Por pensar só militarmente, Israel não notou que o objetivo do conflito era forçar um pacto sobre territórios ocupados
Forças Egípcias cruzam o Canal de Suez em 7 de outubro de 1973 |
As transcrições das reuniões mostram o ministro da Defesa Moshe Dayan no limiar do desespero. Enquanto tanques sírios avançavam sobre a Galileia, ele concluiu que havia interpretado os sinais equivocadamente. "Subestimei a força do inimigo e superestimei nossa capacidade", teria dito ele à premiê Golda Meir. Buscando uma salvação, ele pediu que fossem convocados cidadãos mais velhos e os judeus do exterior. Meir pensou em fazer uma viagem secreta a Washington para pedir ajuda ao presidente Richard Nixon. Um colega perguntou o que ela esperava dele. "Que ele nos dê o que quer que tenha", respondeu ela. No fim, Meir não viajou. Mas, depois de apelar para o secretário de Estado Henry Kissinger, conseguiu que os EUA enviassem um carregamento aéreo que fez toda a diferença nos 20 dias de guerra.
Parte do debate em Israel é sobre a crença do líder do Exército na época, David Elazar, de que a guerra estava perto. Ele insistiu para que os soldados fossem convocados e fossem realizados ataques preventivos contra Egito e Síria. Ambos os pedidos foram rejeitados por Dayan e Meir, que não acreditavam que seus vizinhos correriam o risco de uma guerra e temiam que o Ocidente acusasse Israel de agressão.
Ao mesmo tempo, não havia pressa para se chegar a uma solução diplomática para os territórios ocupados na guerra dos Seis Dias, em 1967. Muitos analistas viram lições distintas nos documentos. Em editorial, o jornal Haaretz disse que, em 1973, os líderes "fracassaram em enxergar os limites do uso da força". "Israel repousava sobre os louros de suas realizações militares e não foi capaz de empreender um esforço audacioso para trocar territórios por paz e segurança."
O atual chefe do estado-maior do Exército, o general Gabi Ashkenazi, fez observações diferentes no jornal Maariv. "As falhas de espionagem e a sensação de incerteza serviram para que os militares compreendessem sua missão e a responsabilidade que repousa sobre seus ombros."
O cientista político Yehezkel Dror falou sobre o aspecto mais notável do material divulgado. Segundo ele, os líderes do país não perceberam o verdadeiro objetivo da guerra: pressionar pela devolução dos territórios capturados. "Por que não entendemos isto? Porque não pensamos politicamente. Aquele que pensa só em termos militares não entende que o outro lado vê o Exército como ferramenta política, não para conquistar Israel, mas para obter um acordo melhor envolvendo o Sinai."
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