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terça-feira, 16 de abril de 2013

Presidente do Irã tenta se firmar como oposição

Esfandiar Rahim Mashaei (centro) e o presidente do Irã Mahmoud Ahmadinejad (dir.)

O presidente Mahmoud Ahmadinejad não vai sair de cena tranquilamente.

A poucos meses de encerrar seu segundo e último mandato presidencial, ele tem causado uma série de polêmicas para, segundo especialistas, transformar sua imagem pública e assegurar que o seu candidato, Esfandiar Rahim Mashaei, tenha o apoio de iranianos urbanos insatisfeitos.

Tudo isso é parte de uma disputa de poder com vistas à eleição de junho, que opõe a facção de Ahmadinejad a uma coalizão de tradicionalistas, a qual inclui muitos comandantes da Guarda Revolucionária e clérigos radicais.

Com o fim do movimento de protesto surgido após a última eleição presidencial, em 2009, Ahmadinejad e seus partidários têm aparecido no improvável papel da oposição. Eles agora estão lutando contra os tradicionalistas que, entre outras coisas, assumem uma postura mais dura nas negociações com o Ocidente sobre o programa nuclear do Irã e gostariam de abolir a Presidência.

Na complexa política iraniana, essas disputas costumam ser travadas sob o olhar atento do líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, que decide em última instância os vencedores e perdedores da disputa.

Se o presidente e seus partidários fracassarem, perderão qualquer possibilidade de imunidade judicial e ficarão à mercê não só do Judiciário, mas também das forças de segurança, da TV estatal e dos influentes líderes das preces das sextas-feiras -todas elas instâncias controladas pelos tradicionalistas.

Promotores já avisaram publicamente que podem processar auxiliares de Ahmadinejad por corrupção, delitos administrativos e desvios em relação ao islamismo.

Não que Ahmadinejad tenha tido uma epifania que o deixasse aberto a abraçar a democracia ocidental. Mas, nos últimos meses, ele tem surpreendido seus críticos do Ocidente ao desafiar seus inimigos.

Em fevereiro, durante sessão parlamentar transmitida pela TV, ele mostrou um vídeo gravado secretamente em uma reunião de um aliado seu com Fazel Larijani, o mais jovem de cinco influentes irmãos estreitamente ligado aos tradicionalistas, que Ahmadinejad disse estar propondo negócios fraudulentos.

Apesar de ter anteriormente defendido o papel do islamismo nos assuntos cotidianos, o presidente agora se posiciona como um paladino dos direitos do cidadão. Em discursos, ele prefere os termos "nação" e "povo" no lugar de "ummah", a comunidade dos crentes, que é a palavra preferida pelos clérigos, constantemente na defensiva contra qualquer retomada do nacionalismo pré-islâmico. Ele também já disse estar disposto a dialogar com os EUA.

Ahmadinejad habitualmente aborda a questão da corrupção e insinua que outros funcionários acumularam riquezas e poderes em razão dos seus cargos.

Em seus discursos, ele também tem usado o lema "vida longa à primavera", o que alguns interpretam como uma alusão às revoltas da Primavera Árabe.

"Na prática, o presidente criou uma nova corrente no establishment político iraniano", disse Reza Kaviani, analista do Instituto Porsesh, alinhado ao ex-presidente Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, um oponente moderado de Ahmadinejad.

"Ele se organizou e colocou burocratas em posições-chave. Ele vai sobreviver para além dos seus dois mandatos, assim como seus amigos. Mas como ele vai permanecer, e a qual custo, não está claro por enquanto."

O apoio de Ahmadinejad a Mashaei, seu mentor espiritual e consogro, é particularmente provocativo para os conservadores. Em suas mensagens, Mashaei propaga a importância da nação acima do islamismo.

Aiatolás e comandantes militares de alto escalão dizem que Ahmadinejad foi "enfeitiçado" por Mashaei, 52, um homem alto e sem barba, a quem eles chamam de "maçom", "espião estrangeiro" e "herege". Eles acusam Mashaei de tramar a derrubada da geração de clérigos que governa o Irã desde a Revolução Islâmica de 1979.

A disputa entre facções pode ser uma prévia do que está por vir nos próximos meses. O primeiro momento crítico pode acontecer se o Conselho Guardião, que faz uma triagem de candidatos a cargos eletivos, rejeitar a candidatura de Mashaei. Khamenei, por enquanto, tenta acalmar a situação, alertando as facções sobre os riscos aos interesses nacionais. Embora os dois grupos digam ter o apoio do aiatolá, a posição dele não está clara, e muitos especialistas consideram que isso é deliberado.

"Se Ahmadinejad evitar discursos engajados e declarações grandiloquentes depois da possível desqualificação de Mashaei pelo Conselho, há uma chance de que o líder o autorize a concorrer usando um decreto estatal", disse o cientista político Ehsan Rastgar. "Se não, podemos testemunhar agitação."

2 comentários:

  1. Khamenei salvando o Esfandiar Rahim Mashaei se o Conselho o vetar, como quer o texto, acredito ser difícil, ele já o tirou de vice no passado.

    Além disso o aiatolá Movahedi Kermani já advertiu os candidatos presidenciais que a lealdade ao Líder Supremo, é um pré-requisito vital, e pelo que se diz o Mashaei tem esse problema, não é considerado ao Líder Supremo e a Revolução como o próprio texto coloca.

    Acho que aposta em Mashaei bem arriscada, o perigo de veto é bem real, não sei se Ahmadinejad terá tanto apoio popular para vencer o clero, a economia contraiu-se em 2012, 1,9% e este ano 1,3%, a Fars vem culpando-o pelos problemas não é de hoje, o que parece que os candidatos do Khamenei são: Gholam Ali Haddad Adel e Mohammad-Baqer Qalibaf é o prefeito de Teerã, e a oposição tem outros candidatos.

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    1. As mídias estatais iranianas não culpam o presidente por causa das coisas ruins na economia, mas sim os EUA e a Europa.

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