem como resultado do tratado do MEE ou por causa de novas ações do Banco Central Europeu.
Spiegel: Então você está dizendo que uma instituição com o Bundesbank deveria ser capaz de cancelar decisões feitas pelo parlamento alemão.
Söder: O Bundesbank (Banco Central da Alemanha) poderia pelo menos tornar suas preocupações conhecidas. O que é importante para mim é que temos um corpo de supervisão independente para lidar com questões difíceis de interpretações no tratado. As pessoas confiam no Bundesbank. Não se pode permitir que ele seja desconsiderado novamente no Conselho Governante do BCE. Esta é uma forma para que ele tenha outra chance de garantir a estabilidade de preços.
Spiegel: Os juízes do Tribunal Constitucional expressaram reservas em relação ao programa de compra de títulos planejado pelo BCE. Qual será o resultado?
Söder: Temos de garantir que não sejamos constantemente desconsiderados na Europa. Depois que os países atingidos pela crise fracassaram com seus pedidos de eurobonds, eles agora estão tentando empurrar a coletivização da dívida por outros meios. A vontade de realizar reformas está esmorecendo.
Spiegel: Mas a Alemanha tem apenas um voto no Conselho Governante do BCE. Ela mal pode influenciar as decisões.
Söder: O BCE está se transformando numa grande autoridade europeia. Com este anúncio de que ele comprará quantidades ilimitadas de títulos de governos, está mostrando que não quer mais ser apenas um Banco Central, mas também um financiador de países em crise. Está começando a parecer com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas nesse caso, as mesmas regras devem se aplicar. Em contraste com o BCE, os direitos de voto no FMI são, por um bom motivo, distribuídos de acordo com o tamanho da contribuição de capital de um país. É assim que deveria ser no BCE também.
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