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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

"Sequestro de clérigo muçulmano pela CIA foi uma desgraça", diz promotor alemão que não conseguiu denunciar suspeitos

Abu Omar 

Na semana passada, um tribunal italiano condenou vários ex-agentes da agência inteligência italiana a sentenças de até 10 anos de prisão devido ao fato de eles terem apoiado a CIA no sequestro do clérigo muçulmano egípcio Abu Omar, ocorrido em 2003.

A CIA sequestrou Abu Omar na Itália e o transportou de avião até a base aérea de Ramstein, na Alemanha. Em seguida, Omar foi levado ao Egito, onde ele diz ter sido torturado.

Juízes do tribunal de recursos de Milão condenaram Niccolo Pollari, ex-chefe da agência de inteligência militar italiana Sismi, a 10 anos de prisão. O ex-vice de Pollari, Marco Mancini, pegou nove anos de prisão.

O ex-chefe do escritório da CIA em Roma e dois outros oficiais norte-americanos foram condenados à revelia e é improvável que eles cumpram suas penas.

Já na Alemanha, nenhuma acusação foi apresentada contra os agentes da CIA que atuaram em território alemão. As investigações conduzidas pelo promotor Eberhard Bayer, 62, foram encerradas porque ele não conseguiu determinar quais agentes da CIA estavam envolvidos no caso.

Bayer falou à Spiegel sobre suas frustrações relacionadas com o caso.

Spiegel: O sistema judicial italiano investigou com sucesso o papel das pessoas envolvidas no caso de Abu Omar na Itália. Será que o sistema judicial alemão falhou?
Bayer: Nós realmente tentamos de tudo, mas, no final das contas, não conseguimos descobrir quais agentes da CIA estavam em Ramstein. Nós sabíamos qual avião pousou, nós tínhamos uma lista dos pilotos norte-americanos que pilotavam esse avião e até chegamos a verificar os pagamentos feitos com cartões de crédito e as reservas de hotel realizados ao redor da base aérea para descobrir quem poderia ter estado lá em 17 de fevereiro de 2003. Mas não conseguimos nada . E Abu Omar infelizmente não conseguiu identificar nenhum de seus sequestradores.

Spiegel: O avanço nas investigações obtido na Itália ocorreu após a verificação das ligações telefônicas realizadas pelos membros da CIA envolvidos no caso.
Bayer: Na Alemanha nós não temos acesso a dados tão antigos. O sequestro aconteceu em 2003.

Spiegel: Até onde você conseguiu chegar na investigação que realizou nos EUA?
Bayer: Nós entramos em contato com a base aérea de Ramstein, que no início cooperou conosco. Mas, depois, o pessoal da base nos informou que nenhuma informação seria divulgada pelos EUA. E o Ministério da Justiça da Alemanha nos disse que não tinha nenhuma informação além das que estavam nos jornais.

Spiegel: Quando Condoleezza Rice, secretária de Estado dos EUA à época, visitou Berlim, você perguntou ao Ministério das Relações Exteriores alemão se o assunto foi discutido. Qual foi a resposta do governo alemão?
Bayer: O Ministério das Relações Exteriores apenas nos disse que não houve nenhuma troca de informações sobre esse assunto.

Spiegel: Será que o governo alemão não queria ajudar ou será que não podia ajudar?
Bayer: Eu não quero arriscar um palpite sobre isso.

Spiegel: Por que você não investigou George Tenet, que era o chefe da CIA à época e foi o responsável pela operação?
Bayer: Essa opção não existia. Juridicamente, eu só posso investigar as pessoas que estiveram fisicamente em Ramstein.

Spiegel: Você lamenta o fato de Abu Omar não ter obtido justiça na Alemanha?
Bayer: É claro. O que aconteceu em Milão e em Ramstein é uma desgraça e deveria ter sido levado aos tribunais. Se tivesse sido possível, nós teríamos apresentado denúncias contra os suspeitos.

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