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quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Tunísia inclui islamistas no governo de união

Novo primeiro-ministro tunisino Habib Essid apresenta seu segundo governo para a mídia
Não está sendo fácil nem simples levar adiante o inovador experimento democrático tunisiano. Tampouco aprovar um novo governo, apesar de o partido laico, liberal e europeísta Nida Tunes (O Chamado pela Tunísia) ter ganho claramente, mas sem maioria absoluta, as eleições gerais há três meses e, em dezembro passado, as presidenciais com a figura emblemática do veterano Beji Caid Essebsi.

O novo chefe de governo, Habib Essid, um independente próximo de Essebsi, recebeu o encargo de formar o gabinete no início de janeiro, e nos últimos dez dias confeccionou duas equipes. A primeira, boicotada por quase todos os partidos, não se atreveu sequer a apresentá-la ao Parlamento. A segunda, com os islâmicos moderados dos Ennahda em sua composição, tem mais apoios na Câmara, mas concita à rebelião das bases e quadros do partido que sustentam o governo.

O novo governo da Tunísia, que nesta quarta-feira (4) passará quase com toda segurança pelo filtro da Assembleia de Representantes do Povo (ARP), conta com 25 ministros (só três mulheres) e 17 secretários de Estado (seis mulheres). Em sua formação, há afinal membros do Nida Tunes, mas também os islâmicos do Ennahda, os liberais do Afek Tunes (Horizonte pela Tunísia) e os populistas da União de Patriotas Livres (UPL), do milionário local Slim Riahi, que é conhecido como o Berlusconi tunisiano. Esse amálgama permitirá que o chefe de governo saia com grande respaldo do Parlamento, porque seu gabinete conseguirá teoricamente o voto desses quatro partidos, que somam 179 deputados dos 217 que formam a Câmara. A maioria absoluta está situada em 109 assentos e o Nida Tunes só havia conseguido 86 nas urnas. A atual aliança com seus antigos inimigos islâmicos radicais, que ocuparão um ministério (Emprego e Formação Profissional) e três secretarias de Estado, lhe proporciona mais 69 votos e mais estabilidade. Isso na teoria.

A comissão executiva do Nida Tunes se reuniu no último fim de semana, quando já era evidente que estava pronto o acordo político entre os grandes líderes das duas formações, para advertir o presidente do partido e do país, o veterano Essebsi, 88, de que essa aliança é antinatural. O secretário-geral do Nida Tunes, Taieb Baccuche, apelou inclusive "aos eleitores do partido, ao programa eleitoral e ao projeto de sociedade moderna" previsto para a Tunísia para evitar essa inclusão no governo. Vários deputados expressaram a mesma preocupação e mal-estar pelo que consideram uma traição a sua essência.

Todas essas queixas foram por enquanto em vão. O Nida Tunes, uma formação heterogênea, mas laica e liberal, baseou seu êxito político e sua campanha nos ataques ao papel interpretado nos últimos três anos na Tunísia pelos islâmicos, primeiro no poder depois das eleições que se seguiram em 2011 à queda do ditador Zin el Abidin Ben Ali, e depois manipulando seus cordões por fora.

Essebsi e seus dirigentes arremeteram duramente contra o Enahda e a troica que governou esta transição por sua ineficácia. O país está há três anos praticamente parado, com serviços públicos em um nível muito baixo, altos níveis de desemprego (15%) e uma grande decepção entre os jovens e as mulheres.

Apesar das pressões internas, Essebsi recebeu no domingo no Palácio de Cartago o líder histórico do Ennahda, Rachid Ghanuchi, para selar a aliança, garantir-lhe vários lugares no gabinete e apostar assim com fatos no "governo de união nacional" que muitos defenderam depois do resultado eleitoral e que foi frustrado na primeira tentativa, há dez dias. As vozes mais críticas, depois de saber a lista de ministros, vieram do próprio Nida Tunes, embora não se espere uma divisão na votação no Palácio do Bardo, sede do Legislativo.

No acordo alcançado nos últimos dias entre Essebsi e seu chefe de governo foi preciso expulsar oito ministros já nomeados para introduzir também vários independentes em pastas de Estado tão importantes quanto Justiça e Defesa, outra exigência dos islâmicos para facilitar a ideia de um verdadeiro governo de concentração.

Essas medidas não satisfizeram o quarto partido em resultados eleitorais, os esquerdistas da Frente Popular, confrontados ao Ennahda e que acusam Essebsi de fazer um "cálculo simples para garantir a confiança do Parlamento".

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