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sábado, 10 de dezembro de 2011

"As relações entre países são como casamentos", diz diretor de Conselho Britânico


Martin Davidson

Teoricamente ele vive em Londres, mas a maior parte do tempo está em um avião. Pode passar facilmente por três continentes em uma semana. Sua parada em Madri corresponde à apresentação de um projeto em colaboração com o Instituto Cervantes, "um de nossos principais sócios". Basta olhar a rosa de tecido que usa presa a uma lapela para adivinhar sua nacionalidade (é a homenagem dos britânicos aos mortos na Primeira Guerra Mundial).

Martin Davidson (nascido em Lowestoft em 1955) é o diretor-executivo do Conselho Britânico, a instituição cultural mais importante do Reino Unido. E está otimista quanto aos vínculos entre os países, mais concretamente no caso da Europa. "É normal que haja dificuldades. As relações entre os países exigem esforço, interesse mútuo, compreensão, como em um casamento!", brinca. "Não se deve esquecer que por trás das instituições há pessoas."

Dá como exemplo a cultura. "Espanha e Reino Unido, por exemplo, compartilham dois dos idiomas mais importantes do mundo e acervos culturais imensos." E a promoção destes não se limita ao conhecimento de um idioma: "Nem todos os que estudaram inglês leram Shakespeare, nem todos os que aprenderam espanhol, Cervantes".

Davidson foi uma peça fundamental para o crescimento do British Council, com centros em mais de cem países do mundo. Começou a trabalhar com menos de 30 anos na sede do instituto em Pequim em 1984. A equipe era de apenas seis pessoas e "era ilegal que um chinês falasse com um estrangeiro", lembra. Hoje são mais de 230 e os estudantes chineses, afirma, têm um profundo interesse por conhecer a Europa. Algo que faz falta nos jovens britânicos. Somente 0,46% dos universitários do Reino Unido participaram do programa Erasmus, a metade da média europeia e menos de um terço da participação espanhola (1,71%).

Davidson afirma que um dos obstáculos para despertar o interesse dos estudantes britânicos por outras culturas é, ironicamente, falar inglês. "O aprendizado de uma língua é a chave para conhecer outras culturas", comenta. E os idiomas, explica, "não estão em concorrência. O inglês e o espanhol não são rivais. Um profissional que fale um deles tem vantagem, um que fale os dois tem ainda mais".

Afirma que as instituições culturais exercem um papel complementar ao da política. "O trabalho cultural é político. Político quanto ao curto prazo, tem a ver com as relações em longo prazo entre as nações e as pessoas." E esse papel corre riscos. Um ataque suicida contra sua sede em Cabul custou 12 vítimas em agosto passado. "O primeiro atentado dessa magnitude contra nós", lamenta Davidson, no único momento da entrevista em que perde seu sorriso diplomático.

Mas logo se recupera. Lembra que em recentes distúrbios em Damasco a favor do regime de Bashar el Assad foram os próprios manifestantes que protegeram o centro britânico na capital síria. Ou o caso de Ramallah, seu próximo destino depois da visita relâmpago a Madri. Os escritórios foram incendiados por atacantes palestinos em 2006. Abriram de novo. "Sempre haverá dificuldades entre os países, mas o importante é não se render."

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