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segunda-feira, 13 de maio de 2013

Reféns do Irã veem nova alternativa após 17 anos lutando por indenizações

Reféns norte-americanos libertados pelo Irã saem de avião na base aérea de Rhein-Main, no Irã, em 21 de janeiro de 1981

Quando os reféns vindos do Irã chegaram em casa há 32 anos, depois de 444 dias em cativeiro, eles eram heróis, e sua libertação foi uma notícia indiscutivelmente boa, um triunfo nacional, celebrado com desfiles com chuva de papel, discursos, prêmios e quilômetros de fitas amarelas.

Eles estão agora mais velhos, grisalhos, e, segundo alguns deles, chegando perto de se tornar uma nota de rodapé na história, e seu humor está mais sombrio e mais irritado do que quando retornaram, em janeiro de 1981. Parte da frustração é devida à sua luta infrutífera, de 17 anos, por uma indenização substancial.

Eles foram impedidos pelo Departamento de Estado de ganhar causas por danos nos tribunais, porque o acordo que os libertou, os Acordos de Argel, proibia esse tipo de processo. Mas no ano passado eles conseguiram 69 aliados num projeto de lei da Câmara para permitir que fossem indenizados em até US$ 4,4 milhões cada um, por meio de multas sobre empresas pegas violando as sanções comerciais com o Irã. Agora há um esforço bipartidário substancial no Senado para fazer o mesmo.

Seus apoiadores dizem que uma estranha combinação de circunstâncias resgatou os reféns do desaparecimento na memória nacional: a repercussão da publicidade de um filme de sucesso, "Argo", sobre colegas de trabalho que fugiram do cativeiro, e as mortes do embaixador americano na Líbia no ano passado e de uma jovem diplomata no Afeganistão em abril. Esses eventos criaram simpatia pelos perigos que enfrenta o Serviço Estrangeiro. E a nova estratégia evita a oposição do Departamento de Estado, que há mais de dez anos se encontra numa posição de defensor substituto do Irã, por conta de sua defesa dos Acordos de Argel.

Prever o que o Congresso vai fazer é sempre difícil, mas os reféns parecem ter alguma perspectiva de sucesso no que é, provavelmente, sua última tentativa para obter uma reparação. A confluência de circunstâncias, disse o senador Johnny Isakson, republicano da Geórgia e apoiador do projeto de lei no Senado, "trouxe de volta as memórias de todos aqueles que viveram naquela época".

Mas o esforço está revelando algumas histórias horríveis do cativeiro, em entrevistas e numa série de vídeos feitos para reforçar a defesa dos reféns. Dos 52 reféns, 39 ainda estão vivos, e cinco fizeram vídeos. Eles fizeram isso com a ajuda do filho do advogado que os representou desde que o Congresso aprovou uma lei, em 1996, que parecia destinada a ajudá-los a entrar na Justiça. As viúvas, mulheres ou filhos de outros seis reféns também fizeram vídeos, destinados ao Congresso.

Um dos reféns, Frederick L. Kupke, que era um jovem oficial de comunicações, disse numa entrevista que, quando voltou para casa, eles não queriam "se debruçar sobre todas as coisas ruins". Agora ele fala sobre os espancamentos, as simulações de fuzilamento, e sobre ter ficado amarrado numa cama, dia e noite, obrigado a ficar com o nariz contra a parede durante oito horas seguidas.

Ele disse que ficou surpreso por ter sobrevivido; quando a embaixada estava sendo tomada, ele foi para um telhado do prédio com uma coleção de armas, e então percebeu que se fosse pego, os iranianos pensariam que ele era um franco-atirador. Quando foi preso, ele foi amarrado, agredido e empurrado para trás e para a frente entre sequestradores hostis; ele imaginou que uma multidão o destruiria.

Kupke, hoje com 66 anos e aposentado, disse que embora o episódio tenha atraído a atenção dos EUA durante meses, foi deixando aos poucos a consciência nacional. "As pessoas realmente não voltam atrás e pensam na crise dos reféns do Irã", disse ele. "Elas costumam voltar ao 11 de Setembro quando querem falar sobre terroristas."

Num vídeo, Moorhead C. Kennedy Jr., o terceiro norte-americano no escalão da embaixada em Teerã, disse que ainda tinha pesadelos sobre o Departamento de Estado enviando-o de volta ao cativeiro. Empurrado para fora de um dos lugares em que estava preso, ele perguntou aos sequestradores se deveria levar sua escova de dentes; eles disseram que ele não precisava se preocupar, contou num vídeo. Ele foi conduzido num veículo com um cobertor sobre a cabeça. "Eu fiz minhas orações, fiz minhas orações mais uma vez, e o carro rodava e rodava, e finalmente eu disse a mim mesmo: 'Droga, quanto tempo eu vou conseguir aguentar isso?'", disse ele.

Mas então eles chegaram e ouviram uma saraivada de tiros. Ele começou a contar e "tentar lembrar quantos reféns havia, e quantos já haviam sido baleados", disse ele. Nenhum deles tinha sido, mas no momento, nenhum dos reféns sabia que eles viveriam para voltar para casa; por longos meses, alguns acreditavam no contrário disso.

David Roeder, que era coronel da Força Aérea, falou que seus sequestradores ameaçarem raptar e desmembrar seu filho deficiente de 14 anos nos Estados Unidos, e enviar as partes do corpo para sua esposa.

Barry Rosen, que era adido de imprensa na embaixada quando ela foi tomada, disse que todos esses anos ele continua desafiando "os demônios internos do cativeiro".

"Eu fico num estado em que não consigo me concentrar no que eu sou, quem eu sou", disse Rosen, que teve uma longa carreira de sucesso em relações públicas.

Rosen e outros se irritam com a oposição de sucessivos governos republicanos e democratas, que argumentaram que os tribunais e o Congresso não deveriam interferir, porque isso limitaria a capacidade do presidente de conduzir a política externa.

Os reféns tinham em vista o dinheiro depositado pelo xá e apreendido pelos Estados Unidos quando ele foi derrubado. O novo projeto de lei do Senado, apresentado por Isakson, em vez disso, conseguiria o dinheiro de multas pagas por empresas que fazem comércio com o Irã. Isso forneceria US$ 10 mil para cada dia de cativeiro, ou US$ 4,4 milhões para cada um dos reféns ou herdeiros.

O Departamento de Estado não é mais abertamente contrário. Numa declaração, ele disse que o governo continua "profundamente grato aos ex-reféns" e disse estar ciente do projeto de lei de Isakson, apoiado pelo senador Richard Blumenthal, democrata de Connecticut, e "continuará a trabalhar com o Congresso nesta questão".

Blumenthal disse numa entrevista: "minha primeira escolha seria que o Irã pagasse diretamente."

"Esta alternativa é claramente uma segunda escolha, mas é uma escolha justa", disse ele. Receber dinheiro de empresas pegas negociando com o Irã tem "pelo menos alguma ligação", disse Blumenthal.

Enquanto os reféns falam sobre como fazer o Irã pagar por suas ações, Blumenthal diz achar que a mudança de estratégia, indenizando-os com multas, tornava a legislação viável. "Por uma série de razões, é agora ou nunca", disse ele. "Os reféns estão envelhecendo, e neste momento há um reconhecimento por parte do público norte-americano de que nunca fizemos justiça por essas pessoas."

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