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segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Ex-insurgentes afegãos se arrependem de abandonar as armas


Eidi Mohammed, ex-comandante do Taleban que recentemente renunciou à violência e buscou a anistia sob o programa de reconciliação do governo afegão mudou de ideia novamente. Agora ele está pensando em se juntar a seus antigos camaradas.

Desempregado e perdendo a esperança de encontrar emprego, Mohammed, 38, levou suas frustrações para as autoridades provinciais. Elas lhe disseram que não havia nada que pudessem fazer.

"No momento que eu sentir que eu posso me locomover, vou voltar para as montanhas, armar-me e lutar novamente contra vocês", disse Mohammed, que está se recuperando de uma ferimento recente por conta de um tiro na perna que levou durante um confronto com um policial, lembrou-se de ter alertado ao governador, ao chefe de polícia e ao mais alto funcionário de segurança da província de Badghis.

Ele não está sozinho. Entrevistas com mais de uma dúzia de ex-insurgentes descobriram um grupo amargurado e incerto sobre sua escolha de depor as armas. Muitos são incapazes de trabalhar e muitas vezes incapazes de voltar às suas aldeias por razões de segurança; a maioria sente que o governo os enganou.

"Eu estou só contando os dias até que alguém me mate", disse Akhtar Mohammad, ex-comandante do Taleban em Oruzgan.
"Cada momento que passa sinto-me arrependido de ter aderido ao processo de paz."

Mohammad, que é do sul, onde a insurgência é o mais letal, disse que a única coisa que tinha para mostrar referente à sua decisão de mudar de lado era o turbante que havia recebido por sua cerimônia de reintegração.

Depois de dois anos num dos esforços mais ambiciosos para convencer os combatentes do Taleban a deixar o campo de batalha, muitas autoridades afegãs e ocidentais reconhecem que os resultados têm sido decepcionantes. Embora o número de pessoas que reivindicam anistia tenha aumentado no ano passado, a violência continua alta nos focos da insurgência, onde o programa tem lutado para ter sucesso.

Dos cerca de 6.100 participantes até agora, 80% vêm do norte e do oeste relativamente pacíficos do país, onde a presença do Taleban é mais escassa. E até mesmo alguns dos guerrilheiros dizem que sua atividade era mais criminosa do que política ou ideológica, embora o programa tenha sido criado para fazer com que os guerrilheiros mais comprometidos mudem de lado.

Muitos combatentes de outrora dizem que eram apenas vagamente afiliados ao Taleban. Embora amplamente considerado como um movimento unificado islâmico, o Taleban na realidade consiste de uma constelação mutável de forças, cujas agendas às vezes se alinham. Muitos dos insurgentes que desistiram de lutar disseram que eram antigos membros da Hezb-e-Islami, uma facção rival do Taleban, que vem perdendo poder e influência nos últimos anos.

Apesar de alguns combatentes tenham encontrado emprego, autoridades ocidentais argumentam que a iniciativa de reintegração nunca foi concebida para ser um programa de empregos. Ela paga um salário modesto, cerca de US$ 100 a US$ 200 mensais pelos primeiros três meses, dependendo da categoria do guerrilheiro. Em teoria, os ex-combatentes podem encontrar trabalho em projetos de construção financiados em suas aldeias de origem, embora muitos projetos não conseguiram sair do papel.

Em dois anos, o chamado Alto Conselho de Paz gastou menos de metade do que funcionários esperavam gastar só em 2011.
Controles rígidos paralisaram projetos de desenvolvimento nos vilarejos que tinham como intenção empregar os ex-insurgentes em suas comunidades.

Cerca de US$ 180 milhões dos US$ 235 milhões que o programa recebeu estão ociosos nos cofres afegãos.Os funcionários que administram o programa disseram que se trata de um trabalho em andamento que melhorará com o tempo.

A importância do emprego para ex-combatentes é reconhecida como um importante elemento para evitar que eles peguem em armas novamente.
"Estamos trabalhando em maneiras de melhorar a eficácia do programa", disse Paul Martin Mason, que supervisiona o programa de reintegração para o Programa de Desenvolvimento da ONU.

Enquanto isso, muitos ex-combatentes estão expressando pensamentos segundo suas decisões. Cansado da luta sem fim, Hazrat Mir, ex-comandante do Taleban em Laghman, juntou-se ao governo com 130 de seus homens no ano passado.

Com promessas de empregos e de terra, disse Mir, seus homens deixaram suas aldeias e entregaram suas armas, uma perspectiva perigosa dada à ameaça de alguns dos antigos camaradas. O perigo, na verdade, ficou claro com um ataque no dia antes da cerimônia de reintegração na qual o Taleban matou o mais alto combatente de Mir.

"Já se passaram 11 meses e o governo não nos deu nada", reclamou Mir. "Nós gastamos todo o nosso dinheiro vivendo na capital, onde não conhecemos ninguém."

O governador da Província de Laghman, Fazlullah Mujadidi, exaltou as virtudes do programa de reintegração durante uma entrevista no salão azul-claro do prédio de seu governo.

As ruas estão livres e os talebans já não operam mais com impunidade, disse ele. O esforço de reintegração, que atraiu 276 ex-insurgentes, tem sido um sucesso notável, disse ele.

Um homem do tamanho de um urso e com uma barba cheia, Mujadidi contou nos dedos os novos projetos de desenvolvimento dirigidos a seus distritos graças ao programa: uma barragem, uma estrada principal e poços.

Questionado sobre Hazrat Mir e as frustrações de seus homens, Mujadidi ficou em silêncio.

"Nós podemos confirmar esses detalhes", disse ele sobre o relato de Mir, acrescentando que os vários projetos listados por ele ainda estão em fase de aplicação. "Nós não temos os recursos provinciais para apoiá-los."

Alguns ex-comandantes do Taleban suspeitam que os dados foram deturpados para fazer com que o programa parecesse mais eficiente do que realmente é. "Se acreditarmos nos números do Alto Conselho de Paz, então o Taleban deve estar significativamente enfraquecido", disse Syed Muhammad Akbar Agha, ex-comandante do Taleban, sentado em sua sala de estar fria, nos arredores de Cabul. "Mas eles não estão."Duvido que dois em cada 1.500 são verdadeiros guerrilheiros talebans", acrescentou.

Todos os que mudam de lado, entretanto, enfrentam ameaças reais. Embora o governo diga que não coleta dados sobre o número de inscritos mortos, o Taliban tomou medidas para atingir o maior número possível.

Em Kapisa, uma província rebelde a nordeste de Cabul, apenas sete guerrilheiros entregaram as armas desde que o programa começou. Isso se deve, em parte, porque o Taliban matou a tiros um dos desertores iniciais, Qand Agha.

Abdul Malik, ex-companheiro de Agha, disse que homens armados recentemente tentaram invadir sua casa no meio da noite. Ele lutou com eles com seu rifle, uma arma ele foi autorizado a guardar para autodefesa depois de renunciar ao Talibã. Mas um agricultor encontrou uma bomba na manhã seguinte que tinha sido deixado para trás num campo perto de sua casa.

Além de reclamar da falta de segurança, Malik disse que o governo quebrou sua promessa de lhe dar um trabalho com a polícia afegã local.
"Eu disse a todos que eu conheço para não aderir ao governo", disse ele.

Abdul Momen Muslim, que, como presidente do conselho de paz Kapisa, convenceu Malik a se juntar ao governo, concordou.
"Eu não posso mais, em sã consciência, dizer às pessoas para irem para o lado do governo", diz ele.

Um comentário:

  1. Programa da ONU, né! Ou seja, coisa dos EUA com fachada de ONU para encobrir mais um insucesso dos EUA onde eles se arvoram de pacificadores (só sabem comprar as pessoas). Sucessos de pacificação dos EUA: Somália / Palestina / Iraq / Kosovo / ex-Líbia / Colômbia / Afganistão / Atualmente armando-pagando-instruindo mercenários para pacificarem a SÍRIA / Yêmen / Não esquecendo as amizades estreitas com os paquistaneses moradores que fazem fronteira com o Afganistão, limpando área com seus DRONES certeiros nas cabeças dos civis, ou seja, 1 TALEBAN morto = 10 civis inocentes mortos, fora suas casas estraçalhadas / ...

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