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sexta-feira, 6 de setembro de 2013

As perguntas certas sobre a Síria

Os críticos da ação militar americana na Síria estão certos em apontar todos os riscos e incertezas de ataques por mísseis, e eles têm a opinião pública americana ao seu lado.

Mas qual alternativa aqueles que se opõem a ataques com mísseis de cruzeiro defendem?

Tudo bem exortar as Nações Unidas e a Liga Árabe a fazerem mais, mas isso significa que os sírios vão continuar a ser mortos a um ritmo de 5.000 por mês. Envolver o Tribunal Penal Internacional soa maravilhoso, mas dificultaria ainda mais um acordo de paz em que o presidente Bashar al-Assad renunciasse. Então, o que propõem, além de fazer cara feia para um governo que usa armas químicas contra seu próprio povo?

Até agora, nós tentamos a aquiescência pacífica, e isso não funcionou muito bem. Quanto mais tempo a guerra se arrasta na Síria, mais os elementos da Al Qaeda ganham força, mais o Líbano e a Jordânia são desestabilizados e mais pessoas morrem. É admirável insistir em intervenções puramente pacíficas, mas vamos reconhecer que o resultado provável é ficarmos sentados enquanto outros 60.000 sírios são mortos ao longo do próximo ano.

Uma década atrás, fiquei horrorizado quando tantos liberais apoiaram a guerra do Iraque. Hoje, fico consternado quando muitos liberais, desiludidos com o Iraque, parecem dispostos a deixar que uma média de 165 sírios morram por dia, em vez de contemplarem ataques com mísseis que poderiam fazer uma diferença modesta.

O Observatório Sírio para Direitos Humanos, que acompanha o número de mortos na guerra civil, está exasperado com as pombas ocidentais que pensam que estão assumindo uma postura moral.

"Onde essas pessoas estiveram nos últimos dois anos?", pergunta a organização em seu site. "O que está emergindo nos Estados Unidos e no Reino Unido hoje é um movimento anti-guerra na forma, mas pró-guerra, em essência".

Em outras palavras, neste caso, ser "pró-paz", não é de fato muito próximo de ser "pró-Assad" e resignar-se à matança contínua de civis ?

Para mim, a questão central não é : "Quais são os riscos dos ataques com mísseis de cruzeiro na Síria?" Admito que há riscos consideráveis, inclusive com de retaliação pela Hezbollah. Para mim, a questão é a seguinte: "Os riscos são maiores se lançarmos mísseis, ou se continuarmos sentados sem fazer nada?"

Sejamos humildes o suficiente para reconhecer que não podemos ter certeza da resposta, e que a Síria será sangrenta não importa o que fizermos. Nós, americanos, muitas vezes somos tão autocentrados a ponto de pensar que o que acontece na Síria depende de nós; na verdade, depende esmagadoramente dos sírios.

No entanto, no cômputo geral, apesar de aplaudir a relutância geral em partir prontamente para as ferramentas militares, parece-me que, neste caso, os riscos humanitários e estratégicos da inação são maiores. Nós estamos em uma trajetória que leva à aceleração de mortes, a um aumento da instabilidade regional, ao fortalecimento crescente das forças Al Qaeda e maior uso de armas químicas.

Será que alguns dias de ataques com mísseis de cruzeiro farão alguma diferença? Recebi um e-mail de um grupo de mulheres que eu admiro, o V- Day, convidando as pessoas a se oporem a uma intervenção militar porque "tal ação simplesmente traria mais violência e sofrimento... A experiência nos mostra que as intervenções militares prejudicam os homens, mulheres e crianças inocentes".

Será? Claro, às vezes sim, como no Iraque. Mas tanto na Bósnia quanto no Kosovo, a intervenção militar salvou vidas. O mesmo aconteceu em Máli e Serra Leoa. A verdade é que não há nenhuma lição simplista do passado. Precisamos buscar, caso a caso, uma abordagem que se aplique a cada situação.

Na Síria, parece-me que ataques com mísseis de cruzeiro podem fazer uma diferença modesta, impedindo uma maior utilização de armas químicas. O gás sarin tem uma utilidade tão limitada para o exército sírio que este levou dois anos para usá-lo de forma expressiva, e é plausível que possamos convencer os generais da Síria a não empregá-lo novamente, se o preço for alto.

Recentemente, o governo sírio também tem dominado o combate, e ataques aéreos podem torná-lo mais disposto a negociar um acordo de paz para acabar com a guerra. Eu não apostaria nisso, mas, na Bósnia, os ataques aéreos ajudaram a encaminhar o acordo de paz de Dayton.

Ataques de mísseis contra os aeroportos militares de Assad também poderiam reduzir sua capacidade de abater civis. Com menos aviões de combate, ele pode ser menos capaz de lançar substâncias como o napalm em escolas -como suas forças aparentemente fizeram em Aleppo no mês passado.

Uma corajosa equipe de televisão da BBC filmou as vítimas de queimaduras, com as roupas queimadas e a pele caindo de seus corpos, e entrevistou uma testemunha indignada que perguntou a aqueles que se opõem à ação militar : "Você pedem paz. Que tipo de paz vocês estão querendo? Vocês não veem isso?"

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