terça-feira, 9 de outubro de 2012
Le Monde: Na Síria, a violência se propaga para reduto da família Assad
Estaria próxima do fim a época em que a região alauíta conseguia viver isolada? Essa zona montanhosa com vista para o litoral sírio, berço da religião de mesmo nome e bastião do regime Assad, por muito tempo pareceu hermética à violência que vem devastando o país. Essa calma aparente permitia que o regime promovesse a hipótese de uma revolta religiosa, circunscrita aos territórios de maioria sunita. Mas, de uma semana para cá, confrontos armados vêm ocorrendo no centro da região alauíta, em Qardaha (noroeste da Síria), uma cidadezinha de 10 mil habitantes, terra natal dos Assad.
São disputas entre membros desse clã, que subjugaram a cidade e seus arredores sistematicamente - a exemplo do que o regime e seus asseclas fizeram em grande parte da Síria - e outras famílias locais, prestigiosas, mas marginalizadas pela hegemonia dos Assad, como os Khayer. Seriam simples acertos de contas, tendo como pano de fundo o controle do contrabando para o Líbano, no qual a cidade se especializou?
Ou seria a abertura de uma nova frente anti-Damasco, alimentada, entre outras coisas, pelo sequestro no final de setembro de Abdelaziz al-Khayer, um opositor de esquerda bem conhecido, pelos serviços de inteligência síria? Difícil esclarecer as causalidades. Mas os conflitos foram considerados suficientemente graves para que o regime, perturbado em seu território, se apressasse em enviar soldados para as ruas de Qardaha.
Império mafioso
A causa dos tumultos foi Mohamed Assad, primo do chefe de Estado Bashar Assad e temido padrinho da região alauíta. Junto com dois outros "enfants terribles" da família, Fawwaz e Munther Assad, ele foi um dos criadores das shabiha, os brutamontes especializados em extorsões e tráficos de drogas que, antes de serem contratados para conter a insurreição, os ajudaram a construir um pequeno império mafioso.
Segundo a Coordenação de Qardaha, um agrupamento de jovens alauítas partidários da revolução, no dia 28 de setembro, teria aberto fogo em um bar da cidade contra um membro da família Khayer, que criticava em voz alta o presidente Assad. Aquele que foi apelidado de "xeque da montanha" teria errado seu alvo e sido morto nos confrontos que se seguiram a essa altercação.
Outras fontes afirmam que o homem ainda está internado em estado crítico em Latakia. No dia 4 de outubro, a oposição síria falava em novos confrontos mortais, depois que três mulheres do clã Khayer foram sequestradas pelos Assad. "É uma briga de gangues", afirma o pesquisador Fabrice Balanche, especialista em Síria. "A família Assad está enfraquecendo, então as outras estão voltando a se impor. Mas não é impossível que a oposição esteja se aproveitando desses acontecimentos".
Por ora, a minoria alauíta reluta em se dissociar em massa do sistema Assad. Apesar de um crescente mal-estar social, a maioria de seus membros acredita que o regime os protege dos sunitas, a religião majoritária na Síria. Para eles, caso “Bashar” caia, os rebeldes logo apontariam seus fuzis contra a região alauíta.
Mas há cada vez mais vozes dissidentes. Na semana passada, houve uma manifestação contra o regime em Tartus, no litoral. E até mesmo grupos armados antirregime foram formados. Segundo o Conselho Nacional Sírio, a principal plataforma de oposição, no último sábado (6), um deles teria atacado um ônibus de shabihas em Damasco, matando dez deles.
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Nunca um grupo é 100% unido, nem mesmo uma família consegue ser 100% unida, sempre tem primos ou até mesmos irmãos que não são tão chegados quanto mais um grupo religioso com milhões de adeptos. Existe muita propaganda em cima de uma possível queda eminente do Al Assadm isso está longe de ser verdadeiro, Al Assad pode cair? Claro que pode, mais nada indica que será rápido, a maior parte do exército s[irio se mantem do lado dele, o apoio do Irã vem sendo muito valioso, porque além de armas para o já grande arsenal sírio, ainda vem agentes de inteligência, o Hezbollah também dá seu apoio, e eles entendem como poucos guerra de guerrilha, são experts nisso,então não há pelo menos por enquanto evidências de que o poder de Al Assad esteja em risco pelo menos na região alauita e Damasco, já pelo Norte da Síria realmente a coisa pra ele está ruim.
ResponderExcluirOutra questão que o regime do Assad, criou uma nova guarda de elite, ela tem 60.000 soldados (está mais para paramilitares)e se baseia no Pasdaran do Irã, isso vai dar muita mobilidade e capacidade de batalha urbana para ás tropas do Al Assad.Essa informação eu li no voz da Rússia, que citou que o Irã ajudará no treinamento dessa guarda de elite para o Presidente sírio.Aqui tem o link falando sobre o assunto.
ResponderExcluirhttp://portuguese.ruvr.ru/2012_09_28/siria-cria-nova-guarda-de-elite/
Uma ótima notícia, tem algumas semanas mais vale á pena postar aqui
ResponderExcluirAssassinos de Kadafi estão morrendo um á um BEM FEITO, o primeiro a encontrar o Kadafi também já morreu.
http://portuguese.ruvr.ru/2012_09_26/89415247/
Kra que grande notícia que tu postou!!! Eu não sabia disso, isso ai tem que matarem quem pegou ao Muammar Gaddafi um por um mesmo, esse are da rep de cima morreu depois de tortura, quiseram exibir ele como se fosse um troféu está a revanche!Grande notícia vlw ai kra!
ResponderExcluirAss: Hilton
Grande voz da Rússia, sempre com grandes informações.
ResponderExcluirAss: Hilton