Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

El País: Do gigante chinês se observa uma Europa enfraquecida pela crise econômica

A chanceler alemã Angela Merkel é recebida na China pelo primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao

Não há melhor ponto de observação. Para entender o que está nos acontecendo, é preciso observar a Europa a partir da China. A visão da globalidade e o ângulo asiático proporcionam uma perspectiva diferente. E alarmante: estamos encolhendo e cada vez mais perdidos no mundo global. Não é o caso de um número crescente de empresários e homens de negócios, mas sobretudo de nossos velhos Estados nacionais e dos que estão no comando.

Tem sua lógica. O centro de gravidade se deslocou para a Ásia, e se dentro desse centro de gravidade há por sua vez outro centro de gravidade, está na China. Quem percebe mais intensamente o deslocamento e a perda de poder que está ocorrendo no planeta são os europeus. Para captar a dimensão da mudança, nada melhor que situar-se no ponto que mais sobe, a China, e observar dali o que mais se atrasa, a Europa.

A China se encontra em um momento delicado, às vésperas agitadas do 18º Congresso do Partido Comunista, que culminará com a troca da cúpula do Estado e do partido único. O poder continua funcionando segundo a metáfora da caixa-preta: sabemos tudo o que entra e o que sai, mas nada do que acontece em seu interior. Embora o cerne do poder permaneça inalterável e inescrutável, a sociedade se move em velocidade cada vez maior, devido à tecnologia e às redes sociais.

É assim que a China proporciona histórias de primeira página à mídia, como nunca havia feito. Apesar da censura e do partido único, na China acontecem coisas, muitas e muito suculentas, e todas elas conectadas dentro da caixa-preta com o momento de transição ou relevo no poder. Há os tumultos antijaponeses, controlados a partir do poder através das redes sociais. Ou o maior conflito dos meses anteriores ao Congresso, a novela de Bo Xilai, o príncipe vermelho que caiu em desgraça depois do processo e condenação de sua mulher pelo assassinato de um cidadão britânico. Bo era o patrono de Chongqing, cidade emblema do desenvolvimento da China interior, onde se efetuou um experimento de esquerda, em claro contraste com o modelo de Guangdong, onde o partido permitiu outro experimento mais liberal. O expurgo antiesquerdista não ocorreu porque tenha vencido uma das duas tendências em disputa, mas sim porque Bo desafiou a cúpula do partido, pretendendo se impor por conta própria como uma figura carismática sobre os funcionários cinzentos atualmente no comando.

O gigante continua crescendo e se despertando. Mais rápido o primeiro que o segundo. Conforme explica o professor Hu Angang, da Universidade Tsingua de Pequim, em seu livro "China 2030", dentro de oito anos será a primeira economia do mundo e mais que duplicará em PIB a dos EUA na data do título. Sua renda per capita se aproximará então de 60% da renda dos americanos. Sua participação no comércio mundial, próxima de 30%, lhe proporcionará alavancas temíveis para suas políticas monetárias. Segundo o professor Hu, em 2030 será o maior poder mundial, o mais inovador, com um Estado do bem-estar de alto nível, uma economia verde e uma sociedade de riqueza compartilhada. Otimista demais, mas a crise europeia é o combustível que alimenta entre os economistas chineses a ideia desse horizonte radiante.

Vejamos o segundo: ao despertar, o gigante dá unhadas e pontapés. Com lentidão, com o gradualismo e o incrementalismo praticados pela aristocracia reformista e autoritária que está no comando. Mas unhadas: a teoria dos pequenos passos talvez não traga a democracia, mas poderá conduzir à hegemonia militar e política na Ásia. A rota de colisão é evidente. O Japão já se encontra na trajetória, graças ao conflito pelas ilhas Diaoyu ou Senkaku. Mas o mesmo acontece com todos os vizinhos (Vietnã, Filipinas ou Indonésia) com os quais disputa ilhotas e as águas circundantes. Não só pelos tesouros energéticos que possam esconder ou pelo controle do tráfego marítimo, mas também. E antes de tudo pela afirmação de um poder que se assenta e manifesta com força proporcional à segurança com que avança para a primazia mundial.

Um grupo de pensadores, o Centro Europeu para Relações Exteriores, facilitou a um grupo de ex-ministros, cientistas políticos e jornalistas dos 27 países da UE, entre os quais se encontrava o autor desta coluna, a torre de onde observar a Europa a partir da China, em um seminário no qual foram entrevistados por e discutiram com dezenas de especialistas e colegas chineses durante uma semana. A conclusão mais sintética que se pôde tirar é que da China se observa uma Europa que enfraquece e encolhe, quando precisamos com urgência de uma visão e uma estratégia europeias em relação à China, a superpotência desafiadora do século 21. Uma frase irônica ouvida em Pequim resume o momento: "A Europa precisa de um Plano Marshall chinês para salvar sua economia".

4 comentários:

  1. Pelo que venho observando, o calendário maia estava se "referindo" ao ano 2030! Pois li ha uns quinze anos atrás que a água potável estaria esgotada em meados desta época,atualmente, percebo que o petróleo ainda é uma causa de guerra, mas quem irá dá um motivo com maior contudência, se continuar neste rítmo, será o mar da China (o pacífico eu acho).Quem sabe observar, talvez não possa descordar de quê: Estamos com uma crescente mudança global, cuja quinze, vinte anos atrás, os capitalistas discordavam, hoje é "modinha" ser sustentável. Energia, o nosso planeta não está suportando mais os hidrocarbonetos, e as outras atuais fontes não são tão viáveis economicamente, pelos menos para governos e capilistas.

    ResponderExcluir
  2. (continuando)Agora há uma crise "rica" para dá uma "mãosinha", o controle de poder financeiro mundial também irá levar a um possível conflito, ainda mais se Irã ser atacado, (que eu estou começando a duvidar).
    Medeiros, boa tarde! Tu podes me ajudar neste raciocínio por favor?

    ResponderExcluir
  3. Eu pergunto europa. Onde está o capital judeu q salva os EUA e iSSrael? Onde está o gás/petróleo russo q stá perto e salva a todos? Por que da histeria anti-Rússia na Suécia/Polônia/Bulgária/Rep. Tcheca ... Ué a OTAN se apossou na marra do petróleo da Líbia=Protetorado de iSSrael/OTAN ainda ñ está bastando? ... Então EUROPA precisando do capital da CHINA? Plano Marshall chinês? É europa com medo de virar A. Latina? Acho q vcs europeus deveriam voltar a TRABALHAR e acabar com cossação pq aí, ninguém quer nada com o TRABALHO. Cuidado europa que Átila, rei dos Hunos, voltara e não pedra em cima de quem não quer nada com o TRABALHO. Por será q só a Alemanha dá certo na europa? Resposta: TRABALHO.

    ResponderExcluir
  4. Retificando, Anonymous24 de setembro de 2012 11:36

    " ... Cuidado europa que Átila, rei dos Hunos, voltara e não pedra em cima de quem não quer nada com o TRABALHO ... "

    Correto: Cuidado europa que Átila, rei dos Hunos, voltará e não sobrará pedra sobre pedra em cima de quem não quer nada com o TRABALHO.

    ResponderExcluir