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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Le Monde: Nova premiê do Québec é uma "dama de concreto" condenada a fazer concessões


A nova primeira-ministra quebequense, Pauline Marois, deve contar com uma oposição

Pauline Marois
Passadas as eleições legislativas do dia 4 de setembro no Quebec, que levaram ao poder o independentista Partido Quebequense (PQ, centro esquerda), sem lhe dar uma maioria, agora cabe à sua líder, Pauline Marois, formar um governo minoritário. É o suficiente para complicar a vida dessa dirigente política experiente e “soberanista” ferrenha.

Marois, que tem como modelo Gro Harlem Brundtland, ex-chefe do governo norueguês, por “sua autoconfiança tranquila e capacidade de não se levar a sério”, pode se orgulhar de ser, aos 63 anos, a primeira mulher a ocupar o cargo de primeiro-ministro no Quebec, 72 anos depois que as canadenses conquistaram o direito de voto. Assim, aquela que diz estar “se preparando há trinta anos” para essa eleição, entra para o exclusivo clube das mulheres que se tornaram chefes de governo em três províncias canadenses (Colúmbia Britânica, Alberta, Terra Nova) e em Nunavut.

No final da campanha, Marois pediu para ter “carta branca”. Ela prometeu na noite de terça-feira dirigir “um governo que escuta” e está disposto a “concessões”. Isso porque ela deverá lidar com uma forte oposição parlamentar e limitar seu programa a temas que possam receber o apoio do Partido Liberal (federalista) ou da Coalizão Futuro Quebec (CAQ, centro-direita).

Ela já prometeu “avanços para os interesses do Quebec” repatriando poderes que atualmente são exercidos por Ottawa, na expectativa de um possível terceiro referendo sobre a independência da província francófona, após os de 1980 e de 1995, perdidos pelos soberanistas.

Marois, que entrou para a política com a ambição de “mudar o mundo”, é deputada desde 1981. Ela ocupou 14 postos ministeriais em governos do PQ, como o Ministério da Condição Feminina, das Finanças, da Saúde e da Educação.

Conhecida por sua capacidade de tomar decisões em situações difíceis, Pauline Marois ficou em evidência na luta contra o déficit orçamentário, depois de reduzir as despesas à frente do Ministério da Saúde entre 1998 e 2001. Ambiciosa, ela tentou por três vezes (de 1985 a 2007) assumir a liderança do PQ. A última deu certo.

Apelidada por um editorialista de “dama de concreto”, por sua resistência tanto às críticas quanto às dissensões internas particularmente frequentes dentro do PQ, Marois provou ter sangue frio na noite das eleições, quando um homem armado com um fuzil atirou e matou uma pessoa, ferindo uma outra nos fundos de uma sala de espetáculos de Montreal, onde estava sendo realizada a “festa eleitoral” do partido vitorioso. Retirada de cena por dois guarda-costas, Marois rapidamente voltou ao microfone, pedindo calma à plateia e retomando seu discurso com tranquilidade.

Sua trajetória pessoal denota um evidente pendor pela esquerda. Nascida em Quebec de um pai mecânico e de uma mãe professora, ela é a mais velha de cinco irmãos. Ex-assistente social de declaradas convicções socialdemocratas, Pauline Marois é também titular de um MBA da faculdade de administração HEC Montreal. Mãe de quatro filhos e duas vezes avó, ela é casada com um ex-presidente da Société Générale de Financement, uma estatal quebequense.

Sensível às críticas ao seu estilo de vida às vezes considerado extravagante, Pauline Marois adotou desde o início do ano vestimentas mais sóbrias e acessórios mais discretos, deixando de lado seu gosto por grandes brincos e cores vivas, em nome de suas ambições.

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