Apesar de fugir de holofotes, Xi Jinping, escolhido como novo líder da China, se casou com uma popular cantora do Exército, Peng Liyuan
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| Na ordem: Xi Jinping, Li Keqiang, Zhang Dejiang, Yu Zhengsheng, Liu Yunshan, Wang Qishan e Zhang Gaoli |
Apesar de sua indicação ter sido acertada há cinco anos entre as facções, o novo líder da segunda maior economia do planeta continua uma incógnita em temas cruciais, como a reforma política.
"Tudo o que sabemos sobre Xi Jinping começa com 'eu imagino' ou 'ele pode ser'", afirmou, em entrevista, o escritor Dai Qing, 71, que, como o futuro líder, é filho de um membro histórico do partido, geração conhecida como "pequenos príncipes".
A parte mais enfatizada da biografia de Xi é o período de sete anos em que foi levado pelo governo maoísta a trabalhar com camponeses numa parte remota do país, caminho feito por milhões de jovens nos anos 1960.
Isolado da família, Xi viveu dos 15 aos 22 anos na pequena vila de Liangjiahe, no noroeste da China, até hoje uma das regiões mais pobres do país. O futuro líder chinês morava numa caverna cavada no barro infestada de piolhos, segundo uma pequena biografia escrita por ele.
Nesse texto, publicado em 1998, Xi afirma que esse período é o mais fundamental de sua formação e se descreve como "filho da terra amarela", expressão usada para se referir à dura rotina de trabalho dos camponeses pobres dessa região.
Os anos de trabalho no campo, longe da família, foram consequência direta da punição sofrida por seu pai, Xi Zhongxun.
Herói da revolução de 1949, que alçou os comunistas ao poder, ele caiu em desgraça, foi torturado e preso durante a Revolução Cultural (1966-76), violenta mobilização usada por Mao Tsé-tung para se livrar de seus adversários.
Xi deixou Liangjiahe em 1975 rumo a Pequim para estudar engenharia na Universidade Tsinghua, uma das mais importantes do país.
Três anos depois, em 1978, seu pai foi reabilitado e nomeado governador da província de Guangdong (sul), onde Deng Xiaoping iniciou as reformas econômicas que transformariam a China.
A volta do pai à cúpula do poder facilitou a carreira de Xi dentro do partido.
Em 1982, após um breve passagem pela comissão militar, que controla as Forças Armadas, ele trabalhou em Hebei, província vizinha a Pequim, no leste do país, onde ajudou na implantação das reformas econômicas.
De lá, mudou-se para a província litorânea de Fujian, no sudeste, onde ascendeu a governador. Seu périplo pelo interior o levou também a trabalhar em Zhejiang, berço do setor privado chinês, e em Xangai, a cidade mais rica do país, ambas no leste.
No Congresso do partido de 2007, Xi se tornou um dos nove membros do Comitê Permanente, instância máxima do país, e foi nomeado vice-presidente.
Naquele ano, Xi foi escolhido sucessor de Hu como o líder da quinta geração de dirigentes comunistas.
Um dos principais motivos, segundo analistas, foi o seu perfil discreto e conciliador e o bom trânsito entre os grupos políticos de Hu e de seu antecessor, Jiang Zemin, sem se identificar claramente com nenhum deles.
"Xi é um 'pequeno príncipe', o filho de um revolucionário que se tornou um alto funcionário das eras Mao e Deng. Os dirigentes aposentados, como Jiang, preferem pequenos príncipes, já que presumivelmente querem preservar o sistema", escreveu Roderick MacFarquhar, especialista da Universidade Harvard, no "Financial Times".
"Mas, devido ao fato de que a ascensão de Xi foi o resultado da luta entre facções e acomodação, ele não tem um mandato pessoal", completou MacFarquhar.
Apesar de fugir dos holofotes, Xi se casou com uma popular cantora do Exército, Peng Liyuan, até três anos atrás mais conhecida do que ele. O casal tem uma filha, que estuda em Harvard, protegida por um nome falso.
BRASIL
Nestes cinco anos de preparação, Xi realizou algumas viagens internacionais. Em 2009, ele esteve em Brasília.
No começo deste ano, fez uma viagem aos EUA -reuniu-se com Obama em Washington, visitou uma cidade do Iowa onde havia feito um breve estágio nos anos 1980 e terminou vendo um jogo de basquete em Los Angeles.
"Obviamente, pode-se escrever sobre altos funcionários, mas até certo ponto. É preciso preservar o sentido das proporções", disse Xi, em rara entrevista de 2000, quando era governador em Fujian.
"Há uma tendência para escrever que um alto funcionário é tão perfeito e tão excelente, mas na realidade ninguém é perfeito e consumado. Escolha uma pessoa e a descreva como excelente. Ninguém vai acreditar."
Segundo ele, a habilidade de um indivíduo para conseguir resultados sozinho é "limitada". "Sem a comunidade e sem cooperação, você não consegue nada."
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