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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Le Monde: Hezbollah quer aproveitar a onda de protestos do mundo árabe para retomar apoios perdidos

Sheik Hassan Nasrallah 

O “partido milícia”, enfraquecido por seu apoio ao governo sírio, espera reconquistar sua popularidade.

Desde a guerra do verão de 2006, foi sua quinta aparição pública. Ou seja, a situação é séria para Hassan Nasrallah, que na segunda-feira (17) pronunciou, em Beirute, um discurso durante o primeiro dos comícios que ele convocou na véspera.

O secretário-geral do partido xiita Hezbollah, inimigo jurado de Israel, anunciou, diante de uma multidão em delírio reunida no subúrbio do sul da capital libanesa, o “início de uma mobilização séria que deve continuar em toda a nação para defender o Profeta”.

O “partido milícia” governista anunciou uma semana inteira de manifestações em seus diferentes redutos no Líbano – como o vale do Bekaa ou o sul do país – contra o vídeo islamófobo produzido nos Estados Unidos por um grupo de ativistas coptas (cristãos do Egito).

Ao contrário da manifestação de sexta feira (14) em Trípoli, de obediência sunita, mais espontânea e numerosa, a multidão que atendeu ao chamado do Hezbollah xiita se dispersou com tranquilidade e sem violência. Na semana anterior, um restaurante da cadeia KFC havia sido incendiado, uma pessoa foi morta e 25 feridas.

Para além do ultraje de suas declarações – seria “o pior ataque contra o islamismo, pior ainda que os Versos Satânicos, que a queima dos exemplares do Corão no Afeganistão ou que as caricaturas do profeta Maomé” - , Hassan Nasrallah esperou o fim da visita do papa Bento 16 ao Líbano para participar da onda de protestos contra os Estados Unidos.

Ao aderir a um movimento lançado por salafistas sunitas no Egito e na Líbia – com exceção do líder xiita raquiano Moqtada al-Sadr - , o secretário-geral do Hezbollah tem tentado conter a perda acelerada de popularidade de seu movimento no mundo árabe, devido a seu alinhamento indefectível com o regime baathista sírio, liderado pela família Assad, de confissão alauíta, um ramo dissidente do xiismo e próximo do Irã.

O Hezbollah não é mais o “herói dos árabes”, como no final da guerra de 2006, por ter enfrentado o exército israelense. Ele se tornou, para os árabes sunitas, o suplente de um regime que massacra seus correligionários. Suas posições são criticadas até dentro da comunidade xiita no Líbano.

Ao fazer seu chamado para manifestações contra o “grande Satã” americano, Hassan Nasrallah procura ao mesmo tempo unir sua comunidade em solidariedade, posar como defensor da Umma (a comunidade dos muçulmanos) e reconquistar sua posição no mundo árabe, ao apagar o abismo religioso entre sunitas e xiitas que tende a se tornar a separação primordial no Oriente Médio. Num momento em que Israel ameaça uma intervenção unilateral contra o Irã e seu aliado libanês, o Hezbollah, o “partido de Deus” procura unir.

Aproveitando a onda de fúria que atravessa o mundo árabe e muçulmano, Hassan Nasrallah convocou no domingo (16) uma reunião urgente da Liga Árabe para preparar uma resposta ao suposto “ataque” americano contra o islamismo.

Na segunda-feira, ele adotou a proposta da Irmandade Muçulmana egípcia e tunisiana, recém-chegados ao poder, de aprovar “uma resolução internacional (...) criminalizando qualquer atentado às religiões monoteístas e aos grandes profetas de Deus.” Há poucas chances de que essa diplomacia religiosa baste para consertar as fraturas originadas com a crise síria.

A opinião contida nesse texto do jornalista Christophe Ayad, do Le Monde, não representa necessariamente a opinião do blog.

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