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segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Sem otimismo, Iraque mantém palco de conflitos entre sunitas e xiitas


Um ano atrás, os Estados Unidos concluíam sua saída do Iraque. Ao receber em dezembro de 2011 em Washington o primeiro-ministro iraquiano, Nouri al-Maliki, o presidente Barack Obama, que havia dedicado boa parte de seu primeiro mandato a virar essa controversa página da história americana, quis se mostrar tranquilizador: "Agora que estamos dando fim a essa guerra, e que o Iraque precisa encarar seu futuro, os iraquianos devem saber que não estão sozinhos".

Treze meses após a retirada, é difícil encontrar motivo para otimismo no país dos dois rios. "Estado de guerra em pequena escala" é a expressão utilizada pela ONG britânica Irak Body Count, que faz a contagem do desastre iraquiano, para descrever a situação no Iraque pós-invasão americana.

Para além dos atentados que continuam a ensanguentar o país, as manifestações dos sunitas contra o xiita Nouri al-Maliki que se multiplicaram nas últimas semanas e as ameaças que este último brandiu contra eles são prova disto: a ferida religiosa continua purulenta. A isso se deve somar uma diferença entre árabes e curdos, igualmente preocupante – enquanto o presidente iraquiano, o curdo Jalal Talabani, se encontra hospitalizado na Alemanha.

Somemos ao quadro uma instabilidade regional que tem todas as chances de se acentuar nos próximos meses, do turbilhão sírio até as ameaças israelenses de ataques às usinas nucleares iranianas. Abafar o fogo que os americanos contribuíram consideravelmente para atear em 2003 fora de qualquer missão da ONU deverá demorar.

No final de 2014, as tropas americanas abandonarão um outro palco de operações, o Afeganistão, que os soldados franceses já deixaram respeitando uma promessa feita por François Hollande durante a campanha presidencial. Mais uma vez, Washington garantirá, quando chegar a hora, que os afegãos não estejam sozinhos para enfrentar os desafios que os esperam, em um país onde as armas não pararam de ressoar nas três últimas décadas. Na prática, os americanos abandonarão à própria sorte um país presidido por Hamir Karzai, que eles contribuíram para levar ao poder mas com o qual os laços foram se rompendo progressiva e irremediavelmente.

Os mais pessimistas já estão prevendo que em Cabul há um grande risco de que o "pós" seja muito parecido com o "pré". O que deixa a escolha, na melhor das hipóteses, entre a praga do Estado falido dos senhores de guerra que em 1992 sucedeu o governo apoiado militarmente até 1989 pela União Soviética, e o flagelo do Emirado Islâmico instaurado em 1996 pelos talebans, que afundaram o país no obscurantismo ao mesmo tempo em que concediam asilo à rede jihadista da Al Qaeda.

Independentemente de quais sejam os elementos de linguagem usados, a fuga, quando todos os caminhos alternativos se esgotam, em geral termina em fracasso. Isso vale tanto para o Iraque quanto para o Afeganistão.

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