quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Le Monde: Assim com a Alemanha, a França precisa investir nas empresas para garantir futuro próspero
O alemão é uma língua difícil, mas os franceses deveriam fazer o esforço para aprender uma nova palavra: Standort. Vocábulo intraduzível, mas que resume o objetivo da política alemã dos últimos quinze anos: deve ser atraente produzir em território nacional. A menos que fechem as fronteiras, é o caminho para se sobreviver dentro da globalização. A França não é exceção. A riqueza e o emprego só virão das empresas, então convém ajudá-las.
A situação é grave. Segundo a classificação do Fórum Econômico Mundial publicada em setembro, a França recuou três posições e nem figura mais no pelotão das vinte primeiras economias do mundo. Ela está atrás de dez países europeus, bem distante da Alemanha, em sexto lugar.
As empresas vão mal. A produção manufatureira permanece 5% aquém do que era antes da crise. Planos de reestruturação seguem o fechamento de fábricas. Depois da suspensão das atividades da PSA em Aulnay, a Sanofi prevê fechar seu centro de pesquisas em Toulouse.
As duas pontas da cadeia econômica foram afetadas. Os operários franceses estão sendo punidos, visto que a PSA preferiu manter sua fábrica de Madri. Os pesquisadores também, uma vez que a Sanofi resolveu reduzir sua área de atividade para poder comprar mais jovens laboratórios promissores no exterior. Nesse contexto, é todo o ambiente econômico que deve ser revitalizado.
Se as empresas estão fechando, é por causa da recessão, e também porque não é mais rentável produzir na França. Segundo o Insee, a margem das empresas não financeiras caiu para 28,6%, seu nível mais baixo desde 1985. Ademais, é de 34,4% na Alemanha e 38,3% na zona do euro, segundo a Eurostat.
O relatório sobre a competitividade confiado a Louis Gallois, ex-presidente da EADS (empresa do setor aeroespacial), deve trazer respostas. Para fechar seu orçamento, o governo aumentou a tributação das empresas, elevou a taxação do capital e voltou atrás no IVA social, que deveria aliviar o custo da mão de obra e fazer com que as importações contribuíssem para o financiamento da previdência social.
É normal dividir o fardo da recuperação, mas essas medidas prejudicam a atratividade econômica francesa. O governo tem procurado separar o joio do trigo. Ele quer defender as pequenas e micro empresas sem vida e fazer com que as empresas do CAC40 [lista de empresas francesas com melhor desempenho na Bolsa], cujos lucros recuaram 20% no primeiro semestre, paguem.
François Hollande tem razão em manter os dispositivos existentes a favor das pequenas e médias empresas e em anunciar um gesto a favor das empresas inovadoras. Seria preciso ir além. Defender as empresas do CAC 40 se tornou delicado com a estratégia de Bernard Arnault, presidente da LVMH, que pediu cidadania belga. Separadas da França, elas pagam três vezes menos impostos que as pequenas e médias empresas.
No entanto, sem essas gigantes, as pequenas e médias empresas não poderão emergir. E se as pequenas e médias empresas - e seus proprietários - forem sobretaxadas tão logo cresçam, elas serão absorvidas pelas empresas do CAC 40, como vem acontecendo nos últimos vinte anos. É preciso quebrar esse círculo vicioso para criar um "Standort França".
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