Social Icons

https://twitter.com/blogoinformantefacebookhttps://plus.google.com/103661639773939601688rss feedemail

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Culpar a Rússia é sempre uma tentação para os EUA

Putin (esq.) e Obama
A decisão do presidente norte-americano Barack Obama de cancelar sua reunião de setembro com o presidente russo Vladimir Putin foi calorosamente recebida por uma ampla camada da classe política dos Estados Unidos. Na visão de muitos dos críticos norte-americanos de Putin e do Kremlin, já era hora de punir a Rússia. Se não fosse pela Rússia, eles argumentam, Edward Snowden não só estaria agora enfrentando a Justiça dos Estados Unidos como também o presidente Bashar al-Assad, da Síria, teria sido deposto e a guerra civil teria terminado, o Irã teria desistido de seu programa de armas nucleares e a Ucrânia e a Geórgia seriam democracias florescentes e solidamente ancoradas no Ocidente.

Por que é que a Rússia sempre está em falta? Por que os pedidos persistentes para punir o país?

Para que não restem dúvidas, a Rússia muitas vezes adota posições contrárias às dos Estados Unidos, e o Kremlin é um alvo fácil para críticas. O estilo combativo de Putin, sua alegria evidente em cutucar os Estados Unidos no olho, junto com seus crescentes apelos aos sentimentos mais xenófobos e básicos da população russa para fortalecer sua posição interna, tudo isso irrita muito os norte-americanos.

No entanto, a veemência dos pedidos de punição está divorciada do verdadeiro desafio que a Rússia representa no cenário mundial. A verdade é que, atualmente, o país é uma ameaça menor do que em qualquer outro momento desde a 2ª Guerra Mundial, e seu poder para moldar temas globais perde a importância em comparação com o poder dos Estados Unidos.

A Rússia não é a União Soviética. O país não oferece nenhuma alternativa ideológica atraente nem está prestes a inventar uma. E, apesar de Putin sonhar em restaurar a preeminência da Rússia em todos os antigos membros do império soviético, a China, vários movimentos islâmicos e a Europa têm contestado a influência de Moscou em torno de sua periferia e, por vezes, dentro da própria Rússia.

Reflexos da Guerra Fria continuam desempenhando um grande papel nas atuais tensões entre os EUA e Moscou, mesmo que a ameaça russa não seja o que costumava ser. A geração que está no comando do aparato de segurança nacional dos Estados Unidos, que ocupa posições de liderança no congresso norte-americano e que dirige os conselhos editoriais do país, chegou à maioridade durante as fases finais da Guerra Fria e se lembra de como a ameaça soviética atraía a atenção de todos.

Ironicamente, a redução da ameaça representada por essa superpotência de outrora também encoraja a tentação de culpar a Rússia por tudo, pois poucos acreditam que o país possa impor custos graves aos Estados Unidos. Nenhuma relação comercial robusta nem nenhuma interdependência econômica delicadamente equilibrada está em risco aqui, como estaria se o país em questão fosse a China. Não há nenhuma ameaça de confronto militar, dada a diminuição da capacidade militar convencional da Rússia. E mesmo que a Rússia continue sendo o único país capaz de aniquilar os Estados Unidos em 30 minutos, quem teme que palavras intempestivas sejam capazes de cancelar a lógica da destruição mutuamente assegurada?

Uma razão psicológica mais profunda e não confessada também leva os norte-americanos a culpar a Rússia. Simplificando: a Rússia negou aos norte-americanos a vitória final e moralmente satisfatória após a Guerra Fria, recusando-se a seguir o caminho rumo à democracia de livre mercado que os EUA prescreveram como a saída do comunismo totalitário. A vitória só é completa quando seus inimigos decidem imitar você. Isso é o que a Alemanha e o Japão fizeram após a 2ª Guerra Mundial, e é por isso que os norte-americanos olham para aquela guerra como uma guerra "boa" e para esses dois países como seus aliados mais próximos hoje em dia.

A Rússia de Putin se recusou a seguir esse caminho, e a cada dia que passa o país dá um passo em direção a um destino diferente, guiado pela tradição antidemocrática dos russos. E é por isso que os norte-americanos atacam a Rússia.

Apesar de serem emocionalmente satisfatórios, esses ataques têm um custo significativo. Seu efeito mais prejudicial é turvar a noção de até onde os norte-americanos são responsáveis por criar seus próprios problemas, além de tirar a atenção do que os EUA podem e devem fazer para superá-los, quer se trate de proteger segredos nacionais de pessoas como Edward Snowden ou de desenvolver e executar uma política consistente e inteligível em relação à Síria e ao Irã.

Além disso, os norte-americanos parecem atacar a Rússia com acrimônia crescente ao mesmo tempo em que aumenta sua frustração com a disfunção política de Washington e com a inépcia da política externa dos EUA. Em outras palavras: a intensidade das críticas tem menos a ver com o comportamento da Rússia e mais com os avanços dos EUA para superar suas próprias deficiências.

Nada disso significa que os Estados Unidos não devem criticar a Rússia. Mas os norte-americanos devem fazê-lo apenas quando a ligação entre a Rússia e qualquer problema for clara e significativa, e quando as medidas adotadas pelos EUA possam induzir mudanças no comportamento da Rússia que promovam objetivos concretos. O cancelamento da reunião de cúpula em Moscou fracassou em ambos os sentidos.

As outras formas de punir a Rússia que foram alardeadas --o boicote aos Jogos Olímpicos, a admissão da Geórgia na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a aceleração do programa de defesa antimísseis dos EUA-- muito provavelmente também não terão um efeito muito positivo. Em vez disso, se os Estados Unidos realmente quisessem se posicionar e enviar uma mensagem a Putin, o país deveria colocar sua própria casa em ordem e demonstrar que tem criatividade e sabedoria para criar --além da vontade e da habilidade para executar-- as políticas necessárias para fazer seus interesses avançarem.

(Thomas Graham foi diretor sênior para a Rússia da equipe do Conselho de Segurança Nacional dos EUA entre 2004 e 2007)

3 comentários:

  1. Culpar a Russia, ie, ela está sendo a predra no sapato dos iangleseSS e sua geopolítica expansionista. A Russia é com certeza uma super potencia e c mt + grana, em crescimento e outras no seu ocaso. Os donos do iankss são os Chineses...Podem culpar o Urso, vão crescer e se armar até os dentes, ele ñ são certo país da AL q nem caças tem.Quem viver verá.Sds.

    ResponderExcluir
  2. mais eles precisam mesmo culpar alguém. Veja só, na segunda guerra a culpa era da alemanha (e era mesmo), mas por que será que ela foi apoiada por tantas entidades poderosas? (como o vaticano por exemplo, aqui no Brasil pela rede globo)...eles precisam sempre por a culpa em alguém que é pra eles poderem dizer: '' olha vou gastar 1 trilhão de dólares com armamento, e invadir aquele país, mais faço isso porque o fulano é extremamente perigoso, só faço isso pra proteger a gente''. Eles mesmos criam o problema e depois oferecem a solução. Porque sera que George Soros financia o movimento LGBT, o FEMEN, a legalização da produção em massa de drogas na america do sul? -.-'

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. será que a alemanha era culpada pela 2 guerra? vale lembrar que soros é judeu.. mas obviamente isso n tem nd a ver.. só falei por falar mesmo.

      Excluir