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quarta-feira, 31 de julho de 2013

As duras barganhas da diplomacia

Depois de seis viagens à região nos últimos meses, o secretário de Estado americano, John Kerry, acredita ter convencido israelenses e palestinos a sentar à mesa e se envolverem em negociações diretas. Será que a diplomacia, essa palavra quase antiquada, está de volta?

Kerry conhece os problemas e, pelo que ouço dizer, fez da questão Israel-Palestina sua prioridade número um. Mas a crença na paz entre esses dois Estados nunca foi tão débil, e o exercício do poder pelos Estados Unidos nunca foi tão problemático. Ele é, ao mesmo tempo, necessário e insuficiente para a maioria dos grandes problemas mundiais.

O próprio ato de tentar mediar o mais intratável conflito do mundo pode parecer presunçoso hoje em dia. O século americano acabou, e ninguém reivindicou o atual de forma convincente.

Fala-se de um mundo pós-americano (Fareed Zakaria), de um mundo não americano (Parag Khanna) e da "nação dispensável" (Vali Nasr). Gideon Rachman, do "Financial Times", convida os Estados Unidos a encarar com franqueza seu relativo declínio e suas dificuldades, como uma criança que confessa ter gastado toda a sua mesada.

Da Síria ao Egito, fala-se da indecisão vacilante do governo Obama. Mesmo os EUA às vezes parecem inseguros quanto a se aventurar adiante ou recuar.

Mesmo assim, estou impressionado com a perseverança de Kerry. Ele está carente de novas ideias, mas não de determinação. A diplomacia eficaz -do tipo que produziu o avanço de Nixon com a China, o fim da Guerra Fria conforme os termos americanos ou o acordo de paz de Dayton para a Bósnia- exige paciência, persistência, empatia, discrição, ousadia e uma disposição para conversar com o inimigo.

A era da internet, no entanto, é de impaciência, mutabilidade, palavrório, mesquinhez e falta de vontade de conversar com os malvados. O espaço para uma política de Estado realista, do tipo que produziu a paz na Bósnia em 1995, diminuiu. A "realpolitik" de Richard Holbrooke não era para melindrosos -mas em Dayton ninguém estava tuitando.

No Capitólio, "diplomacia" é uma palavra evitada por causa das suas associações molengas: barganhas, concessões, flexibilidade e afins. Muitos deputados preferem rufar os tambores de confronto, dureza e inflexibilidade do pós-11 de Setembro.

É possível imaginar uma nova era de diplomacia no segundo mandato do presidente Barack Obama. Exceto em Mianmar, ele ainda não obteve nenhum grande avanço. Mas Obama precisará ter a coragem de dizer ao Congresso que não se faz diplomacia com amigos. Ela é feita com gente como o Taleban, os aiatolás e o Hamas. Ele precisará valorizar a flexibilidade.

Diplomacia envolve aceitar que, para conseguir o que você quer, você precisa ceder algo. A questão central é: o que eu quero obter do meu rival e o que eu preciso dar para conseguir isso? Ou, colocando nos termos que Nixon colocou ao buscar pontos comuns com a China comunista: o que nós queremos, o que eles querem e o que ambos queremos?

Qual é o interesse de Israel? Uma paz com dois Estados, que encerre o conflito e seu domínio corrosivo sobre outro povo. Segurança e garantias de que um Estado palestino irá renunciar à violência e a novas reivindicações territoriais. Aceitação no Oriente Médio como um todo. Uma solução que libere o país do beco sem saída da ocupação e lhe permita honrar sua carta de fundação, em 1948, segundo a qual Israel respeitará "os princípios de liberdade, justiça e paz, no espírito das visões dos Profetas de Israel; implementará a igualdade dos completos direitos sociais e naturais para todos os seus cidadãos, sem distinção de religião, raça e gênero; prometerá liberdade de religião, consciência, língua, educação e cultura".

Qual é o interesse palestino? Uma paz com dois Estados, que restaure sua dignidade, os liberte da ocupação israelense, conceda o desafio de criar um Estado, em vez das tentações da vitimização, e ofereça um futuro de crescimento econômico numa região aberta, em lugar de novos ciclos de infrutífera violência.

Qual é o interesse americano? Encerrar um conflito que talvez seja a maior influência para a radicalização individual no mundo árabe e islâmico, um catalisador para a violência e uma importante fonte de antiamericanismo na região e fora dela.

Esses interesses não são incompatíveis. Mas coragem e duros sacrifícios serão necessários por parte de todos para que essas discussões não terminem como todas as outras terminaram desde 1948 -em fracasso.

Mas já que o tático prevalece sobre o estratégico em um mundo que raramente enxerga mais longe e já que os EUA não têm mais o poder de impor sua vontade, seria tolice estar senão pessimista a respeito da ofensiva de Kerry.

Um comentário:

  1. Qual é o interesse americano? Encerrar um conflito que talvez seja a maior influência para a radicalização individual no mundo árabe e islâmico, um catalisador para a violência e uma importante fonte de antiamericanismo na região e fora dela.==== Estão preocupados c isso em quase 60 anos?!?! Se deram contas disso agr?!?!Bem, antes tarde do q nunca. Essa "negociações",ie, essas pseudonegociações ñ vão dar em nada, é do interesse dos judeuss manter o "Status Quo" vigêente.Ainda vão fazer alguma coisa forte contra oa Palestinos p os levar a sairem desta brincadeira de parlare...ñ via dar em nada,quem viver verá. sds.

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