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domingo, 19 de setembro de 2010

Um salto para o crime

Paraquedistas se tornam desertores para engrossar fileiras do tráfico e da milícia
Marcelo Soares de Medeiros, também conhecido como Marcelo 'PQD' é um exemplo clássico de um pára-quedista do EB que se associou ao tráfico de drogas
Cada vez mais paraquedistas abandonam a vida na caserna para pousar no campo minado do tráfico ou das milícias.

Homens de elite do Exército com mais cursos especializados em combate, os militares da Brigada Paraquedista são alvos fáceis das quadrilhas, uma vez que não há perspectivas de emprego quando saem do quartel.

Uma pesquisa feita pelo Centro de Produção, Análise, Difusão e Segurança da Informação do Ministério Público Militar (MPM) revela que, de janeiro de 1997 a agosto de 2007, houve 191 deserções, sendo 175 só de soldados, oito sargentos e oito cabos, alguns reincidentes. De acordo com o levantamento, 25 cometeram crimes depois da deserção (16,13%).

As táticas militares mostradas por bandidos da quadrilha do chefe do tráfico da Rocinha, Antonio Bonfim Lopes, o Nem, durante uma manobra para protegê-lo, que culminou com a invasão do Hotel Intercontinental, em São Conrado, no mês passado, chamou atenção para os “soldados” do traficante. No último dia 1o, foi preso o ex-cabo paraquedista Jorge Luiz de Oliveira — cujo nome na caserna era J. Oliveira e, no morro, tinha o apelido de Jorginho PQD —, acusado pela polícia de fazer a segurança de Nem.

Quadrilha de Nem tem quatro ex-militares

Antes da pesquisa do MPM, o promotor João Rodrigues Arruda revelou que 1.172 militares desertaram das três Forças Armadas de 2000 a 2005. Deste total, houve 142 deserções só nos quartéis da Brigada Paraquedista. Na lista dos que abandonaram a tropa de elite neste período, quatro já foram presos ou ainda atuam no tráfico da Rocinha como seguranças, armeiros ou compradores de armas e munição. O GLOBO cruzou os nomes da lista com dados dos processos da Auditoria de Justiça Militar, do Tribunal de Justiça do Rio e do Detran.

Na lista de desertores de 2000 a 2005, cerca de 20% dos militares têm antecedentes criminais, que incluem de tráfico a crimes enquadrados pela Lei Maria da Penha. O GLOBO ouviu alguns militares que serviram neste período e saíram depois de sete anos de serviços prestados.

Eles confirmam que alguns colegas que desertaram foram se integrar ao tráfico e às milícias, onde ganham até R$ 5 mil mensais.

Um dos listados, Hudson Leandro dos Santos, de 31 anos, é um dos que mais têm anotações criminais em sua ficha: seis. Além de deserção, prevista no Código Penal Militar, ele responde por tráfico, na Cidade de Deus, onde foi preso, em agosto de 2006. Por este crime, chegou a ser condenado a mais de quatro anos de prisão, de acordo com processo na 2aVara Criminal de Jacarepaguá.

Jorge, Hudson e outro militar suspeito de integrar o bando de Nem serviram com o ex-paraquedista X., que pediu para não ser identificado, embora não tenha sido desertor. Ele contou que, dos três, Jorge era o mais preparado: — J. Oliveira era um cara vibrante. Não fumava, não cheirava. Ele era bom de tiro, excelente na parte física. Ele era atleta, judoca que competia pela Brigada, mas ele comentava que era revoltado com o sistema. Sabia que não tinha perspectivas quando saísse do quartel, não tinha um auxílio desemprego.

Segundo X., que passou sete anos na Brigada Paraquedista, chegando a atuar nas missões de paz no Haiti, não há amparo financeiro suficiente por parte do Exército, quando eles deixam a caserna. Os jovens entram pelo serviço militar obrigatório e depois optam por trabalhar na Brigada Paraquedista. Quando o militar sai, leva o equivalente a um soldo por ano que esteve no quartel.

— É muito pouco. Não dá nem para comprar uma carrocinha de cachorro quente. Do Exército, a gente só leva os ensinamentos. Eles ensinam a gente e depois jogam na rua — contou o ex-paraquedista, que reclamou também da falta de acompanhamento psicológico.

Segundo X, dos cerca de 3 mil homens que conheceu ao longo dos sete anos de Brigada, pelo menos 100 estão envolvidos com tráfico, 50 com as milícias, mil desempregados e o restante vive do subemprego.

— Perdi a conta do número de vezes que fui convidado por milicianos e traficantes. A gente fica rotulado como PQD. A gente chama atenção dos bandidos. Agora, para um bom emprego, toda a minha especialização não interessa. Já me chamaram para fazer manutenção do armamento para ganhar, no mínimo, R$ 500 por semana.

Eu não aceitei — comentou o ex-paraquedista, que já foi assaltado por um ex-colega.

Uma das queixas dos militares é que não há uma desmobilização, uma passagem da vida no quartel para o cotidiano civil. Coordenador do Centro de Estudos de Direito Militar (Cesdim), o promotor João Rodrigues Arruda, autor da pesquisa pioneira sobre o número de desertores de 2000 a 2005, defende um trabalho para o militar se readaptar, gradualmente, a uma vida sem a adrenalina de uma força especial.

— É preciso se preocupar com a questão da desmobilização, principalmente dos militares que recebem instruções especializadas. Os últimos dois anos dos paraquedistas têm que ser longe da agressividade, e não apenas dar tiro ou cuidar de explosivos.

Tem que tirar este condicionamento — disse Arruda.

O coordenador do Cesdim acredita que, com as Unidades de Policia Pacificadora (UPPs), o aproveitamento de paraquedistas pelas forças policiais se tornou uma realidade distante.

— O problema não é alocar o pessoal nas polícias militares, porque eles foram formados para o combate. Experiências passadas mostraram que paraquedistas aproveitados pelo Bope tiveram problemas. Houve conflito de lideranças. O soldado não pode ser empregado como policial, porque o PM, na atual política de segurança voltada aos direitos humanos, tem que tratar bem o cidadão. O militar da Brigada Paraquedista foi talhado para lutar com o inimigo — comentou.

Especialista em estratégia militar da Unicamp, o coronel Geraldo Cavagnari, explicou que o paraquedista é o tipo de combatente que interessa ao tráfico: — Infelizmente, alguns jovens já entram para a Brigada com a intenção de se especializar para depois atuar no tráfico. O treinamento é intenso. Eles têm ótimo preparo físico, táticas de combate e domínio das armas e explosivos.

O paraquedista é preparado para guerrilha urbana. Se eles não tiverem uma família estruturada, quando saem do quartel, correm o risco de serem aliciados pelo tráfico.

Em nota, o Centro de Comunicação Social do Exército informou que Brigada de Infantaria Paraquedista tem cerca de 5.200 homens, distribuídos em 16 organizações militares. Sobre as medidas que vêm sendo tomadas para evitar que os paraquedistas sejam cooptados por criminosos, o Exército explicou que tem a preocupação de preparar técnica, física, e moralmente seu pessoal, a fim de evitar que “seus reservistas venham a aderir ao crime”. Por conta disso, segundo a nota, o Exército tem estimulado “atributos da área afetiva, como: patriotismo, civismo, camaradagem, abnegação”.

Finalizando a nota, o Centro de Comunicação Social ressaltou que, desde 2004, realiza o Projeto Soldado Cidadão, visando a formação profissional do jovem, para que ele ingresse no mercado de trabalho ao sair da corporação.

11 comentários:

  1. Não desprezando os companheiros mas de 1995 em diante não formaram mais para-quedistas e sim convencionais que saltam de aviões, palavras estas que são ecoadas por todos os militares mais antigos. Adestramentos completamente fora da realidades aeroterrestre, a tropa hoje existe apenas na lenda do que foi um dia. Afinal de contas os mais novos não entendem o significado de luta e tormenta...

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    1. Para de bobobeira o ex-pqdt... sou Pqdt de 2003 e hoje sou caveira do BOPE e fui formado pela mesma Bda Inf Pqdt que você. E você é o que???

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    2. Sr. Wandsmith na real eles são um bando de infelizes que pensão que aprenderam tudo, mas na verdade só pegaram na ponta da régua, até mesmo esse comédia que se diz fazer parte do bope, militar que merece um apoio melhor não é policial e sim forças armadas, que combate o crime a mando da nação, e ainda sai desarmado para o descanso, isso sim é bravura e sentimento de dever cumprido, não os que fazem merda pelas ruas, dando tapa na cara de trabalhador, e forjando cena.... bundas rachadas, nunca vi bandido de blindado pois se tivesse ficaria difícil né operações especias, nunca vi bandido de helicóptero, esse é o único diferencial entre quem está nos morros e favelas com os que estão nos batalhões da polícia.

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  2. Sou paraquedista de 1997 e posse dizer que o senhor WANDSMITH deve de ser um ex-militar recalcado por ainda não estar nas fileiras dessa instituição e que ele pode saber muito de luta e tormenta por que deve de viver eté hoje tentando se adaptar a vida la de fora. Onde esta o seu espírito de corpo e sua ética? há...1000 canguru pé de bosta!!!

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  3. Quem é PQD de verdade não desalinha. Trabalho hoje na vida civil em dois empregos, não para comer, mas para ser exemplo para os meus filhos. Já fui, e ainda sou, convidado para o tráfico e milícia, mas nem me passa pela cabeça ingressar.

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  4. Eu penso o seguinte, se o cara sabe que esta em um serviço temporário ele deve se preparar para quando ter que se retirar da força. Portanto, o camarada deve pensar em fazer um curso tecnico, um concurso, uma faculdade, pois, tem diversos concursos públicos a nível de sugundo grau.

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  5. Rapaziada sou Pqd de 85/1. Estou na ativa até hoje. O Pqd tem que parar com esse negócio de dizer que ralou mais do que o outro.
    Um Paraquedista sempre será um Paraquedista, independente de ano de Formação: a consideração um pelo outro é a mesma, sempre seremos uma irmandade.
    O Problema é sempre encontramos Paraquedistas recalcados que gostam de depreciar os companheiros.
    O Sr. Wandsmith é um desses infelizes recalcados que provavelmete não saía do Container da Saúde da Área de Estágio baixado na Enfermaria: hoje fica dando uma de fodão!

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  6. fazer o que? a galera que ganhar dinheiro! nada demais!

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  7. paraquedista vai ser sempre paraquedista não importa tempo,unidade,poder aquisitivo,se trabalha aqui ou ali,vamos respeitar a historia de cada um.

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  8. Servi em petrópolis-rj. pra mim colocar a farda verde oliva era o máximo. Uns meses depois fiz o curso de cabo. Já uns 7 meses pedi ao sargento que pudesse me transferir para o pelopes, disse que eu não teria condições, fiquei muito diminuido, ficando na ccs do batalhão. Um dia as forças especiais estiveram no batalhão recrutando soldados para sua unidade. Vi os videos de operações e, caí pra dentro, na primeira seleção tinha 65 soldados, fiquei entre os 5 e fui para o 1ª BATALHÃO DE FORÇAS ESPECIAIS. Onde minha vida ia mudar para sempre. tinha muitos militares de várias unidades. Em outubro treinavámos muito, fazendo exercícios do nivelamento, porque nossa aptidão física estava fora da média, então fazíamos das 07:00hs as 17:00hs de seg à sab exercícios puxados e instruções de hinos do batalhão e outras instruções para chegar no nível do 1° batalhão de forças especiais. Em janeiro fiz na primeira turma, o estágio básico paraquedista, pensei que iria ficar dificio, como fizemos o nivelamento a preparação foi fundamental pro curso. Dei os primeiros saltos senti o cheiro das nuvens e me lancei no espaço e não parei mais, até quando lê o restante. Quando vi já era um pqd. Mas já no batalhão, o capitão caldas e capitão depessoa ( que vinha ser filho do primeiro paraquedista do brasil ),procurando voluntários para o curso de cabo comandos (cfcc ), que na qual a finalidade pra quem vai para as forças especiais é sair caveira. não sabia bem o que é ser comandos, que pramim era um curso normal igual pqd, mas era um dos curso mais dificeis do mundo e que se você acha que não está preparado não faz. Lembrei lá trás quando o sargentiante disse que eu era muito fraco e isso libertou um cão feroz que estava preso dentro de mim a muitos anos. Fiz o curso com duração de 3 meses de treinamento intenso e durante o curso, aprendemos: técnicas aquáticas de guerrilha, montanha, armamentos, tiros de precisão, guerrilha urbana, caatinga, sobrevivência na selva, atuações com helicópteros o tempo todo, facas, lutas, e submetido a muito sofrimento físico e psicológico do começo até o fim. conquistei o mais sonhada meta de todo militar, ser um caveira das forças especiais. paraquedista comandos de 1995. com muitas missões no brasil inteiro. Hoje tenho 40 anos e tudo que fiz na vida civil depois que saí do exército, foi com muita dificuldade tanto no aprendizado como no relacionamento com as pessoas sempre foi tenso, nunca parei em nada, nunca mais dormi direito, tenho tremores e revolta de estar na vida civil e sempre botei meu batalhão em primeiro lugar. Nas forças especiais eu corria na manhâ, eu atirava com vários tipos de armamentos sofisticados, vários equipamentos de guerrilha, rapel em helicópteros, saltava de aviões, fazia várias missões, tinha respeito das policias, mas hoje fico sem chão, minha auto estima só voltou quando participei pela acoeb ( associação dos comandos e operações especiais do brasil ) nas enchentes da região serrana que por nossos mesmos meio conseguimos ajudar centenas de família com nosso treinamento. essa minha história é a história de muitos militares que acham que estão bem, mas não estão. Por que esses filho da puta gastam bilhões com gastos desnecessários em vão e agente que saímos pela lei que impuseram erradamente para todos os militares, que incluindo nós especializados caveiras paraquedistas nessa relação na qual nossos supremos comandantes vê e nada faz, para reverter a vida desses reservistas, com um treinamento diferenciado e jogados na vida civil com várias habilidades e que não se corromperam com a bandidagem e se fodem no comercio do trabalho que não é seu lugar. Na saída do serviço militar os caveiras paraquedista não tem acompanhamento psicológico, psiquiátrico e médico. É assim que acontece com todos militares, poderiam facilmente encaminhado para uma guarda municipal-policia civil-policia militar-degase-guarda judiciário-guarda prisional-guarda portuária-seap e outros. É triste mas é a pura realidade.

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