quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
Livros escolares palestinos e israelenses perpetuam visões preconceituosas, mostra estudo
É nos livros escolares que se situa grande parte das raízes, ou pelo menos da perpetuação, do conflito entre Israel e Palestina. Daí o interesse de realizar uma análise aprofundada do conteúdo deles. Três especialistas se dedicaram a essa tarefa ao longo de três anos: os professores Sami Adwan, da Universidade de Belém, Daniel Bar-Tal, da Universidade de Tel-Aviv, e Bruce Wexler, da universidade americana de Yale.
O resultado do trabalho, publicado na última segunda-feira (4), mostra que os livros escolares expõem "um relato nacional unilateral, apresentando o outro como inimigo, elaboram a lista de ações negativas do outro contra sua própria comunidade e apresentam esta de maneira positiva. Os acontecimentos históricos, embora não sejam errados nem inventados, são apresentados de maneira seletiva para reforçar o relato nacional de cada comunidade".
Ao mesmo tempo em que admitem que as descrições que tendem a "desumanizar" o outro são raras, tanto em livros escolares israelenses quanto em palestinos, os autores ressaltam "uma falta de informação a respeito da religião, da cultura, da economia e das atividades cotidianas do outro, ou mesmo de sua inexistência (...). A falta desse tipo de informação serve para negar a presença legítima do outro", eles escrevem.
O relatório mostra que a representação negativa da comunidade do outro e a ausência de informações a seu respeito, além da representação positiva de sua própria comunidade, são mais pronunciadas nos livros das escolas ultraortodoxas e palestinas do que nas escolas públicas israelenses. Esse estudo foi lançado em 2009 pelo Conselho das Instituições Religiosas da Terra Santa (que representa as religiões cristã, muçulmana e judaica) e financiado pelo departamento de Estado americano, mas ambos mantiveram-se à parte das conclusões.
Os três professores insistiram no rigor da metodologia e no amplo leque de livros escolares estudados: 640 manuais (492 israelenses, 148 palestinos) serviram de base para sua pesquisa. O relatório insiste na questão dos mapas contidos nos manuais escolares: 58% dos livros palestinos e 76% dos livros israelenses não mencionam nenhuma "fronteira" (a "linha verde" do armistício de 1949 que marca a separação entre Israel e a Cisjordânia) entre o mar Mediterrâneo e o Jordão, ao passo que 4% dos manuais palestinos e 13% dos livros israelenses identificam claramente – com uma legenda – os dois territórios.
Os textos dos manuais refletem o estado das relações entre as duas partes. Segundo 81% dos livros escolares palestinos, os israelenses são o "inimigo", enquanto 75% dos manuais israelenses classificam assim os palestinos. Da mesma maneira, 87% dos livros palestinos consideram "negativos" ou "muito negativos" os atos dos israelenses, ao passo que 51% destes últimos fazem um julgamento similar sobre os palestinos, de acordo com seus livros didáticos.
O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, considerou que as conclusões desse estudo provam que os manuais palestinos não contêm "nenhuma forma de incitação" (ao ódio), uma acusação recorrente das autoridades israelenses. Do lado israelense, as reações foram unanimemente negativas: o Ministério da Educação, que se negou a cooperar com os autores do relatório, avaliou que a ideia era caluniar Israel, ao passo que Moshe Yaalon, ministro das Relações Estratégicas, afirmou: "Os jovens israelenses são educados em um espírito de paz, ao passo que os palestinos são educados para odiar Israel e abraçar a jihad. São fatos".
Os autores lembram que o conteúdo dos livros escolares é uma forma de declaração pública dos governos, e que ele influencia as crenças e atitudes das crianças em relação ao "outro". Eles acreditam que a "educação para a paz", que inclui o papel dos livros didáticos, deveria fazer parte da pauta das negociações entre as duas partes.
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O primeiro-ministro palestino, Salam Fayyad, considerou que as conclusões desse estudo provam que os manuais palestinos não contêm "nenhuma forma de incitação" (ao ódio), uma acusação recorrente das autoridades israelenses. Do lado israelense, as reações foram unanimemente negativas: o Ministério da Educação, que se negou a cooperar com os autores do relatório, avaliou que a ideia era caluniar Israel, ao passo que Moshe Yaalon, ministro das Relações Estratégicas, afirmou: "Os jovens israelenses são educados em um espírito de paz, ao passo que os palestinos são educados para odiar Israel e abraçar a jihad. São fatos".===== Falar + o quê? os fatos indicam "os mal" nessa história td.E dizer q são filhos de Abraão( Gên.16:4)Esses opressores judeuss ñ aprenderam nada c seu passado ñ mt distante, e ainda falam de SHOAH; o q falam , sentem , pensam, e vivem os pobres Palestinos?!?!Usem de empatia. ...Trágico.
ResponderExcluirA pesquisa parece correta e ajuda a discussão sobre um futuro mais estável na região, mas é impossível se tratar árabes e israelenses como grupos equivalentes no campo da propaganda ideológica. As crianças palestinas são adestradas para odiar os israelenses e desejar seu extermínio completo - isso é feito à luz do dia, até por professoras primárias, é um fato que nem as autoridades palestinas negam. Os israelenses aprendem apenas que são odiados pelos vizinhos e precisarão se defender ou fugir.
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