Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Der Spiegel: Reforço na Marinha chinesa preocupa vizinhos e Estados Unidos


Navio da Marinha Chinesa em águas "territoriais japonesas" (Senkaku)
A China e os EUA parecem estar em rota de colisão no Pacífico. Pequim está reforçando significativamente sua Marinha, e Washington está mudando seu foco militar para a região do Pacífico asiático. Muitos temem que seja alterado o equilíbrio de poder na região, que é rica em petróleo e crucial para o comércio mundial.

A melhor visão do novo navio capitânia da China, que inspira temor em seus inimigos, era de uma janela do quarto andar da loja da Ikea em Dalian, uma cidade portuária no Nordeste da China. Ali, alguém havia feito um buraco no insulfilm da janela dando uma visão do píer e do Varyag.

Esse navio, construído originalmente pelos soviéticos, agora está trabalhando para as forças armadas chinesas. Os operários do estaleiro passaram anos trabalhando no navio colossal, furando e soldando sua estrutura. Então, o Varyag desapareceu 10 vezes para experimentos no mar, fazendo com que os geoestrategistas e especialistas navais de Tóquio a Washington especulassem sem parar sobre onde estaria o navio a cada momento e com que tipo de armas e aviões a China iria equipá-lo.

Desde o final de agosto, o navio voltou a ancorar em Dalian. Na manhã do dia 2 de setembro, os observadores viram uma equipe de pintores trabalhando e, na tarde do dia seguinte, o resultado de seu trabalho pôde ser visto: um enorme número 16 enfeitava o casco cinza do navio. Esse, aparentemente, será o número de identificação do primeiro porta-aviões em serviço na Marinha da China, um número escolhido em honra ao marechal Liu Huaqing, pai da Marinha moderna chinesa, que nasceu em 1916.

No dia seguinte, na terça-feira (4) da semana passada, a secretária de Estado Hillary Clinton fez uma visita a Pequim. Era a terceira parada em sua viagem, que começara em Cook Islands, no meio do Oceano Pacífico Sul, e a levaria para Indonésia, China, Timor Leste e Brunei, ao longo do caminho para a reunião de Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico (Apec), em Vladivostok, na Rússia. Clinton representa um governo que está prestando particular atenção às ações da Marinha chinesa. Uma das principais razões para a viagem de Clinton era lembrar à região que os EUA são a força hegemônica no Oeste do Pacífico –e pretendem permanecer assim.

Demonstração de força da China
Bem no início da viagem, em Cook Islands, Clinton reuniu-se com representantes dos aliados, incluindo Austrália, Japão, Nova Zelândia e Filipinas, assim como Vietnã, antigo inimigo dos EUA. "O Pacífico é grande o suficiente para todos nós", disse Clinton a eles. Contudo, alguns têm motivos para duvidar dessa declaração, porque sabem que os EUA e seus aliados também têm rivais na região: Coreia do Norte e China.

A Coreia do Norte, sob o comando de um ditador que não tem 30 anos de idade, pode parecer o oponente mais perigoso. Mas a China é de longe o mais pesado, que desafia os EUA não apenas na indústria, comércio e no espaço, mas também na arena onde as maiores potências do mundo resolvem seus conflitos desde pelo menos o século 16: o mar.

Aqui no Oeste do Pacífico, as tensões vêm crescendo há meses entre a China e os parceiros norte-americanos. Pequim está em uma disputa com Manila sobre Scarbortough Shoal, um atol de rochas que não é habitado, cuja maior parte só fica acima do nível do mar na maré baixa. Em maio, Washington silenciosamente negociou um acordo no qual navios da China e das Filipinas iam se retirar da região. Desde então, contudo, a Marinha chinesa bloqueou suas excelentes águas pesqueiras e novamente enviou navios para patrulharem a área.

Ao mesmo tempo, a China está disputando com Japão outro grupo insular desabitado -conhecido como Diaoyu em chinês e Senkaku em Japonês- localizado perto de uma importante rota de navios entre Taiwan e Okinawa. Em agosto, ativistas de Hong Kong hastearam uma bandeira chinesa em uma das ilhas, gerando uma onda de entusiasmo patriótico no continente.

A tensão em torno dessas duas ilhas renasceu nesta semana, após ser anunciado na terça-feira (11) que o governo em Tóquio havia comprado as ilhas de uma família japonesa. Na sexta-feira (14), seis navios de patrulha chinesa entraram em águas controladas por japoneses em torno das ilhas e permanecera ali por duas horas, apesar das advertências de um navio japonês. Segundo a Associated Press, a guarda costeira do Japão disse que o navio chinês passou um rádio: "Diaoyu é território chinês. Este navio está executando operações legais. Exortamos a sua retirada das águas imediatamente".

A China também provocou seu vizinho socialista Vietnã em junho, estabelecendo uma cidade nas ilhas Paracel, que são também reivindicadas por Hanoi, assim como as ilhas Spratly, mais ao Sul. Ao mesmo tempo, Pequim começou a construir uma guarnição militar nas ilhas Paracel. Esta última medida torna claro que a China está reivindicando quase todo o mar do Sul da China, uma área de quase 2 milhões de quilômetros quadrados que os estrategistas norte-americanos chamam de "língua de vaca" devido ao seu formato peculiar.

Pivô estratégico de Obama
É difícil exagerar a importância econômica e militar do mar do Sul da China, que conecta o Oceano Índico com o Pacífico. Atualmente, metade das cargas de todos os navios mercantes do mundo é enviada por rotas de mar adjacentes à região, que abriga um terço do tráfego marítimo mundial. Oitenta por cento das importações de petróleo cru da China passam por ali e estima-se que o subsolo marinho tenha 130 bilhões de barris de petróleo cru e 9,3 trilhões de metros cúbicos de gás natural.

"Todas as tendências, demográficas, geopolíticas, econômicas e militares estão sendo transferidas para o Pacífico. Então nossos desafios estratégicos no futuro, em grande parte, emanarão da região", disse Martin Dempsey, chefe do Estado Maior dos Estados Unidos, quando estava montando a nova estratégia de defesa dos EUA junto com o presidente Barack Obama, em janeiro.

Obama, que nasceu no Havaí e foi criado na Indonésia, declarou um "pivô" estratégico militar dos EUA na região do Pacífico asiático. De fato, o Pacífico é mais importante para o futuro dos EUA do que a Europa ou o território da Otan ao longo da costa do Atlântico. Obama viajou para a Austrália no ano passado para pessoalmente anunciar planos para uma nova base de Marines, e seu governo tem planos de conduzir manobras conjuntas com o Vietnã, assim como montar equipamentos ultramodernos no Japão como parte de um sistema de defesa de mísseis para a Ásia.

A 7ª Esquadra, estabelecida em 1943 e hoje estacionada no Japão e Guam, já é a maior força da Marinha dos EUA, com mais de 60 navios de guerra e cerca de 40.000 homens. Nos próximos anos, será expandida para que, em 2020, cerca de 60% de todos os navios de guerra americanos estejam estacionados no Pacífico -mais do que no Atlântico e ainda mais do que no Golfo Persico, que foi considerado o principal foco da marinha norte-americana nas últimas décadas.

Disputa
Uma das principais razões para esta mudança fundamental por parte do governo Obama é a ampliação das forças militares chinesas, especialmente sua Marinha. Um estudo do Congresso publicado no dia 10 de agosto sugere que os EUA consideram a modernização da Marinha da China um ato agressivo. De acordo com o estudo, Pequim de forma alguma está simplesmente tentando proteger suas rotas de comércio e seus cidadãos no exterior, e sim reforçando suas reivindicações territoriais e tentando reduzir a influência norte-americana no Pacífico e ressaltar seu status como potência militar mundial.

Com esse fim, a China desenvolveu, entre outras coisas, mísseis balísticos contra navios que são os primeiros capazes de afundar porta-aviões que antes eram considerados mais ou menos inexpugnáveis. No jargão militar, esses mísseis são chamados de "matadores de porta-aviões". O estudo do Congresso diz ainda que a China inaugurou três submarinos nucleares de desenho próprio, que são capazes de lançar mísseis intercontinentais com armas nucleares; e que o país também quer pelo menos dois porta-aviões de construção própria e que planeja fazer "reformas e melhorias em manutenção e logística, doutrina naval, qualidade de pessoal, educação, treinamento e exercícios".

Alguns observadores consideram um conflito militar entre a China e os EUA "muito improvável", afirma o estudo, em parte pelos "significativos elos econômicos entre EUA e China e o tremendo dano que tal conflito poderia causar aos dois lados". Ainda assim, mesmo na ausência de tal conflito, o equilíbrio do poderio militar entre as duas nações "pode influenciar as escolhas feitas por outros países do Pacífico", inclusive "a evolução política do Pacífico".

"O Ocidente me parece simplesmente sensível demais", diz Xu Guangyu, 78, general da reserva do Exército da Libertação do Povo e atual analista da Associação de Controle de Armas e Desarmamento da China. A China, diz ele, quer "montar uma marinha forte o suficiente para evitar o ataque de adversários, forte o suficiente para se defender e forte o suficiente para contra-atacar".

O oficial ascético, que serviu na Guerra da Coreia de 1950 a 1953 e na Guerra entre a China e o Vietnã em 1979, considera a situação militar do seu país fundamentalmente mal compreendida. "Estamos décadas atrasados em nosso desenvolvimento", diz ele. "Até a Índia está 60 anos na nossa frente".

Reduzir o Exército e expandir a Marinha
Mais de 30% dos militares norte-americanos servem na Marinha, diz Xu, comparados com apenas 15% dos chineses. Mas esses números não estão muito corretos: a percentagem para os EUA de fato é de cerca de 20%. Xu também afirma que o Pentágono tem 11 porta-aviões nucleares, enquanto Pequim tem apenas um, que é movido a diesel e "exige manutenção a cada 15 dias". Suas declarações continuam na mesma linha: "A China tem 17 soldados para cada 10.000 pessoas, enquanto os EUA têm 43. Gastamos apenas US$ 14 mil por ano por soldado. Você sabe quanto a Alemanha paga por ano por cada um de seus soldados? US$ 200 mil".

A Marinha chinesa, diz Xu, tem grande trabalho pela frente para se equiparar às outras. O Varyag entrará em serviço neste ano, acrescenta, mas Pequim vai precisar de pelo menos seis a oito outros porta-aviões mais "adequados", e a importância da Marinha dentro das forças armadas da China como um todo precisa ser consideravelmente aumentada. Atualmente, a razão de pessoal entre o Exército e a Marinha chinesa, segundo Xu, é de 7 para 1,5, enquanto a razão desejada é de 5 para 2,5 -que seria ainda mais enxuta do que a das forças armadas norte-americanas.

Se a razão desejada de fato for estabelecida, a China, com seu enorme número de soldados como um todo, teria a maior Marinha do mundo, com quase 500 mil marinheiros -apesar de Xu Guangyu dizer que o número total de soldados em breve será reduzido de seu atual nível de 2,3 milhões para 2 milhões e mais tarde para 1,5 milhão. "Eventualmente, também queremos gastar cerca de US$ 100 mil por soldado", explica Xu. "Em relação aos navios e equipamentos, porém, vamos continuar em terceiro, atrás dos EUA e da Rússia".

Independentemente da posição estratégica que a China possa ter nos próximos anos, Xu diz que a importância de sua Marinha vai aumentar: "Temos alguns conflitos ao longo de nossas fronteiras, mas os maiores perigos para a China sempre vieram do mar". A "Aliança de Oito Nações", que derrubou a Rebelião dos Boxers em 1900 e saqueou Pequim, entrou pelo mar, salienta ele, assim como o Japão quando subjugou partes da China nos anos 30 e 40. "E eu tenho a impressão que os americanos tampouco virão pelos céus", acrescentou Xu.

Mau agouro
Há sete anos, quando os militares norte-americanos ainda estavam mergulhados na guerra civil do Iraque, o jornalista e pensador político americano Robert D. Kaplan previu que os EUA eventualmente voltariam sua atenção do Oriente Médio para a região do Pacífico asiático. Agora, a história provou que Kaplan estava certo enquanto as relações de poder mundiais estão se desenvolvendo exatamente nessa direção.

O presidente Obama claramente transferiu seu foco estratégico militar do Centcom, centro de comando responsável pelo Oriente Médio, para o Pacom, responsável pelo Pacífico.

Kaplan chamou de "plenamente legítimo" o desejo da China, como nação emergente, de assegurar sua esfera de influência para além de suas costas. Zhu Feng, especialista em segurança chinesa da Universidade de Pequim, sugere ainda que os EUA só vão "acelerar" a corrida armamentista implementando medidas como o escudo de mísseis que planeja.

Um país que poderia dar bons conselhos à China, e cujos historiadores são bem versados em políticas navais e corridas armamentistas pelo alto mar, é a Alemanha. Há um século, Berlim estava onde Pequim está hoje, como potência econômica emergente admirada, invejada e temida. Ao mesmo tempo, a Alemanha queria uma Marinha que transmitisse autoconfiança para o mundo, que pudesse rivalizar com a maior força naval da era, a Marinha Britânica.

O plano quase obteve sucesso. Mas não terminou bem.

6 comentários:

  1. -
    -
    .. no caso da Alemanha..década de 30/40..ela lutou sozinha(convenhamos a Itália era uma piada e o Japão só via o próprio umbigo)...contra o mundo.....já a China(se der M) terá "ajuda" Russa... rs
    -
    XTREME

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. A Alemanha não lutou sozinha. O fato da Alemanha ter dito aliados fracos foi por culpa dela Alemanha. O Japão foi um importante aliado para a Alemanha e não olhava para o seu próprio umbigo não.

      Excluir
    2. -
      -
      porque o Japão não atacou a Rússia(Vladivostok) para ajudar os nazi ..
      -
      em vez disso eles foram barbarizar civis na China..que militarmente era nada...talvez algum surto militar de supremacia oriental "Amaterasu"..rs
      -
      XTREME

      Excluir
    3. Porque o Japão levou um pau da URSS na Manchúria.

      Excluir
    4. -
      -
      vdd ..mais foi em 1905.. podiam tentar ir a forra...
      -
      pensando melhor ..japonês como estrategista militar é um tiro no pé... o bater e sair correndo de Pearl Harbor ... mostra bem isso.
      -
      XTREME

      Excluir
    5. Nada disso, eu estou falando dos conflitos fronteiriços da Batalha de Khalkhin Gol e antecessores.

      Excluir