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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Arábia Saudita compra armas da Croácia e as envia para rebeldes sírios


A Arábia Saudita financiou uma grande compra de armas de infantaria da Croácia e as enviou discretamente para os combatentes antigoverno na Síria, em um esforço para romper o impasse sangrento que permitiu ao presidente Bashar Assad se manter no poder, segundo autoridades americanas e ocidentais familiarizadas com as compras.

As armas começaram a chegar aos rebeldes em dezembro, através da Jordânia, disseram as autoridades, e foram um fator para os pequenos ganhos táticos dos rebeldes nos últimos meses contra o exército e as milícias leais a Assad.

As transferências de armas parecem sinalizar uma mudança de postura entre vários governos para uma abordagem mais ativa no auxílio à oposição armada na Síria, em parte como um esforço para responder aos envios de armas do Irã para as forças de Assad. A distribuição de armas foi feita principalmente para os grupos vistos como nacionalistas e seculares, e parece contornar os grupos jihadistas, cujo papel na guerra alarmou as potências regionais e ocidentais.

Por meses, as capitais regionais e do Ocidente evitaram armar os rebeldes, em parte pelo temor de que as armas caíssem nas mãos de terroristas. Mas as autoridades disseram que a decisão de enviar mais armas visa tratar de outro temor no Ocidente, o do papel dos grupos jihadistas na oposição. Esses grupos eram vistos como mais bem equipados do que muitos combatentes nacionalistas e, potencialmente, mais influentes.

A ação também sinaliza o reconhecimento entre os apoiadores árabes e ocidentais dos rebeldes de que o sucesso da oposição em afastar os militares de Assad de grande parte do norte da Síria até meados do ano passado, deu lugar a uma campanha lenta, desgastante, na qual a oposição continua em inferioridade de armas e os custos humanos continuam aumentando.

O papel de Washington no envio de armas, se é que há algum, não está claro. Autoridades na Europa e nos Estados Unidos, incluindo as da CIA, citaram a sensibilidade do envio de armas e se recusaram a comentar publicamente.

Mas um alto funcionário americano descreveu os envios como "um amadurecimento dos canais logísticos da oposição". O funcionário notou que a oposição continua fragmentada e operacionalmente incoerente, e acrescentou que a compra recente pelos sauditas "não representa um ponto de virada".

"Eu continuo convencido de que não estamos próximos desse ponto de virada", disse o funcionário.

O funcionário acrescentou que o Irã, com seus envios de armas para o governo sírio, ainda supera o que os países árabes enviaram aos rebeldes.

As transferências de armas iranianas alimentam preocupações entre os países árabes sunitas sobre perderem terreno para Teerã, no que se tornou uma disputa regional pela primazia na Síria entre os árabes sunitas e o governo Assad e o Hizbollah no Líbano apoiados pelo Irã.

Outra autoridade americana disse que o Irã envia aviões carregados de armas para a Síria de modo tão rotineiro a ponto de se referirem a eles como "entrega de leite". Vários voos foram feitos por um Boeing da força aérea iraniana usando o nome de Maharaj Airlines, ele disse.

Apesar dos países do Golfo Pérsico enviarem equipamento militar e assistência adicional aos rebeles há mais de um ano, a diferença entre os envios é, em parte, de escala. As autoridades disseram que múltiplos voos carregados de armas partiram da Croácia desde dezembro, quando muitas armas iugoslavas, antes não vistas na guerra civil síria, começaram a aparecer nos vídeos postados pelos rebeldes no YouTube.

Muitas das armas –que incluem um tipo específico de arma sem recuo de fabricação iugoslava, assim como fuzis de assalto, lançadores de granada, metralhadoras, morteiros e lançadores portáteis de foguetes para uso contra tanques e outros veículos blindados– foram extensamente documentadas por um blogueiro, Eliot Higgins, que escreve sob o nome de Brown Moses e mapeou a disseminação das novas armas no conflito.

Ele começou a notar as novas armas no início de janeiro, nos choques na região de Daraa, próxima da Jordânia, mas em fevereiro ele passou a vê-las nos vídeos postados pelos rebeldes combatendo nas regiões de Hama, Idlib e Aleppo.

Autoridades familiarizadas com as transferências disseram que as armas fazem parte de um excedente não declarado na Croácia das guerras dos Bálcãs dos anos 90. Uma autoridade ocidental disse que os envios incluem "milhares de fuzis e centenas de metralhadoras", assim como uma quantidade desconhecida de munição.

O Ministério das Relações Exteriores da Croácia e a agência exportadora de armas negaram a ocorrência de qualquer envio. As autoridades sauditas recusaram os pedidos de entrevista sobre os envios por duas semanas. Autoridades jordanianas também se recusaram a comentar.

Danijela Barisic, uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores croata, disse que desde o início da Primavera Árabe, a Croácia não vendeu nenhuma arma nem para a Arábia Saudita e nem para os rebeldes sírios. "Nós não fornecemos armas", ela disse por telefone.

Igor Tabak, um analista militar croata, disse que após um período em que muitos países da antiga Iugoslávia vendiam armas das guerras nos Bálcãs no mercado negro, a Croácia, que deverá ingressar neste ano na União Europeia, agora cumpre rigidamente as regras internacionais para transferências de armas.

"Eu não consigo imaginar a transferência de grandes quantidades de armas sem aprovação do Estado", ele disse. "Não é impossível, mas é bastante improvável." Ele acrescentou que é possível que as armas possam ter sido transferidas por meio dos serviços de inteligência, apesar dele não dispor de evidência de que se trata disso.

Os rebeldes na Síria adquiriram suas armas de várias formas, incluindo contrabando pelos países vizinhos, captura no campo de batalha, compras junto a oficiais e autoridades sírias corruptas, patrocínio por governos e empresários árabes, e fabricação local de foguetes e bombas rudimentares. Mas eles permanecem pouco equipados em comparação às forças armadas convencionais do governo, e são propensos a escassez.

Uma autoridade em Washington disse que a possibilidade de transferências dos Bálcãs foi apresentada no ano passado, quando um autoridade croata visitou Washington e sugeriu às autoridades americanas que a Croácia dispunha de muitas armas caso alguém estivesse interessado em transferi-las para os rebeldes sírios.

Na época, os rebeldes estavam avançando lentamente em partes do país, mas tinham dificuldade em manter o momento em meio à escassez de armas e munição.

Washington não demonstrou interesse na ocasião, disse o funcionário, apesar de na mesma época já haver sinais de assistência militar árabe e estrangeira limitada.

Tanto cartuchos de fuzil de fabricação ucraniana comprados pela Arábia Saudita quanto granadas de fabricação suíça fornecidas pelos Emirados Árabes Unidos foram encontrados pelos jornalistas entre os rebeldes.

E fuzis de fabricação belga, de um tipo não conhecido, foram comprados pelas forças armadas da Síria e foram repetidamente vistos em mãos rebeldes, sugerindo que um dos compradores anteriores dos fuzis belgas transferiu as armas populares para os rebeldes.

Várias autoridades disseram não ter visto um afluxo tão visível de novas armas como viram nas últimas semanas.

Em dezembro, enquanto os refugiados atravessavam a fronteira síria para a Turquia e Jordânia, em meio a crescentes sinais de uma crise humanitária no inverno, as armas croatas voltaram a aparecer, disse uma autoridade familiarizada com as transferências.

Uma autoridade ocidental familiarizada com as transferências disse que os participantes hesitam em discuti-las porque a Arábia Saudita, que a autoridade disse ter financiado as compras, insiste no sigilo.

O "Jutarnji list", um jornal croata, noticiou no sábado que nos últimos meses foi visto um número incomumente elevado de aviões de carga jordanianos no Aeroporto Pleso, em Zagreb, a capital da Croácia.

O jornal disse que os Estados Unidos, os principais aliados políticos e militares da Croácia, possivelmente foram os intermediários, e mencionou a presença por quatro vezes do avião Ilyushin 76, de propriedade da Jordan International Air Cargo, no Aeroporto Pleso. Ele disse que o avião foi visto em 14 e 23 de dezembro, em 6 de janeiro e 18 de fevereiro. Ivica Nekic, diretor da agência encarregada pelas exportações de armas na Croácia, negou a reportagem croata como sendo especulação.

16 comentários:

  1. Esse rei da Arabia Saudita é um terrorista nato. È ele , EUA e a OTAN que financiam derramamento de sangue na Síria. EU não sou a favor ou contra Assad. Sou neutro. Mas, um país enviando arma para alimentar guerra civil é inaceitável.querendo ou não, Assad é presidente da Síria, com isso ele pode receber arma de qualquer país. Não existe nenhuma ilegalidade nisso.


    Edson Dias

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  2. Não é para alimentar guerra civil mas sim pela liberdade do Povo (claro que há sempre interesses). Todos merecem a liberdade, cada povo deve decidir em que país quer viver, o país são as pessoas que nele vivem. Têm todo o direito na minha opinião...

    Michel o que achas acerca desta matéria?

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    1. Os árabes, assim como alguns povos do leste europeu sempre cultuaram a imagem de um líder e em democracias isso não acontece. Isso é tradição, é cultura.

      A minha opinião? Que o regime de Riad tem que ser derrubado!

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  3. Xavier, que liberdade é essa? Se fosse por democracia, tem que começar pelo Arabia Saudita, Qatar, Kwait, Bahrein e por ai. O engraçado, que um ditador financia derrubada de outro ditador.

    Essa palavra liberdade é palavra que os EUA usam para fazer massacres pelo mundo...

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    1. Concordo contigo acerca dos EUA, querem impor a sua vontade em todos os cantos do mundo, é verdade, mas o que será pior? a intervenção deles ou uma guerra civil com numerosas baixas civis? ("Libia" um dos casos mais recentes que já "acabou" entre aspas).
      Acerca de um ditador financiar a queda de outro, não estou a par do ditador da Arabia Saudita mas talvez haja ditadores melhores que outros, porque se assim não fosse o ditador da Arabia Saudita também se encontrava em vias de ser derrubado, mas como já disse não estou a par do mesmo. A palavra "ditador" significa neste caso um só a governar, é ele que dita as regras, mas não tem de ser necessariamente uma "besta" (desculpem o termo).

      Cumps.

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    2. Não há revolução sem sangue.

      Se os sírios procuraram uma guerra civil, eles, os sírios que tem que resolver.

      E só guerra civil se terceiros tomam partido.

      Quem instigou a guerra civil foram os americanos, israelenses e sauditas.

      Talvez haja ditadores melhores que outros? Pode ser, mas que o Abdullah II é pior pior que o Assad, isso não tenho dúvidas.

      É amigo, pelo que você fala do regime de Riad, mostra o quão estais desinformado acerca do tema.

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    3. Exacto, como disse anteriormente não estou a par dos ditadores.

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    4. Michel, você conhece alguma guerra civil que não houve interferência estrangeira no século XX em diante? Como também algum caso conhecidos ditadura pessoal caiu sem ser de forma violenta (seja revolução ou golpe de estado) que tivesse um período de turbulência posterior?

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    5. Mubarak e Ben Ali caíram sem atos de violência.

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  4. O Egito,eu conheço bem, era uma ditadura mas não era personalista, as instituições funcionavam tanto que foi um golpe de Estado seco e ficou a transição nas mãos da SCAF, mas mesmo assim houve violência até tiros de sniper na Tahir (tanto que policiais estão sendo julgados), foram libertados todos os presos etc.

    A Tunísia, sempre teve alguma tradição política desde a Independência até de partidos políticos, pode-se afirmar que existia uma decadência das instituições, mesmo assim o poder da transição foi passado para o primeiro-ministro Mohamed Ghannouchi.

    A Síria, eu nunca vi o que ocorreu com o Baath, mas pelo que narra o Joshua Landis era apenas figuração, tanto que o culto o al-Assad era visível até no Líbano a uns três anos atrás para minha surpresa pelo ocorrido com o Hariri e outras pessoas que "foram explodidas".

    Todos os regimes que não houve guerra civil a passagem se deu dentro das instituições que existem, e a oposição teve que negociar compromissos para chegar ao poder, ou estou errado?

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    1. Golpe de Estado? Se "aquilo" foi um golpe, porque os golpistas não estão no poder. Esse foi o único golpe de estado que o golpistas não se mantiveram no poder. Houve violência por parte das forças de Mubarak, não da posição.

      Na Tunísia Ben Ali caiu sem um tiro se quer.

      Não concordo com o último parágrafo.

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  5. Esse reizeco saudita e tanto quanto o Assado sirio...até qdo?Sds.

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  6. Xavier Rocha o que faz um suposto ditador digo suposto porque definições variam de acordo com opinião de cada um diga-se de passagem democracia seria poder do povo e onde isso existe por acaso? Te garanto que não existe na União Europeia a quem vc tem foto no perfil, lá é uma plutocracia descarada. Mais voltando aos tais ditadores, o que faz ele ficar no poder não é ser bom, ruim, gente fina ou tirano, e sim capacidade de se impor e interesses estrangeiros. Quem vai querer derrubar o rei da AS (Arábia Saudita)? A AS é grande exportadora de petróleo mundial, a AS é também o grande cliente militar dos EUA, a AS recentemente fez grandes compras da Alemanha também, a AS está sempre do lado dos EUA seja a encrenca que surja no oriente médio então pq diabos iam querer derrubar o rei da AS? Agora olha o outro lado, o Assad se aliou ao Irã, o novo capeta da mídia ocidental, se aliou ao Hezbollah, e até antes dessa guerra era aliado do Hamas até o Hamas largar então quem vc acha que iam querer derrubar o Rei da AS ou o Presidente da Síria? A resposta é obvia não é.

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  7. E também não existe nenhuma guerra por liberdade Xavier, todos os vídeos dos guerrilheiros sírios quanto daqueles na Líbia que guerrearam contra o Kadafi só gritam uma coisa Allah Akbar que liberdade é essa de uma possível democracia islâmica? Só rindo né, religião é o oposto de qualquer definição de democracia, mesmo pra quem acredite na democracia sabe que liberdade e obrigações religiosas são completos opostos.

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  8. É Michel, faz sentido a Arábia Maudita e a CroáCIA enviarem armas p/os MERCENÁRIOS na Síria. Realmente a CroáCIA deve ser no momento o boi de piranha dos EUA e OTAN na europa. (dessa vez avisa aquele moço que não perdoou o meu lapso, qdo escrevi OTAN com M. Já me corrigi.)

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