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terça-feira, 9 de setembro de 2014

Preocupada com avanços russos, Otan entra oficialmente na ciberguerra

Em seu programa para o reforço da defesa da Europa diante de uma possível invasão vinda do leste, aprovado na última semana durante a cúpula no País de Gales, a Otan (Organização para o Tratado do Atlântico Norte) incluiu pela primeira vez um capítulo sobre "ciberguerra", chamado de "política de ciberdefesa reforçada", que visa proteger melhor as redes de computadores de seus integrantes.

A organização tem se interessado pelo ciberespaço há anos, mas os acontecimentos recentes da Ucrânia deram uma nova urgência a essa questão.

Segundo o comando americano das forças aliadas na Europa, a anexação da Crimeia pela Rússia marcou uma virada: o Exército russo soube integrar a sua estratégia militar uma dimensão "ciberofensiva" muito eficaz ao cortar todas as comunicações eletrônicas entre as guarnições ucranianas estacionadas na península e seus centros de comando no resto da Ucrânia.

Se, no futuro, a Rússia atacar um país-membro da Otan, ela provavelmente poderá empregar a mesma estratégia.

O documento aprovado durante a cúpula do País de Gales estende para o ciberespaço as garantias coletivas do tratado: um ataque contra as redes de computadores de um membro será considerado um ataque contra todos, da mesma forma que o seria em um caso de agressão clássica.

O ciberespaço dos países da Otan torna-se, dessa forma, "indivisível". O documento lembra também que ele não é um domínio sem lei: o ciberespaço é regido pelo direito internacional e pelos tratados entre os países.

Em teoria, isso poderia significar que, se um Estado for considerado responsável por um ciberataque de consequências destruidoras, ele estará sujeito a represálias, inclusive por meio de meios militares convencionais.

Centro de pesquisas na Estônia
No plano logístico, a Otan servirá de espaço para uma maior cooperação entre seus membros nesse setor, que envolverá formação, pesquisa, criação de softwares e compartilhamento contínuo de informações --e não somente em tempos de crise.

Para atingir esses objetivos, ela poderá colaborar de forma mais estreita com as grandes empresas privadas que possuem as redes. Ela também deverá reforçar as defesas de sua própria rede interna, que liga 51 sites e cujo centro de controle se encontra no QG das forças aliadas, em Mons, na Bélgica.

O vice-secretário-geral da Otan, o romeno Sorin Ducaru, encarregado dos "desafios emergentes", enfatiza a importância e a novidade dessas iniciativas. Ele afirma que a ajuda logística entre Estados poderá se estender a "países parceiros" não-membros da Otan, como a Ucrânia.

Dito isso, ele faz questão de lembrar que a organização se aterá aos aspectos estritamente defensivos da ciberguerra.

"Está fora de cogitação lançar operações ciberofensivas, que continuam sendo da alçada de cada Estado-membro."

Deve-se notar que, em matéria de ciberdefesa, a Otan possui uma infraestrutura embrionária: o CCDCOE (Cooperative Cyber Defence Centre of Excellence), um centro de pesquisas instalado em Tallinn, na Estônia, em uma antiga caserna russa construída em 1905 para abrigar o Exército do tsar… Após um difícil começo, o centro agora está operacional.

Reunindo 16 países, entre eles a França, ele conduz pesquisas teóricas e jurídicas, bem como operações técnicas, que envolvem monitoramento das redes, estudos de malwares, análise posterior de ataques reais etc.

Ele também efetua "testes de penetração", ou seja, exercícios de hackeamento de servidores em escala real. Deve-se notar que, nessas "cibermanobras", a fronteira entre defesa e ataque torna-se bastante tênue: assim como na guerra clássica, a melhor forma de se livrar de um agressor é neutralizando-o através de uma contraofensiva. Este ano, esses exercícios serão organizados pela Estônia, muito ativa nessa nova frente.

Moscou é acusada de atacar redes civis
Enquanto isso, nos Estados Unidos, personalidades políticas aumentam a pressão acusando a Rússia --sem provas-- de atacar redes de computadores civis norte-americanas.

O ex-diretor da NSA Keith Alexander declarou que o hackeamento do banco JP Morgan, que durante o verão teve roubada uma massa de dados importantes, provavelmente foi executado ou ordenado pelo Estado russo. Segundo ele, seriam represálias após as sanções financeiras adotadas pelos Estados Unidos contra a Rússia, depois dos acontecimentos na Ucrânia.

3 comentários:

  1. Este símbolo branco e azul se parece bastante com uma suástica...seria apenas uma simples coincidência ou eles são nazistas mesmos ????

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  2. Essa preocupação da OTAN com a Rússia é para justificar sua existência, quer dizer, a OTAN é um cabide de empregos.

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